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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Lista de embarcações naufragadas ao redor da costa da ilha Terceira, século XVI


1542 – Naufrágio da nau cognominada Grifo, capitaneada por Baltazar Jorge.

1555 - Naufrágio da nau Assumpção, comandada por Jácome de Melo.

1555 - Naufrágio da nau alcunhada de Algarvia Velha, acabada de chegar das Índias.

1556 - (6 de Agosto) - Naufrágio da nau Nossa Senhora da Vitória, da Carreira das Índias.

1556 - (6 de Agosto) - Naufrágio da nau Nossa Senhora da Assunção, Carreira das Índias.

1560 – Naufrágio de uma nau espanhola, da qual não se sabe o nome.

1583 - (21 de Outubro) – Naufrágio de 1.º patacho de um total de três embarcações naufragadas no mesmo dia. Embarcação confiscada pelos Espanhóis à Armada do Prior do Crato.

1583 – 21 de Outubro – Naufrágio de 2.º patacho. Embarcação também da Armada do Prior do Crato e confiscada pelos espanhóis.

1583 – 21 de Outubro – Naufrágio de 3º patacho. Embarcação igualmente da Armada do Prior do Crato e confiscada pelos espanhóis. Estes três barcos foram atiradas para a costa pelo famoso Vento Carpinteiro.


1586 - (17 de Setembro) – Naufrágio da nau Santa Maria, de nacionalidade espanhola e provinda de São Domingo. Devido ao nau tempo.

1586 - (18 de Setembro) – Naufrágio de 1.ª nau de um total de três naufragadas no mesmo dia, era de nacionalidade espanhola e nome capitania de 30 canhões de bronze. Devido ao mau tempo.

1586 – 18 de Setembro – Naufrágio de 2.ª nau de nacionalidade espanhola e nome Nuestra Señora de la Concepcional, de que se recuperou parte da carga.

1586 – 18 de Setembro – Naufrágio de 3.ª nau de nacionalidade espanhola.

1587 - Naufrágio de um galeão português de nome Santiago capitaneado por Francisco Lobato Faria e provindo de Malaca. Perdeu a amarra, salvando-se a gente e a fazenda.

1587 - Naufrágio de ma nau espanhola que provinha do Novo Mundo. Foi salva a carga de ouro e prata num valor que na altura somou um total de 56 000 escudos.

1588 - (Agosto) – Naufrágio da nau portuguesa São Tiago Maior, da Armada de 1586.

1589 - (4 de Agosto) – Naufrágio, dentro de fortalezas, o galeão São Giraldo de nacionalidade portuguesa e provindo de Malaca. Com este acontecimento, inicia-se o período Linschoten.

1589 - (20 de Outubro). Afundamento da nau espanhola Nuestra Señora de Guia, posta a pique por corsários, com 200 000 ducados em ouro, prata e pérolas a bordo.

1589 – Naufrágio à entrada de Angra da nau espanhola Trinidad, vinda do México, o acontecimento é descrito por por corsários, com 200 000 ducados em ouro, prata e pérolas a bordo.

1590 – (Janeiro) - Naufrágio de uma nau espanhola.

1590 – Janeiro – Naufrágio de uma nau espanhola da Armada da Biscaia.

1590 – Janeiro – Naufrágio de uma nau espanhola nos rochedos à entrada da Baía de Angra.

1591 – Setembro, 1.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha Terceira, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória, entre os registos encontra-se a nau Santa Maria del Puerto.

1591 – Setembro, 2.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória, entre os registos encontra-se a nau de Sanchez Barragan.

1591 – Setembro, 3.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória, entre os registos encontra-se a nau de Pedro Milanes, o Revenge.

1591 – Setembro, 4.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 5.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 6.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 7.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 8.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 9.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 10.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 11.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, 12.º naufrágio de um total de 12 embarcações de origem espanhola que afundaram açoitadas por uma tempestade próximo à costa da ilha, a maior parte deles nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, naufrágio de uma nau inglesa de 40 canhões de bronze açoitada por uma tempestade próximo à costa da ilha, algures nas imediações da Praia da Vitória.

