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domingo, 30 de maio de 2021

Martin Behaim viveu e casou na ilha do Faial Açores

 



Martin Behaim  nasceu  em Nuremberga a 6 de outubro de 1459  e faleceu em  Lisboa a 29 de julho de 1507.

foi um cosmógrafo, astrónomo e explorador que casou e viveu durante alguns anos na ilha do Faial, Açores.

Martin Behaim foi o primogénito de Martin Behaim e de sua mulher Agnes Schopper, uma família patrícia de mercadores de Nuremberga, aparentemente originária da Boémia.

Desde cedo vocacionado para o comércio, partiu em 1477 para Flandres, fixando-se em Malines com o objectivo de se introduzir no comércio internacional. No ano seguinte mudou-se para Antuérpia, onde se relacionou com a feitoria portuguesa então aí existente. Já por conta própria, em 1480 parte para Lisboa.

Em Lisboa integra a comunidade mercantil interessada na exploração ultramarina, travando conhecimento com navegadores, cosmógrafos e exploradores. Diz-se que nesta época privou com Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães.

Aparentemente Martin Behaim pôs a circular pelos meios ligados à exploração marítima a notícia de que teria sido aluno do célebre cosmógrafo alemão Regiomontano, que tinha falecido em 1476, embora não existam provas de tal relação. Daí que fosse rapidamente integrado nos círculos ligados à cosmografia e à cartografia, sendo em 1483 convidado por D. João II para fazer parte de uma comissão, liderada por Abraão Zacuto, destinada a melhorar o astrolábio, na qual se diz teve papel relevante.

Em 1484 embarcou como cosmógrafo da expedição de Diogo Cão à costa ocidental da África, tendo provavelmente no regresso passado pelos Açores na conhecida "volta do largo".

Em 1486 fixou-se na ilha açoriana do Faial, onde se tinha instalado uma numerosa colónia flamenga capitaneada por Jobst van Hürter, o fundador da cidade da Horta. Nesse ano casa na Ermida de Santa Cruz na cidade da Horta com Joana de Macedo, filha do 1.º capitão-donatário, o dito van Hürter, integrando-se assim na nascente colónia faialense.

Martin Behaim permaneceu no Faial até 1490, ano em que parte para Nuremberga, aparentemente devido a negócios familiares. Permanece na sua cidade natal de 1491 até 1493, período durante o qual constrói o seu famoso globo (a Erdapfel).

Em 1493 regressa ao Faial, via Flandres e Lisboa, permanecendo na ilha até 1506. Neste ano partiu, aparentemente em negócios, para Lisboa, onde faleceu a 29 de Julho de 1507.

Em colaboração com o pintor Georg Glockendon, Martin Behaim construiu, entre 1491 e 1493, aquando da sua permanência em Nuremberga vindo do Faial, um dos primeiros globos terrestres conhecidos (que ele chamou Erdapfel, ou seja "maçã da Terra"), que o guindou para a fama. O original está hoje em exibição no Germanisches Nationalmuseum, de Nuremberga, sendo uma das obras de arte mais descritas da Europa.


O Globo de Behaim, também conhecido como Globo de Nuremberga, seguiu a ideia de um globo construído por volta de 1475 para o papa Sisto IV, mas melhorando a representação e incluindo meridianos e a linha do Equador.


Apesar da fama, o Globo de Behaim tem numerosos erros geográficos, mesmo quando analisado à luz dos conhecimentos da época. Ainda não tem o continente americano, apesar de na altura já ser conhecida boa parte da costa oriental da América do Norte .



sexta-feira, 28 de maio de 2021

Judeus na ilha Terceira Açores

 

A Sinagoga Ets Haim (possível tradução: "Árvore da Vida") localizava-se no centro histórico de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores.

Fundada na segunda metade do século XIX, a sua história está ligada à vida e obra do comerciante judeu Mimom ben Abraham Abohbot, que foi seu fundador, nela tendo exercido as funções de oficiante e mestre de religião. Foi instalada na sua residência, inaugurada quando este obteve emprestada uma torah pertencente ao rabino Judah Azagury, que saiu dos Açores para ir viver em Lisboa.

