Páginas

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Teotónio Machado Pires

 

Teotónio Machado Pires  nasceu na  freguesia da Terra Chã ilha Terceira  a  7 de Novembro de 1902  e faleceu em Angra do Heroísmo a 2 de Abril de 1993.Foi um político e jurista açoriano.

Entre outras funções, foi chefe da secretaria da Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo, deputado pela União Nacional à Assembleia Nacional do Estado Novo e governador civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo (de 1959 a 1973). Foi sócio fundador do Instituto Histórico da Ilha Terceira, tendo presidido àquela instituição entre 1958 e 1960. Notabilizou-se na assistência aos sinistrados da crise sísmica dos Rosais, razão pela qual a vila de Velas e a freguesia dos Rosais o lembram na sua toponímia. Também a vila de Santa Cruz da Graciosa e a freguesia da Terra Chã têm arruamentos com o seu nome.

Presidiu também à Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, à Comissão Regional de Turismo de Angra do Heroísmo e à direcção do Montepio Terceirense. Foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique a 15 de Junho de 1962 e Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo a 31 de Maio de 1973.


Foi pai do Prof. Doutor António Manuel Bettencourt Machado Pires, professor catedrático de literatura e cultura portuguesa e durante muitos anos reitor da Universidade dos Açores e Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública a 23 de Agosto de 1988.



sábado, 25 de dezembro de 2021

Rui Galvão de Carvalho

 

Rui Galvão de Carvalho  nasceu em Rabo de Peixe a 3 de Novembro de 1903  e faleceu em  Ponta Delgada a 29 de Abril de 1991. Foi um poeta, escritor, ensaísta e professor açoriano que se notabilizou pelo seu estudo da vida e obra de Antero de Quental, sendo considerado um dos bons anterianistas. Deixou uma vasta e diversificada obra literária, em parte publicada sob o pseudónimo de Abd-el Kader.

Destinado a seguir uma carreira na advocacia, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mas em 1922, quando já frequentava o 3.º ano do curso, transferiu-se para a Universidade de Coimbra, matriculando-se então no curso de Ciências Filosóficas, em que se licenciou em 1929.


Durante a sua passagem por Coimbra foi aluno do anterianista Joaquim de Carvalho, professor que o introduziu no estudo da obra de Antero de Quental e com quem manteria uma profícua e longa relação.  Também durante esse período aproximou-se das ideias do Integralismo Lusitano e de António Sardinha, cujas conceções e ideais se mostraram de primordial importância na sua formação intelectual e moral. Essas influências são «indispensáveis para compreender a personalidade do pedagogo, do poeta, do anterianista, do açorianista» que depois se revelaria. Outra importante influência deste período foi a amizade que manteve com Bernardo de Vasconcelos, seu condiscípulo em Coimbra.


Iniciou a sua colaboração com a imprensa também ainda enquanto estudante em Coimbra, o mesmo acontecendo com a sua atividade enquanto conferencista. Já em 1927 proferia uma conferência sobre António Sardinha no Centro Académico da Democracia Cristã, em Coimbra, e tinha importante participação nas atividades daquele centro.

Em 9 de abril de 1981, foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada , que lhe foi entregue em sessão solene realizada na Universidade dos Açores e presidida pelo general António Ramalho Eanes, então Presidente da República. A distinção foi conferida em reconhecimento do seu relevante contributo na investigação e no ensino.

Em 1986 ofereceu à Universidade dos Açores um importante espólio que incluía várias traduções dos poemas de Antero, ensaios críticos, correspondência literária diversa, obras de autores açorianos, revistas e jornais com artigos de temática anteriana. Este espólio ficou a constituir a Sala Antero de Quental, na qual foi também colocado um busto de Antero de Quental, da autoria de Canto da Maia, um retrato a óleo do poeta pintado por Raposo Marques e um quadro a óleo de inspiração anteriana da autoria de Luísa Athayde. Todo este valioso espólio foi destruído pelo incêndio que deflagrou no edifício da reitoria e que destruiu totalmente o imóvel.

