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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

lista de Emigrantes que partiram da Calheta ilha de S. Jorge Açores para o Brasil


1.  Maria Santa (Nossa Senhora do Rosário, Calheta, Ilha de São Jorge, Portugal, baptizada em 17 de Outubro de 1733 - Rio Grande do Sul, ?) casada com Jerónimo da Silveira Machado.

2.  Maria Santa Pacheco (Vila do Topo, Ilha de S. Jorge, Azores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com Bernardo Pinto Bandeira.

3.  Maria de Santo Antonio (Vila do Topo, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com Antão Pereira Machado.

4.  Mariana Inácia de Jesus (Norte Pequeno, Calheta, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com João de Souza Leal.

5.  Mariana Luísa (Calheta, Ilha Terceira, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com José Rodrigues.
Mathias Silveira de Oliveira (Calheta, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casado com Joanna do Sacramento.

6.  Paula Corrêa (Fajã de São João , Calheta, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com Francisco de Souza.

7.  Paula Maria Cardoso (Topo, Açores, Ilha de São Jorge, Calheta, Portugal, 1 de janeiro de 1722 - Rio Pardo, Rio Grande do Sul, ?) casada com Caetano de Sousa Nunes.

8.  Pedro de Moraes Monforte (Vila do Topo, Ilha de S. Jorge, Açores, Portugal, 2 de Julho de 1659 - Paranaguá, Paraná, c. 1721) casado com Catharina de Lemos.


9.  Rita Maria do Rosário (Vila do Topo, Calheta, Ilha de São Jorge, Azores, Portugal, 13 de setembro de 1728 - Gravataí, Rio Grande do Sul, 23 de março de 1810) casada com Antonio Machado Netto.

10.  Rosa de São José (Topo, Calheta, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com José da Silveira Bittencourt.

11.  Roza Maria (Vila do Topo, Calheta, Ilha de São Jorge, Azores, Portugal, c. 1735 - Rio Grande, Rio Grande do Sul, 18 de maio de 1773) casada com Thome de Souza Mattos.

12.  Sebastião Francisco da Cunha (Ribeira Seca, Calheta, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casado com Ana Vitória da Luz.

13.  Thome de Souza Mattos (Vila do Topo, Calheta, Ilha de São Jorge, Açores, Portugal, 17 de Setembro de 1715 - Brasil, ?) casado com Roza Maria,

terça-feira, 26 de setembro de 2017

João Soares de Sousa na ilha de Santa Maria Açores


João Soares de Sousa (Vila do Porto, c. 1493 — Vila do Porto, 2 de Janeiro de 1571) foi o 3.º capitão do donatário da ilha de Santa Maria, sucedendo no cargo a seu pai João Soares de Albergaria, falecido em 1499. Como João Soares de Sousa tinha apenas 6 anos de idade quando seu pai faleceu, ficou a governar a ilha de Santa Maria, como lugar-tenente durante a sua menoridade, João de Marvão, escudeiro da Casa Real e almoxarife em Vila do Porto. Terá iniciado a sua governação por volta de 1522, mantendo-se no cargo até 1571, ano em que faleceu com mais de 78 anos de idade.  O cargo de capitão foi-lhe confirmado por Carta-régia datada de 13 de Março de 1527.
João Soares de Sousa foi filho de João Soares de Albergaria e de Branca de Sousa Falcão, tendo nascido em Vila do Porto, por volta de 1493. Este 3.º capitão-do-donatário de Santa Maria foi assim o primeiro de seus capitães a nascer na ilha.
João Soares de Sousa foi muito entendido na arte náutica, sendo homem de "elevada estatura, trigueiro, forte e animoso, bom fidalgo e muito caritativo". Arrendou as suas vastas terras de forma a mitigar a pobreza que já então existia na ilha, havendo registo de ter perdoado rendas e dívidas, não exigindo pagamento fixo da utilização dos moinhos da ilha, já que sendo prerrogativa do capitão do donatário a posse de todos os moinhos existentes na capitania, deixava que cada um lhe pagasse o que queria e nunca mandou citar por dívida. Em certo ano em que as colheitas falharam e a fome grassava na ilha, deixou que os necessitados pudessem ir aos seus rebanhos buscar ovelhas, apenas exigindo que lhe dessem as peles e a lã.

Logo no começo de seu governo veio a Santa Maria João de Aveiro, um escrivão de São Miguel, a mando do corregedor, António de Macedo, a fim de detê-lo devido a uma sentença dada contra ele. Acredita-se que terá mesmo seguido preso para Lisboa onde, apelando, recuperou a liberdade e regressou. (FERREIRA, s.d.:94) Em 12 de Julho de 1517 vendeu a Henrique de Bettencourt os direitos relativos às saboarias de São Miguel (op. cit., p. 90).
João Soares de Sousa desposou Guiomar da Cunha da Ilha, filha de Francisco da Cunha, um primo do vice-rei da Índia D. Afonso de Albuquerque, e de Brites da Câmara, neta de João Gonçalves Zarco, o 1º capitão do donatário no Funchal.
Falecida a primeira esposa, desposou Jordoa Faleiro, filha de Fernão Vaz Faleiro, tabelião em Vila do Porto, e de D. Filipa de Resendes. Falecida esta, desposou em terceiras núpcias Maria de Andrade, filha de Nuno Fernandes Velho, o senhor do vínculo de Larache.
De seus três casamentos, João Soares de Sousa teve vinte e quatro filhos. Do primeiro casamento nasceram Pedro Soares de Sousa, que sucedeu ao seu pai no governo da capitania; Manuel de Sousa, do qual se diz ter matado um homem e fugido para combater na França e na Itália e no cerco de Tunes às ordens do imperador Carlos V, e que viria a falecer em Santa Maria, após 35 anos de ausência, em combate contra corsários franceses que incendiaram Vila do Porto; Rui de Sousa, que morreu em combate na Índia; e André de Sousa que casou com Mécia de Lemos, irmã do mariense D. Luís de Figueiredo de Lemos, que foi bispo da Diocese do Funchal. Do segundo casamento nasceram Gonçalo Velho, que morreu no mar, e Álvaro de Sousa, que veio a desposar D. Isabel, filha de Amador Vaz Faleiro. Deste casamento, por sua vez nasceu D. Jordoa de Sousa Faleiro, que veio a ser desposada por Fernão de Andrade Velho, e que foi levada cativa para Argel quando do ataque de piratas da Barbária em 1616.

João Soares de Sousa está sepultado na capela-mor da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, em Vila do Porto, junto à porta da sacristia.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Quem foi Gonçalo Vaz Botelho o Grande na ilha de São Miguel Açores


Gonçalo Vaz Botelho (c. 1420 — Vila Franca do Campo, 14??), conhecido por o Grande, por assim ele o ser no corpo e condição, foi um dos homens da casa do Infante D. Henrique que fez parte do grupo liderado por Gonçalo Velho Cabral que iniciou o povoamento do Grupo Oriental do arquipélago dos Açores.
Filho de Pero Botelho, ao tempo o comendador-mor da Ordem de Cristo, integrou a casa do Infante D. Henrique. Quando Gonçalo Velho organizou a expedição destinada a iniciar a estruturação do povoamento da ilha de São Miguel, onde já tinham sido lançados animais domésticos e onde já residia um grupo de escravos, foi uma das figuras mais gradas que a integrou. Fixou-se em São Miguel com sua mulher, a tradição apontando o primogénito dos cinco filhos do casal, Nuno Gonçalves, como a primeira criança nascida na ilha.
Gonçalo Vaz Botelho estabeleceu-se inicialmente no lugar onde hoje se situa a vila da Povoação e recebeu posteriormente diversas terras em sesmaria, entre as quais uma dada em Rabo de Peixe. Juntou vastas propriedades, tornando-se num dos mais ricos povoadores da ilha. Quando faleceu tinha tinha 200 moios de renda e fazendas e entre os seus descendentes estiveram algumas das famílias mais ricas da ilha.

