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terça-feira, 30 de março de 2021

A Capela de Nossa Senhora do Porto do Saco está ligada a D. Júlia Maria da Caridade uma das três irmãs Açorianas

 

A Capela de Nossa Senhora do Porto do Saco foi tombada pela Prefeitura Municipal de Carrancas-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Carrancas-MG

Nome atribuído: Capela de Nossa Senhora do Porto do Saco

Outros Nomes: Capela do Saco


Descrição: Localizada às margens do Rio Grande, a origem deste vilarejo, hoje distrito de Carrancas, está ligada a D. Júlia Maria da Caridade, antiga proprietária da Fazenda do Saco, que edificou uma capela feita de pedras dedicada a Nossa Senhora da Conceição, no início do século XVIII e há quem diga que essa acção foi motivada pela aparição de uma imagem da santa às margens desse rio. O Porto do Saco foi importante canal comercial de São João Del Rei antes da ferrovia para o escoamento da produção de ouro da região, desde a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto-MG, até o porto de Paraty-RJ. Após 1879, as terras foram doadas a própria capela e a quem desejasse formar um povoado em torno dela. Esta Capela está tombada pelo Instituto Estadual do Património Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG e é considerada o primeiro património municipal de Carrancas. Todos os anos, em Julho, há a Festa de Imaculada Conceição. Em 2012 foi comemorado 300 anos de existência dessa histórica Igreja.

Lugar de estonteante beleza e tranquilidade e com um clima muito agradável durante todas as estações do ano. Durante o inverno o frio não é intenso mantendo os dias com sol e temperatura amena e à noite um friozinho gostoso para dormir. A época das chuvas é por volta de Setembro e Outubro, mas com temperaturas muito agradáveis. O verão é intenso, com sol e temperaturas altas para banho de piscina, na represa e curtir as cachoeiras. Além do atractivo histórico, tanto pela visitação da Capela como pela “prosa” agradabilíssima com antigos moradores, que estão dispostos a nos dar uma verdadeira aula de história. O vilarejo é banhado pela Represa de Camargos, inaugurada em 1961, feita para atender as Usinas Hidrelétricas de Camargos e Itutinga. Com grande potencial náutico para os turistas, é possível trazer lanchas, jet skis, botes e se deliciar com as águas extensas e calmas da represa.

Fonte: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais.

Descrição: Uma das atracções culturais da cidade, a Capela de Nossa Senhora da Conceição do Porto do Saco foi construída provavelmente no início do século XVIII, a mando de Júlia Maria da Caridade, uma das três irmãs ilhoas*.

D. Júlia era proprietária da antiga Fazenda do Saco e devota de Nossa Senhora da Conceição, e há quem diga que a construção da capela tenha sido motivada pela aparição de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição nas margens do rio Grande. A capela fica no distrito de Porto do Saco, que já foi importante canal comercial de São João Del Rei antes da ferrovia. Após 1879, as terras foram doadas à própria capela e às pessoas que desejassem formar um povoado em torno dela.

Hoje em dia é possível visitar a pequena capela branca de janelas azuis e imaginar os costumes do passado ao conversar com os moradores mais antigos, uma verdadeira aula de história. Esta capela está tombada pelo Instituto Estadual do Património Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG e é considerada o primeiro património municipal de Carrancas. .

O distrito está a cerca de 30 km de distância da sede do município de Carrancas e é banhado pelo Rio Grande, um dos principais rios de Minas Gerais, hoje represado em um lago chamado Represa dos Camargos, que atrai muitos visitantes nos finais de semana para a prática de desporto  ou para simplesmente relaxarem em suas águas.

*As três Ilhoas: A história das “Três Ilhoas” fala sobre três irmãs naturais da Ilha do Faial, Açores, que vieram para Minas na primeira metade do século XVIII. Vem delas a origem de famílias tradicionais do sul de Minas, como os Rezende, Carvalho, Ribeiro, Andrade, Junqueira, Ferreira, Guimarães, entre outras.