1591 – Setembro, naufrágio um flibot holandês, denominado em português Pomba Branca, açoitado por uma tempestade próximo à costa da ilha, algures nas imediações da Praia da Vitória.

1593 – Naufrágio da nau espanhola Nuestra Señora de los Remédios.

1593 – Naufrágio da nau espanhola Trinidad.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

A Lenda da Lagoa do Negro

A Lenda da Lagoa do Negro, há alguns séculos existia uma família nobre na Terceira que tinha, como era costume na época, escravos negros. A filha do morgado, habituada a receber as ordens do pai que eram compridas de forma inquestionável por todos, aceitou com naturalidade um casamento imposto por conveniência para a união de terras e aumento do poder.

Era um casamento sem amor mas, por boa educação e honestidade, ela submetia-se ao marido. No entanto, a morgada tinha um amor proibido socialmente inaceitável por um escravo negro, que lhe retribuía o sentimento.

Um dia o escravo negro falou com a sua amada e, juntos, chegaram à conclusão que o seu amor era impossível no mundo em que viviam. Só poderiam viver juntos se fugissem. No entanto, o marido da morgada tinha ordenado a uma das aias da esposa que a seguisse por todo o lado. Tendo ouvido a conversa entre a morgada e o escravo, esta informou o amo, que ordenou aos seus capatazes que prendessem o escravo.


Ao ouvir o ladrar dos cães de caça ao longe, e sabendo que não era dia de caçada, o escravo desconfiou que andavam à sua procura e pôs-se em fuga pelos campos, em direção ao interior da ilha. Após um dia e uma noite em fuga, caminhando por montes, vales e difíceis veredas, o fugitivo cansado e sentindo os cavalos já próximos, não tinha mais forças para correr ou sequer andar. Sem ter onde se esconder, resolveu parar e por ali ficar, abandonando-se à sua sorte.

Começou a chorar, e as suas lágrimas rapidamente se multiplicaram e fizeram nascer uma linda lagoa à sua frente, aninhada ao lado de uma colina arborizada. Quando se apercebeu da lagoa, os cavalos já estavam quase sobre ele. Não tendo mais para onde fugir, atirou-se da colina para as águas escuras e serenas da bela lagoa, onde se afogou.


quarta-feira, 23 de maio de 2018

As Donas Amélias


Doce tradicional da ilha Terceira. Canela, mel de cana, passas e outras especiarias dos Descobrimentos.
As Donas Amélias são um doce conventual terceirense, adaptado a uma receita que já existia, o chamado “Bolo das Índias”, que também é confeccionado com especiarias, em 1901, aquando a visita Régia da Rainha D. Amélia e do Rei D. Carlos pela Ilha Terceira.

Este doce foi confeccionado em forma de uma queijada, provém de um outro bolo mais antigo, feito com especiarias. Os habitantes da ilha ofereceram as queijadas ao Rei e à Rainha como forma de agradecimento, atribuindo assim o nome da Rainha aos doces, como forma de homenagem.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Em 1740 chegaram os primeiros Açorianos à região do actual Rio Grande do Sul


Em 1740 chegou à região do actual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de povoadores. Vindos das ilhas dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo, que pretendia que se instalassem na vasta área onde estavam situadas as Missões. Mas as dificuldades de transporte fizeram com que terminassem por se fixar na área da actual cidade de Porto Alegre.
Estado brasileiro localizado na região Sul. Possui como limites Santa Catarina (N), oceano Atlântico (L), Uruguai (S) e Argentina (O). Ocupa uma área de 282 062 km2. A sua capital é Porto Alegre.
As cidades mais populosas são: Porto Alegre, Pelotas, Caxias do Sul, Canoas e Santa Maria. O relevo é constituído por uma extensa baixada, dominada ao norte por um planalto.