Foi o primeiro ouvidor do capitão do donatário na ilha de São Miguel, tendo liderado a criação do município de Vila Franca do Campo. Existe, frente aos Paços do Concelho de Vila Franca do Campo, uma estátua levantada em sua homenagem no ano de 1954, da autoria de Canto da Maia.


sábado, 23 de setembro de 2017

Alfredo da Silva Sampaio

Alfredo da Silva Sampaio (Angra do Heroísmo, 19 de Setembro de 1872 — Angra do Heroísmo, 21 de Novembro de 1918) foi um médico açoriano que se notabilizou como naturalista e fundador do primeiro posto de observação meteorológica na ilha Terceira. Publicou uma vasta obra sobre a história, a geografia e a história natural da Terceira.
Bacharel em medicina e cirurgia formado pela Universidade de Coimbra em 1888, foi guarda-mor da estação de saúde de Angra do Heroísmo, médico municipal e do Hospital de Santo Espírito da mesma cidade. Foi professor provisório do Liceu Nacional também de Angra do Heroísmo e eminente historiador que muito contribuiu para o conhecimento da História dos Açores.
Foi estudante muito distinto, regressando à Terceira em 1888. Foi guarda-mor da estação de saúde de Angra, médico do partido municipal e do Hospital de Santo Espírito, director do posto meteorológico e presidente do Montepio Terceirense e um dos maiores contribuintes do concelho.

Redigiu, sobre um plano esquissado pelo seu pai, a obra Memória sobre a Ilha Terceira, editada em Angra do Heroísmo no ano de 1904. Foi sócio efectivo da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, sócio honorário da Academia Físico-Química Italiana e presidente da assembleia geral da Sociedade Protectora dos Animais da Ilha Terceira.
Escreveu também a peça de usos e costumes Processo da Moda, dezenas de vezes representada no Teatro Angrense, e a revista Cosmorama.

Morreu vítima do contágio no combate à peste.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Toda a história da família Caixeta que passou pela ilha do Pico Arquipélago dos Açores



FAMÍLIA CAIXETA – Actualização Histórica da síntese 1 – 11/11/2011 – Actualizada em 25 de Julho de 2016.
ANTÓNIO CAIXETA·DOMINGO, 24 DE JULHO DE 2016
António Caixeta – 30 anos pesquisando! Vila Rica de Ouro Preto, a primeira cidade habitada pela Família Caixeta. – 13/8/1731.
Inicialmente, remontemos às prováveis origens dessa estirpe, de indubitável procedência europeia. Duas versões estão sendo pesquisadas: uma antecede a era cristã. Refere-se aos Celtas, habitantes da Península Ibérica (Espanha , Portugal , Gibraltar e Andorra), dos quais descendemos. A outra se refere aos chamados cristãos novos, oriundos de Portugal, de procedência judaica. Segundo Cornélio Dias, Professor  e Editor do Portal da Teologia, (Cabana do Pensador, de 30/03/2010), em sua monografia “A Situação Histórica no Antigo Oriente”, com o fim dos Hititas, na época da consolidação de Israel, em torno de 1200 A.C., vieram novos imigrantes chamados CAIXETAS, migração aramei. É provável que esse povo ou tribo Caixeta possa ser originário do Cáucaso, povo indo-europeu, ou seja, os mesmos Cassitas  (Kashshú)  (povos do mar) que  reinaram de 1595-1155 A.C., sendo seus sucessores os Elamitas. Podemos ou não, ser da mesma linhagem. A pesquisa continua. Milhares de Caixetas existem ao redor do mundo e que não são descendentes da Família Caixeta brasileira, porém, devem ser descendentes dos ancestrais Caixetas que não migraram para o Brasil Colônia entre 1725 e 1730.
Em antigos documentos, consta que, na  antiga Península Ibérica, esse sobrenome era utilizado por membros da nobreza, da armada e do clero.

A origem do sobrenome Caixeta é ainda nebulosa. Na Idade Média, era usual a utilização de terminologia habitacional e ocupacional, para identificar o cidadão. Supõe-se que o sobrenome Caixeta tanto possa ter origem habitacional: oriundo da localidade, imaginária e legendária Vila Caixeta, distrito ou freguesia de Portalegre, em Portugal (fronteira com a Espanha); de Caixaria próximo a Lisboa; da localidade de Caixas, Languedoc-Roussillon, Catalunha, na França (próximo  Andorra), e de Caixans, (Barcelona – Catalunha), na Espanha. Quanto à terminologia ocupacional o sobrenome pode ter sido oriundo do ofício de tesoureiro real (caixa ou caixeiro), como também da fabricação de caixas de madeira para transporte marítimo. Comprovadamente o sobrenome CAIXETA, aparece no século XVI, época da perseguição aos CRISTÃOS NOVOS, NO PERÍODO DE 1536 A 1821.

Consta no Ciuro das Armas (promessa de armas) que: “Caixeta, sobrenome de origem Ibérica, que surgiu em meados do século XVI, na pessoa de Juan Caixeta, é descendente da antiga família CAIXAS, que tomou esse apelido como alcunha. Alguns membros desta família migraram para Portugal e outros para a Itália onde perpetuaram o sobrenome através de numerosa descendência”. Ressalte-se que a numerosa Família Caixas habita ainda hoje, uma grande extensão que abrange a Catalunha, o País Basco, Portugal, sobretudo Portalegre e norte do país, como também o Brasil. (caixa, do latim capsa).

