Páginas

sábado, 30 de março de 2024

Ilhéu de São Lourenço ilha de Santa Maria Açores

 


O Ilhéu de São Lourenço, também conhecido como Ilhéu do Romeiro, localiza-se diante da ponta Negra, no extremo sul da praia de São Lourenço, na freguesia de Santa Bárbara, concelho da Vila do Porto, na costa nordeste da ilha de Santa Maria, nos Açores.


O ilhéu encontra-se indicado no "Mapa dos Açores" (Luís Teixeira, c. 1584) como "Ysle de Martin Vaz".


Encontra-se referido por Gaspar Frutuoso, que registou:


"Chama-se o ilhéu e porto do Romeiro, porque em cima, nas terras feitas ao sul deles, morou um homem honrado e antigo, chamado Francisco Romeiro, muito abastado, cuja casa era de todos, e tinha   graça de curar quaisquer feridas e desmanchos de braços e pernas, não somente de graça, mas pondo todo o necessário em qualquer cura, que fazia à sua custa, para ser  graça perfeita. Junto das quais casas, à borda da rocha, está uma fonte muito grande, que se chama a Fonte Clara. E da ponta de Álvaro Pires até este ilhéu será uma légua.


O qual ilhéu do Romeiro é de pedra, da feição de um coruchéu, e com vento Sul e outros ventos do mar tormentosos se acolhem a ele muitos navios, o qual terá em cima dez alqueires de terra de erva e alguma rama curta e pouca, onde se criam e tomam muitas cagarras que dão graxa e pena para cabeçais. E porque é este ilhéu dos comendadores, não podem ir a ele, nem aos outros, a fazer esta caça, sem sua licença ou dos feitores.

Tem este ilhéu uma furna tão comprida, que parece chegar donde começa a outra parte dele, mas não tem mais de uma boca, maior que um portal de qualquer igreja grande, cuja entrada é mais alta que três lanças. Tem esta furna muitos caminhos e furnas com retretes, e toda é de penedia mui áspera, que está como engessada ou grudada, de uma pedra de água, que faz das gotas de água que de cima está  estilando e se coalha como cera e congela como vidro e fica no ar dependurada, como regelo ou neve que cai, onde a há, das beiras dos telhados, ou como tochas e círios de cera derretida, que se vai pondo em camadas e coalhando; e assim são algumas tão compridas, que chegam abaixo, e outras ficam no ar dependuradas, mas pegadas em cima, fazendo-se brancas depois de coalhadas, como pedra de alabastro.


Na entrada desta furna está uma lagem, a logares não muito chã, que está alastrada da dita pedra de água, da mesma maneira da rinhoada  de um boi muito gordo e da própria cor sanguentada, que vê-la sem a tocar, não se julga por menos; aqui chega o Sol com seus raios alguma parte do dia, por onde parece que tem outra cor, diferente da de dentro, sombria. Parece casa de cirieiro, com as muitas tochas, círios, candeias, da cor da cera, não muito branca, algumas das quais estão pegadas no alto, dependuradas para baixo e as gotas de água na ponta. E onde cai aquela gota, na lagem, de baixo se faz e alevanta outra tocha ou candeia, como a de cima, ficando parecendo aquela furna uma grande e fera boca aberta de baleia, bem povoada de alvos dentes em ambos os queixos, debaixo e de cima; quebrando os quais dentes ou tochas e círios e candeias, lhe vêm as camadas de água coalhada, feita pedra, como as da cera de um círio.