Para além de ser lembrado na toponímia de várias povoações açorianas, é o patrono da principal escola de Rabo de Peixe, a Escola Básica Integrada Rui Galvão de Carvalho.




quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A genealogia de Jesus Cristo



A Genealogia de Jesus está relatada em dois dos quatro Evangelhos, Mateus e Lucas.1 2 Estes relatos são substancialmente diferentes.3 Várias explicações têm sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo menos, 1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi traçada através de Maria e que a Mateus o faz através de José.4Acadêmicos modernos geralmente vêem as genealogias como construções teológicas.5 Mais especificamente, sugere-se que as genealogias foram criadas com o
objetivo de justificar o nascimento de uma criança com linhagem real.6 7 8
Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por Abraão. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram Rute, Raabe eTamar. Também não omite os nomes dos perversos Manassés e Abias, ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas.9 10 Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o cativeiro babilônico, ocorrido em 586 a.C., e do exílio judaico até Jesus.


Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus retrocedendo continuamente até Adão, talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus.11 Esta genealogia é considerada por alguns autores como sendo a genealogia da Virgem Maria, a genealogia materna de Jesus, o que explicaria parte das diferenças entre esta e a genealogia apresentada por Mateus.12
Segundo Mateus


Narrativa Os Evangelhos foram escritos com uma finalidade teológica e, portanto, não podem ser considerados, em hipótese alguma, como livros históricos. Não era a intenção desses escribas fazer história, mas de alentar as comunidades cristãs nascentes e de consolidar a nova mensagem que distinguia dos judeus, mas sem romper com a tradição judaica, e distinguia-os dos outros povos, chamados "pagãos".

A genealogia de Jesus, conforme descritas nos evangelhos, tem o intento de dar legitimidade à sua pessoa e aos seus ensinamentos, proclamando que Jesus era aquele esperado e anunciado no AT e fruto da intervenção celestial. Portanto, trata-se de uma mensagem teológica e não histórica que os evangelhos querem passar.

1. Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.

2. Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó; Jacó gerou a Judá e a seus irmãos;

3. Judá gerou de Tamar a Perez e a Zara; Perez gerou a Esrom; Esrom gerou a Arão;

4. Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe gerou a Naassom; Naassom gerou a Salmom;

5. Salmom gerou de Raabe a Boaz; Boaz gerou de Rute a Obede; Obede gerou a Jessé,

6. Jessé gerou ao rei David. David gerou a Salomão daquela que fora mulher de Urias;

7. Salomão gerou a Roboão; Roboão gerou a Abias; Abias gerou a Asa;

8. Asa gerou a Josafá; Josafá gerou a Jorão; Jorão gerou a Uzias;

9. Uzias gerou a Jotão; Jotão gerou a Acaz; Acaz gerou a Ezequias

10. Ezequias gerou a Manassés; Manassés gerou a Amom; Amom gerou a Josias,

11. e Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos no tempo do exílio em Babilônia.

12. Depois do exílio em Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; Salatiel gerou a Zorobabel;

13. Zorobabel gerou a Abiúde; Abiúde gerou a Eliaquim; Eliaquim gerou a Azor;

14. Azor gerou a Sadoque; Sadoque gerou a Aquim; Aquim gerou a Eliúde;

15. Eliúde gerou a Eleazar; Eleazar gerou a Matã; Matã gerou a Jacó,

16. e Jacó gerou a José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo.

17. Assim todas as gerações desde Abraão até Davi são catorze gerações; também desde David até o exílio em Babilônia, catorze gerações; e desde o exílio em Babilônia até o Cristo, catorze gerações.