Sabe-se, conforme os processos de inventários pesquisados no Fórum  de Patos de Minas, que os Caixetas estão no Brasil desde o início ou meados do século XVIII, (1725-1731), constando como pioneiros Alferes IGNÁCIO PEREIRA CAIXETA e sua esposa  MARIA ANTONIA DE OLIVEIRA “CAIXETA”. Tiveram cinco filhos e trinta e sete netos. Descobriu-se também que o ancestral  JOÃO PEREIRA CAIXETA, nascido em 1700, casou-se com CAETANA DO ROSÁRIO em 1725 na localidade ou freguesia de São Julião dos Serafão, (fronteira Portugal/Espanha), Portalegre, Portugal, Termo da Vila de Guimarães, Arcebispado de Braga.  Consta também nos Arquivos Históricos da Comarca do Rio das Mortes, e no Acervo do Museu Regional de São João Del Rei (UFSJ/IPHAN), o Inventário e o Testamento de CAETANA DO ROSÁRIO, (Filha de David Correa e Antônia do Rosário) datados de 1773 e 1774,( 164 páginas), cujo inventariante  e testamenteiro foi  seu esposo JOÃO PEREIRA CAIXETA, (Filho de Manoel Gonçalves Caixeta e Isabel Gonçalves), natural da cidade do Porto.  Tinham fazenda ao Pé da Serra do Camapuã, localidade na região de Congonhas do Campo, Conselheiro Lafaiete e Entre Rios de Minas. Tinham oito filhos, nascidos em Vila Rica de Ouro Preto: Manoel Caetano Caixeta, 42 anos, solteiro, Joaquim Pereira Caixeta c.c. Antônia Maria, José Pereira Caixeta (1738 – 1806) c.c. Izabel Branca Benedicta de Toledo, Antônio Pereira Caixeta c.c Maria Antônia, Maria do Rosário c.c. Manoel Ferreira Guimarães, Anna Maria do Rosário,  (1733) c.c. Manoel de Sousa Pinto e tiveram 24 filhos.
João Pereira Caixeta (1740) e Ignácio Pereira Caixeta (1742) c.c. Maria Antônia de Oliveira. João Pereira Caixeta tinha, provavelmente, dois irmãos, JOSÉ PEREIRA CAIXETA e MANOEL PEREIRA CAIXETA, também portugueses, provavelmente nascidos no Porto. José era casado com MARIA TEIXEIRA DOS SANTOS e em 1749, com permissão de Dom João V, retornou, por motivos de saúde, à cidade do Porto com sua esposa, filhos e parentes. Manoel  Pereira Caixeta, também residiu em Vila Rica, entre 1730 e 1749. Daí conclui-se que os dois prováveis irmãos portugueses retornaram à Portugal. JOSÉ PEREIRA CAIXETA residia em Vila Rica de Ouro Preto. Provavelmente a FAZENDA CAIXETA, no Distrito de Rodrigo Silva, tenha lhe pertencido.  MANOEL PEREIRA CAIXETA tinha fazenda na Serra  dos Caixetas, (foi o primeiro morador), em Suaçuí, Minas Gerais (hoje Distrito de Serra do Caixeta, Mun. De Queluzito).  Estes 3 Caixetas portugueses que migraram para a Colônia, certamente foram atraídos pela doação de terras e extracção  de ouro (Sesmarias), que durou até 1822, ou talvez, tenham sido degredados, tese pouco provável. Sabe-se que a inquisição portuguesa (1536-1821) vigorava no Reino e na Igreja Católica, e que, a pena para os cristãos novos, de procedência judaica, ciganos, era o exílio para as Colônias. Naquela época, 1700, a Colônia Brasileira tinha apenas 300 mil habitantes. Vila Rica, a partir de 1711, era a capital de Minas. Dessa forma está praticamente desvendado o enigma das centenas de milhares de Caixetas que não são descendentes do Alferes Ignácio Pereira Caixeta, mas parentes, como Anna Caixeta, crismada em 01/06/1820, na cidade de Lambari-MG, filha de Antônio Pereira Caixeta e de Clementina Eufrázia das Neves “Caixeta”. Dúvidas existem também a respeito de: Bárbara Caixeta, crismada em 01/01/1819, em Lambari-MG, filha de Vicente Pereira Caixeta e de Anna Dionízia da Anunciação;  Brígida Caixeta, crismada em 29/05/1821, em Lambari, filha de João Pereira Caixeta e de Felizarda Francisca “Caixeta”; Também, à Maximília Emília Caixeta, (Filha de QUINKAS CAIXETA) 1835-1923, casada com o italiano Celestino Caproni e falecida em Douradinho. José Pereira Caixeta, nasceu em Vila Rica, em 1738 e  faleceu em Douradinho/Machado, em 1806. Este José Pereira Caixeta casado com Izabel Branca Benedicta de Toledo Pizza deixou uma enorme descendência no sul de Minas. Manoel Pereira Caixeta, português, primeiro habitante da Serra dos Caixetas, (Queluzito) , próximo a Entre Rios de Minas, dele nada sabemos Tudo indica, portanto, que a linhagem é bem maior e que o Alferes IGNÁCIO PEREIRA CAIXETA não era português, mas, brasileiro, filho de João e Caetana.. Ainda é necessário pesquisar o Arquivo Ultramarino de Lisboa, Torre do Tombo e arquivos distritais de Portugal e da Espanha, nos quais estão guardados os termos de batismos, casamentos e óbitos antigos, do século XVI para cá, bem como arquivos das igrejas católicas na região de Ouro Preto e de São João Del Rei e sul de Minas. Assim sendo, a Família Caixeta é UMA SÓ, excetuando os Caixetas descendentes de escravos que herdaram o sobrenome de seus senhores quando da libertação em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, Lei Imperial  número 3.353.

Com o passar dos tempos, o sobrenome vem sofrendo alterações através de registros, tendo até hoje, as seguintes variações: Caixás, Caixas, Caixans, Caixão, Cajero, Caixeiro, Caxeta, Caxêta, Caexeta, Caixita, Caixete, Caxita, Caixinhas, Kaixeta, Kaicheta, Cacheta, Kaecheta, Caicheta, Caixeita, Caixerta, Caixetta, Caixetha, Cayxeta, Caixetah, Caixerta, Casseta, Cassita, Cascetta, Kaschet, Caixeto, Caixêta.
Sabe-se que os descendentes dessa família, no Brasil, se concentraram inicialmente nas regiões de Patos de Minas, Pântano, Santana, Guimarânia, Carmo do Paranaíba, Presidente Olegário, Araxá, Estrela do Sul, Patrocínio, Vazante, Buritis, Abadia dos Dourados, Paracatu, Paraguaçu, Lagamar, Coromandel, Monte Carmelo, Uberaba, Uberlândia, Araguari, Machado, Vila Rica, São João Del Rei, Prados, Conselheiro Lafaiete, Teófilo Otoni, Jeceaba, São Brás do Suaçuí, Carrancas, Congonhas do Campo, Lambari, Campestre, Muzambinho, Campanha, Carvalhópolis, Arceburgo, Douradinho, Entre Rios de Minas, Guarda-Mor, Pedralva, Baependí, Natércia, Queluz, Queluzito, Unaí, São Gotardo, Santa Juliana, Santa Luzia, São Benedito, Santo Antônio do Monte, Serra do Salitre, Sacramento, Desemboque, Lavras, Belo Horizonte, Rio das Mortes, São Gonçalo do Sapucaí, Pouso Alegre e Lagoa Formosa, etc. Migraram posteriormente para outros Estados, com significante concentração no Estado de Goiás, nas regiões que abrangem Catalão, Ouvidor, Três Ranchos, Cristalina, Luziânia, Silvânia, Orizona, Pires do Rio, Vianópolis, Goiânia, Anápolis e Ipameri. Migraram também em grandes números para o Distrito Federal  e São Paulo. É interessante ressaltar que o Triângulo Mineiro, antigo Sertão da Farinha Podre, que pertencia à Capitania de São Paulo até 1748, foi anexado à Capitania de Goiás e recebeu o nome de Julgado do Desemboque. Só a partir de 1816 a região foi anexada a Minas Gerais, tendo influência, inclusive, de Dona Beija e/ou Anna Jacinta de São José (1800). Portanto os Caixetas nascidos naquele Julgado entre 1748 a 1816 (68 anos) eram goianos! Uma grande parte de Caixetas descendem também de Dona Beija. Descobrimos também que Antônio Pereyra Cacheta, natural do Porto, tinha dois filhos padres, Joaquim e Francisco. Joaquim ingressou na Faculdade de Coimbra em 1745 e já era padre. Foi aprovado em exame privado de licenciamento e graduação sem penitenciamento e com três louvores, na seleta e rigorosa Universidade. Com certeza descendentes desses Cachetas e/ou Caixetas portuenses migraram também para os Açores, principalmente, a Ilha do Pico, (Picaroto) onde deixaram uma grandiosa descendência, entrelaçando-se com as famílias Vieira, Gonçalves, Pereira, Ávila, Brum, Mancebo, Serra Terra, Da Rosa, Bittencourt, Silveira, Pedreiro, Bagaço, etc. Ainda falta o elo de ligação direta que foi perdido nas águas do Atlântico Norte, entre os Caixetas do Porto e da Ilha do Pico.