Outros não são como tochas, círios, candeias, nem dentes, senão como pedaços de pau grosso; outros à feição de gamelas; outros, em lugares, feitos à maneira de oratórios, com seus círios postos e castiçais; em outras partes coscorões, mas são sobre o teso, que se não devem mastigar muito bem; em outra parte confeitos, feitos de gotas de água, que de cima cai, e depois se tornam pedras, que os parecem, e que à vista não diferem deles coisa alguma, se não que devem de trincar muito no dente, pois são tornados pedra, com que também fica parecendo aquela furna casa de confeiteiro.



sexta-feira, 29 de março de 2024

Peter Café Sport na cidade da Horta ilha do Faial Açores

 


O Peter Café Sport localiza-se no centro histórico da cidade da Horta, na ilha do Faial, nos Açores. Constitui-se em um marco histórico e cultural do arquipélago e, particularmente, da ilha. Uma expressão, consagrada entre os iatistas, resume esse destaque: "Se velejares até à Horta e não visitares o 'Peter Café Sport', não vistes a Horta na realidade". Jacinto Vilaomier ratifica esse sentimento ao afirmar:

"Café Sport, símbolo do andar dos homens livres por um mundo belo e extenso sem fronteiras de raça nem de costumes (...)."(in: "Azul Profundo", 1990.)

Em 1986, a revista Newsweek considerou-o entre os melhores bares do mundo. Constitui-se ainda em uma conceituada marca regional, com lojas de artesanato regional nos aeroportos da Região Autónoma dos Açores e na Praça Velha, em Angra do Heroísmo.



A história da empresa remonta à fundação do "Bazar do Fayal", no Largo de Neptuno (actual Praça do Infante), na Horta, vocacionado para o comércio de artesanato local. Era seu proprietário Ernesto Lourenço Azevedo (n. 20 de Abril de 1859, f. 24 de Março de 1931).

Participou da Exposição Industrial Portuguesa (Lisboa, 1888), onde recebeu a medalha de ouro e diploma, pela qualidade e diversidade dos seus artigos.

Posteriormente, no início do século XX, as suas instalações mudaram para a Rua Tenente Valadim (actual Rua José Azevedo "Peter"), passando a denominar-se "Casa dos Açores/Azorean House", e ampliando as suas actividades que, além do artesanato regional, passaram a compreender um bar. A sua localização estratégica, vizinho ao porto da Horta, favoreceu-lhe os negócios.


No contexto da Primeira Guerra Mundial, em 1918, Henrique Lourenço Ávila Azevedo (n. 16 de Junho de 1895, f. 3 de Maio de 1975), um dos filhos do fundador, ao mudar uma vez mais de instalações, alterou-lhe o nome para "Café Sport", devido à paixão que cultivava pelo desporto, uma vez que era praticante de futebol, remo e bilhar.

A origem do nome "Peter" está ligada à tripulação do "HMS Lusitania II" da Royal Navy. Reconhecendo semelhanças entre o jovem José Azevedo (n. 18 de Maio de 1925, f. 19 de Novembro de 2005) com o seu filho de nome Peter, o oficial-chefe do serviço de munições e manutenção daquele navio, passou a chamá-lo de Peter. E por esse apelido José Azevedo ficou conhecido o resto de sua vida.

O Museu de Scrimshaw, inaugurado em 1986, possui a maior e mais bela colecção particular de "Scrimshaw" no mundo.



José Henrique Azevedo, filho do "Peter", sucedeu-o à frente dos negócios, em 19 de Novembro de 2005.

Desde do início da década de 1960, quando assumiu o negócio, José de Azevedo "Peter" tornou-se conhecido pela arte de bem receber os iatistas e por lhes prestar assistência quando em trânsito na baía da Horta. Em 1967, o Ocean Crusing Club, através do seu presidente e fundador, Humphrey Barton, propõs José Azevedo como sócio em reconhecimento dos muitos serviços prestados aos iatistas. Em 1981, foi nomeado sócio-honorário do Ocean Crusing Club.



No plano nacional, o reconhecimento manifestou-se pelo convite para participar na Expo 98, em Lisboa, onde foi montada uma réplica do "Peter Café Sport".

Em 2000, participou na Feira Internacional do Mar e dos Marinheiros.

Em 2003, foi agraciado pelo então Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio, com a Medalha de Grau Oficial da Ordem de Mérito, e, pela Secretaria de Estado, com a medalha de "Mérito Comercial e Turístico".