Fonte: Prefeitura Municipal.



domingo, 28 de março de 2021

O cowboy da ilha de São Jorge Açores


João Ignácio d’Oliveira nasceu a 28 de Fevereiro de 1838 na freguesia de Santo Antão, na ponta Leste da ilha de São Jorge, nos Açores.
João Ignácio terá emigrado como marinheiro de um navio de caça à baleia, como acontecia com tantos outros. Nos anos 60 já se encontra no rio Columbia, no extremo Noroeste americano, a trabalhar num barco a vapor, com o nome de John Enos – nome que resulta da evolução Ignacius-Ignácio-Inácio-Enos, explicam os etimólogos.
É nessa altura que começa a comprar gado, e em 1870 já está em Yakima, a oeste do rio, no seu primeiro rancho. Pouco depois atravessa a água e estabelece-se em Cannaway Creek, no então Lincoln County (...) imediatamente antes de se juntar ao Snake e rumar ao Pacífico – o chamado "Big Bend" (Terra da Grande Volta), uma planície "ondulante, desértica e semi-árida", como explica William S. Lewis em "The Story of Early Days in The Big Bend Country", de 1926.
E é a partir daí, nas terras livres da exploração open-range (terrenos do estado, de utilização gratuita), que construirá o seu império.

(…) O seu rancho, dizia-se, estava assombrado. Enos, como enumerou Kenneth Kallenberger em Saga Of Portegee Joe, gerava todos os mitos: envenenara três índios, enterrando-os no rancho junto com dois cowboys, enforcara um chinês, matara um jovem ladrão de cavalos, tinha cinco golpes na pistola, roubava cavalos e trazia-os para o rancho de noite, fugira da justiça no Leste da América, chicoteava os seus funcionários...

Muitas mães repreendiam as crianças com a ameaça: "Se não de comportares, Portegee Joe vai apanhar-te!" Mas, nos relatos dos que o conheceram, compilados mais tarde pelos jornais e pelos historiadores, Enos era precisamente o contrário: um homem afável e bondoso, embora irascível em determinados momentos.
John Enos era um visionário para a época, e essa é outra das características mais extraordinárias da sua história. No seu rancho de Cannaway Creek, criou um inovador sistema de rega, plantou um pomar que proporcionava maçãs aos funcionários, construiu uma casa em cima de uma fonte para usar a sua refrigeração, escavou uma adega atrás de uma colina e semeou árvores altas alinhadas, para proteger tudo contra o vento.


terça-feira, 23 de março de 2021

Neto de Açorianos comanda porta-aviões que desafia os mares da China

 


Doug Verissimo, um luso-descendente, neto de açorianos mas que nasceu nos Estados Unidos, é atualmente o comandante do porta-aviões USS Theodore Roosevelt, que se encontra no mar da China do Sul, numa missão de proteção da liberdade de navegação, avança o ‘Diário de Notícias’ (DN).


«Depois de algumas pesquisas, pude confirmar a ancestralidade açoriana de Doug Verissimo. A família veio de Pico, Flores e São Miguel para Falmouth no virar do século XX, via New London e New Bedford», revela Miguel Moniz, antropólogo citado pelo jornal.


Segundo a mesma publicação, Veríssimo nasceu concretamente em Falmouth, uma vila que fica perto de New Bedford, «uma das cidades mais portuguesas do Massachusetts», nos Estados Unidos. Nesta cidade, a maioria da comunidade portuguesa que lá reside tem raízes açorianas, à semelhança do que acontece com o próprio e a sua família.

O início de missão do almirante, adianta o jornal, coincidiu com o primeiro fim de semana em que Joe Biden iniciou funções como presidente dos Estados Unidos, bem como com a entrada de aviões chineses no espaço de defesa aérea de Taiwan.