Documentos registados no Instituto Histórico de Patos de Minas comprovam a marcante atuação da Família Caixeta na vida social, cultural, política e econômica durante a formação da cidade de Patos. Além do desbravamento de terras, ela legou efetiva contribuição ao desenvolvimento da agricultura e da pecuária naquelas regiões.
Quanto ao perfil dos Caixetas, são tradicionalmente considerados hospitaleiros, caridosos, pacíficos, conciliadores, trabalhadores e honestos.
Diz António Caixeta, por Jô Drumond, “Caçador de Caixetas”: “Comecei a pesquisa em Julho de 1986, com o simples intuito de conhecer minhas origens e de, talvez, editar posteriormente um pequeno livro sobre a genealogia de minha família. No entanto,  como diria a poeta Josina Nunes Drumond [Caixeta] “pescando reminiscências com o anzol da memória” fiz uma enorme pescaria e não sei o que fazer com o pescado encalhado. Meu levantamento já consta de 60 volumes de aproximadamente 500 páginas cada, e de mais de 100 quadros/bandejas e outras peças. O volume 61, está em andamento. Não tenho intenção de parar a pesquisa. Continuarei com meu “elefante branco” indefinidamente. Não sei a que servirá, a quem servirá, quando servirá, nem como servirá. Não sei tampouco, como consolidar tantas informações históricas. Ando atormentado com as proporções que minha bolinha de neve atingiu, sem saber o que fazer com ela. Espero que algum órgão público, como o Instituto Histórico e Geográfico ou que alguma instituição histórico-cultural apoie e dê andamento a esse trabalho desenvolvido durante várias décadas. Espero também que, quando eu partir para outra dimensão essa pesquisa não seja esquecida dentro de algum baú, nem jogada na lixeira. Trata-se de um importante registro concernente a mais de um milhão de brasileiros, a partir de 1700, (entre mortos e vivos), incluindo aqueles que perderam o sobrenome pelo machismo que ainda impera, ou ainda os filhos que herdavam apenas o sobrenome do pai assim como as filhas que mantiveram apenas o sobrenome da mãe. Trata-se, no Brasil, de 316 anos e 13 gerações! Todos os descendentes dos 3  portugueses pioneiros, JOÃO PEREIRA CAIXETA e CAETANA DO ROSÁRIO, JOSÉ PEREIRA CAIXETA e MARIA TEIXEIRA DOS SANTOS e MANOEL PEREIRA CAIXETA, assim como as futuras gerações, terão  assegurados uma memória e um acervo histórico, a partir desse registro em andamento”. A PESQUISA CONTINUA.....
Adm. ANTÔNIO CAIXETA – Heptaneto de Manoel Gonçalves Caixeta, Hexaneto de João Pereira Caixeta, Pentaneto do Alferes Ignácio Pereira Caixeta, Tetraneto de Ignácio Pereira Caixeta, Trineto de Manoel Ignácio Caixeta, Bisneto de José Caixeta da Cunha, Neto de Pedro Pereira Caixeta da Cunha, Filho de Manoel Caixeta.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Quem foi Gaspar Frutuoso


Gaspar Frutuoso (Ponta Delgada, c. 1522 — Ribeira Grande, c. 24 de Agosto de 1591), foi um historiador, sacerdote e humanista açoriano. Bacharel em Artes e Teologia pela Universidade de Salamanca e doutor em Teologia, destacou-se pela autoria da obra Saudades da Terra, uma detalhada descrição histórica e geográfica dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias, para além de múltiplas referências ao de Cabo Verde e a outras regiões atlânticas. Essa abrangência faz de Gaspar Frutuoso um verdadeiro cronista insulano, já que a sua obra interessa ao conhecimento de toda a Macaronésia.
Nasceu na cidade, então vila, de Ponta Delgada, no ano de 1522, filho de Frutuoso Dias, mercador e proprietário de terrenos dados de sesmaria, e de sua esposa Isabel Fernandes. A inexistência de registos coevos conhecidos não permite determinar a data exata do seu nascimento. Interessou-se precocemente pela leitura e meditação, revelando vocação para o estudo, manifestada na aula primária de gramática latina, mas para além disso, pouco se conhece sobre a sua juventude além de algumas referências incertas a ter administrado as terras de seus pais. É comum atribuir-se ao Livro V de sua obra, as Saudades da Terra, foros de autobiografia, supondo-se, na história dos dois amigos, uma referência às aventuras e infortúnios de Frutuoso e Gaspar Gonçalves na juventude.
Os primeiros registos documentais certificam a sua matrícula na Universidade de Salamanca em 1548, para estudar Artes e Teologia. Os registos da mesma Universidade demonstram que Frutuoso, com outros alunos de origem açoriana,  frequentou, embora aparentemente com interrupções, os estudos até 1558, ano em que obteve o bacharelato em Artes e Teologia, conforme ata datada de 9 de Fevereiro daquele ano.
Teria sido ordenado presbítero desde por volta de 1554, aparentemente numa visita a São Miguel, já que o seu registo em Salamanca, para o ano lectivo de 1554-1555 dá-o, pela primeira, vez como "presbitero bachiller".
Em Salamanca estudou sob a orientação do célebre teólogo Domingo de Soto, confessor do Imperador Carlos V e enviado ao Concílio de Trento.
De volta a São Miguel, foi pároco da vila da Lagoa, na freguesia de Santa Cruz, onde existem registos por ele lavrados referentes aos anos de 1558 a 1560.
Em 1560 retornou a Salamanca, talvez para se doutorar. Nesse mesmo ano mudou-se para Bragança, passando a ser um próximo colaborador do bispo D. Julião de Alva, aí permanecendo até 1563.
Não se conhece o registo da obtenção do seu grau de Doutor, embora ele o use a partir de 1565. Poderá ter sido obtido na Universidade de Évora, então uma instituição da Companhia de Jesus, o que explicaria a sua profunda ligação posterior aquela organização.
Por carta de confirmação de 20 de maio de 1565 foi nomeado vigário e pregador da Matriz de Nossa Senhora da Estrela da então vila da Ribeira Grande, cargo que exerceu durante 26 anos, até à sua morte. Nesse período dedicou-se à vida paroquial e à prática de caridade, dentro e fora da ilha.
Em 1566, quando do assalto francês ao Funchal, fez um peditório a favor dos madeirenses, tendo para lá enviado trigo e dinheiro.