Os rios principais são: Uruguai, Taquari, Ijuí, Jacuí, Ibicuí, Pelotas e Camacuã. O clima é subtropical.
Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões, próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos pelos portugueses, em 1680, quando a coroa portuguesa resolveu assumir o seu domínio, fundando a Colónia do Sacramento. Os jesuítas portugueses estabeleceram, em 1687, os Sete Povos das Missões. Em 1737, uma expedição militar portuguesa tomou posse da lagoa Mirim.
Assim, em 1742, estes colonizadores fundaram a vila de Porto dos Casais, depois chamada Porto Alegre. As lutas pela posse das terras, entre portugueses e espanhóis, terminaram em 1801, quando os próprios gaúchos dominaram os Sete Povos, incorporando-os ao seu território. Em 1807, a área foi elevada à categoria de capitania. Grupos de imigrantes italianos e alemães começaram a chegar a partir de 1824.
A sociedade estancieira passou então a coexistir com a pequena propriedade agrícola, diversificando a produção. Durante o século XIX, o Rio Grande do Sul foi palco de revoltas federalistas, como a Guerra dos Farrapos (1835-45), e participou da luta contra Rosas (1852) e da Guerra do Paraguai (1864-70).

As disputas políticas locais foram acirradas no início da República e só no governo de Getúlio Vargas (1928) o Estado foi pacificado.
Actualmente a nível económico, este Estado destaca-se pela agricultura (soja, trigo, arroz e milho) e pecuária (bovinos, ovinos, equinos e suínos), além de actividades industriais (de couro e calçados, alimentícia, têxtil, madeireira, metalúrgica e química).

O Rio Grande do Sul é considerado, juntamente com o Paraná, como o estado celeiro do país, responsável pela maior produção nacional de grãos, sendo por isso uma das bases da economia do Brasil.

domingo, 20 de maio de 2018

Bodos

O Bodo, na ilha Terceira e os Impérios na ilha do Pico ditam o ritmo deste domingo de Pentecostes, que no arquipélago dos Açores é vivido em torno das grandes festas do Divino Espirito Santo, em todas as ilhas.
Esta é, de resto, uma marca identitária dos açorianos, independentemente do sítio onde residam.
Na ilha Terceira, as festas têm uma força “muito original” e são vividas sobretudo na zona do Ramo Grande, onde a economia continua a ser predominantemente agrária, sendo bastante conhecidos, por exemplo, os impérios da Vila Nova e das Lajes pelo número de pessoas envolvidas.

A capacidade de inculturação numa cultura agrária explica, de resto,  a sua permanência tão viva nos Açores: a valorização da terra de onde vem o trigo e o milho a partir dos quais se faz o pão,  o vinho e a carne, aspetos nos quais se  materializam os dons do Espirito Santo.
A peculiaridade principal deste culto no arquipélago é ser popular e desenvolver-se sob a forma de império, com uma uma forte carga profética e política, sem qualquer pretensão de imitação de papéis ou destituição de poderes.
À volta dos Impérios desenvolvem-se durante vários dias as festividades do Espírito Santo, imbuídas de um ideal caritativo e compostas por um conjunto de cerimónias religiosas e profanas: a “coroação” do Imperador Menino, o desfile de cortejos e o bodo de pão e de carne.
Durante cada semana das festividades veneram-se as insígnias do Divino na casa do Imperador e reza-se o terço à noite perante a coroa e a bandeira. Na sexta-feira, os bois são enfeitados e realiza-se a “procissão do vitelo”. Posteriormente, sacrificam-se os animais necessários para o bodo que o Imperador oferecerá no domingo aos convidados, retalha-se a carne para a sopa, o cozido e a alcatra do jantar e para as pensões a distribuir pelos pobres da freguesia. No sábado faz-se a distribuição de esmolas, compostas de carne, pão e vinho, benzidas pelo sacredote.

