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terça-feira, 30 de julho de 2019

A Capela de Nossa Senhora do Porto do Saco está ligada a D. Júlia Maria da Caridade uma das três irmãs Açorianas


A Capela de Nossa Senhora do Porto do Saco foi tombada pela Prefeitura Municipal de Carrancas-MG por sua importância cultural para a cidade.
Prefeitura Municipal de Carrancas-MG
Nome atribuído: Capela de Nossa Senhora do Porto do Saco
Outros Nomes: Capela do Saco
Localização: Rua 05, s/n – Bairro Centro – Povoado do Porto do Saco – Carrancas-MG

Decreto de Tombamento: Decreto n° 1043/2006

Descrição: Localizada às margens do Rio Grande, a origem deste vilarejo, hoje distrito de Carrancas, está ligada a D. Júlia Maria da Caridade, antiga proprietária da Fazenda do Saco, que edificou uma capela feita de pedras dedicada a Nossa Senhora da Conceição, no início do século XVIII e há quem diga que essa acção foi motivada pela aparição de uma imagem da santa às margens desse rio. O Porto do Saco foi importante canal comercial de São João Del Rei antes da ferrovia para o escoamento da produção de ouro da região, desde a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto-MG, até o porto de Paraty-RJ. Após 1879, as terras foram doadas a própria capela e a quem desejasse formar um povoado em torno dela. Esta Capela está tombada pelo Instituto Estadual do Património Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG e é considerada o primeiro património municipal de Carrancas. Todos os anos, em Julho, há a Festa de Imaculada Conceição. Em 2012 foi comemorado 300 anos de existência dessa histórica Igreja.

Lugar de estonteante beleza e tranquilidade e com um clima muito agradável durante todas as estações do ano. Durante o inverno o frio não é intenso mantendo os dias com sol e temperatura amena e à noite um friozinho gostoso para dormir. A época das chuvas é por volta de Setembro e Outubro, mas com temperaturas muito agradáveis. O verão é intenso, com sol e temperaturas altas para banho de piscina, na represa e curtir as cachoeiras. Além do atractivo histórico, tanto pela visitação da Capela como pela “prosa” agradabilíssima com antigos moradores, que estão dispostos a nos dar uma verdadeira aula de história. O vilarejo é banhado pela Represa de Camargos, inaugurada em 1961, feita para atender as Usinas Hidrelétricas de Camargos e Itutinga. Com grande potencial náutico para os turistas, é possível trazer lanchas, jet skis, botes e se deliciar com as águas extensas e calmas da represa.
Fonte: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais.
Descrição: Uma das atracções culturais da cidade, a Capela de Nossa Senhora da Conceição do Porto do Saco foi construída provavelmente no início do século XVIII, a mando de Júlia Maria da Caridade, uma das três irmãs ilhoas*.

D. Júlia era proprietária da antiga Fazenda do Saco e devota de Nossa Senhora da Conceição, e há quem diga que a construção da capela tenha sido motivada pela aparição de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição nas margens do rio Grande. A capela fica no distrito de Porto do Saco, que já foi importante canal comercial de São João Del Rei antes da ferrovia. Após 1879, as terras foram doadas à própria capela e às pessoas que desejassem formar um povoado em torno dela.
Hoje em dia é possível visitar a pequena capela branca de janelas azuis e imaginar os costumes do passado ao conversar com os moradores mais antigos, uma verdadeira aula de história. Esta capela está tombada pelo Instituto Estadual do Património Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG e é considerada o primeiro património municipal de Carrancas. .
O distrito está a cerca de 30 km de distância da sede do município de Carrancas e é banhado pelo Rio Grande, um dos principais rios de Minas Gerais, hoje represado em um lago chamado Represa dos Camargos, que atrai muitos visitantes nos finais de semana para a prática de desporto  ou para simplesmente relaxarem em suas águas.

*As três Ilhoas: A história das “Três Ilhoas” fala sobre três irmãs naturais da Ilha do Faial, Açores, que vieram para Minas na primeira metade do século XVIII. Vem delas a origem de famílias tradicionais do sul de Minas, como os Rezende, Carvalho, Ribeiro, Andrade, Junqueira, Ferreira, Guimarães, entre outras.
Fonte: Prefeitura Municipal.

domingo, 28 de julho de 2019

Três irmãs açorianas que imigraram para o Brasil


As Três Ilhoas foram três irmãs açorianas que imigraram para o Brasil, onde aportaram por volta de 1723, fixando residência em Minas Gerais, onde se tornaram troncos de antigas, tradicionais e importantes famílias.
As Ilhoas, pela ordem cronológica, chamavam-se:

Antónia da Graça (nascida em 1687), que deu origem, dentre outros, aos: Junqueiras e Meireles;
Júlia Maria da Caridade (nascida em 1707), que deu origem, dentre outros, aos: Garcias, Carvalhos, Nogueiras, Vilelas, Monteiros, Reis, e Figueredos
Helena Maria de Jesus (nascida em 1710), que deu origem aos Resendes.
As Três Ilhoas eram naturais da Freguesia de Nossa Senhora das Angústias, na Vila da Horta, na Ilha do Faial, no arquipélago dos Açores.