Foi sepultado na capela-mor da sua igreja, acima dos primeiros degraus, quase defronte do altar-mor. Em 3 de setembro de 1866, os seus restos foram trasladados para o cemitério da Ribeira Grande, assinalados por um pequeno mausoléu, onde se inscreve:

"Aqui jazem as cinzas do Revd.º Gaspar Fructuoso, historiador das ilhas dos Açores e doutor graduado em philosophia e theologia pela Universidade de Salamanca, o qual nasceu na cidade de Ponta Delgada em 1522 e faleceu nesta Villa em 24 de Agosto de 1591. Tendo recusado o bispado de Angra que em seu favor quizera resignar o ex.mo Bispo D. Manoel de Almada, preferiu à mitra a vigararia da Matriz desta Villa, que serviu por 40 anos. A Camara Municipal deste concelho a expensas do município e coadjuvada pelos donativos de alguns michaelenses, mandou erigir este monumento à memoria de varão tão insigne em letras e em virtudes, 1867."

sábado, 16 de setembro de 2017

António Rodrigues Ormonde

Diz-se que uma boa imagem vale por mil palavras. E o certo é que sempre tive o cuidado de escolher algo que, da melhor forma possível, ilustrasse o que vou escrevendo. No caso desta semana foi mesmo a imagem a motivar a crónica, que partiu de uma das muitas fotografias que fiz durante a recente pré-campanha eleitoral, no caso durante uma visita ao lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Angra. Propositadamente, tentei captar da melhor forma o rosto marcado e moreno de António Rodrigues Ormonde, bem conhecida figura da nossa praça, onde a alcunha de José “Greta” o popularizou além-arquipélago. Há uns dias, e folheando a última edição (da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, em 1999) do pitoresco livro “Filósofos da Rua”, do já falecido Augusto Gomes, constatei que dos visados na (muito) localizada prosa - e sendo que ainda “apanhei” o António “Bolacheiro” e o José Henrique “Ratinho”… -, apenas está vivo o referido “Greta”, com quem mantenho uma relação de cordialidade, que partiu de um episódio particular.


Em 1997 fui um dos elementos da comissão da tradicional Tourada dos Estudantes e, mandava a praxe, havia que oferecer um bilhete ao “nosso” José, como então percebi seria forma de o tratar. O próprio já se apercebera da repetida dádiva, pelo que a uns dias do Domingo Gordo nos abordou na carrinha do som que anunciava a garraiada. Quando dissemos que tínhamos um bilhete para ele, aproximou-se e, com aquele “quiebro” que também lhe apanha a voz, logo pediu “mais um para o sobrinho, e outro para a sobrinha…”, o que o presidente da comissão recusou, e a que eu reagi rasgando logo do bloco 4 ou 5 ingressos, que ofereci ao bom do José. Ele apenas disse (para o então presidente) “não gosto dele” e, virando-se para mim, “muito obrigado, e tudo de bom para ti”. Desde então, o respeito e o cumprimento ordeiro não mais deixaram de se fazer, e percebi que ali estava uma pessoa, sofrida na vida, mas com virtudes que fui conhecendo pelos anos.

Recordando o que escreveu Augusto Gomes, perante um “Greta” mais novo e de constituição musculada, que era “um indivíduo alto, na casa dos trinta, cabelo sal e pimenta, falar afeminado e andando com requebros andaluzes”, rapidamente se identifica o personagem, hoje marca habitual da nossa cidade, onde sempre foi pessoa querida e onde sempre se soube comportar. Das atitudes altruístas que lhe conhecemos, e àquela forma meio-atrevida de agir, penso que o José junta uma bondade que é mesmo dele, que transborda o “boneco” popular, e que hoje se adivinha num homem que andará em torno dos setenta anos e que faz parte do nosso trivial. E como são as figuras que fazem os sítios, achei por bem deixar-lhe esta lembrança, depois de lhe ter oferecido as referidas fotos, para as quais já pediu que lhe fizessem uma moldura…

Texto de Miguel de Sousa Azevedo

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Aníbal do Rego Duarte foi o fundador do Grupo Coral da Paróquia de Nossa Senhora das Neves, na Relva

Aníbal do Rego Duarte (22 de Outubro de 1906 — 29 de Dezembro de 1974) foi um sacerdote católico, pároco da freguesia dos Biscoitos, na ilha Terceira, entre 1932 e 1938. Notabilizou-se por fundar a Sociedade Filarmónica Progresso Biscoitense. Foi posteriormente pároco da freguesia da Relva (o 29º vigário, entre 1949 e 1963),  onde é recordado na toponímia de uma das suas ruas e com um busto, da autoria do escultor Raposo de França, erigido em 2004 no Jardim 5 de Agosto daquela localidade.  Foi também fundador, em 1950, do Grupo Coral da Paróquia de Nossa Senhora das Neves, na Relva, inicialmente apenas constituído por vozes masculinas.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Escritor Açoriano Almeida Maia


Almeida Maia é o pseudónimo literário de Pedro Filipe Almeida Maia, nascido em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores, a 29 de Junho de 1979. É um escritor e cronista Português.
Pedro Almeida Maia cresceu na Canada dos Ingleses, Freguesia de São José, cidade de Ponta Delgada, Estudou na Escola Primária da Vitória, onde a docente apelidou-o pela primeira vez de Almeida Maia, na Escola Básica Integrada Canto da Maia e na Escola Secundária Domingos Rebelo. Licenciou-se em Psicologia na Universidade dos Açores e é mestrando europeu em Psicologia do Trabalho, das Organizações e dos Recursos Humanos (European Master on Work, Organizational and Personnel Psychology), diploma duplo pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e pela Universitat de Barcelona, sendo a sua linha de investigação o clima organizacional.
No ano de 2010 escreveu a sua primeira ficção, o romance policial Bom Tempo no Canal: A Conspiração da Energia, que aborda a indústria da energia geotérmica do arquipélago, saiu vencedor no Concurso Literário Letras em Movimento,  e foi publicado em 2012 pela editora Letras Lavadas do Grupo Publiçor, com o apoio da Direção Regional da Juventude do Governo dos Açores, Apesar da polémica que rodeou o título escolhido pelo autor, uma tentativa de homenagem ao escritor terceirense Vitorino Nemésio (autor de Mau Tempo no Canal), várias críticas enalteceram o seu trabalho.

Seguiu-se Capítulo 41: A Redescoberta da Atlântida,  o seu segundo romance e a segunda parte da trilogia “John Mello”. Aborda a possibilidade de os Açores já terem sido visitados por outros povos antes da época dos Descobrimentos portugueses, além do tema da Atlântida perdida de Platão. O romance foi incluído no Plano Regional de Leitura de 2013/2014.
Em 2014, escreveu Nove Estações, obra que acabou entre as selecionadas.  Aquando da 4ª edição da Mostra LabJovem (Concurso de Jovens Criadores dos Açores, 2014), organizada pela Associação Cultural Burra de Milho e pela Direção Regional da Juventude. O texto mereceu crítica do jornalista e Diretor-Adjunto do Correio dos Açores.
Na poesia, venceu o prémio Discover Azores 2014, organizado pela MiratecArts, com Vinhas e Epigeus , no mesmo ano em que foi considerado Escritor do Ano pelo jornal Correio dos Açores. Também fez parte do núcleo fundador da PENA (Plataforma de Escrita Nova Açoriana) e do Colectivo NAU (Novos Autores Unidos).
Integrou o projeto baseado na Psicologia Vamos Sentir com o Necas, a série de livros infantis que integra o Panorama Editorial de 2015 do Boletim do Núcleo Cultural da Horta. Editou em 2014, como coautor, Os Vencedores do Medo, que integra o Plano Regional de Leitura 2014/2015,  e O Primeiro Dia de Aulas. A coleção fundamenta-se na Psicologia e ensina estratégias que contribuem para que as crianças lidem com as emoções de forma sustentada.