No domingo de manhã realiza-se a primeira procissão, encabeçada pela bandeira do Espírito Santo. Na cerimónia da “coroação”, dentro da igreja,  o padre toma o cetro, dá-o a beijar a quem coroa e entrega-lho, e depois faz o mesmo com a coroa, colocando-a sobre a sua cabeça; asperge o Imperador, incensa-o e entoa-se o “Veni Creator Espiritus”. Depois da coroação a Coroa e a Bandeira vão em procissão até ao Império, de onde saem à noite para outra casa.
Refira-se a título de curiosidade que na ilha Terceira a própria paróquia pode ser mordoma da festa

recebendo na Igreja as insígnias do Espírito Santo. É o caso por exemplo da paróquia de Santa Margarida, no Porto Martins, na ilha Terceira que entre este domingo de Pentecostes e o domingo da Santíssima Trindade vai voltar a ser “a anfitriã” do Espírito Santo recebendo na Igreja Paroquial a Bandeira e a Coroa, pelo segundo ano consecutivo. Durante esta semana além do terço, a paróquia organiza uma série de conferências, entre segunda e sexta feiras.
É também no domingo que se realiza o bodo ou a “função” para o qual todos são convidados, ricos e pobres, habitantes ou forasteiros. A ementa da “função” é composta pela sopa do Espírito Santo, alcatra, pão, armazenados nos Impérios ou nas despensas, pela massa sovada ou pelas rosquilhas (Pico) e vinho. Os irmãos escolhidos para realizar o bodo designam-se de Mordomos.
As festas do Espírito Santo começam no domingo imediatamente a seguir à Páscoa tendo como ponto alto nas ilhas referidas o domingo de Pentecostes e o da Trindade.

Na ilha Terceira, os impérios prosseguem durante o verão, até ao Império de São Carlos, em Setembro. Este ano será também a paróquia a ser a organizadora da festa, com o sacerdote, Pe Adriano Borges,  a assumir o lugar de mordomo.
Na ilha Terceira, o culto do Espírito Santo está documentado desde 1492, data em que já se fazia o Império e se distribuía o bodo, no dia de Pentecostes, à porta de uma capela pertencente ao hospital do Espírito Santo.
A festa constava da missa do Espírito Santo, “coroação” e bodo e, se algum irmão  da confraria “tomasse o império” sem ter meios  para o desenvolver seria ajudado pelos restantes membros da irmandade.
Quando se instituiram as Santas Casas da Misericórdia na ilha Terceira, a de Angra, em 1495, e depois a da Praia, em 1498, instalam-se nos templos do Espírito Santo, acabando por se tornar as responsáveis pela organização dos bodos no dia de Pentecostes, facto que não afetou a criação de irmandades em todas as freguesias destes dois concelhos.
As festas do Espírito Santo nos Açores possuem uma estrutura tradicional comum mas apresentam bastantes variantes entre as várias ilhas do Arquipélago e, dentro da mesma ilha, entre os vários Impérios.
O ciclo das festividades é, no entanto, comum. Este domingo e no próximo vivem-se os bodos e no final do bodo do próximo domingo tiram-se “as sortes” para conhecer os irmãos que vão ficar com as domingas, sete,  do próximo ano. Quem tirar a primeira “dominga” ficará com o Espírito Santo todo o ano em Casa, ou seja, a Bandeira e a Coroa ficarão na casa desse irmão, em lugar de destaque, durante um ano.