O Papa João Paulo II concedeu-lhe a Bênção Apostólica.

No ano seguinte, recebeu o galardão "Correio de Ouro" atribuído pelos CTT, pelo serviço postal internacional.

Recebeu ainda a visita dos Reis de Espanha, a 28 de Julho de 2005, em sua visita a título privado aos Açores. Em Agosto, foi homenageado pelo Banco Millennium BCP pelo "seu empreendedorismo, inovação e dedicação".



terça-feira, 26 de março de 2024

Priolo ilha de S. Miguel Açores





O priolo é uma espécie de ave endémica da ilha de São Miguel, mais especificamente da zona montanhosa localizada a leste desta ilha, que abrange os concelhos do Nordeste e da Povoação. Vive predominantemente na Serra da Tronqueira e no Pico da Vara, na parte leste da ilha de São Miguel. Alimenta-se basicamente da flora (flores) da floresta laurissilva.


Um dos grandes motivos da sua quase extinção foi, além da destruição do habitat natural, a perseguição que lhe foi movida no século XIX durante o ciclo da laranja, justamente pela grande destruição que fazia nas flores das laranjeiras.



A população, até há pouco tempo estimada em cerca de 775 indivíduos,  estava limitada a bolsas de vegetação nativa remanescentes.

Trata-se do passeriforme mais ameaçado de extinção em toda a Europa. Contudo, a 26 de maio de 2010, a UICN retirou-o da lista de espécies em perigo (EN), sendo o priolo considerado agora uma espécie vulnerável (VU).


Atualmente, estima-se que existam mais de 1000 indivíduos. Este aumento da população deveu-se sobretudo a um esforço continuado do projeto LIFE-Priolo (2003 a 2008), coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) em conjunto com o Governo Regional dos Açores e a RSPB (Royal Society for the Protection of Birds, uma sociedade britânica de proteção das aves), que teve como principal objetivo reconstituir a vegetação endémica da região, da qual o priolo se alimenta.


segunda-feira, 25 de março de 2024

Musico Açoriano Nuno Bettencourt





Nuno Bettencourt  nasceu  a 20 de Setembro de 1966 na Praia da Vitória, Terceira, Açores. É um virtuoso guitarrista Português, membro da banda Extreme, e que ficou famoso por seus solos extremamente técnicos, sendo a sua maneira de tocar muito influenciada por Eddie Van Halen.
Nuno Bettencourt nasceu na Praia da Vitória, Terceira, Açores, Portugal, em 1966. Mudou-se, com a sua família, para Hudson, Massachusetts aos 4 anos.


Nos EUA não tinha grande interesse por música. Preferia o desporto, principalmente hóquei e futebol. O primeiro instrumento que tocou foi bateria, até que o seu irmão, Luís Gil Bettencourt, começou a ensinar-lhe a tocar guitarra, mas aprendeu sobretudo como autodidacta.
Em 1985 Bettencourt juntou-se à banda Extreme. No dia 5 de Agosto de 1987 fizeram um concerto em Boston com presença de executivos de grandes gravadoras e, em Novembro, assinaram com a A&M Records.




Por volta de Março de 1988, os Extreme fizeram a sua primeira grande apresentação ao público, abrindo um concerto dos Aerosmith (banda também de Boston).
Em 1989 lançaram o álbum ‘Extreme’, que não teve muito sucesso.
Depois de uma turnê pela América do Norte e Japão, os Extreme lançaram o álbum, ‘Pornograffitti’, em 1990, que os colocou definitivamente no hall da fama. O som da banda começava a mudar; em alguns momentos ainda soava a “Funk Metal”, mas o rock e o hard rock tinham forte presença em ‘Pornograffitti’.