Publica crónica nas rubricas Pavilhão Auricular e Cronicista, além de já ter contribuído para os jornais Terra Nostra, Fazendo, Diário Insular, Correio dos Açores, Açoriano Oriental, Portuguese Times EUA e Mundo Lusíada Brasil.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O aventureiro da ilha do Pico em terras do Canadá


Silvey, que nasceu na pequena Ilha do Pico, na freguesia da Calheta de Nesquim, empregou-se num navio americano aos 12 anos de idade e, eventualmente abandonou a tripulação e se estabeleceu nesta província – e 158 anos após o início da sua aventura na costa do Canadá, há mais do que 1.000 dos seus descendentes espalhados por esta província.

Joe adquiriu uma propriedade em Stanley Park, estabeleceu um negócio de pescaria, construiu o seu primeiro barco e iniciou a indústria de pesca com redes – usando a sua experiência lusitana.
"The Remarkable Adventure of Portuguese Joe Silvey" publicada em 2004 é o primeiro trabalho de Jean Barman abordando a problemática da emigração açoriana para a Colúmbia Britânica.
No prefácio desta obra escreve Manuel A. Azevedo: "Existe um provérbio português que diz que Deus está em todo o lado, mas os portugueses chegaram lá primeiro."


Joe Silvey (Silva) foi um dos primeiros pioneiros portugueses a chegar ao Canadá muito antes de 1867, o ano da Confederação à qual a Colúmbia Britânica se juntou em 1871.


A história do Picoense Joe Silvey iniciou-se durante a corrida ao ouro de 1858 na Colúmbia Britânica. Estes foram os anos em que a população não nativa cresceu do dia para a noite. As 1000 almas que habitavam a Colúmbia Britânica viram de um momento para o outro o seu lugar "inundado" por sonhadores à procura de riqueza. Em pouco tempo a população somava 20.000 pessoas.

Todavia, o Picoense Joe Silvey não encontrou fortuna no ouro mas encontrou uma esposa nativa da localidade que mais tarde ficaria conhecida por Vancouver.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Judeus


Cristãos-Novos açorianos e madeirenses no Brasil


Eram numerosos os cristãos-novos portugueses que se movimentavam da Metrópole para as colónias, mercadejando ou simplesmente imigrando para lugares mais seguros para as suas famílias, e as ilhas atlânticas não foram excepções. Os judeus portugueses estiveram, como já disseram alguns historiadores, em todos os poros da colonização portuguesa. Eu diria que eles trilharam por todos os cantos do planeta, e ainda hoje são encontrados seus vestígios nos mais distantes ou diferentes países. Sem contar as colónias do Caribe, as Índias de Castela, a América do Norte e as colónias africanas. Os próprios judeus açorianos estão presentes em todo lado. Vem para o Brasil no final do século XVII o cristão-novo Pedro Fernandes de Mello, comerciante da Ilha de São Miguel. Com o perdão de 1605, muitos se aproveitam para saírem de Portugal, indo muitos para a Holanda. Entretanto em 16l8, chega à Ilha Terceira um barco com 40 judeus portugueses provenientes da Holanda, entre eles António Rodrigues Pardo. De São Miguel, chega ao Rio de Janeiro o mercador judeu Manuel Homem de Carvalho, da família Homem de Almeida que teve como mártir em Coimbra o Dr. António Homem, líder religioso dos judaizantes. Manuel confessou ter retornado ao Judaísmo na Holanda onde havia estado. Um pouco antes de 1600, vêm para a Bahia os cristãos-novos terceirenses António Rodrigues Pardo e Pero Garcia. Em 1592, o Pe. Jerônimo Teixeira Cabral, comissário da Inquisição nos Açores, denuncia a infiltração de cristãos-novos na Igreja como clérigos. Muitos partidários de D. António Prior do Crato, pretendente ao trono português, e de etnia hebraica, são expulsos da Ilha por Filipe II da Espanha, então detentor das duas coroas Ibéricas, que fugiram para os Países Baixos e para o Brasil. Entre eles, Manuel Serrão Botelho, que chega ao Brasil logo após 1582. Um contratador dos Açores foi o cristão-novo Miguel Gomes Bravo, natural do Porto que nomeou como arrendatário o cristão-novo Francisco Bocarro. Miguel veio para o Brasil em 1585, e em 16l0 vai morar no Rio de Janeiro. Era casado com Isabel Pedrosa de Gouveia, tendo grande descendência. Álvaro Fernandes Teixeira, natural da Ilha Terceira, cristão-novo casado com Maria de Azevedo, filha do cristão-novo Diogo Cristóvão, do Porto, e seus parentes vieram residir no Rio de Janeiro no século XVII. Da ilha de São Miguel, vem residir na mesma cidade o cristão-novo Pedro Fernandes de Mello, casado com a congénere Ana Garcia de origem espanhola. Diogo Teixeira de Azevedo, cristão-novo nascido no Rio de Janeiro e filho do casal da Ilha Terceira, Álvaro Fernandes Teixeira e Maria de Azevedo, foi preso pela Inquisição e saiu em Auto-de-Fé em Lisboa em 5 de Abril de 1620, condenado a hábito penitencial e cárcere a arbítrio terminou solto em Junho daquele mesmo ano .