Na ilha Terceira,  nestas duas semanas,  centenas de quilos de açucar são transformados em bonecos para ofertas nos Impérios do Espírito Santo.
O alfenim entregue nos Impérios do Espírito Santo é depois arrematado e o dinheiro reverte a favor das festas, nas quais, para além da animação e da religiosidade, são distribuídos pão, carne e vinho.
O alfenim (palavra que vem do árabe “al-fenid” e quer dizer aquilo que é branco, alvo) é feito apenas de açúcar, água e vinagre, mas se passar do ponto transforma-se em rebuçado. Moldá-lo em imagens fiéis à realidade exige uma técnica que não está ao alcance de todos. O preparado leva cerca de 20 a 25 minutos ao lume e quando atinge o ponto é vertido para uma bacia untada com manteiga, que está dentro de outra com água fria, para ir arrefecendo a massa.
Trata-se de uma receita típica das ilhas Terceira e Graciosa que é confecionada especialmente nesta época mas que se vende também durante todo o ano nalgumas pastelarias da ilha Terceira.
Antigamente, os truques eram mantidos em segredo e até se chegaram a inventar mitos, porque a venda de alfenim era uma fonte de rendimento importante para as famílias, mas hoje já restam apenas meia dúzia de artesãs na Terceira.

A imagem mais comum do alfenim é a pomba branca, que simboliza o Espírito Santo, mas as promessas estão muitas vezes associadas a problemas de saúde, por isso, em momento de aflição, são encomendadas peças de partes do corpo, como pés, pernas, mãos, braços, peitos, gargantas e cabeças de alfenim. Os pedidos mais frequentes são as meninas e os meninos de corpo inteiro, que se adequam a diferentes maleitas e a outro tipo de promessas.
Antigamente, o alfenim era feito apenas pelas festas do Espírito Santo ou para ofertas em casamentos e baptizados, mas hoje, já integrado na lista de produtos regionais certificados, é também muito procurado por turistas.

( Cortesia Igreja Açores )

quarta-feira, 16 de maio de 2018

O primeiro visconde de Agualva

Jacinto Carlos da Silva.  Nasceu  em Angra do Heroísmo, 16 de Setembro de 1872  e  faleceu em  Angra do Heroísmo em 28 de Janeiro de 19 , 1º visconde de Agualva, foi um grande comerciante, capitalista, político e fidalgo açoriano. Foi, entre outras funções, Governador-Civil do Distrito de Angra do Heroísmo e Presidente da Câmara Municipal daquela cidade. Era primo direito de Jacinto Cândido da Silva, um importante político dos anos finais da monarquia constitucional portuguesa.
Jacinto Carlos da Silva foi filho do comerciante e capitalista João Carlos da Silva e de sua mulher Francisca Amélia da Silva. João Carlos da Silva, de origens humildes, foi um dos mais ricos comerciantes angrenses, dono de um vasto empório que ia da agricultura ao agenciamento de navios, entre os quais os da linha de vapores portugueses para Nova Iorque e New Bedford, e aos negócios de importação e exportação. Ao enriquecer adquiriu o faustoso e prestigioso imóvel da Rua Direita de Angra, que antes fora de Aniceto António dos Santos e que albergara o conde de Vila Flor durante as Lutas Liberais. Na altura já se encontrava inserido na melhor sociedade angrense.

Num percurso de mobilidade social típico da época, estribando-se na ascensão social de seu pai, Jacinto Carlos da Silva casou com Margarida Sieuve de Menezes do Rego Botelho de Faria, o que o ligou às mais importantes e aristocráticas famílias da ilha, legitimando assim a ascensão social obtida pelo enriquecimento. A esposa era filha de umas das famílias da mais abastada fidalguia de Angra: o seu pai era então o mais rico proprietário da ilha Terceira, recentemente agraciado com o título de conde de Rego Botelho.