Ainda em (1990) participou no disco "Putting Back The Rock", de Jim Gilmore.
Entraram na sua segunda turnê pelos Estados Unidos, enquanto as baladas "More Than Words" (o maior hit dos Extreme) e "Hole Hearted" não saíam das rádios. Em dezembro de 1990, a Washburn Guitars lança uma série de guitarras, N4 - Nuno Bettencourt Signature Series, com a assinatura de Nuno Bettencourt.O single "More Than Words" alcançou o primeiro lugar em vários países, entre eles: Estados Unidos, Holanda, Portugal e Israel. Durante a turnê tocaram em vários festivais e com vários grupos e cantores famosos, entre eles o ex-Van Halen David Lee Roth. Nuno foi convidado para tocar no “Guitar Legends”, em Sevilha, Espanha. Tocou ao lado de Brian May, Steve Vai, Joe Satriani, entre outros. A turnê de ‘Pornograffitti’ terminou em Honolulu, no dia 15 de dezembro de 1991.

Em 1991 participou em "Confessions", de Dweezil Zappa. Nuno canta numa semibalada, 
intitulada "O Beijo".


domingo, 24 de março de 2024

Hortensia flores dos Açores



Este arbusto originário do Japão, presente em todas as ilhas dos Açores, forma com as suas sebes floridas de azul e branco um dos elementos típico da paisagem de algumas das ilhas, ao ponto desta espécie ter sido utilizada com imagem turística. Terá sido introduzida provavelmente por meados do séc.

 


XIX. As flores, muito atractivas e abundantes, conferem a esta espécie grande interesse ornamental. É usada ainda com a tradicional função de sebe viva, na compartimentação de terrenos. 


Não admira pois que esta infestante tenha tido como um dos principais agentes da sua disseminação o Homem.



quarta-feira, 20 de março de 2024

Casa dos Dabney ilha do Faial Açores

 


Oriunda dos Estados Unidos da América, a família Dabney instalou-se na Horta em 1806, quando John Bass Dabney foi nomeado Cônsul Geral dos Estados Unidos para os Açores pelo presidente americano, Thomas Jefferson.

Três membros da família Dabney, John (pai), Charles (filho) e Samuel (neto), exerceram sucessivamente o cargo ao longo do século XIX, ficando a sua presença registada na ilha do Faial através da toponímia, da arquitectura e da botânica.

John Bass Dabney especializou-se no comércio marítimo, fomentou a exportação do vinho e da laranja, adquiriu navios, armazéns e estaleiros destinados ao abastecimento e à reparação naval, dando assim origem a uma das mais poderosas casas comerciais do arquipélago dos Açores.



Com Charles Dabney, a família continuou a expandir os seus negócios, incrementando o movimento do porto da Horta, sobretudo através do abastecimento e reparação dos navios baleeiros americanos que aqui deixavam o óleo de baleia. Os Dabney exportavam-no para a Costa Leste dos Estados Unidos. Asseguravam ainda a ligação entre continente americano e os Açores e com o desenvolvimento da navegação a vapor passaram a ser os principais fornecedores de carvão dos navios que aportavam no porto da Horta.



Quando Samuel Dabney assumiu o cargo consular para dar continuidade aos interesses comerciais desenvolvidos pelo seu pai, o número de navios a ancorar no porto da Horta já tinha diminuído, pois a travessia do Atlântico era agora mais rápida em virtude da descoberta do petróleo. Por outro lado, a concorrência da casa comercial Bensaúde, a dinamização da doca de Ponta Delgada e a pressão do Governo americano, no sentido de impedir que os cônsules a tempo inteiro se dedicassem simultaneamente à actividade comercial, levaram Samuel Dabney a deixar definitivamente a ilha do Faial. Os últimos membros da família Dabney a residir na cidade da Horta partiram definitivamente para os Estados Unidos, em 1892.