«Com dois terços do tráfego mundial a passar por esta importante região, é vital que mantenhamos a nossa presença e que continuemos a promover a ordem baseada nas regras que nos permitem prosperar a todos», declarou Verissimo no arranque da sua missão, segundo o ‘DN’.


(Cortesia I Love  Azores )



domingo, 21 de março de 2021

Fernando Rocha Pimentel

 


Fernando Rocha Pimentel  nasceu no Corvo em 1932.  Iniciou a actividade balieira muito jovem, com 17 anos.


 A sua principal profissão foi a de agricultor e a sua paixão o mar. A ela se entregou como baleeiro até Julho de 1955, altura em que a cessou, de forma bruta, quando se deu o acidente mortal que vitimou o trancador - José Fraga -, seu cunhado.


Este episódio marcou a sua vida de tal modo que não mais se entregou à baleação.



 Nesta mesma década de cinquenta integrou a equipa de vóleibl como desportista e permaneceu na sua principal actividade - a agricultura -, tendo mais tarde aplicado o seu trabalho na apanha de algas.


 Em 1968 emigrou para os EUA, e viveu durante 8 anos em New Bedford, Massachusetts, sempre com a sua terra natal no coração, tendo regressado em 1976, para se dedicar à actividade de moleiro.


 É o último dos balieiros na ilha do Corvo.



terça-feira, 16 de março de 2021

Escritor Armando César Cortês-Rodrigues

Armando César Cortês-Rodrigues (Vila Franca do Campo, 28 de Fevereiro de 1891 — Ponta Delgada, 14 de Outubro de 1971) foi um escritor, poeta, dramaturgo, cronista e etnólogo açoriano que se distinguiu pelos seus estudos de etnografia e em particular pela publicação de um Cancioneiro Geral dos Açores e de um Adagiário Popular Açoriano, obras de grande rigor e qualidade.

Armando César Cortes-Rodrigues nasceu em Vila Franca do Campo, filho do poeta António César Rodrigues, médico e co-fundador do Instituto de Vila Franca, ficando órfão de mãe ao nascer.

 Frequentou o Colégio Fisher e fez os seus estudos liceais em Ponta Delgada, demonstrando já nos seus tempos de adolescência inclinação para a escrita, sendo-lhe atribuída nos tempos de liceu a escrita de uma opereta.

 Concluído o ensino secundário partiu para Lisboa, onde se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa (1910-1915), tendo, nessa altura, conhecido Fernando Pessoa e feito parte do grupo do Orpheu.

 Colaborou nos dois primeiros números da revista Orpheu com vários poemas, alguns dos quais assinados com o pseudónimo Violante de Cysneiros. Já nessa colaboração demonstra um modernismo moderado, que viria a abandonar quase completamente ao longo do seu percurso poético, cedendo à tradição de composição lírica e reflectindo na sua obra a sua açorianidade através de um classicismo poético de acentuada vertente humanista.

 Regressou aos Açores em 1917, dois anos após terminar o curso, ingressando na carreira docente liceal, trabalhando nos liceus de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo (nesta última cidade apenas até se efectivar em Ponta Delgada).

Apesar de radicado nos Açores, continuou a corresponder-se assiduamente com Fernando Pessoa, partilhando dos ideais da nova estética sem todavia os adoptar por inteiro.

 Dedica-se então ao estudo da etnografia açoriana, área em que se viria a destacar, e a uma poética de pendor religioso. Os seus estudos etnográficos, para os quais efectuou importantes recolhas, centraram-se na área literatura oral e popular açoriana, das cantigas populares e dos adágios. A sua obra etnográfica está entre o que de melhor nesta área foi produzido na língua portuguesa.

 Colabora nos periódicos A Águia, Orpheu, Exílio e, posteriormente, em Presença, Cadernos de Poesia, Portucalense e Atlântico. Escreve crónicas e teatro, tendo a sua peça Quando o Mar Galgou a Terra sido adaptada para argumento de um bem sucedido filme português.