sexta-feira, 11 de maio de 2018

O Conde da vila de São Sebastião

Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos (Alcochete, 155? – Lagny-sur-Marne, 1606), conde da vila de São Sebastião (por D. António I de Portugal),  distinguiu-se como corregedor dos Açores durante a crise de sucessão de 1580, tendo governado o arquipélago durante o período conturbado que se seguiu à aclamação nas ilhas de D. António, Prior do Crato como rei de Portugal. A ele se deve a fortificação e organização da defesa da ilha Terceira que levou à vitória na Batalha da Salga.
Era filho de Sebastião Gomes de Figueiredo e de D. Antónia Fernandes de Vasconcelos, filha do arcebispo de Lisboa D. Fernando de Meneses Coutinho e Vasconcelos. Por este lado descendia dos Meneses da rainha Leonor Teles.
Em 1576 foi nomeado por Sebastião de Portugal para o cargo de corregedor dos Açores.
Foi a sua frase Antes morrer livres que em paz sujeitos que passou a ser a divisa dos Açores,  é retirada de uma carta escrita a 13 de fevereiro de 1582 por Ciprião de Figueiredo, no cargo de corregedor dos Açores, a Filipe II de Espanha. Naquela missiva recusava a sujeição da ilha Terceira em troca de mercês várias, afirmando: "... As couzas que padecem os moradores desse afligido reyno, bastarão para vos desenganar que os que estão fora desse pezado jugo, quererião antes morrer livres, que em paz sujeitos. Nem eu darei aos moradores desta ilha outro conselho... porque um morrer bem é viver perpetuamente...".
D. António em prémio da fidelidade do corregedor, quando o chamou a Paris, agraciou-o com o condado da vila de São Sebastião, localidade em cujos arrabaldes se travou a referida Batalha da Salga.

Era irmão de Duarte de Figueiredo e Vasconcelos, que possuía o prazo de Veloso que lhe dera o avô sendo bispo de Lamego. Esse prazo foi aumentado, porque ele serviu antes Filipe II de Espanha. Quando da Restauração da Independência, João IV de Portugal não tirou também aos Figueiredos os seus direitos em favor de outros que o aclamaram; um filho daquele Duarte serviu D. João IV, como seu pai servira D. Filipe II.


quarta-feira, 9 de maio de 2018

Divino Espírito Santo


Os Impérios do Divino Espírito Santo são um dos traços mais marcantes da identidade açoriano, constituindo um culto que para além de marcar o quotidiano insular, determina traços identitários que acompanham os açorianos para todos os lugares onde a emigração os levou. Para além dos Açores, o culto do Divino Espírito Santo está hoje bem vivo no Brasil (para onde foi levado há três séculos) e na América do Norte.
Nos Açores, uma das Irmandades  de maior referência é a Irmandade do Divino Espírito Santo de São Carlos, em Angra do Heroísmo.
Sobre as origens do culto e dos rituais utilizados, pouco se sabe. A corrente dominante filia o culto açoriano ao Divino Espírito Santo nas celebrações introduzidas em Portugal pela Rainha Santa Isabel, que por sua vez as teria trazido do seu Aragão natal. De facto existem notícias seguras da existência do culto nos séculos XIV e XV em Portugal.
O seu centro principal parece ter sido em torno de Tomar (a Festa dos Tabuleiros parece ter aí raiz), localidade que era sede do priorado da Ordem de Cristo, a que foi confiada a tutela espiritual das novas terras, incluindo dos Açores. Outro centro relevante foi Alenquer, localidade onde, nos primeiros anos do século XIV, a rainha Santa Isabel terá introduzido em Portugal a primeira celebração do Império do Divino Espírito Santo, provavelmente influenciada por franciscanos espiritualistas, que ali fundaram o primeiro convento franciscano em Portugal. Pelo menos assim reza um velho pergaminho franciscano depositado na Câmara Velha daquela vila estremenha. A partir dali o culto expandiu-se, primeiro por Portugal (Aldeia Galega, na época Montes de Alenquer, Sintra, Tomar, Lisboa) e depois acompanhou os portugueses nos Descobrimentos.
Neste contexto, as referências ao culto do Espírito Santo aparecem muito cedo e de forma generalizada em todo o arquipélago, já que Gaspar Frutuoso, escrevendo cerca de 150 anos após o início do povoamento, já o menciona, indicando ser comum a todas as ilhas. Tal expansão apenas seria possível se contasse com a tolerância, ou mesmo o incentivo, da Ordem de Cristo. Também as referências a festejos feitas nas Constituições Sinodais da Diocese de Angra, aprovadas em 1559 pelo bispo D. frei Jorge de Santiago, demonstram que naquela altura já eram matéria a merecer a atenção da autoridade episcopal.
A existência de Irmandades do Divino Espírito Santo é já generalizada no século XVI. O primeiro hospital criado nos Açores (1498), a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Angra, recebe a designação, ainda hoje mantida, de Hospital do Santo Espírito. A distribuição de carne e os bodos eram também já comuns em meados do século XVI.