Do património arquitectónico pertencente a esta família, destaca-se a Casa de Veraneio em Porto Pim, adquirida por Charles William Dabney, em 1854. Edificada na paisagem única do Monte da Guia e incluída num complexo residencial composto por uma casa com cisterna, cais e abrigo para dois botes, um miradouro e uma pequena área de vinhas que se estendia pela encosta em direção à baía de Porto Pim, possuía ainda uma adega, onde atualmente está patente uma exposição que retrata o percurso de uma família americana, originária de Boston.



terça-feira, 19 de março de 2024

José Bensaúde, fundador da Fábrica de Tabaco Micaelense

 


José Bensaúde  nasceu em Ponta Delgada a  1835  e faleceu em  1922 foi um importante e culto industrial, administrador e lavrador açoriano de origem judaica. Foi o fundador da Fábrica de Tabaco Micaelense (FTM) uma empresa pioneira no sector da indústria tabaqueira.


Fez os seus estudos em Ponta Delgada, sendo condiscípulo de Antero Tarquínio de Quental, de quem foi sempre amigo dedicado. As circunstâncias económicas não lhe permitiram tirar um curso universitário, nem continuar a dedicar-se às letras, como começara.



De 1861 a 1863, desempenhou o cargo de Secretário da Junta Administrativa do Porto Artificial de Ponta Delgada.

Em 1866, introduziu na Ilha de São Miguel a cultura e manipulação do tabaco, propondo a alguns amigos a fundação duma Sociedade destinada à exploração industrial da planta. Assim nasceu a Fábrica de Tabaco Micaelense, a primeira fundada nos Açores. Para obter bons produtos nas circunstâncias do ambiente, teve de dedicar-se a longas e difíceis experiências, e manifestou os seus dotes de Moralista na solução que deu ao problema de operariado na fábrica.

Ocupou-se, também, durante anos, do comércio de aprestos marítimos para navegação à vela.

De 1872 a 1887, administrou a Sociedade Exportadora Micaelense, cujo principal objecto era colher, acondicionar e exportar laranjas por conta alheia. De 1873 a 1912 ocupou-se, também, da Sociedade de Cultura de Ananases. Contribuiu para o desenvolvimento da cultura do chá e da indústria da espadana.


José Bensaúde, fundador da Fábrica de Tabaco Micaelense, nos primeiros anos do século XX já era respeitado por conjugar os interesses empresariais com preocupações de cariz social e cultural. Com Vasco Bensaúde, contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento do do Grupo Bensaude, mantiveram-se as mesmas preocupações, bem como com o seu filho Filipe Bensaude. É na continuidade dessa tradição já secular que o Grupo Bensaude procura apoiar as mais diversas iniciativas, de natureza institucional, colectiva ou individual, com a preocupação de viabilizar projectos relevantes nos domínios mais diversos, nomeadamente no âmbito cultural e científico.



domingo, 17 de março de 2024

René Duguay-Trouin nos Açores

 


Nasceu em Saint-Malo em 10 de junho de 1673, sendo o quarto filho de Luc Trouin de La Barbinais, capitão e armador - nome herdado por seu segundo filho.


O nome "Duguay" provém de uma propriedade da família. Em suas memórias, manuscrito arquivado nos Arquivos Municipais de Saint-Malo, documento nº 11-12, p. 3, diz vir «de família acostumada ao comércio marítimo, de um pai que comandava navios armados tanto para a guerra quanto para o comércio, segundo os tempos, tendo ganhado reputação de coragem e de muito entendido em assuntos de marinha».



Destinado por seus pais ao sacerdócio, negligenciou os seus estudos no colégio dos jesuítas de Rennes em favor de uma vida de prazeres e de desordens. Morto o pai, passou a estudar em Caen mas negligenciando os estudos pelas mesas de jogo e salas de armas. Voltou a Saint-Malo a pedido da mãe mas como o irmão mais velho embarcou como corsário, não tardou em seguir-lhe os passos, vindo a ganhar reputação por seus feitos. Com permissão materna, embarcou em 1689 como voluntário na fragata «La Trinité», de 18 canhões, pois fora declarada guerra contra a Inglaterra e a Holanda. Com 18 anos, ganhou seu primeiro posto de comando e em 1691 era capitão de uma fragata de propriedade de sua família. Aos 21 anos, Luís XIV de França lhe confiou um de seus barcos, o Profond, de 32 canhões. Prisioneiro na Inglaterra, conseguiu evadir-se, em vida sempre aventurosa.