Narrativa

 «Ora o mesmo Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos, sendo filho (como se julgava) de José, filho de Heli, filho de Matã, filho de Levi, filho de Melqui, filho de Janai, filho de José, filho de Matatias, filho de Amós, filho de Naum, filho de Esli, filho de Nagai, filho de Máate, filho de Matatias, filho de Semei, filho de José, filho de Jodá, filho de Joanã, filho de Resá, filho de Zorobabel, filho de Salatiel, filho de Neri, filho de Melqui, filho de Adi, filho de Cosã, filho de Elmadã, filho de Er, filho de Josué, filho de Eliézer, filho de Jorim, filho de Matã, filho de Levi, filho de Simeão, filho de Judá, filho de José, filho de Jonã, filho de Eliaquim, filho de Meleá, filho de Mená, filho de Matatá, filho de Natã, filho de Davi, filho de Jessé, filho de Obede, filho de Boaz, filho de Salá, filho de Naassom, filho de Aminadabe, filho de Admim, filho de Arni, filho de Esrom, filho de Farés, filho de Judá, filho de Jacó, filho de Isaque, filho de Abraão, filho de Terá, filho de Nacor, filho de Serugue, filho de Ragaú, filho de Faleque, filho de Éber, filho de Salá, filho de Cainã, filho de Arfaxade, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lameque, filho de Matusalém, filho de Enoque, filho de Jarete, filho de Maleleel, filho de Cainã, filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus.» (Lucas 3:23-3


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Missa do Galo celebra se desde o século V

 

Missa do Galo é a missa celebrada na Véspera de Natal que começa à meia noite do dia 24 para o dia 25 de Dezembro. A expressão “Missa do Galo” é específica dos países latinos e deriva da lenda ancestral segundo a qual à meia-noite do dia 24 de dezembro um galo teria cantado fortemente, como nunca ouvido de outro animal semelhante, anunciando a vinda do Messias, filho de Deus vivo, Jesus Cristo.


Uma outra lenda, de origem espanhola, conta que antes de baterem as 12 badaladas da meia noite de 24 de Dezembro, cada lavrador da província de Toledo, em Espanha, matava um galo, em memória daquele que cantou quando São Pedro negou Jesus três vezes, por ocasião da sua morte. A ave era depois levada para a Igreja a fim de ser oferecida aos pobres que viam, assim, o seu Natal melhorado. Era costume, em algumas aldeias espanholas, levar o galo para a Igreja para este cantar durante a missa, significando isto um prenúncio de boas colheitas. Mas isso era antigamente pois agora isso é proibido.

O Natal significa o nascimento de Cristo, que se revive numa celebração próxima da meia noite, pela convicção de que o nascimento teria ocorrido por essa hora. Por tradição se associa a época natalícia à família, pois o nascimento de uma criança é sempre motivo de reunião e celebração.


Para celebrar o nascimento de Jesus, a missa do galo foi instituída no século V, após o Concílio de Éfeso (431 D.C.), começando a ser celebrada oficialmente na basílica erigida no monte Esquilino pelo o papa Sisto III, dedicada a Nossa Senhora - posteriormente denominada Basílica de Santa Maria Maior. É celebrada à meia noite do dia 24 de dezembro para o dia 25, tendo recebido tal nome por se acreditar que por volta deste horário, há 2018 anos atrás, um galo cantou fortemente anunciando a vinda do Messias. O galo foi escolhido como símbolo desta celebração porque, historicamente e tradicionalmente, representa vigilância, fidelidade e testemunho cristão.


Segundo o Monsenhor José Roberto Rodrigues Devellard, Coordenador da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o nome "Missa do Galo" teve origem no fato de Jesus ser considerado o sol nascente que veio nos visitar, clareando a escuridão. Por isso, nas igrejas mais antigas, podemos ver um galo em seus campanários, para representar a luz Divina.


Nos primeiros séculos, as vigílias festivas eram dias de jejum. Os fiéis reuniam-se na Igreja e passavam a noite a rezar e a cantar. A Igreja era toda iluminada com lâmpadas de azeite e com tochas. A iluminar a Palavra de Deus havia círios e tochas junto do altar, enquanto que as paredes eram revestidas de panos e tapetes. O templo era perfumado com alecrim, rosmaninho e murta. Em alguns locais mais frios, era costume deitar palha no chão para aquecer o ambiente.