Em consequência das difusão das ideias liberais em Portugal, diversas famílias hebraicas que viviam no Marrocos, muitas de ascendência portuguesa (sefardita), passaram a dirigir-se a Portugal, nomeadamente para o Algarve e os Açores, onde se instalaram a partir da década de 1820. Esta vaga migratória era constituída por indivíduos que se assumiam como cidadãos britânicos embora, mais tarde, tomasse a nacionalidade portuguesa.

A monarquia liberal portuguesa permitiu em sua Constituição a existência de cultos religiosos diversos, embora mantendo o catolicismo como religião oficial do Estado. Isso levou, por exemplo, a que as sinagogas não tivessem autorização para comunicar directamente com a via pública, devendo existir um pátio ou zona intermediária de ligação.

Entre os sobre nomes representativos das famílias judaicas em Angra do Heroísmo, incluem-se:

Abohbot

Athias

Baroche

Benarus

Ben Ayon

Benithé (ou Benitarre)

Benjamim

Ben-Sabat (ou Bensabat)

Benzaquim

Bozaglo

Cohen

Hanon

Levy

Sabag

Seriqui

Zagori


Mimom Abohbot era um judeu sefardita nascido no Mogador. Era filho de Abraham Abohbot e Raquel Abohbot e foi educado nos estudos e teologia hebraicos. Não se sabe a data de sua chegada aos Açores ou a Angra, mas o historiador Pedro de Merelim, a primeira referência a seu respeito data de 5 de Março de 1827, no Livro da Porta da Capitania Geral dos Açores.

Desposou, em 1833, em Londres, Elisabeth Davis Abohbot, por contrato hebraico, em língua hebraica, o qual está no livro de registos da sinagoga "Porta do Céu".

Em 1835, aproveitou a venda em hasta pública de bens nacionais dos conventos extintos em 1834, e adquiriu o imóvel do antigo Convento da Esperança, à esquina da rua da Sé com a rua da Esperança, onde actualmente se encontram as instalações do RIAC e a loja da TAP. Remodelou e reconstituiu este antigo edifício, dando-lhe o aspecto que hoje conserva, e onde fixou residência. Posteriormente, em 1857, adquiriu uma quinta na Canada dos Folhadais.

Na Terceira tornou-se comerciante de projecção, com estabelecimentos em Angra, vendendo a crédito e emprestando dinheiro a juros. Exportou ainda laranjas para a Grã-Bretanha. Os periódicos da época e as referências públicas mostram-no como uma figura socialmente respeitável, não apenas entre a comunidade judaica, mas em toda a cidade.

Faleceu em Angra do Heroísmo a 21 de Julho de 1875, "rezando psalmos de David", sendo sepultado no Campo da Igualdade, no Caminho Novo, na mesma cidade.



segunda-feira, 24 de maio de 2021

Vila de Santa Cruz das Flores , ilha das Flores nos Açores



A primeira tentativa de povoamento da ilha das Flores ocorreu por volta de 1480, na foz da Ribeira da Cruz, hoje no limite entre as freguesias da Caveira e de Santa Cruz das Flores, quando o aventureiro flamengo Willem van der Hagen, depois aportuguesado para Guilherme da Silveira, fundou uma pequena colónia com o objectivo de encontrar metais, possivelmente estanho, de que a ilha se dizia rica, provavelmente por ser então identificada como uma das míticas ilhas Cassitérides. Tendo permanecido na ilha cerca de dez anos, em abrigos escavados nas falésias da ribeira, desenganados quanto à riqueza mineral, os colonos acabaram por trocar as Flores pela ilha de São Jorge, onde foram fundar a Vila do Topo.


A segunda tentativa terá ocorrido entre 1508 e 1510, ao que parece na costa da actual freguesia e vila de Santa Cruz, mas muito provavelmente através da instalação simultânea de colonos em Santa Cruz, nas Lajes e em Ponta Delgada. Foi a partir desta leva, que de facto iniciou a ocupação humana permanente da ilha, que veio a nascer a hoje vila de Santa Cruz.

