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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Alfred Lewis fundador do romance luso-americano nasceu na ilha das Flores Açores

Romancista, contista, poeta e dramaturgo, Alfred Lewis, nascido Alfredo Luís, em 1902, na ilha das Flores, emigrou para os Estados Unidos aos 19 anos de idade, em 1922, nos últimos anos da segunda onda de emigração portuguesa para aquele país.
Lewis era filho de baleeiro, imigrante pertencente à primeira onda ligada à indústria baleeira americana, cujos grandes barcos faziam escala nos Açores para reabastecimento e recolha de tripulantes.
Se, como profissional, Lewis granjeou um certo êxito (formou-se em Direito e exerceu o cargo de Juiz Municipal), não foi menos o seu triunfo nas letras. Com efeito, Lewis tornou-se o primeiro e único imigrante português a conquistar a atenção do público vasto de língua inglesa.

Ele é autor de contos publicados numa revista literária de prestígio nacional, Prairie Schooner, tendo estes relatos dramáticos, que descrevem uma sociedade multi-racial, composta de mexicanos, portugueses, arménios e anglo-americanos, merecido referência numa antologia de grande renome, The Best American Short Stories, dois anos seguidos, em 1949 e 1950.

O seu maior sucesso editorial foi "Home is an Island" (1951), romance autobiográfico cujo protagonista jovem está prestes a emigrar para a América, descrevendo a vida numa pequena aldeia nos Açores, no princípio do século XX

quinta-feira, 22 de junho de 2017

As festas Sanjoaninas são consideradas as maiores festas profanas do arquipélago. Iniciadas logo após o povoamento na cidade Património Mundial de Angra do Heroísmo Ilha Terceira Açores


A Terceira é uma das nove ilhas dos Açores, integrante do chamado "Grupo Central". Primitivamente denominada como Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo das Terceiras, foi em tempos o centro administrativo das Ilhas Terceiras, como era designado o arquipélago dos Açores. A designação Terceiras aplicava-se a todo o arquipélago do Açores visto terem sido as terceiras ilhas descobertas no Atlântico (o arquipélago das Canárias era designado de Ilhas Primeiras e o arquipélago da Madeira por Ilhas Segundas, segundo a ordem cronológica de Descoberta). Com o avançar dos anos esta ilha passou a ser conhecida apenas por Ilha Terceira.

A riqueza da sua história e património edificado levou a que a Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo fosse classificada como Património Mundial pela UNESCO a 7 de Dezembro de 1983.  A cidade é sede do Regimento de Guarnição n.º 1, uma das mais antigas unidades militares portuguesas.
As Sanjoaninas, festas dedicadas a S. João, ocupam as ruas de Angra do Heroísmo durante dez dias do mês de Junho. Cortejos, concertos musicais, touradas (de praça ou à corda), tasquinhas de petiscos, espectáculos de teatro e fogo-de-artifício e provas desportivas, têm o seu ponto alto no desfile das marchas populares.
Iniciadas logo após o povoamento, as Sanjoaninas são consideradas as maiores festas profanas do arquipélago.
Em 1934 surge pela primeira vez um cortejo de abertura com séquito real, como é hoje conhecido.
Desde então os cortejos têm evoluído de ano para ano, contando com temas cada vez mais arrojados.
Um dos pontos altos da festa é a noite de São João caracterizada pelas suas marchas.
Afficion tauromáquica está no sangue dos terceirenses, e como tal as suas maiores festas não podiam deixar de ser marcadas pela sua feira taurina.
Por esta altura a praça de toiros da nossa ilha Terceira, recebe nomes de relevo a nível nacional e internacional da tauromaquia.

Em 2010 as Sanjoaninas contam com uma equipa jovem e ambiciosa, que quer rejuvenescer o conceito das festas, sem quebrar com a sua tradição.
Apesar dos longos anos de edições consecutivas, as Sanjoaninas continuam a atrair sangue novo à comissão.
De 19 a 27 de Junho, as Sanjoaninas reúnem à semelhança de outras edições, cortejos, desfiles, marchas populares, exposições, desporto, etnografia, gastronomia, espectáculos e tauromaquia.

domingo, 18 de junho de 2017

Fernando Pessoa descendente de açorianos pelo lado materno oriundos da ilha Terceira –Açores


Considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal, Fernando António Nogueira Pessoa, nascido em Lisboa no dia 13 de Junho de 1888, é descendente de açorianos, pelo lado materno, oriundos da ilha Terceira –Açores.
Os seus primeiros anos de vida foram passados em Lisboa. Em 1893, faleceram o pai e o irmão Jorge.
Terá sido neste período que surgiu o primeiro heterónimo do poeta: Chevalier de Pás.
Em 1895, a mãe casou-se com João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban, África do Sul. No ano seguinte, Fernando Pessoa mudou-se para este país do continente africano.
Em 1899, ingressou no Liceu de Durban, onde permaneceu três anos. No mesmo ano, criou o pseudónimo Alexander Search. Em 1901, foi aprovado com distinção no primeiro exame, o Cape School High Examination. Nesse mesmo ano, escreveu os primeiros poemas em inglês. Ainda em 1901, regressou a Portugal, tendo visitado a ilha Terceira.
De regresso à África do Sul, matriculou-se na Durban Commercial School, no ensino nocturno, enquanto de dia estudava disciplinas humanísticas para entrar na universidade.
Em 1903, candidatou-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança, tendo obtido a melhor nota no ensaio de estilo inglês da prova de admissão, no qual participaram 899 indivíduos. Tal feito valeu-lhe o Queen Victoria Memorial Prize.

Um ano depois, ingressou novamente na Durban High School. Os seus estudos na África do Sul terminaram com o Intermediate Examination in Arts, na Universidade, prova na qual obteve uma boa classificação.
Em 1905, regressou a Lisboa e, no ano seguinte, ingressou no Curso Superior de Letras. A partir de 1908, dedicou-se à tradução de correspondência comercial.
Em 1912, iniciou a sua actividade de ensaísta e critico literário ao publicar os artigos “A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada”, “Reincidindo…” e “A Nova Poesia Portuguesa no seu aspecto Psicológico”.
 Paralelamente, começou a frequentar a tertúlia literária que se formou em torno de Henrique Rosa, no café “A Brasileira”, em Lisboa.
Em 1915, participou na revista literária “Orpheu”, a qual lançou um movimento modernista em Portugal. Em 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, lançou a revista “Athena”, na qual publicou poesias dos heterónimos Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
Em 1934, publicou o livro “Mensagem”, composto por 44 poemas e vencedor, nesse mesmo ano, do Prémio Antero de Quental, na categoria “poema ou poesia solta”.
Toda a obra do poeta está marcada pela invenção heteronímica, sendo esta considerada como a grande criação estética de Fernando Pessoa.

Faleceu com 47 anos, no dia 30 de Novembro de 1935, em Lisboa.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Família Silveira e Paulo em Angra do Heroísmo


O Palacete Silveira e Paulo localiza-se na rua da Conceição, no centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo, Açores. Construído ao gosto do fim de século XIX, o Palacete é um dos mais notáveis exemplares da arquitectura civil açoriana da transição do século XIX para o século XX.
O palacete Silveira e Paulo foi construído por iniciativa do comendador João Jorge da Silveira e Paulo, um rico fazendeiro e negociante de cacau que fizera fortuna como proprietário da roça Colónia Açoreana da ilha de São Tomé, depois de comprar um dos Solares da Família Noronha que se localizava no mesmo local e que foi a última residência de Manuel Homem de Noronha.
Apesar de originário de uma modesta família de pedreiros e trabalhadores agrícolas de Santo Amaro do Pico, o comendador Silveira e Paulo associou-se com quatro dos seus irmãos e formaram uma importante sociedade, proprietária da roça Colónia Açoriana em São Tomé e grandes negociantes de cacau no mercado internacional. Sob a sua direcção e influência, a família conseguiu grande prosperidade económica no negócio iniciado por um irmão mais velho, Domingos Machado da Silveira e Paulo.
João Jorge acabou por assumir a liderança da família, consolidando uma enorme fortuna. Regressou aos Açores, depois de agraciado, no final do século XIX, com uma comenda e o título de fidalgo-cavaleiro da Casa Real. Escolheu fixar-se na cidade de Angra do Heroísmo, tendo para tal adquirido o solar dos Noronhas, junto à igreja da Conceição, que mandou demolir para ali construir o seu palacete.
A construção, dirigida pelo mestre-de-obras micaelense João da Ponte, iniciou-se em Abril de 1900, ficando concluído dois anos depois.
O imóvel permaneceu na posse da família apenas por algumas décadas, já que em 1937 foi comprado pelo Estado e sujeito a obras de reparação e adaptação para o funcionamento da Escola Industrial e Comercial de Angra do Heroísmo. A escola começou a funcionar no palacete em 1939, ali se mantendo até à sua extinção em 1978. Com a integração da Escola Industrial e Comercial no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, o imóvel passou a acolher o ciclo preparatório, anexo à então formada Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade. A partir do terramoto de 1980, passou também a albergar o Conservatório Regional de Angra do Heroísmo.
O imóvel atingiu um avançado estado de degradação, sendo encerrado em 1999 e entregue à Direcção Regional da Cultura do Governo dos Açores, entidade que procedeu a obras de restauro e adaptação, respeitando a traça original. A partir de 2003, o imóvel é sede daquele departamento governamental e do Centro do Conhecimento dos Açores. A partir de 2008 as instalações escolares existentes no reduto do imóvel foram encerradas, estando em curso o processo de construção no local da nova biblioteca pública de Angra do Heroísmo.