O jejum da vigília conduzia ao desprendimento e contemplação do mistério religioso. Quando se aboliu o jejum, o povo continuou a chamar consoada à ceia de Natal, embora fosse mais abundante. Como era costume comer peixe, esta tradição continuou. O termo “consoada”, que significa pequena refeição, surgiu no Séc. XVII, mas só se divulgou quando a classe mais rica começou a realizar uma pequena refeição após a missa da vigília do Natal.

Na tradição católica cristã, todas as velas do advento se encontram acesas na Missa do Galo. Faz-se então celebração em missa solene e comunhão pelo nascimento do Messias, Jesus Cristo, onde além de vários outros cânticos, canta-se o tradicional cântico de Glória. Dada a sua importância e a tradição, pois anuncia o nascimento do Deus vivo, eis que o verbo se fez carne (Jo 1,14), o próprio Papa, bispo de Roma, deve conduzir a celebração pessoalmente, pois ele é sucessor de Pedro, o apóstolo que Jesus mesmo designou como primeiro dirigente da Igreja (Mt 16,18).


O Natal é a única celebração do calendário litúrgico que contempla três eucaristias: a da noite, a da aurora e a do dia. Destas três celebrações, a da noite (do galo) é a que reúne os aspectos históricos e humanos do nascimento de Cristo. Segundo São Gregório Magno a missa da noite comemora o nascimento temporal de Jesus; a da aurora ou do galo, celebra o nascimento de Jesus no coração dos fiéis; a missa do dia ou da festa, evoca o nascimento do Verbo no seio do Pai. Celebrada à meia-noite, a missa do galo, «in galli cantu», passou a ser a primeira da sequência litúrgica. Seguia-se-lhe a da «aurora» ou missa de alva (introduzida no século VI) e a missa própria do dia, que no século IV fora a primitiva celebração da festa religiosa do Natal.


A vigília de Natal começava com uma oração, com a leitura de Palavra de Deus, pregação e com um canto. Após a missa seguia-se a representação de um auto de Natal, dentro da Igreja. Antes do sol nascer, rezava-se a missa do galo ou da aurora. A meio da manhã do dia 25, celebrava-se a missa da festa. Ao entrar na Igreja, a grande curiosidade era o presépio. A missa de Natal começava com um cântico natalício. No momento do “Gloria in excelsis Deo”, as campainhas tocavam para assinalar o nascimento do Redentor. No fim da missa, todos iam beijar o menino. Em algumas Igrejas, o presépio estava tapado até à altura do cântico.


Hoje, tradicionalmente, depois da missa, as famílias voltam para suas casas, colocam a imagem do Menino Jesus no Presépio, realizam cânticos e orações em memória do Messias, filho de Deus, e confraternizam-se e compartilham a Ceia de Natal, com eventual distribuição de presentes.


O nome Missa do Galo só se usa em português e espanhol. Na maior parte do mundo cristão chama-se simplesmente missa da noite de Natal ou missa da meia noite. Nos países de língua portuguesa e espanhola é que há a tradição de se chamar Missa do Galo.


Não há uma apenas uma explicação para este nome existindo várias lendas.


Uma aponta para um Papa. Terá sido Sisto III, que em 400, instituiu uma missa para celebrar o nascimento de Cristo ‘ad galli cantus’, isto é ‘à hora que o galo canta’, tendo com isto querido dizer ao início do novo dia: a meia-noite.


Há quem avance a explicação para o insólito nome escolhido com os primórdios do cristianismo, quando os cristãos iam em peregrinação a Belém onde se encontravam para rezar à hora do primeiro canto do galo.


E também diga que há muitos muitos anos se deu o acontecimento extraordinário de um galo cantar à meia noite da véspera para o dia de Natal, assinalando a chegada de Cristo.