Eram filhas de Manuel Gonçalves Correia – “O Bórgão”, e de Maria Nunes, que já viúva, passou ao Brasil com as três filhas, por volta de 1723. A genealogista Marta Amato defende a tese de que tenham vindo com destino certo, tendo aqui encontrado Diogo Garcia, conterrâneo e aparentado, por ter uma sobrinha, Ana Maria Silveira, casada com António Nunes, irmão das “Três Ilhoas”.


Antónia da Graça é a única das Ilhoas que passou ao Brasil já casada, com Manuel Gonçalves da Fonseca. As outras duas, casaram-se no Brasil.

A segunda, Júlia Maria da Caridade, casou-se a 29 de Junho de 1724, em São João del-Rei, com Diogo Garcia, e a terceira, Helena Maria de Jesus, casou-se a 3 de Outubro, de 1726, em Prados, com João de Resende Costa.

Júlia Maria da Caridade faleceu em 1777, sendo enterrada na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, em São João Del Rei ( MG ).
As Três Ilhoas tiveram dois irmãos:

José Nunes baptizado a 14 de Setembro de 1689 e falecido a 8 de Agosto de 1711
António Nunes baptizado a 12 de Julho de 1692, que foi piloto e permaneceu na Ilha do Faial, onde se casou com Ana Maria da Silveira, filha de Pascoal Silveira e de Maria da Ressurreição, esta irmã de Diogo Garcia.

A história das ilhoas parecer confirmar a história do actual município de Madre de Deus de Minas. Onde é a sede municipal foi, segundo apresenta, doado pelas Ilhoas e descendentes.
Inúmeros autores citam as “Três Ilhoas” como “célebres, famosas e lendárias”. Tais predicados têm sua origem na notória e descendência que deixaram em Minas Gerais e em outros estados, onde a maioria das famílias importantes encontravam em seu tronco uma ou mais destas açorianas, que passaram a ser citadas com grande respeito e admiração, ao ponto de que “dizer-se descendente das Ilhoas pode ser considerado a descrição de uma genealogia completa”.


A Capela de Nossa Senhora da Conceição do Porto do Saco foi construído no início do sec XVIII a mando de Júlia Maria da Caridade, proprietária da antiga Fazenda do Saco e devota de Nossa Senhora da Conceição, havendo quem diga que a capela é dedicada a uma imagem de Nossa Senhora encontrada nas margens do Rio Grande, que passa pela fazenda. A capela fica no distrito de Porto do Saco, que já foi importante canal comercial de São João del Rei antes da ferrovia.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

A Alcatra da Ilha Terceira nos Açores teve a sua origem nos primeiros povoadores



A Alcatra da Ilha Terceira nos Açores teve a sua origem nos primeiros povoadores provenientes de Trás -os- Montes, onde já existia um prato semelhante, o qual se apelida de Chanfana.
Outrora a alcatra fazia parte da mesa de senhorios da alta sociedade que na altura tinham posses para confeccionar este prato típico da ilha Terceira.

A alcatra é um prato típico e emblemático da cozinha terceirense e a prova disso é que até se criou a Confraria da Alcatra na Ilha Terceira. Esta contribui para a preservação e dignificação da Alcatra, distinguindo e divulgando os restaurantes da Terceira que a confeccionam devidamente.
Alguns dos principais requisitos para uma alcatra bem confeccionada são o alguidar de barro, a cozedura em forno de lenha e coberta com folha de inhame.
A alcatra terceirense, contudo tudo o que tem de, antigo, religioso está ligado ao Divino Senhor Espírito Santo
Devido ás funções em que está inserido na cultura e na festividade deste povo, todos o fazem mas de acordo com as posses que possuem.
Tradicionalmente e para as comemorações, este prato é precedido pelas Sopas de Espírito Santo .
A alcatra pobre, a que se serve normalmente no império das freguesias com menos posses, era a mesma que se servia em momentos especiais tais como: o casamento, batizado ou em touradas.
A carne utilizada para este prato era e ainda é o chambão, o vinho de cheiro, a gordura utilizada era a banha.

A alcatra pertencente á classe média se tornou vulgar nos melhores restaurantes usam as melhores carnes como o acém.
Nas famílias mais antiquadas há o costume usar a carne de rabadilha ou folha de alcatra, a gordura é manteiga e o vinho branco.


