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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Duarte de Armas,Arquitecto do Rei D . Manuel. Deixou descendência nas Ilhas do Corvo e Flores


Duarte de Armas, também grafado como Duarte d'Armas (Lisboa, 1465 - Lisboa?, 1???), foi um escudeiro da Casa Real e "debuxador" português.
Filho de Rui Lopes de Veiros, escudeiro da Casa Real, bacharel em Direito Canónico e notário apostólico, que exerceu as funções de escrivão da Livraria Régia e da Torre do Tombo.
Hábil no desenho, foi encarregado por Manuel I de Portugal para levantar o estado das fortificações da fronteira com Castela, o que fez em planta e em panorâmicas, com as respectivas medidas, sinais cartográficos e notas explicativas, de Castro Marim a Caminha.
Além do chamado Livro das Fortalezas (Códices A e B), conhecemos apenas a referência a mais dois trabalhos deste profissional, também a mando de D. Manuel.
Conta a lenda que os primeiros navegadores que rumaram a Ocidente, a partir de Portugal continental, avistaram na parte mais alta do Corvo uma estátua equestre com um cavaleiro que empunhava uma espada com o braço erguido para a frente a indicar o caminho para o Novo Mundo. Esculpida no basalto negro vulcânico, esta estátua despertou interesse em D. Manuel I de Portugal que ordenou que fosse entregue na sua corte. Durante a viagem nau e estátua naufragaram, como se fosse seu destino permanecer no Corvo. A  misteriosa estátua surge referida pela primeira vez na Crónica do Príncipe D. João, Cap. IX, 1567:

 El-rei D. Manuel mandou tirar pelo natural, por um seu criado debuxador, que se chamava Duarte D’Armas; e depois que viu o debuxo, mandou um homem engenhoso, natural da cidade do Porto, que andara muito em França e Itália, que fosse a esta ilha, para, com aparelhos que levou, tirar aquela antigualha; o qual quando dela tornou, disse a el-rei que a achara desfeita de uma tormenta, que fizera o inverno passado. Mas a verdade foi que a quebraram por mau azo; e trouxeram pedaços dela, a saber: a cabeça do homem e o braço direito com a mão, e uma perna, e a cabeça do cavalo, e uma mão que estava dobrada, e levantada, e um pedaço de uma perna; o que tudo esteve na guarda-roupa de el-rei alguns dias, mas o que depois se fez destas coisas, ou onde puseram, eu não o pude saber.
Duarte de Armas, que anteriormente havia sido encarregado pelo rei de fazer o levantamento das fortalezas da fronteira com Espanha, fora também encarregado de fazer um debuxo da estátua, que infelizmente se perdeu.” Mais tarde, Gaspar Frutuoso (1522-1591), natural da Ilha de São Miguel, escrevia na sua obra “Saudades da Terra”:
“...um vulto de um homem de pedra, grande, que estava em pé sobre uma laje ou apoio, e na laje estavam esculpidas umas letras, e outros dizem que tinha a mão estendida ao nor-nordeste, ou noroeste, como que apontava para a grande costa da Terra dos Bacalhaus [Terra Nova]; outros dizem que apontava para o sudoeste, como que mostrava as Índias de Castela [Antilhas] e a grande costa da América com dois dedos estendidos e nos mais, que tinha cerrados, estavam uma letras, ou caldeias ou hebreias ou gregas, ou doutras nações, que ninguém sabia ler, que diziam os daquele ilhéu e ilha das Flores dizerem: Jesus avante. Os construtores teriam sido na sua opinião dos cartagineses pela viagem que eles para estas partes fizeram, … e da vinda, que das Antilhas alguns tornassem, deixariam aquele padrão com as letras por marco e sinal do que atrás deixavam descoberto.”

Após estas duas referências históricas, outros terão gisado sobre elas – aparentemente sem terem à disposição outras fontes – e propagado esta descoberta. Falamos de António Cordeiro (1641-1722) e de Manuel de Faria e Sousa (1590-1649). Duarte de Armas foi  arquitecto da casa real. Deixou  descendência na ilha do Corvo e ainda hoje existe o livro das Fortalezas onde se encontra  projectos desenhados por ele.

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