Finalmente, há ainda a lenda de um galo ter assistido ao nascimento do Menino Jesus – além do burro e da vaca – tendo ficado o animal com a tarefa de para sempre festejar e anunciar a data ao mundo.


Num artigo de 2010, a Agência Ecclesia, da Igreja Católica, dá mais uma razão. Esta é de origem espanhola, e “conta que antes de baterem as 12 badaladas da meia noite de 24 de dezembro, cada lavrador da província de Toledo, em Espanha, matava um galo, em memória daquele que cantou três vezes quando Pedro negou Jesus, por ocasião da sua morte”. A seguir, a “ave era depois levada para a Igreja a fim de ser oferecida aos pobres, que viam assim, o seu Natal melhorado”.


A Agência acrescenta que havia ainda o “costume, em algumas aldeias espanholas e portuguesas, de levar o galo para a Igreja para este cantar durante a missa, significando isto um prenúncio de boas colheitas”.



sábado, 18 de dezembro de 2021

A Lenda de São Nicolau que nasceu na segunda metade do século III


Nicolau, filho de cristãos abastados, nasceu na segunda metade do século III, em Patara, uma cidade portuária muito movimentada.

Conta-se que foi desde muito cedo que Nicolau se mostrou generoso. Uma das histórias mais conhecidas relata a de um comerciante falido que tinha três filhas e que, perante a sua precária situação, não tendo dote para casar bem as suas filhas, estava tentado a prostituí-las. Quando Nicolau soube disso, passou junto da casa do comerciante e atirou um saco de ouro e prata pela janela aberta, que caiu junto da lareira, perto de umas meias que estavam a secar. Assim, o comerciante pôde preparar o enxoval da filha mais velha e casá-la. Nicolau fez o mesmo para as outras duas filhas do comerciante, assim que estas atingiram a maturidade.

Quando os pais de Nicolau morreram, o tio aconselhou-o a viajar até à Terra Santa. Durante a viagem, deu-se uma violenta tempestade que acalmou rapidamente assim que Nicolau começou a rezar (foi por isso que tornou também o padroeiro dos marinheiros e dos mercadores). Ao voltar de viagem, decidiu ir morar para Myra (sudoeste da Ásia menor), doando todos os seus bens e vivendo na pobreza.

Quando o bispo de Myra da altura morreu, os anciões da cidade não sabiam quem nomear para bispo, colocando a decisão na vontade de Deus. Na noite seguinte, o ancião mais velho sonhou com Deus que lhe disse que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte, seria o novo bispo de Myra. Nicolau costumava levantar-se cedo para lá rezar e foi assim que, sendo o primeiro homem a entrar na igreja naquele dia, se tornou bispo de Myra.

S. Nicolau faleceu a 6 de Dezembro de 342 (meados do século IV) e os seus restos mortais foram levados, em 1807, para a cidade de Bari, em Itália. É actualmente um dos santos mais populares entre os cristãos.

S. Nicolau tornou-se numa tradição em toda a Europa. É conhecido como figura lendária que distribui prendas na época do Natal. Originalmente, a festa de S. Nicolau era celebrada a 6 de Dezembro, com a entrega de presentes. Quando a tradição de S. Nicolau prevaleceu, apesar de ser retirada pela igreja católica do calendário oficial em 1969, ficou associado pelos cristãos ao dia de Natal (25 de Dezembro).

A imagem que temos, hoje em dia, do Pai Natal é a de um homem velhinho e simpático, de aspecto gorducho, barba branca e vestido de vermelho, que conduz um trenó puxado por renas, que esta carregado de prendas e voa, através dos céus, na véspera de Natal, para distribuir as prendas de natal. O Pai Natal passa por cada uma das casas de todas as crianças bem comportadas, entrando pela chaminé, e depositando os presentes nas árvores de Natal ou meias penduradas na lareira. 