segunda-feira, 22 de julho de 2019

Eurico Gaspar Dutra foi o décimo sexto presidente do Brasil com origem Açoriana


Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) descendente de açorianos da ilha do Faial – Açores, nasceu em Cuiabá, a 8 de Junho de 1883, Mato Grosso – Brasil.
De Janeiro de 1946 a 1951 foi eleito presidente (16.º) da República do Brasil.
Militar de profissão, assumiu o lugar de ministro da Guerra (actual Ministro da Defesa) de 1936 a 1945, e, com Getúlio Vargas, instaurou o Estado Novo.
Faleceu a 11 de Junho de 1974, no Rio de Janeiro, com 91 anos de idade.Foi o único presidente do Brasil oriundo do Estado de Mato Grosso.
Em 1902 Dutra ingressou na Escola Preparatória e Táctica do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, e, depois, na Escola Militar de Realengo e na Escola de Guerra de Porto Alegre.
Em 1922 formou-se na Escola de Estado-Maior. Dutra não participou da Revolução de 1930, estando, na época, no Rio de Janeiro, tendo defendido a ambiguidade frente à Revolução de 1930.
Em 1935 comandou a repressão à Intentona Comunista nas cidades do Rio de Janeiro, Natal e Recife, uma das primeiras, da I Região Militar, durante o governo provisório de Getúlio Vargas, que o nomearia Ministro da Guerra, actual Comandante do Exército, em 5 de Dezembro de 1936.
Nesse posto, cumpriu papel decisivo, junto com Getúlio Vargas e com o general Góis Monteiro, na conspiração e na instauração da ditadura do Estado Novo, em 10 de Novembro de 1937 e na repressão aos levantes integralistas em 1938.  Permaneceu como ministro da Guerra até sair do cargo para disputar a eleição presidencial de 1945.

Durante a Segunda Guerra Mundial, esteve entre os líderes militares que eram contra o alinhamento do país com os aliados e um maior envolvimento do país no conflito.  Com a participação do Brasil na guerra ao lado dos aliados, e as crescentes pressões da sociedade civil pela democratização do país, Dutra aderiu formalmente à ideia do fim do regime iniciado em 1930, sendo novamente expulso do ministério em 3 de Agosto de 1945, participando a seguir da deposição de Getúlio Vargas em Outubro de 1945.
Neste contexto, o líder deposto anunciou no mês seguinte seu apoio a Dutra, candidato do exército, em detrimento do candidato da Aeronáutica, Eduardo Gomes, nas eleições que se seguiriam.


quinta-feira, 18 de julho de 2019

O início da produção de queijo na ilha de São Jorge Açores parece ter ocorrido nos primórdios da sua colonização



O início da produção de queijo na ilha de São Jorge parece ter ocorrido nos primórdios da sua colonização, já que o historiador Gaspar Frutuoso, escrevendo cerca de um século após a estruturação do povoamento da ilha, diz nas Saudades da Terra (Livro VI, capítulo 33.º, intitulado Da Descrição da Ilha de S. Jorge), que Há nela muito gado vacum, ovelhum e cabrum, do leite do qual se fazem muitos queijos em todo o ano, o que dizem ser os melhores de todas as ilhas dos Açores, por causa dos pastos…. Esta dependência entre a qualidade dos queijo e as pastagens foi confirmada pela história e pelos estudos agronómicos modernos.


As condições edafo-climáticas excelentes para a produção de pastagem existentes na ilha e a introdução, ainda antes do seu povoamento, de gados, fizeram com que, desde o início, os habitantes recorressem ao fabrico de queijos como reserva alimentar e forma de aproveitamento do excesso de produção de leite face ao seu consumo em natureza. Por outro lado, a especificidade dos queijos feitos em São Jorge, para além da perícia e dos saberes dos queijeiros jorgenses, é atribuível às características dos pastos abundantes nas zonas de média e elevada altitude, caracterizados pela existência na pastagem das chamadas ervas de misturas, uma consolidação natural de gramíneas e leguminosas,  que lhes dá particulares características que se reflectem nas propriedades organolépticas do leite ali produzido.
Outro factor potenciador da precocidade do desenvolvimento da produção de queijo em São Jorge foi a presença de numerosos flamengos entre os seus primeiros povoadores, com destaque para o grupo capitaneado por Willem van der Hagen, o antepassado dos actuais Silveiras da ilha. Estes povoadores vieram encontrar nas zonas altas da ilha um clima semelhante ao da sua terra de origem onde estavam habituados a produzir carne, leite e lacticínios, com destaque para os queijos.