Desde 1696 fora a Paris, onde foi apresentado ao Rei. Admitido na Marinha Real com a patente de Capitão de Fragata, envolveu-se em numerosas campanhas, como a Guerra da Sucessão Espanhola (1702), e em diversas batalhas contra Ingleses e Neerlandeses.


No contexto da Guerra de Sucessão Espanhola, uma armada constituída por oito naus de linha e três navios corsários, todos com artilharia grossa, sob o comando de Duguay-Trouin, dirigiu-se aos Açores, com o plano secreto de atacar a Frota do Brasil, furtando-se à ação da Armada das ilhas. Nas águas da Ilha de São Jorge, em 19 de Setembro de 1708, atacaram a Vila das Velas. Rechaçados, no dia seguinte efetuaram uma novo assalto, logrando lançar em terra mais de 500 homens, que se dedicaram ao saque das casas e igrejas da referida povoação.



quinta-feira, 14 de março de 2024

Bartolomeu Ferraz nos Açores

 


Serviu a João III de Portugal de quem recebeu uma tença.


Deixou-nos carta datada de 7 de janeiro de 1526 ao então Secretário de Estado, António Carneiro, em agradecimento pelas mercês que aquele lhe havia feito, e a dar-lhe conta do que passara com os oficiais da Câmara Municipal de Portalegre.


Cerca de uma década mais tarde recomenda ao soberano a necessidade de se fortificarem as ilhas do arquipélago dos Açores, em virtude da ação de corsários franceses naquela região do oceano Atlântico.


Terá sido sepultado na antiga Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, na freguesia da Ajuda, em Lisboa, de acordo com o "Mappa de Portugal Antigo e Moderno", onde se encontra transcrita a inscrição da lápide da sua sepultura no alpendre daquele templo:


"Sepultura do Capitão Bartholomeu Ferraz de Andrade, Coronel que foy no Reino de Infantaria do esclarecido Rey D. João III., e de Isabel de Oliveira sua mulher, e de seus descendentes e herdeiros. 1550."


E a mesma fonte complementa, transcrevendo das "Memórias" do Desembargador Francisco Monteiro Leiria, um trecho de uma petição datada de 8 de março de 1550 ao Cabido de Lisboa:


"Diz Bartholomeu Ferraz de Andrade, Coronel nestes reinos de Portugal, que elle tinha vivido neste mundo mais do que esperava viver, no qual tempo que assim viveu, correo grande parte dele trabalhando por ganhar honra, e fama de suas obras, por ficar dele memoria aos que dele descendessem: e como quer que sempre foy ajudado do Senhor Deos, e da Virgem Maria sua madre, queria ordenar a casa, e morada onde havia de morar para sempre, etc. O Despacho do Cabido foy: Que havendo respeito à sua muita nobreza, e virtude que lhe dá o jazigo dos alpendres de Nossa Senhora da Ajuda."



quarta-feira, 13 de março de 2024

Quinta do Leão na ilha Terceira Açores

 


A Quinta do Leão é uma quinta portuguesa localizada na ilha  Terceira, concelho de Angra do Heroísmo, freguesia de São Pedro.


Esta quinta é composta por uma propriedade agrícola e por um solar de apreciáveis dimensões que foi ao longo dos séculos residência da família Lima, encontra-se próximo à Quinta da Estrela, do Solar dos Parreiras, da Quinta dos Castro e da Zona Balnear da Poça dos Frades.



A propriedade agrícola anexa a este solar apresenta-se com apreciáveis dimensões e tem um jardim curioso onde se destacam plantas de cariz exótico.