Esta imagem, tal como hoje a vemos, teve origem num poema de Clement Clark More, um ministro episcopal, intitulado de “Um relato da visita de S. Nicolau”, que este escreveu para as suas filhas. Este poema foi publicado por uma senhora chamada Harriet Butler, que tomou conhecimento do poema através dos filhos de More e o levou ao editor do Jornal Troy Sentinel, em Nova Iorque, publicando-o no Natal de 1823, sem fazer referência ao seu autor. Só em 1844 é que Clement C. More reclamou a autoria desse poema.

Hoje em dia, na época do Natal, é costume as crianças, de vários pontos do mundo, escreverem uma carta ao S. Nicolau, agora conhecido como Pai natal, onde registam as suas prendas preferidas. Nesta época, também se decora a árvore de Natal e se enfeita a casa com outras decorações natalícias.

 Também são enviados postais desejando Boas Festas aos amigos e familiares.
Actualmente, Há quem atribuía à época de Natal um significado meramente consumista. Outros, vêem o Pai Natal como o espírito da bondade, da oferta. Os cristãos associam-no à lenda do antigo santo, representando a generosidade para com o outro.



quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Ceia de Natal

 

A Ceia de Natal envolve muitas tradições populares. O peru é o prato mais tradicional, tendo sido usado desde o século XVI na Europa.  Recentemente, no Brasil, o pernil de porco e o frango passaram a estar muito próximos do peru na ceia de Natal.


As tradições dos pratos variam em cada país. Em Portugal, come-se peru e bacalhau com batatas e couves, e na Galiza bacalhau com couve-flor. Na Rússia evita-se a carne, enquanto na Jamaica há um grande uso de ervilhas. Na Alemanha come-se carne de porco. Pratos tradicionais de tempero forte também são muito comuns. Na Austrália, onde as festividades natalinas acontecem durante o verão, as pessoas costumam fazer a ceia de natal em praias. No Brasil, incorporaram-se várias receitas que chegaram ao país com a colonização portuguesa, como a rabanada e o bolinho de bacalhau. Recentemente em vários lugares do mundo é típico comer mariscos na ceia de Natal.

Em Portugal, a ceia de natal recebe o nome de consoada sendo celebrada na noite do dia 24 de Dezembro, a véspera de Natal. Esta tradição leva as famílias a reunirem-se à volta da mesa de jantar, comendo uma refeição reforçada. Por ser uma festa de família, muitas pessoas percorrem longas distâncias para se juntarem aos seus familiares.


A origem do nome “Consoada” vem do Latim "consolata", de "consolare", "consolar".


Na tradição católica os fiéis participavam, ao final da noite, na Missa do Galo.


Segundo a tradição portuguesa, a Consoada consiste principalmente em bacalhau cozido, seguido dos doces, como aletria, rabanadas, filhoses e outros doces. Em algumas regiões do país (principalmente no Norte), o polvo guizado com couves e batatas também consta da mesa de Natal. Em Trás-os-Montes, peru no forno, canja de galinha e assados de borrego, porco ou leitão também marcam o Natal, enquanto na Beira Alta, o cabrito é uma tradição. No Alentejo e no Algarve, o peru recheado assado são pratos que podem constar das mesas.

Em Portugal, depois da Consoada, é tradição fazer a distribuição dos presentes de Natal.


No início do século XII d.C., os presentes eram distribuídos em nome de S. Nicolau, a 6 de Dezembro. Contudo, a Contrarreforma católica do Concílio de Trento (1545 – 1563) passou essa função ao Menino Jesus, sendo a distribuição feita no dia 25 de Dezembro, assinalando a data do nascimento de Jesus.




terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Tradição do bacalhau na consoada desde 1780

 

Na Idade Média, dado o calendário cristão obrigar a cumprir-se o jejum perto das principais de festividades religiosas e igualmente por ser proibido o consumo de carne neste período, os portugueses começaram a consumir o peixe e, mais tarde, o bacalhau seco, que era de fácil acesso em qualquer parte do país, tornando-se no rei do Natal.