José Pereira da Cunha da Silveira e Sousa Júnior, agrónomo e um dos maiores produtores de queijo dos finais do século XIX, escreveu em 1887  que Em S. Jorge, cognominada a terra do queijo e onde há mais de um século se manipula industrialmente o leite, tem-se em bem verdade, multiplicado o número de fabricantes…. Tal implica, como aliás o provam os registos municipais e dos conventos da ilha,  que já em meados do século XVIII, o fabrico de queijo se expandira bastante, exportando-se para as restantes ilhas dos Açores e mesmo para o exterior do arquipélago. Por essa altura já se distinguia o queijo da terra’’ (o antepassado do actual Queijo São Jorge) do queijo flamengo.
Esta destrinça evoluiu ainda mais quando, por influência da família Cunha da Silveira, grandes proprietários e produtores de queijo, foram introduzidas algumas melhorias tecnológicas na produção de queijo, recorrendo-se à vinda de técnicos estrangeiros. Foi assim que São Jorge recebeu nessa época a visita dum profissional hamburguês (…) de nome Fernand Ranchel, que assentou arraiais, no lugar do Loural, junto à povoação do Toledo, onde se dedicou ao fabrico de um queijo de pasta dura, por certo o modelo donde saiu o "queijo de São Jorge", conhecida pelo nome de "queijo da terra", sucedâneo dos primeiros tipos de pasta mole e semi-dura até aí usados pela indústria caseira. Este facto deve datar do princípio do século passado, ou seja de princípios do século XIX.
Sabe-se que há cerca de duzentos anos, o queijo de São Jorge já tinha a forma actual, cilíndrica, volumosa, tipo "roda", tendo-se chegado a produzir alguns, por encomenda especial, com tais dimensões e peso que eram necessários alguns homens para o transportarem. Ernesto Rebelo, refere-se a uma queijo para oferta, de enormes proporções, que o fidalgo Jorge da Cunha mandou fabricar em São Jorge para obsequiar o seu amigo D. José Pegado de Azevedo, bispo de Angra, quando este visitou a ilha do Faial.

O Queijo são Jorge é assim o produto de quase quinhentos anos de evolução na produção de queijo de leite de vaca, mantendo as característicos específicas que o clima e a vegetação das pastagens da ilha determinam por via do leite cru utilizado. Quanto à forma e consistência da pasta, parece ter ganho as suas características actuais há cerca de 200 anos, mantendo-se desde aí relativamente constante. Um passo fundamental na regulação da produção do queijo foi dado em 1986, com a criação da Região Demarcada do Queijo de São Jorge e a regulamentação do registo de Denominação de Origem Protegida (DOP) atribuído à marca Queijo São Jorge.
Apesar de serem produzidas apenas 1800 toneladas por ano, a partir de leite fornecido por cerca de oitocentos produtores agrupados em nove cooperativas, o Queijo São Jorge mantém-se como um dos pilares da economia de São Jorge, mal grado os constantes problemas de gestão que têm afectado as estruturas produtoras.

Em 1991 foi criada uma confraria, denominada Confraria do Queijo de São Jorge, à qual foram atribuídas funções na constituição da câmara de provadores para certificação na estrutura associada à UNIQUEIJO, a estrutura gestora da produção.


segunda-feira, 15 de julho de 2019

A Memória foi o primeiro monumento erguido em Portugal para homenagear D. Pedro IV na ilha Terceira Açores


A Memória foi o primeiro monumento erguido em Portugal para homenagear D. Pedro IV na ilha Terceira Açores

O Alto da Memória ou Outeiro da Memória localiza-se no cimo do Jardim Duque da Terceira, no centro histórico da cidade e Concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.

Neste local o capitão do donatário João Vaz Corte Real fez erguer a primeira fortificação da antiga Angra, o chamado Castelo dos Moinhos, cerca de 1474. Esta fortificação, longe do mar, traduzia uma concepção ainda tardo-medieval, europeia e mediterrânica, de defesa em acrópole.

O obelisco que o caracteriza atualmente foi erigido no século XIX em homenagem à passagem de Pedro IV de Portugal pela Terceira, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).


De evidente simbologia maçónica, teve a sua pedra fundamental lançada a 3 de Março de 1845, estando concluído em 1856. Essa primeira pedra foi recolhida no cais da cidade, sendo uma das que o imperador havia pisado quando de seu desembarque naquele local, em 1832. As pedras do antigo castelo foram reaproveitadas para a construção do obelisco.
Este monumento foi praticamente destruído pelo grande terramoto de 1980, que provocou enormes estragos nas ilhas do Grupo Central do arquipélago. Foi reconstruído e reinaugurado pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo em 25 de Abril de 1985.

A Memória foi o primeiro monumento erguido em Portugal para homenagear D. Pedro IV, o monarca que se deslocou aos Açores, em 1832, para liderar as tropas que lutavam pela implantação do regime liberal.

A ideia de erguer-lhe um monumento foi decidida em 1835, mas contratempos vários foram adiando o projecto.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Pedro Luís de Sousa da Ribeira Seca ilha de S. Jorge Açores




Pedro Luís de Sousa também conhecido como Pero Luís de Sousa do Brasil (Ribeira Seca, ilha de São Jorge, Açores, 1460 — ?) foi um latifundiário português de origem nobre que terá vindo do reino (Portugal continental), para a ilha Terceira com o seu pai Fernão Luís de Sousa, natural de Santarém.
Foi um terratenente de origem nobre dono de terras na ilha Terceira, especificamente de um monte conhecido como Monte Brasil, um antigo vulcão extinto, mesmo em frente à cidade de Angra do Heroísmo. Segundo os historiadores terá tomado o nome Brasil desses terrenos.