CRISTÃOS-NOVOS NOS AÇORES


Nos primórdios da colonização

O Arquipélago dos Açores formado pelas nove ilhas, São Miguel, Terceira, Faial, São Jorge, Santa Maria, Pico, Flores, Graciosa e Corvo, descoberto pelo navegador Diogo de Silves em 1427, e depois povoado pelo frei Gonçalo Velho Cabral com portugueses do continente, seguidos por famílias flamengas (belgas e holandesas), francesas, inglesas e de outras minorias étnicas, foi abrigo, também, dos cristãos-novos fugitivos da Inquisição. A presença judaica nos Açores é anotada pelo grande historiador, de origem judaica, Alexandre Herculano, em sua monumental obra "História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal" à página 80 do volume I, como fato ocorrido em 1501: "uma caravela lotada de cristãos-novos, que saíra de Portugal para a África, batida pelos temporais arribou aos Açores, e os infelizes passageiros, presos aí e condenados depois a serem escravos, foram dados de presente por El Rey a Vasqueanes Corte-Real". O historiador Alfredo da Silva Sampaio também cita o mesmo naufrágio na Ilha Terceira, diz ele: "em 1501 aportaram a Ilha Terceira náufragos hebraicos fugindo à perseguição". Em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, há uma freguesia denominada Porto Judeu, cujo nome é explicado pelos moradores que, em épocas passadas, o mar estava bravio e então, passaram a chamar o lugar de "judeu". Mas esta explicação e este significado, embora usado por pescadores de origem açoriana em Santa Catarina, não convence. Aquela localidade pode ter sido o local onde tantos cristãos-novos desembarcaram como náufragos ou não. O navio citado por Herculano e Sampaio não é o único citado em documentação. Outro barco é mencionado na "Carta de Gaspar Dias de Landim, a El Rey, sobre a prisão de indivíduos que fugiam à Inquisição, de 19 de Novembro de 1548", onde descreve: "Senhor – Eu tenho escrito a V.A. como há muitos dias estou neste porto esperando Pero Vaz de Sequeira, pêra me passar aos lugares a fazer os pagamentos, como me V.A. manda," e em seguida cita "...a dez de Novembro tomou a justiça desta vila ( Santa Maria) na barra embarcados em hua nao, dezanove omens em que yão molheres e moços, os quais yãm na via de Veneza; acharão-lhe pouquo dinheiro, comtia de dozentos cruzados e algum fato (roupa);são de Lixboa, çapateiros, e tudo um casal de filhos e gemros, ficam presos por parte da santa Imquisição. O Senhor Deos acrecente a vida e real estado de V.A.; do porto de Santa Maria ( Açores) a XIX ( 19) de Novembro de 548 (1548) – Gaspar Dias de Landim – sobre scripto – A elrey nosso senhor". (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte 1ª, maço 81 n° 85).


O mesmo Sampaio, já mencionado, diz que, em 1558, a comunidade cristã-nova dos Açores pagou 150.000 cruzeiros exigido pela rainha regente Dona Catarina para prover as armadas da Índia. Em troca, D. Catarina prorrogou a pena de confisco de bens aos cristãos-novos por dez anos.
A ação inquisitorial nos Açores
Em 1592, o Inquisidor nos Açores Pe. Jerónimo Teixeira Cabral, denuncia a infiltração de cristãos-novos na Igreja como clérigos. A primeira ação inquisitorial nos Açores foi em 1555, quando o bispo de Angra, D. Frei Jorge de Santiago mandou verificar vários casos de Judaísmo, mandando prender alguns homens e enviá-los para Lisboa. Dois anos após foram enviadas para Lisboa 22 pessoas acusadas de práticas judaicas. São elas: Ana Lopes; André Moniz; António Fernandes; Branca Dias, Cecília Rodrigues, Diogo Lopes; Fernão Lobo; Francisco Lopes; Mestre Gabriel; Gabriel de Andrade; Henrique Ribeiro; Inês Dias; Isabel Mendes; Isabel Moniz; Isabel Pinta; João Tomás; Jorge Álvares; Manuel Álvares; Rui Dias; Rui Fernandes e Violante Henriques. Logo seguiram para a capital da Metrópole: Pero Galvão; Antonio Carvalhais; Jácome Gonçalves e Maria Dias. Já em 1608 começava a ser montada a rede de funcionários inquisitoriais. Iniciando pelos Comissários do Santo Ofício, e logo em 1612 a dos Familiares (os esbirros mais infames). Entretanto, desde 1597, já actuava como Comissário da Inquisição em Ponta Delgada o pe. Luís Pinheiro, reitor da residência da Companhia de Jesus e, como primeiro Familiar, o tanoeiro Pero Fernandes, residente em Ponta Delgada. E, em Angra, actuava como Comissário o Pe. Francisco Valente, reitor do Colégio Jesuíta. Para a Ilha do Faial, somente em 1749 foi nomeado Comissário o frei José de Santo António de Pádua. Existiram comissários do Santo Ofício no arquipélago açoriano até 1806 quando, então, perseguiam os franco-maçons. Outros burocratas da Inquisição eram os Notários, os Qualificadores e os Visitadores das Naus. Havia também o trabalho de redução de estrangeiros, que procuravam converter para o catolicismo como foi o caso da família inglesa Fisher, residente no arquipélago. A primeira Visitação ao arquipélago foi a de D. Marcos Teixeira entre 1575-1576, o mesmo que esteve no Nordeste do Brasil. Ele visitou as ilhas de São Miguel, Terceira e Faial. A segunda foi em 1592, feita por D. Jerônimo Teixeira Cabral, tendo visitado as ilhas Terceira e São Miguel. Já a terceira e derradeira visita, foi realizada entre 1619-1620, por D. Francisco Cardoso do Torneio, que esteve nas ilhas de São Miguel e Terceira. Do total de 354 pessoas denunciadas, 172 foram por Judaísmo que, somadas às 27 prisões de 1555-1557, totalizam 199 cristãos-novos denunciados nos Açores. Foram gerados 114 processos entre 1557 e 1802, envolvendo 112 pessoas, sendo apenas 26 pela "heresia judaica". E, destes, somente 10 foram enviados a Lisboa, e apenas três condenados à morte na fogueira. Os condenados à pena capital foram: Leonor Marques, em 1584; Antonio Borges, em 1559 e Maria Lopes, em 1576.


A produção maior do arquipélago açoriano nessa época era o trigo, o linho, o vinho a urzela, uma tintura de cor castanha e o pastel, tintura em tom de azul, largamente utilizadas nas indústrias têxteis de Flandres para onde eram exportadas. Este comércio chamava a atenção de cristãos-novos como Duarte da Silva, rico comerciante de Lisboa. Ele mantinha nos Açores os agentes: Simão Lopes, na ilha do Faial, João de Fonseca Chacon e ilha Terceira Pero Martins Negrão, todos da grei judaica. O comércio do ouro, da prata das Índias de Castela e o açúcar da Madeira despertam o interesse dos judeus portugueses de Amsterdã, Londres, Bordéus, Hamburgo e também seus parentes residentes em Portugal colónias. Era o começo do século XVII e os mercadores Belchior Gomes de Leão e Diogo Lopes de Andrade agem neste contexto principalmente na Madeira. De Rouen, França, o judeu Simão Lopes Maciel, de família cristã-nova fugitiva da Inquisição portuguesa, desenvolveu uma rede de comércio internacional colocando na Madeira como representantes seus os congéneres Bento de Matos Coutinho e Diogo Fernandes Branco. Na Ilha Terceira mantinha os cristãos-novos António Dias Homem e Bento Fernandes Homem. Para o Brasil designou o correligionário Belchior Rodrigues Ribeiro. Viviam como judeus em Amesterdão os madeirenses Jerónimo de Andrade e Manuel Cardoso ambos com suas famílias. Outro comerciante judeu português que comerciava com os Açores a partir de Amesterdão foi Jerónimo Doria de Andrade conforme registros no Arquivo Municipal daquela capital holandesa em 18 de março de 1627. Em Cabo Verde era fornecedor de "peças", isto é escravos negros africanos, o cristão-novo Manuel Caldeira juntamente com seu congénere  Luiz de Carvalhal que actuava também em todo Golfo e rios da Guiné. Negociavam, juntamente com João Soeiro da Madeira, escravos para as Antilhas e outros países. Com negócios de ouro e prata e dono do navio "São Mateus" passa pelo Rio de Janeiro e vai ao Prata, o mercador judeu português Bartolomeu Rodrigues, em 1609. Em Buenos Aires desde o início da colonização, mas principalmente em 1618, quando chega ali chega uma embarcação lotada de cristãos-novos proveniente da Bahia, a população local é considerada de maioria portuguesa e judaica. Fato que alarmou os clérigos da cidade que solicitaram providências às autoridades da Inquisição espanhola. A explicação para a fuga de cristãos-novos brasileiros para o Prata era a de que se alarmaram com a notícia vinda de Lisboa dizendo que nova Visitação do Santo Ofício estava programada para o Brasil naquela época. Com a quantidade de judeus portugueses em Buenos Aires o termo português tornou-se sinonimo de judeu em toda a América espanhola.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Lista de Emigrantes das Lages da ilha do Pico para o Brasil


1. Isabel de Brum da Silveira (Lajes, Ilha do Pico, Açores, Portugal, 29 de Outubro de 1746 - Brasil, 2 de Abril de 1822) casada com Faustino Manuel Corrêa.