Ramalho Ortigão descreve no seu livro “Natal Minhoto” a riqueza de uma mesa de ceia de Natal no Norte do país apesar de, nesta altura, a sua confeção ser mais próxima ao “Bacalhau à Provençal” que também é descrito por Lucas Rigaud, cozinheiro real, em 1780.

Existem, a partir daí, várias referências a este prato, que passam pelo bacalhau acompanhado por hortaliças descrito por Ferra Júnior; à “A Noite de Natal no Porto” de Assis de Carvalho que revela a proximidade da família nesta altura do ano na companhia do peixe; assim como em 1923, Santos Graça em “O Poveiro”.


Esta tradição ter-se-á iniciado a Norte do país dado que em outras regiões preferiam uma consoada menos magra com o uso de carnes como o peru ou mesmo o porco, que interrompiam o jejum após a Missa do Galo.

No início do século XX, a tradição no Alentejo era o porco, no Funchal o porco, uma canja e cálice de vinho na madrugada na consoada, a Norte a acompanhar o bacalhau, um polvo.


Passada a revolução de 1820 os restaurantes e casas de pasto passaram a generalizar a utilização do bacalhau, tornando-se este quase obrigatório para qualquer refeição social, tertúlia ou convívio.


A vulgarização desde consumo parece ter surgido após a Segunda Guerra Mundial dado o abastecimento de bacalhau ser regulamentado pelo Estado Novo. Tendo o bacalhau chegado, desta forma a todo o país, também a televisão impulsionou a propaganda do regime que refletia neste prato a humildade e simplicidade que deveria ser a mesma do povo português.






domingo, 12 de dezembro de 2021

O primeiro uso registrado de uma árvore para celebrar o Natal foi em 1510



Civilizações antigas que habitaram os continentes europeu e asiático, no terceiro milênio antes de Cristo, já consideravam as árvores como um símbolo divino. Eles cultivavam-nas e realizavam festivais em seu favor. Essas crenças ligavam as árvores a entidades mitológicas e sua projeção vertical, desde as raízes fincadas no solo, marcava a simbólica aliança entre os céus e a mãe terra.

Nas vésperas do solstício de inverno, os povos pagãos da região dos países bálticos cortavam pinheiros, levavam para seus lares e os enfeitavam de forma muito semelhante à que se faz nos atuais dias.  Essa tradição passou aos povos Germânicos,  que colocavam presentes para as crianças sob o carvalho sagrado de Odin.

Uma das versões para a origem da tradição diz que no início do século VIII, o monge beneditino São Bonifácio tentou acabar com essa crença pagã que havia na Turíngia, para onde fora como missionário. Com um machado cortou um pinheiro sagrado, que os locais adoravam no alto de um monte, e como teve insucesso na erradicação da crença, decidiu associar o formato triangular do pinheiro à Santíssima Trindade e suas folhas resistentes e perenes à eternidade de Jesus. Nascia aí a Árvore de Natal.


O primeiro uso registrado de uma árvore para celebrar o Natal e o Ano Novo ocorreu em Riga, na Letónia, em 1510.  Acredita-se também que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve.  As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, como velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta.

Há outras versões, porém, segundo as quais a moderna árvore de Natal teria realmente surgido na Alemanha entre os séculos XVI e XVIII. Não se sabe exatamente em qual cidade ela tenha surgido. Durante o século XIX a prática foi levada para outros países europeus e para os Estados Unidos. Apenas no século XX essa tradição chegou à América Latina.



Atualmente essa tradição é comum a católicos, protestantes e ortodoxos.