Outro aspecto que modelou e distinguiu a vila de Santa Cruz, contribuindo para a sua primazia no contexto do Grupo Ocidental, foi a instalação de um convento franciscano, a única instituição religiosa do género que existiu naquelas ilhas. O Convento de São Boaventura, actual sede do Museu das Flores, começou a ser construído em 1642, ao que parece fruto de um voto feito pelo padre Inácio Coelho, natural das Flores, aquando do feliz sucesso da Restauração da Independência portuguesa de 1640. A sua igreja possui altares barrocos e tecto em madeira de cedro-do-mato em têmpera de grande valor artístico.

Os franciscanos tiveram nos Açores uma enorme influência no moldar do carácter das gentes, com destaque para a manutenção do culto do Divino Espírito Santo, assumindo quase em exclusivo as funções educativas. Onde se fundava um convento franciscano surgia de imediato as cadeiras de primeiras letras e de gramática latina. Foi o que aconteceu em Santa Cruz, criando o embrião daquilo que a partir da reforma pombalina seriam as escolas régias, a primeira das quais surgiu em Santa Cruz com a chegada, em 1792, de um professor de gramática latina e outro de primeiras letras. Contudo, esta foi melhoria de pouca dura, pois ao fim do triénio a que estavam obrigados, os professores abandonaram o lugar, que ficou vago durante muito anos por falta de opositores. Face a essa situação, voltaram a ser os franciscanos, e o seu Convento de São Boaventura, o único recurso educativo existente na ilha.

Na fase de transição do ensino franciscano para o ensino público, um professor notável foi o padre José António Camões, por sinal filho de um dos frades de São Boaventura, que entre 1797 e 1807 exerceu de forma intermitente e em diversas capacidades o cargo de professor de gramática latina na vila de Santa Cruz, sendo o único da ilha. José António Camões regressou ao lugar em 1815, permanecendo como professor régio de latim atá à sua morte em 1827.
Santa Cruz manteve-se como a única povoação dotada de escola até à segunda metade do século XIX, consolidado assim a sua posição como capital das ilhas ocidentais, já que as elites necessariamente tinham que enviar os seus filhos para a vila, o mesmo acontecendo com os aspirantes ao sacerdócio. Esta posição dominante em termos educativos mantém-se até aos nossos dias, já que apenas em Santa Cruz funciona uma escola secundária, instalada no moderno edifício da Escola Básica e Secundária das Flores. O estabelecimento de Santa Cruz tem como patrono o padre Maurício António de Freitas, o principal promotor da fundação do Externato da Imaculada Conceição, o primeiro estabelecimento a ministrar o ensino pós-primário na ilha das Flores após a extinção das aulas de gramática latina.

O Externato da Imaculada Conceição foi fundado em Outubro de 1959, como instituição de ensino particular não oficializado, ficando a funcionar na casa que pertencera ao poeta Roberto de Mesquita. Foi transferida mais tarde para o antigo Convento de São Boaventura e transformada, já nos anos de 1980, em escola da rede pública, dotada de instalações próprias. Foi assim a instituição antecessora directa da actual Escola Básica e Secundária das Flores.

O Convento de São Boaventura albergou, e alberga ainda, o único hospital (hoje Centro de Saúde) de toda a ilha. O Hospital de Santa cruz das Flores foi fundado em 1878, por iniciativa de António Vicente Peixoto Pimentel (1827 – 1881), filho segundo de uma casa de morgados florentinos herdeiros do vínculo instituído pelo padre Inácio Coelho em 1642, o mesmo que fundara o Convento de São Boaventura.