 Em 1953 ganhou o Prémio Antero de Quental com o livro Horto Fechado e Outros Poemas, obra em que evoca as suas raízes.


Cortes-Rodrigues foi também um importante activista cultural, participando em múltiplas iniciativas e instituições. Foi um dos sócios fundadores do Instituto Cultural de Ponta Delgada, tendo dirigido a sua publicação, a revista Insulana.

 Armando Cortês-Rodrigues afirmou-se como um dos maiores intelectuais açorianos do século XX, deixando uma obra cultural marcante. É recordado na toponímia de Ponta Delgada, cidade onde também existe um espaço de memória e de criação estética, a Morada da Escrita/Casa Armando Cortês-Rodrigues,3 um equipamento cultural instalado na última casa onde o escritor habitou.


Armando Cortês-Rodrigues foi pai do também poeta Luís Filipe Cortês-Rodrigues.



sábado, 13 de março de 2021

Capitão Florêncio José Terra Brum

Florêncio José Terra Brum nasceu na Horta, ilha do Faial, Açores, filho do José Francisco da Terra Brum, primeiro barão de Alagoa.


Foi pai do escritor açoriano Florêncio Terra, Capitão Florêncio José Terra Brum e morreu a 27 de Dezembro de 1877 no navio Neptuno.

Foi capitão da Marinha Mercante e comandante do primeiro paquete da Empreza Insulana de Navegação. Foi capitão dos primeiros navios a vapor a navegarem nos Açores, incluindo no brigue Nytheroy com apenas 145 tonelagem, e os navios Atlântico na década de 1870 de 1032 tonelagem e Neptuno.


Durante sua vida, navegava entre as ilhas dos Açores e os portos de Lisboa, Rio de Janeiro, a Madeira e Cabo Verde sem a ajuda de faróis, pois estes ainda não existiam na maior parte dos Açores. Foi uma importante força na instalação dos faróis nos Açores.



quarta-feira, 10 de março de 2021

O pirata que morreu nos Açores

 

François le Clerc, também  chamado  como Francis le Clerc , Normandia, 15?? - 1563, apelidado de "perna de pau" ("Jambe de Bois" pelos franceses, "Peg Leg" pelos ingleses ou "Pata de Palo" pelos espanhóis), foi um corsário francês do século XVI. É reconhecido como o primeiro pirata da Era Moderna a usar uma prótese para substituir um membro inferior. Também foi o primeiro a possuir uma "carta de marca", expedida por Henrique II de França.

Frequentemente era o primeiro homem a invadir um navio inimigo durante uma manobra de abordagem. Esse comportamento intrépido é que, eventualmente, o levou a sofrer a perda de uma perna e graves danos a um braço, quando em combate com os ingleses ao largo de Sark e Guernsey em 1549. Embora muitos piratas tenham tido as suas carreiras encerradas por ferimentos dessa magnitude, le Clerc recusou-se a aposentar-se, tendo mesmo alargado o seu raio de ação através do financiamento de viagens e dos ataques de outros piratas.

Henrique II de França concedeu-lhe um título de nobreza em 1551, como reconhecimento à sua coragem.


Em 1553 junto com Jacques de Sores e Jean-François de la Rocque de Roberval (conhecido pelos espanhóis como Roberto de Baal, também chamado  como Robert Blundel) assumiu o comando de 6 galeões, 8 caravelas e 4 patachos transportando um efectivo de 800 homens. Nesse mesmo ano, liderou um ataque contra a cidade de Santa Cruz de La Palma, no arquipélago das Canárias, que saqueou e incendiou  a 21 de Julho . Esta armada também atacou e saqueou San Germán, a segunda cidade mais antiga de Porto Rico, e saqueou metodicamente os portos de Hispaniola (Cuba), de sul para norte, a ilha de Mona, a ilha Saona, Yaguana e outras, roubando toda a artilharia possível no percurso. Ainda em 1553 le Clerc recebeu o comando do "Le Claude", um dos 12 navios guarda-costas da Normandia.