E nesse mesmo século era celebrada a bordo das Naus do Brasil e das Armadas da India: em carta enviada para Itália desde Goa, o missionário jesuíta Fúlvio de Gregori, comunica o seguinte: Costumam os portugueses eleger um imperador pela festa de Pentecostes e assim aconteceu também nesta nau S. Francisco. Com efeito, elegeram um menino para imperador, na vigília de Pentecostes, no meio de grande aparato. Vestiram-no depois muito ricamente e puseram-lhe na cabeça a coroa imperial. Escolheram também fidalgos para seus criados e oficiais as ordens, de modo que o capitão foi nomeado mordomo da sua casa, outro fidalgo foi nomeado copeiro, enfim, cada um com o seu oficio, à disposição do imperador. Entraram nisto até os oficiais da nau, o mestre, o piloto, etc. Depois, no dia de Pentecostes (ou Páscoa do Espírito Santo), trajando todos a primor, fez-se um altar na proa da nau, por ali haver mais espaço, com belos panos e prataria. Levaram, então, o imperador à missa, ao som de música, tambores e festa e ali ficou sentado numa cadeira de veludo com almofadas, de coroa na cabeça e ceptro na mão, cercado pela respectiva corte, ouvindo-se entretanto as salvas de artilharia. Comeram depois os cortesãos do imperador e, por fim, serviram toda a gente ali embarcada, à volta de trezentas pessoas.

A partir daí, e particularmente após o início do século XVIII, o culto do Divino Espírito Santo assume-se como um dos traços centrais da açorianidade, sendo o verdadeiro traço cultural unificador das populações das diversas ilhas. Com a imigração açoriana o culto é levado para o Brasil, onde já no século XVIII existia no Rio de Janeiro, na Baía e nas zonas de colonização açoriana de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco. No século XIX é levado para o Hawaii, para o Massachusetts e para a Califórnia.
Hoje o culto açoriano do Divino Espírito Santo está em claro crescimento, tanto nos Açores como nas zonas de imigração açoriana, nomeadamente as costas leste e oeste dos Estados Unidos e a Província do Ontário, Canadá. Com o renascer da identidade açoriana no sul do Brasil, os festejos do Divino revigoraram-se também aí.

sábado, 5 de maio de 2018

O primeiro registo conhecido de uma tourada à corda data de 1622

O primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda data de 1622, ano em que a Câmara de Angra organizou um daqueles eventos, enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola. Contudo, presume-se que as corridas de touros à corda nos folguedos populares já ocorressem há muito, o que justifica a inclusão daquele evento numa festividade oficial.
É  um divertimento tauromáquico tradicional nos Açores, com particular expressão na ilha Terceira, acreditando-se ser a mais antiga tradição de folguedo popular do arquipélago. A modalidade tauromáquica é específica dos Açores e caracteriza-se pela corrida de 4 touros adultos da raça brava da ilha Terceira ao longo de um arraial montado numa rua ou estrada, num percurso máximo que regra geral é de 500 m.

 O animal é controlado por uma corda atada ao seu pescoço (daí a designação do tipo de tourada) e segura por 6 homens (os pastores) que conduzem a lide e impedem a sua saída para além do troço de via estipulado. A lide é conduzida por membros do público, em geral rapazes, embora seja admissível a presença de capinhas contratados. Após a lide, os animais são devolvidos às pastagens sendo repetidamente utilizados, embora com um período de descanso mínimo de 8 dias.