2. Isabel Francisca (Lajes do Pico, Ilha do Pico, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com Bernardo Gonçalves da Cruz.

3. Francisco Cardoso (Lajes do Pico, Ilha do Pico, Açores, Portugal, 4 de Outubro de 1736 - Brasil, ?) casado com Francisca do Sacramento Ferreira.

4. Joana da Conceição (São João, Lajes do Pico, Ilha do Pico, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com José de Brum da Silveira.

5. João Inácio da Costa (Feteira, Calheta de Nesquim , Lajes do Pico, Ilha do Pico, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casado com Joaquina Maria da Conceição.

6. João Paulino de Azevedo e Castro (Piedade, Lajes do Pico, Açores, Portugal, 11 de Novembro de 1813 - Brasil, ?) casado com Maria Constança de Sousa.


7. José de Brum da Silveira ( Lajes, Ilha do Pico, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casado com Joana da Conceição.

8. José de Brum da Silveira, Filho (Vila das Lajes, Ilha do Pico, Açores, Portugal, 3 de Agosto de 1740 - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 22 de Fevereiro de 1798) casado com Maria Dias da Conceição.

9. Luís da Silveira (Lajes do Pico, Ilha do Pico, Açores, Portugal, 9 de Setembro de 1738 - Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul, ?) casado com Maria Rosa.

10. Manuel de Azevedo Mattos (Piedade, Lajes do Pico, Açores, Portugal, c. 1699 - Pati dos Alferes, Rio de Janeiro, c. 1788) casado com Antónia Ribeira do Pilar Werneck.

11. Manuel de Macedo Brum Silveira (Lajes do Pico, Ilha do Pico, Açores, Portugal, 28 de Setembro de 1763 - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 7 de Agosto de 1816) pai de Francisco Pereira de Macedo, barão e visconde do Cerro Formoso.


12. Maria da Conceição (São João, Lajes do Pico, Ilha do Pico, Açores, Portugal, 28 de abril de 1729 - Brasil, ?) casada com José da Costa Matos.

13. Tomé Cardoso de Mendonça (Ribeiras, Lajes do Pico, Ilha do Pico, Azores, Portugal, 17 de Dezembro de 1715 - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 26 de Dezembro de 1793) casado com Isabel Maria da Conceição.


domingo, 3 de setembro de 2017

Margarida de Chaves

Era filha de Afonso Anes de Chaves, natural de Chaves, e de sua mulher Madalena Fernandes. Nasceu no local onde hoje existe a Casa Bensaúde, no centro de Ponta Delgada. Casou em 1544 com António Jorge Correia, natural da cidade do Porto, tendo deste casamento resultado três filhos e uma filha, todos eles inclinados para a vida religiosa: um filho faleceu enquanto estudante da Universidade de Coimbra; outro foi formado em Cânones por aquela Universidade e foi assassinado quando era abade de Nossa Senhora da Atalaia, em Pinhel; o outro, de seu nome Gonçalo Correia de Sousa, também formado em Cânones por Coimbra, foi cónego em Santarém e defensor da causa da canonização de sua mãe em Roma; a filha professou no Convento de Santo André de Ponta Delgada.
Margarida de Chaves desde cedo mostrou grande inclinação para a vida religiosa, passando longas horas em contemplação na igreja e seguindo uma vida austera e pautada por rigorosa observância religiosa. Com isto foi ganhando fama de santidade, a qual foi crescendo em resultado da sua doença e da morte ter sido rodeada de grande aparato religioso. Em pouco tempo foram atribuídos diversos milagres à sua intercessão, tendo o bispo de Angra D. Pedro de Castilho mandado fazer um investigação do caso, de que resultou um sumário, datado de 27 de Março de 1586, enviado a Roma com vista à sua canonização.
A sua sepultura foi aberta e dela foram retiradas relíquias a que se atribuíram múltiplos milagres, a maior parte envolvendo curas inexplicadas através da ingestão de água que contactara com a relíquia. Ainda assim, depois de declarada venerável e apesar dos esforços da família, o processo de canonização não foi concluído. Neste processo, ficou célebre a persistência do seu filho Gonçalo Correia de Sousa, de quem D. Francisco Manuel de Melo, no capítulo dedicado a Remoques perigosos e impertinências da sua Carta de Guia de Casados, conta que agia com exquesita importunação junto do cardeal a quem o papa Paulo V tinha encarregue do caso da venerável Margarida de Chaves. Depois de muito pressionado, e não conseguindo evitar novo encontro com o requerente, o cardeal terá exclamado em exasperação: Senhor, não nos cansemos em provas de santidade de vossa mãe; provai somente que vos sofreu, que o papa a declarará logo por santa.


Margarida de Chaves teve Gaspar Frutuoso por confessor, que lhe dedicou o Capítulo XCV do Livro IV das Saudades da Terra. A informação nele contida foi reproduzida, com variantes, por quase todos os historiadores açorianos. Para além disso, foi escrita uma obra apologética da santidade de Margarida de Chaves, provavelmente da autoria de seu filho Gonçalo Correia de Sousa, intitulada Breve Compêndio da Santa Vida da Venerável Matrona Margarida de Chaves de Gloriosa Memória, que teve edições em castelhano e em italiano, esta última impressa no ano de 1620, em Roma, na oficina de Bartolomeo Zanneti. Para além desta obra, muitos outros hagiógrafos a referem.
Contudo, a sua biografia mais completa é a obra intitulada A Margarita Animada, da autoria de Francisco Afonso de Chaves e Melo, descendente de uma sua irmã. Essa obra, escrita por volta de 1720 e editada em Lisboa no ano de 1723, compila os sumários existentes, então na posse da família do autor, e historia o desenvolvimento do culto nos anos imediatos à morte da venerável. Uma reedição da obra, promovida em 1994 pelo Instituto Cultural de Ponta Delgada, incluiu um apêndice documental, extensas notas e uma resenha genealógica da família de Margarida de Chaves.
Em antecipação da sua canonização, foi construída em Ponta Delgada uma ermida, hoje desaparecida, provisoriamente dedicada a Santa Margarida Mártir, onde se pretendia manter o seu culto. Na Canada dos Prestes, arredores de Ponta Delgada, ainda subsiste uma pequena ermida, intitulada de Santa Margarida de Chaves, mandada construir em finais do século XVII por Francisco Afonso de Chaves.