Com oito embarcações e 300 homens saqueou Santiago de Cuba em 1554 durante um mês, tendo se evadido com um tesouro de 80.000 pesos. Esta, que foi a primeira capital de Cuba, assim completamente devastada, foi a partir de então eclipsada por Havana, jamais tendo voltado a recuperar a sua antiga prosperidade. Em seguida navegou em direcção ao mar dos Açores. A frota obteve um grande butim e, na viagem de volta, saqueou a cidade de Las Palmas, na ilha de Gran Canaria.


Ele e sua tripulação de 330 homens foram os primeiros europeus a estabelecer-se na ilha de Santa Lúcia, e a utilizar a vizinha Pigeon Island para assaltar os galeões de tesouro espanhóis que transitavam ao largo da Martinica.

Em 1560, enquanto aguardava uma frota de tesouro espanhola transportando uma carga de ouro, causou grandes danos aos assentamentos ao longo da costa do Panamá.


Em abril de 1562, os protestantes em várias cidades da Normandia rebelaram-se contra o soberano católico romano. Isabel I da Inglaterra despachou forças britânicas para ocupar Le Havre até junho de 1563. Le Clerc juntou-se às forças inglesas e devastou a navegação francesa. Em março de 1563 pediu à soberana uma grande soma em prata como uma recompensa por suas ações. Quando a soberana declinou o seu pedido, ferido em seu orgulho, le Clerc partiu para o arquipélago dos Açores, onde veio a ser morto, naquele mesmo ano, enquanto caçava navios de tesouro espanhóis.


Faleceu nos Açores em 1563.




segunda-feira, 8 de março de 2021

José da Lata - "O sol " (Recolha 1952) tradicional da Terceira-Açores



José Martins Pereira (Cinco Ribeiras, 6 de Janeiro de 1898 — Terra Chã, 10 de Fevereiro de 1965), mais conhecido por José da Lata, foi um pastor de gado bravo, manobrador de touros nas corridas à corda, que se notabilizou como cantador e improvisador popular. Uma das personalidades que mais marcaram a cultura popular da ilha Terceira no século XX, era um extraordinário animador de festas populares, particularmente como cantador de Reises e do Rancho de matança, peças típicas do folclore terceirense, e como tocador de viola-da-terra.



José da Lata foi uma figura típica da freguesia da Terra Chã, pois apesar de nascido na freguesia de Nossa Senhora do Pilar, viveu a maior parte da sua vida naquela freguesia, no Caminho para Belém, em frente da Canada dos Folhadais.


José da Lata trabalhou como pastor de gado bravo, profissão de que surgiu a sua alcunha, como resultado de uma aposta com rapazes da sua idade, quando apostou que amarraria uma lata nas hastes de um touro bravo. Ganha a aposta, perante o grande feito, ficou conhecido como o "José da Lata". Ganhou tal mestria na manobra dos toiros na típica toirada à corda que era apontado como o melhor pastor entre os pastores e um verdadeiro mestre na arte de produzir uma boa toirada.


quarta-feira, 3 de março de 2021

Teatro Angrense na ilha Terceira Açores

 

O Teatro Angrense localiza-se na rua da Esperança, no Centro Histórico de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores. Ao longo de sua história nele se apresentaram diversos nomes da cultura local, nacional e internacional.

No local onde se ergue o teatro, na esquina da rampa que dá acesso ao actual Mercado Duque de Bragança, existiu em 1599 um edifício que servia de armazém a mercadorias importadas. Ali, em um caixote de fazendas oriundas da Índia, iniciou-se o foco da epidemia de peste que assolou a cidade naquele ano, fazendo inúmeras vítimas entre a população.