Pedro Luís vendeu o referido Monte Brasil em 1496 a João Vaz Corte Real, um navegador português do Século XV e profundamente ligado ao descobrimento da Terra Nova. Teve terras de sesmaria na Calheta, ilha de São Jorge onde viveu antes de partir para o Brasil com um destacamento de colonos, para o Rio Grande do Sul, onde foi o fundador de uma dinastia que perdura até aos nossos dias no actual município de Viamão.
Foi filho de Fernão Luís de Sousa, natural da cidade de Santarém e casado com Margarida de Sousa (Leonardes). Casou com Catarina Anes Pires, nascida em 1460 e irmã de Pedro Anes Rebelo e parente de Maria Abarca, esposa do João Vaz Corte Real, já referido, o que terá contribuído por razões familiares para a vendo do Monte Brasil.


Deste casamento nasceram:

1 – Inês Pires, casada com João Valido.

2 – Gaspar Nunes Brasil, casado com Marta Simoa.

3 – Isabel Pires de Sousa casada com André Gonçalves Teixeira.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Francisco Ornelas da Câmara


Francisco Ornelas da Câmara (Praia, 12 de Outubro de 1606 — Praia, 28 de Abril de 1664), fidalgo e político açoriano que se destacou à época da Restauração da Independência Portuguesa, proclamando-a nos Açores, e como líder da campanha militar que conduziu à submissão da Fortaleza de São João Baptista da Ilha Terceira (1641-1642).
Era filho de Francisco Paim Câmara e D. Isabel de Sousa Neto, pessoas ligadas às principais famílias açorianas da época e à governança da vila da Praia e da sua capitania.

Aos oito anos de idade assistiu ao grande terramoto de 24 de Maio de 1614, a primeira caída da Praia, que arrasou a vila da Praia e as freguesias circundantes, espalhando a ruína e a morte por todo o Ramo Grande.

Seguindo a tradição familiar, com apenas 24 anos de idade, a 4 de Julho de 1627, foi nomeado capitão duma das quatro companhias de infantaria da milícia da sua capitania. Dois anos mais tarde, em 1629 embarcou na esquadra real, tendo combatido na Região Nordeste do Brasil, quando das segunda invasão holandesa aquela área.


De regresso à Ilha Terceira, o rei D. Filipe III, por Carta-régia de 15 de Setembro de 1636, nomeou-o capitão-mor e provedor das fortificações da vila da Praia, cargos que seu pai exercia há trinta e quatro anos. Na mesma ocasião o rei agraciou-o com a mercê de cavaleiro da Ordem de Cristo.

A 3 de Dezembro de 1639 partiu para Portugal, tendo permanecido em Lisboa durante todo o ano, e onde se encontrava a 1 de Dezembro de 1640, quando se deu o golpe de Estado que culminou com a restauração da independência portuguesa e a aclamação do duque de Bragança, D. João, como soberano com o nome de João IV de Portugal.

Encontrando-se entre nobres que apoiavam o novo soberano, foi-lhe confiada a missão de se dirigir aos Açores, sem qualquer apoio militar, para tentar organizar a sublevação das forças locais e com elas promover a aclamação real e a restauração da soberania portuguesa no arquipélago.


Com essa incumbência, recebeu do soberano as Cartas-régias endereçadas às autoridades das ilhas, assim como autorização para negociar com as forças castelhanas, incluindo a possibilidade de prometer, em nome da Coroa, recompensas e honrarias em caso de rendição pacífica.

Chegou à Terceira a 5 de Janeiro de 1641, tendo desembarcado à noite em Porto Martins, e dirigindo-se, no dia seguinte, à casa de seu pai na vila da Praia, ao qual confidenciou a sua missão e pediu conselhos e orientação.

Depois de muitas hesitações, quase um mês após a chegada à ilha, e perante o pouco entusiasmo da nobreza em aderir a tão temerário projecto, os seus objectivos acabaram por ser revelados e teve que se esconder para evitar a sua captura pelas forças espanholas.


Através de intermediários, tentou um acordo com o governador do Castelo, o Mestre-de-Campo D. Álvaro de Viveiros, oferecendo-lhe, a troco da entrega da fortaleza, um título de conde e dez mil cruzados em dinheiro. Naturalmente, esta proposta foi mal recebida e Francisco Ornelas, considerando o risco que corria por se encontrar na cidade de Angra, partiu imediatamente para a Praia, escapando à tropa castelhana que pretendia prendê-lo.

sábado, 6 de julho de 2019

calamidades naturais nos Açores no Séc. XV


1564 — Erupção vulcânica na Lagoa do Fogo, São Miguel - A erupção iniciou-se a 13 de Fevereiro e foi de curta duração, não tendo causado estragos. Provavelmente foi uma manifestação freatomagmática.