O dia de montar as decorações natalinas varia em cada país.  Enquanto nos Estados Unidos se monta a árvore de Natal no Dia de Ação de Graças, no Brasil o dia certo para montar a árvore de Natal é no 4° domingo antes do Natal, dia que marca o início do Advento. Já em Portugal a tradição diz que deve ser montada a 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição. A festa cristã relata que no dia 6 de janeiro, em que se comemora o Dia de Reis, data que assinala a chegada dos Três Reis Magos a Belém, encerrando as festas do Natal, quando a árvore de Natal e demais decorações natalinas são desfeitas.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Recordar o Tony's Bar

 

António Pereira de Sousa Machado, nasceu a 10 de Dezembro de 1956 na freguesia das Fontinhas ilha Terceira. Era filho de João Pereira de Sousa e de Emelina Meneses Pereira. Tinha dois irmãos Daniel Sousa e Aurélia Sousa. Casou com Dora Maria Neto Machado Sousa da qual teve duas filhas: a   Renata Machado Sousa e  Mónica Machado Sousa.

António Pereira de Sousa Machado, destacou-se na ilha Terceira onde era bem conhecido pela sua simpatia  como empresário e empreendedor. Um grande homem de trabalho bem conhecido por todos. Trabalhou no Bambu, residencial Cruzeiro, antigo Caniço, Restaurante Beira mar como chefe de sala . Inaugurou a maior discoteca da ilha, a twin's com os irmãos Almeidas, sempre chefe de bar.

A 15 de Novembro de 1982  fundo o Tony's Bar na freguesia de São Bento.

A 31 de Outubro de 1995 com 33 anos  fundou a empresa de catering que ainda hoje é  gerida  pelas  suas  filhas.

Esta é uma homenagem a um homem que fez parte da nossa memória colectiva de grande carácter, simpatia e dedicação. Homem que recebia bem sempre com um sorriso no rosto.


Faleceu a 3 de Março de 2001 com 44 anos.




quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Fabrica de Chá do Porto Formoso do Engenheiro José António Pacheco



A Fábrica de Chá Porto Formoso localiza-se na freguesia de Porto Formoso, concelho da Ribeira Grande, na costa norte da ilha de São Miguel, nos Açores.


Foi fundada por Frederico Alexandre Borges Pacheco na década de 1920, tendo operado até à década de 1980, produzindo chá não apenas para o mercado nacional, mas também para exportação.

Em 1998 deu-se inicio à recuperação das suas instalações, actualmente associadas a uma componente museológica, como forma de compensar a sua pequena produção, limitada pelas características insulares. Desse modo, o visitante pode desfrutar de visitas guiadas às suas instalações, dentro do horário de funcionamento da fábrica.

A visita acompanha as diferentes fases da produção dos chás, iniciando-se pelo laboratório onde é feito o controlo da qualidade. Ao fim do percurso, é servido um chá numa sala recuperada segundo inspiração das cozinhas tradicionais da ilha de São Miguel, ou numa esplanada de onde se descortina ampla vista sobre as várias plantações de chá e a freguesia de Porto Formoso.


Todos os anos, na Primavera, na altura da apanha da folha para chá, aqui é recriada uma apanha das folhas com trajes típicos do século XIX.

O processo de produção de chá é regido por processos bastante antigos e rígidos, em que se pode dizer que a delicadeza para com a planta é a principal preocupação.

O período da apanha das folhas acontece por um espaço temporal que se estende entre os meses de Abril e Setembro, e isto para que seja numa época estival em que pelo facto de chover menos, também a planta cresce menos, o que confere ao chá uma melhor qualidade, tanto a nível da paladar como de taninos.

Após a apanha inicia-se um processo de transformação da folha, que passar pelo murchamento, a enrolagem, a oxidação e a secagem. Após concluído esse processo é que se inicia a selecção.

Desta selecção resultam três tipos de chá, conforme a qualidade das folhas que lhes deu origem. O chá tido por mais perfeito e forte é o denominado "Orange Pekoe", sendo obtido apenas do botão e da primeira folha do rebento. Essa denominação foi uma homenagem aos príncipes Neerlandeses da Casa de Orange, os primeiros no continente europeu a comercializar o chá. O segundo termo refere-se ao da língua chinesa que significa "jovem".