Como medida profilática, a Câmara Municipal determinou incendiar o edifício, que permaneceu em ruínas até 1862, ano em que um grupo de accionistas se constituiu para construir um teatro. O projecto previa 50 camarotes dispostos em três ordens, 152 lugares na plateia, 63 cadeiras, um pequeno salão no pavimento superior, um palco e 14 camarins.


As instalações do teatro ao longo dos anos mostraram-se pequenas e desconfortáveis: o palco era pequeno e os camarins excessivamente húmidos, a arquitectura, exterior e interior, era pobre diante do meio cultural da cidade, que se expandia no início do século XX.


Cogitou assim a direcção, com a aprovação da Assembleia Geral, transformar e ampliar as suas instalações. O projecto aprovado era de autoria do então major Eduardo Gomes da Silva, iniciando-se as obras em 1919, sob a direcção do mesmo. A inauguração teve lugar em 19 de março de 1926, com a apresentação da Companhia Teatral Maria Matos-Nascimento Fernandes.


O edifício resistiu sem danos de monta ao grande terramoto de 1980, demonstrando a sua solidez. Na década de 1990, na posse da Câmara Municipal, passou por uma campanha de remodelação.


Entre os nomes da música nacional, destacou-se a presença de Rita Guerra em 2008. Igualmente no panorama nacional a presença de um dos vultos do fado português, Carlos do Carmo.


Entre os espectáculos mais recentes, é de destacar a "Madame Butterfly" pela Companhia Lírica Siglo XXI, que se realizou nos dias 7 e 8 de Dezembro de 2008.


Já em 2009, mais concretamente a 14 de Março, a banda Deolinda actuaram no Teatro Angrense.


Foi declarado Imóvel de Interesse Público, como publicado em Jornal Oficial, I Série, nº 49, Resolução n.º 152/89, de 5 de Dezembro, classificação consumida por inclusão no conjunto classificado da Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo, conforme a Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, e artigo 10.º e alínea a) do artigo 57.º do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.



segunda-feira, 1 de março de 2021

Lenda do Menino do Coro e a Sineira da Sé da cidade de Angra do heroísmo ilha Terceira Açores

 

A Lenda do Menino do Coro e a Sineira da Sé é uma tradição oral da ilha Terceira, nos Açores. Liga-se à Sé Catedral dos Açores, que remonta ao século XVII.

No tesouro da igreja da Sé em Angra do Heroísmo existe uma exótica imagem de Santo António de Lisboa, em que este se encontra vestido como um menino do coro, representação pouco habitual.


Conta a lenda que um mestre da capela estava muito preocupado pois não conseguia a harmonia entre os seus pupilos e a festa seria para dali a poucos dias. Furioso, ameaçou bater a um aluno se este não começasse a entoar as músicas na forma correcta. Apavorada, a criança fugiu pela catedral até que, à procura de um lugar para se esconder, se encaminhou para as torres da igreja.

Mesmo ali não se sentiu seguro, e à procura de um melhor lugar para se esconder, começou a subir a íngreme escada em caracol que levava aos sinos e aos pináculos das torres. Quando lá chegou pôs-se à escuta e, provavelmente confundindo o barulho do vento com o barulho de passos, julgou ter ouvido o mestre da capela no seu encalço. Não pensando nas consequências, atirou-se do alto de uma das torres.


A criança foi salva por um vento divino que a sustentou no ar, usando a opa da função do coro como pára-quedas. Levado pelo vento, o menino voou por três ruas até ser depositado no telhado do Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde foi recebido pelas freiras com grande espanto.

Para comemorar esta ação divina e o salvamento do filho, o pai da criança mandou então fazer a mencionada imagem de Santo António vestido de menino de coro, que durante muitos anos esteve exposta antes de dar entrada no tesouro da Sé Catedral dos Açores. O menino de cantor de coro passou a ser sacerdote na sua vida de adulto.