1571 — Crise sísmica causa graves danos em Angra - A partir do mês de Junho desencadeou-se uma crise sísmica centrada a SE da Terceira, provavelmente no Banco D. João de Castro. Para além da Terceira, os sismos eram sentidos em São Miguel, tendo sido, mesmo, notados por um navio que navegava nas proximidades. Um testemunho coevo, em carta escrita em Angra a 2 de Agosto de 1571, diz que o temor na ilha era muito, pois "a qual ha perto de dous meses que treme, e posto que agora são  raros os tremores, dia houve, em que por espaço de seis horas tremeu 10 vezes, e dia de 18 vezes, e os abalos eram também  grandes que derrubarão algumas casas, e muitas chaminés, e abrirão as mais das casas, e maiores desta cidade, e cairão grandes pedaços de rochas, das que estão ao longo do mar; os temores durarão tanto espaço, que a gente que então se achava em as casas tinham tempo para sair fora, e o tremor não sesava".


1580 — Erupção do vulcão da Queimada, ilha de São Jorge - Na noite de 28 de Abril a terra tremeu 30 vezes e 50 no dia seguinte. No dia 1 de Maio os tremores recrudesceram e nesse mesmo dia ocorreu uma explosão vulcânica no cimo da encosta sobranceira à Queimada. Outra explosão ocorreu posteriormente no alto da Ribeira do Nabo, 2 km a leste da inicial. Outra emissão de lavas teve a sua origem junto à Ribeira do Almeida. A erupção durou 4 meses com emissão de grandes correntes de lava que atingiram o mar e de muitas cinzas que recobriram a ilha, atingindo mesmo a Terceira. Uma nuvem ardente matou pelo menos 10 pessoas. Mais de 4000 cabeças de gado pereceram de fome e devido aos gases e cinzas que destruíram as pastagens.

1588 — Grandes inundações em São Bento e Porto de Pipas, Terceira - A 26 de Fevereiro chuvas muito intensas provocaram grandes cheias em São Bento. As águas seguiram uma canada em direcção ao Porto de Pipas, lugar onde destruíram as muralhas soterrando algumas embarcações ali varadas.


1588 — Inundações nas Velas, ilha de São Jorge - A 8 de Novembro, ocorreu nas Velas uma enxurrada que "levou muita gente ao mar e alagou muitas casas", dando origem a um romance popular.

1589 — Um raio mata duas pessoas na Terceira - A 26 de Setembro, durante uma tempestade (provavelmente um ciclone tropical), um raio atingiu uma casa palhoça na Serra de Santiago, Praia, matando o proprietário e um soldado castelhano que lá estava hospedado.

1591 — Sismo sentido em São Miguel e na Terceira - Em consequência de um sismo ficaram arruinados muitos edifícios, especialmente em Vila Franca do Campo e Água de Pau, povoação onde ficaram arruinadas as melhores casas. O Rei concedeu 150 000 reis para ajuda à reconstrução. O sismo foi também sentido na Terceira, onde a terra tremeu quatro vezes e parecia querer "subverter-se".

1593 — Mau ano agrícola provoca fome na Terceira e S. Jorge - O ano de 1593 foi um mau ano agrícola, o que associado às consequências da guerra de 1580-1583, do saque e dos pesados tributos para manutenção da força de ocupação castelhana, causou miséria e fome generalizada entre a população rural da ilha. Há notícia de terem morrido muitas pessoas de fome. Em São Jorge também se morreu de fome neste ano.

1599-1600 — Peste bubónica provoca cerca de 7 000 mortos na Terceira - O ano de 1599 ficou conhecido como o "ano do mal" já que uma epidemia de "antrazes" (peste bubónica) dizimou boa parte da população da ilha, apenas poupando poucas localidades. Foi um dos anos mais trágicos da história da ilha Terceira, encerrando uma época na qual em menos de duas décadas, para além da doença, a guerra, com o terrível saque e mortandade que se seguiu à entrada em Angra das forças castelhanas, e a fome marcaram a sua presença.


quarta-feira, 3 de julho de 2019

.A história dos Açores é marcada por um conjunto de calamidades naturais desde os seus povoadores

 1432 — Início do povoamento dos Açores.


1439?-1444? — Erupção vulcânica nas Sete Cidades, São Miguel - Não há notícias seguras sobre esta erupção nem uma data precisa para a sua ocorrência. Segundo Gaspar Frutuoso, os navegantes que se dirigiam a São Miguel, logo após a sua descoberta, encontraram a topografia da parte oeste da ilha modificada e no mar flutuavam troncos e pedra pomes. Os colonos que ficaram na Povoação sentiram estrondos e tremores de terra: "morando os descobridores em suas cafuas de palha e feno, ouviram quase por espaço de um ano tão grande ruído, bramidos e roncos que dava a terra com grandes tremores ainda procedidos da subversão e fogo do pico antes sumido".

1460? — Erupção vulcânica nas Sete Cidades, São Miguel - Não há notícias seguras sobre esta erupção, não se conhecendo a localização precisa e os efeitos produzidos.