domingo, 4 de junho de 2017

José Coelho Pamplona primeiro e único visconde de Porto Martim radicado em São Paulo, Brasil


José Coelho Pamplona (Porto Martins, 24 de Abril de 1843 – São Paulo, 28 de Junho de 1906), primeiro e único visconde de Porto Martim, foi um industrial e financeiro de origem açoriana, radicado em São Paulo, Brasil, que exerceu uma importante influência na sua terra natal através de importantes investimentos em prol da comunidade. A sua actividade filantrópica estendeu-se ao Brasil, onde foi mecenas de diversos artistas. Está ligado à abertura da Avenida Paulista, em São Paulo, e a importantes investimentos imobiliários e industriais naquela cidade.
José Coelho Pamplona nasceu a 24 de Abril de 1843 no lugar de Porto Martim, então parte da freguesia do Cabo da Praia, hoje freguesia de Porto Martins, no sueste da ilha Terceira, Açores. Descendente de uma das mais antigas famílias da ilha, nasceu do segundo casamento de seu pai, quando este já tinha idade avançada. A família desde há muito que mantinha relacionamento estreito com o Brasil, pelo que José Coelho Pamplona tinha fixados no Rio de Janeiro dois meio-irmãos muito mais velhos, os quais tinham enriquecido pela exploração de uma pedreira. Assim, aos 13 anos parte para o Rio de Janeiro, juntando-se a seus irmãos.
Casou com Maria Vieira Paim. Em 1874, mudou-se para a cidade de São Paulo, tendo aí fundado uma fábrica de sabão, ceras e óleos vegetais, amealhando grande fortuna.
Existe um excelente retrato a óleo do visconde de Porto Martim, de autoria do pintor brasileiro Óscar Pereira da Silva, obra de grande valor artístico e perfeição técnica.
José Coelho Pamplona recebeu o título de Visconde de Porto Martim, criado pelo rei D. Carlos I de Portugal, por Decreto de 24 de Agosto de 1905.
José Coelho Pamplona é lembrado pelo topónimo Rua Pamplona no distrito Jardim Paulista da cidade de São Paulo. O nome daquela rua, que começa na Bela Vista e termina no Jardim Paulista, foi oficializado em 1916. A Rua Luís Coelho, situada nas imediações, é uma homenagem ao filho do visconde.

sábado, 3 de junho de 2017

Vitorino Nemésio - Se bem me lembro


Ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, epistológrafo e comunicador televisivo, Vitorino Nemésio (Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva), nascido na Praia da Vitória, ilha Terceira -Açores, a 19 de Dezembro de 1901, foi um escritor e intelectual que se destacou como romancista, tendo sido autor de uma das obras-primas da literatura portuguesa - “Mau Tempo no Canal”. Foi docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Em 1919, ingressou no serviço militar, como voluntário na armada de Infantaria, facto que lhe proporcionou a primeira viagem para fora do Arquipélago. Concluiu o liceu em Coimbra e inscreveu-se na Faculdade de Direito, daquela Universidade trocando mais tarde esse curso pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras daquele estabelecimento de ensino e, em 1925, matriculou-se no curso de Filologia Romântica.
Em 1930, transferiu-se para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, acabando por se licenciar em Filologia Românica (1931). 
Nesta faculdade teve uma carreira docente notável, que o levou a decano e director daquela instituição. Ensinou também em universidades estrangeiras (Montpeleier, Bruxelas) e, como conferencista, em quase toda a Europa e no Brasil, de cuja literatura e cultura muito se ocupou (são exemplos "O Campo de São Paulo", 1954; e "O Segredo de Ouro Preto", 1954).

A 12 de Setembro de 1971, atingindo o limite legal de idade para o exercício de funções públicas, proferiu a sua última lição na Faculdade de letras de Lisboa, onde ensinara durante quase quatro décadas.
Foi autor e apresentador do programa televisivo “Se Bem me Lembro”, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu o jornal “O Dia”, entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo sido agraciado, em 1944, com o Prémio Ricardo Malheiros, em 1965, com o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, com o Prémio Montaigne.

Faleceu a 20 de fevereiro de 1978, em Lisboa.

A 17 de Dezembro de 1994, aquando das comemorações do 50º. Aniversário da publicação do romance “Mau Tempo do Canal”, foi inaugurado, pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, o busto de Vitorino Nemésio, fundido em bronze e da autoria do escultor Álvaro Raposo de França, localizado, naquela cidade, em frente à Casa das Tias de Vitorino Nemésio.