Destaca-se neste edifício a sala principal dotada por um extraordinário tecto em caixotão e o seu aspecto senhorial e pela sua fachada de excelente cantaria pintada.



segunda-feira, 11 de março de 2024

Igreja de Santa Catarina de Sena ilha Terceira Açores

 


A Igreja de Santa Catarina de Sena, também chamada ermida ou capela, é um antigo templo religioso, católico, hoje desactivado, construído a Leste da praça de armas da Fortaleza de São João Baptista do Monte Brasil, encostado à muralha principal, em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores.


De pequena dimensão, fachada simples e sem decoração, cobertura de duas águas e planta quase quadrangular, tinha um único altar. Exteriormente apresenta um pequeno adro elevado, com bancos laterais, de pedra, a que se acede por escadaria central de seis degraus.


De pequena dimensão, fachada simples e sem decoração, cobertura de duas águas e planta quase quadrangular, tinha um único altar. Exteriormente apresenta um pequeno adro elevado, com bancos laterais, de pedra, a que se acede por escadaria central de seis degraus.


Serviu de igreja à guarnição espanhola, instalada aqui no contexto da União Ibérica e foi construída ao mesmo tempo que a fortaleza, então chamada de São Filipe do Monte Brasil.


O primeiro registo de casamento ali efectuado data de 1601, atestando que ela já existia, funcional e equipada, nessa data, servindo, também, de local de sepultura de alguns governadores do período espanhol, nomeadamente D. Gonçalo Mexia, a 23 de Outubro de 1618.


Mesmo depois da rendição espanhola, em 1642,  manteve-se ao culto até 1720, data em que a Igreja de São João Baptista, a Sul da parada e muito maior, passou a assumir essas funções.



Com o incêndio, acontecido em 23 de setembro de 1818,  que consumiu a igreja grande, regressou o culto a este pequeno templo, de onde voltou a sair, por volta de 1866/67, quando a de São João Baptista foi benta, após ser reconstruída.


Entrado o século XIX, o edifício começa a ser referido, também, como Ermida do Espírito Santo, sendo isso condizente com os restos de uma pintura oitocentista que se encontra no interior, representando uma pombas branca esvoaçante, e com notícias que a referem como local onde se organizaram festas do Paráclito, tão do agrado dos habitantes das ilhas açorianas.


Em 1904 já não é tida como activa, passando a funções muito diferentes, como tribunal militar, posto de rádio, museu e sala de reuniões.



sexta-feira, 8 de março de 2024

Submarino alemão afundado nos Açores durante a II Guerra Mundial

 


No dia 2 de fevereiro de 1942, desenrolou-se um combate entre submarinos alemães e navios da marinha de guerra britânica ao largo da ilha do Pico. Um submersível afundou-se em resultado do confronto, tendo sido encontrado 75 anos depois, a mais de 800 metros de profundidade.


Foram necessários quase 15 anos de trabalho para localizar os destroços, e só em 2016, com a ajuda de um avançado submersível científico, foi possível aos investigadores Joachim e Kristen Jackobens, da fundação Rebikoff Niggeler, confirmar a localização dos restos do U-581.


O U-boat fazia parte de uma pequena flotilha que esperava a saída do porto de da Horta de um navio transportando soldados, o Llangibby Castle,  danificado pelo torpedo de outro submarino dias antes. O transporte tinha sido atingido na popa a 16 de janeiro de 1942 e, sem leme, refugiara-se nos Açores, onde fez reparações e esperou por escoltas que o acompanhassem até Gibraltar.



O U-581 foi um dos três submarinos destacados para tentar afundá-lo, mas a presença de três navios de guerra da Marinha Real Britânica tornou-o num alvo e seria o HMS Westcott a fazer o ataque que o destruiu. Os tripulantes conseguiriam salvar-se.


Kirsten e Joachim Jakobsen, investigadores da fundação Rebikoff-Niggeler, só conseguiram verificar a posição dos destroços do submarino através do sonar do “LULA 1000”, um submersível tripulado capaz de mergulhar até 1000 metros de profundidade, usado para investigação a grandes profundidades.


( Cortesia á RTP )