1522 — Subversão de Vila Franca do Campo (sismo e deslizamento de terras), São Miguel - Na noite de 21 para 22 de Outubro de 1522, um violento sismo provocou um grande deslizamento de terras nas encostas sobranceiras a Vila Franca do Campo, causando o soterramento da maior parte da vila, então capital de São Miguel. O efeito combinado do sismo e do soterramento provocou a morte a milhares de pessoas. O sismo causou ainda mortes em muitas outras povoações de São Miguel e também grandes deslizamentos de terras na Maia, e região circunvizinha, e em Ponta Garça. A tragédia de Vila Franca inspirou muitos escritos e pelo menos um romance de raiz oral intitulado Romance que se Fez d'Algumas Mágoas, e Perdas que Causou o Tremor de Vila Franca do Campo, editado por Teófilo Braga.


1523-1530 — Epidemia de peste causa milhares de mortes em São Miguel - Entre os anos de
1523 e 1530 grassou em São Miguel uma epidemia de peste que causou alguns milhares de mortes e obrigou ao isolamento da ilha durante vários anos. A epidemia também atingiu o Faial, embora sem graves consequências. Esta epidemia contribuiu para o enraizamento do culto ao Divino Espírito Santo.


1538 — Erupção vulcânica ao largo da Ferraria, São Miguel - Neste ano houve uma erupção submarina nas proximidades da costa da Ponta da Ferraria que durou 25 dias. Da erupção resultou o aparecimento de um ilhéu de "quase uma légua de circunferência", que logo desapareceu. Não há registo de prejuízos em terra.

1547 — Sismo no noroeste da Terceira - A 17 de Maio deste ano um forte sismo provocou avultados danos no Raminho (então Folhadais), Altares e Biscoitos. Um relatório enviado ao Rei, presumivelmente pelo corregedor Gaspar Touro, diz: "Algumas casas caíram e outras abriram por muitos lugares, e estão de maneira que não ousam dormir nas casas, e em especial foi mais isto do cair e abrir das casas da banda do norte, e morreram algumas pessoas". Diz ainda: "não ficou casa que não caísse ou abrisse, quer novas quer velhas, e as paredes das vinhas e pomares dos Biscoitos todas caíram".


1562-1564 — Erupção vulcânica na Prainha do Norte, ilha do Pico - Em 21 de Setembro de 1562, após prolongado tremor de terra, que terá durado um "terço de hora", acompanhado de grande estrondo, & logo em hum lago, & por cinco bocas arrebentou tal fogo, que delle, & de polme ardente correo huma ribeyra por espaço de huma légoa, até se meter no mar do Norte, & no mesmo mar formou, com entrada nelle de hum tiro de arcabuz, aquele grande caes de pedraria abrazada, […] e affirma o douto Fructuoso, que foi taõ grande o fogo, que todas as mais Ilhas Terceyras se allumiaraõ com elle, & até na de São Miguel fez da escura noyte claro dia, diz o padre António Cordeiro na sua História Insulana das Ilhas a Portugal Sugeytas no Oceano Occidental (pg. 477 da edição princeps). Existe também uma interessante descrição, escrita por um contemporâneo, que da vila das Velas, São Jorge, observou o fenómeno.


1563 — Erupção vulcânica na Lagoa do Fogo, São Miguel - A erupção iniciou-se a 29 de Junho, sendo precedida de pelo menos 5 dias de violentos sismos que provocaram enorme destruição na ilha de São Miguel. A actividade foi do tipo pliniana, de extrema violência, cessando a 3 de Julho, não sem ter causado muitas mortes e enorme destruição. As emissões eram projectadas a uma altura tal que eram visíveis do Grupo Central, a cerca de 200 km de distância.

1563 — Erupção vulcânica do Pico do Sapateiro, ilha de São Miguel - Quase em simultâneo com a erupção da Lagoa do Fogo, ocorreu uma erupção estromboliana no Pico do Sapateiro, freguesia da Ribeira Seca. Este pico é um domo traquítico localizado sobre uma das falhas do graben da Ribeira Grande, onde até então existia uma lagoa. A erupção emitiu grande volume de lavas, de composição basáltica, muito fluídas, que soterraram parte da Ribeira Seca, incluindo um chafariz que hoje está à vista incrustado na formação rochosa. A erupção durou até Setembro. O historiador Manuel Luís Maldonado escreveu uma detalhada descrição desta erupção, incluída na obra "Fenix Angrence".

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Ilha de S. Miguel Açores


Acredita-se que a ilha tenha sido descoberta entre 1426 e 1439 já se encontrando assinalada em portulanos de meados do século XIV como "Ilha Verde".  O seu descobrimento encontra-se assim descrito:
"O Infante D. Henrique, desejando conhecer se haveria ilhas ou terra firme nas regiões afastadas do Oceano Ocidental, enviou navegadores. (...) Foram e viram terra a umas trezentas léguas a ocidente do cabo Finisterra e viram que eram ilhas. Entraram na primeira, acharam-na desabitada e, percorrendo-a, viram muitos Açores e muitas aves; e foram à segunda, que agora é chamada de S. Miguel, onde encontraram também aves e Açores e, além disso, muitas águas quentes naturais."
Constituiu uma capitania única com a ilha de Santa Maria, tendo como primeiro capitão do donatário Gonçalo Velho Cabral. O seu povoamento iniciou-se em 1444, a 29 de Setembro, dia da dedicação do Arcanjo São Miguel, então patrono de Portugal e santo da especial devoção do Infante D. Pedro, então Regente do Reino, e que dá o nome à ilha.

Os primeiros povoadores desembarcaram entre "duas frescas ribeiras de claras, doces e frias águas, entre rochas e terras altas, todas cobertas de alto e espesso arvoredo de cedros, louros, ginjas e faias". Trouxeram consigo gado, aves e sementes de trigo e legumes e outras coisas necessárias. Fundaram então, a primeira "povoação de gente" na ilha que, mais tarde, ficaria conhecida apenas por Povoação Velha de S. Miguel, onde se ergueu a primitiva Igreja de Santa Bárbara, no local onde foi dita a primeira missa seca. Posteriormente, percorrendo a costa para oeste, encontraram uma planície à beira e ao nível do mar, que lhes agradou e onde decidiram fixar-se. A povoação ficou conhecida como "do Campo", e em pouco tempo receberia o estatuto de "vila franca" (isenta de tributos excepto o devido à Coroa de Portugal), o que contribuiu para atrair mais povoadores.

Entre os nomes destes primeiros povoadores registam-se os de Jorge Velho,  Gonçalo Vaz Botelho, o Grande e Afonso Anes, o Cogumbreiro , Gonçalo de Teves Paim  e seu irmão Pedro Cordeiro
Visando atrair mais povoadores para esta ilha, de maiores dimensões e características geológicas mais dinâmicas do que Santa Maria, foi necessário oferecer maior incentivo ao povoamento, o que veio a ser expresso por carta régia de 20 de Abril de 1447, pela qual se isentam os moradores desta ilha da dízima de todos os géneros nela produzidos:
Aos primeiros povoadores juntar-se-ão outros, oriundos principalmente da Estremadura, do Alto Alentejo, do Algarve e da Madeira. Posteriormente, alguns estrangeiros também se instalam, nomeadamente Franceses,  e minorias culturais como judeus e mouros.
A posição geográfica e a fertilidade dos solos permitiram um rápido desenvolvimento económico, baseado no sector primário, voltado para o abastecimento das guarnições militares portuguesas no Norte d'África e na produção de açúcar e de urzela, um corante exportado para a Flandres. O sobrinho de Gonçalo Velho Cabral, João Soares de Albergaria, sucedeu-lhe no cargo. À época de Albergaria, anteriormente a 1472, receberam foral de vilas as localidades de Vila do Porto e de Vila Franca do Campo, as mais antigas dos Açores.


Por motivo de doença de sua esposa, D. Brites Godins, deslocou-se com ela para a Ilha da Madeira, em busca de clima mais favorável, sendo acolhidos pela família do capitão do Funchal, João Gonçalves da Câmara de Lobos. Aí foi decidida a venda da capitania de São Miguel, por 2.000 cruzados em espécie e 4.000 arrobas de açúcar. Este contrato teve a anuência da Infanta D. Beatriz, tutora do donatário, D. Diogo, duque de Viseu, conforme carta de 10 de Março de 1474, sendo ratificada pelo soberano nestes termos:

"Fazemos saber que Rui Gonçalves da Câmara
, meu muito amado primo, e prezado sobrinho nos disse como lhe per a Infanta Dona Beatriz, sua madre e tutor, em nome seu, era feita a doação da capitania da ilha de San Miguel para sempre aprovamos e confirmamos a dita doação.".
Ficaram assim definitivamente separadas as capitanias de São Miguel e Santa Maria.

Vila Franca do Campo, mais importante porto comercial da ilha, considerada sua primeira capital, e onde esteve localizada a alfândega até 1528, foi arrasada pelo grande terramoto de 22 de Outubro de 1522, em que se estima terem perecido 4000 pessoas. Após a tragédia, os sobreviventes transferiram-se para a povoação de Ponta Delgada, logrando obter do soberano os mesmos privilégios de que gozava cidade do Porto, conforme já o gozavam os de Vila Franca do Campo, iniciando-se o seu desenvolvimento, de tal modo próspero, que Ponta Delgada foi elevada a cidade por Carta-Régia passada em 1546, tornando-se capital da ilha.


No contexto da crise de sucessão de 1580, aqui tiveram lugar lutas entre os partidários de D. António I de Portugal e de Filipe II de Espanha, culminando na batalha naval de Vila Franca, ao longo do litoral sul da ilha (26 de Julho de 1582), com a vitória dos segundos. Após a batalha, D. Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz de Mudela, desembarcou em Vila Franca do Campo, onde estabeleceu o seu quartel general e de onde fez supliciar por enforcamento cerca de 800 prisioneiros franceses e portugueses, no maior e mais brutal massacre jamais ocorrido nos Açores.

Pelo apoio dispensado à causa de Filipe II, a família Gonçalves da Câmara, na pessoa de Rui Gonçalves da Câmara, capitão do donatário, recebeu o título de conde de Vila Franca por alvará de 17 de Junho de 1583.