A actual Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição teve a sua construção iniciada nos últimos anos do século XVIII, depois de ter falhado uma tentativa de transferir a Matriz para a zona nascente da Praça do Município (actual Praça Marquês do Pombal), gorada pela existência de um lençol freático muito superficial que impedia a feitura de fundações seguras. A construção apenas terminaria em 1859, pois foram muitas as dificuldades enfrentadas para financiar a colossal obra, a qual teve mesmo de ser simplificada, designadamente no que respeita à parte superior do frontispício para poupar na despesa. Ainda assim, a Matriz de Santa Cruz, hoje imóvel classificado de interesse público, tem uma das mais imponentes fachadas dos Açores.



sábado, 22 de maio de 2021

O joaquinismo e o culto do Divino Espírito Santo nos Açores



Apesar da colonização dos Açores só se ter iniciado a partir de 1432, quase 200 anos após o apogeu do joaquinismo, e do núcleo central da doutrina de Joaquim de Fiore já ter sido condenado em 1256 pelo papa Alexandre IV, há no arquipélago um claro reacender daquelas doutrinas, inspirando manifestações religiosas e acções rituais e simbólicas que perduram até aos nossos dias.

Seguramente por influência dos franciscanos espiritualistas, que foram os primeiros religiosos a instalar-se nas ilhas, partilhando com os primeiros povoadores as agruras da colonização, o culto do Divino Espírito Santo, então em apagamento na Europa devido à crescente pressão da ortodoxia religiosa, foi trazido para as ilhas. Aqui, em comunidades isoladas e sujeitas às pressões e incertezas da vida na margem do mundo conhecido, as crenças e ritos do Divino Espírito Santo ganharam raízes e recuperaram o seu vigor, reganhando um claro cunho joaquimita que ainda hoje está bem patente.

Os Açores, e as comunidades de origem açoriana, constituem assim os últimos redutos onde as doutrinas de Joaquim de Fiore sobrevivem, e, a julgar pelo recrudescer dos Impérios do Divino Espírito Santo, mantêm todo o seu vigor.
Sobre as origens do culto e dos rituais utilizados, pouco se sabe. A corrente dominante filia o culto açoriano ao Divino Espírito Santo nas celebrações introduzidas em Portugal pela Rainha Santa Isabel, que por sua vez as teria trazido do seu Aragão natal. De facto existem notícias seguras da existência do culto nos séculos XIV e XV em Portugal.

O seu centro principal parece ter sido em torno de Tomar (a Festa dos Tabuleiros parece ter aí raiz), localidade que era sede do priorado da Ordem de Cristo, a que foi confiada a tutela espiritual das novas terras, incluindo dos Açores. Outro centro relevante foi Alenquer, localidade onde, nos primeiros anos do século XIV, a rainha Santa Isabel terá introduzido em Portugal a primeira celebração do Império do Divino Espírito Santo, provavelmente influenciada por franciscanos espiritualistas, que ali fundaram o primeiro convento franciscano em Portugal. Pelo menos assim reza um velho pergaminho franciscano depositado na Câmara Velha daquela vila estremenha. A partir dali o culto expandiu-se, primeiro por Portugal (Aldeia Galega, na época Montes de Alenquer, Sintra, Tomar, Lisboa) e depois acompanhou os portugueses nos Descobrimentos.

As novas colónias, de início subordinado directamente ao prior de Tomar, e depois ao arcebispado do Funchal e ao novo bispado de Angra, estavam sobre a orientação religiosa da Ordem, a quem competia a nomeação do clero e a supervisão do seu desenvolvimento religioso.
Neste contexto, as referências ao culto do Espírito Santo aparecem muito cedo e de forma generalizada em todo o arquipélago, já que Gaspar Frutuoso, escrevendo cerca de 150 anos após o início do povoamento, já o menciona, indicando ser comum a todas as ilhas. Tal expansão apenas seria possível se contasse com a tolerância, ou mesmo o incentivo, da Ordem de Cristo. Também as referências a festejos feitas nas Constituições Sinodais da Diocese de Angra, aprovadas em 1559 pelo bispo D. frei Jorge de Santiago, demonstram que naquela altura já eram matéria a merecer a atenção da autoridade episcopal.

Tendo em conta que os povoadores vieram de múltiplas origens, desde o norte ao sul de Portugal, e ainda da Flandres e outras regiões europeias, o que aliás está bem patente na diversidade dos falares açorianos e das tradições e costumes das ilhas, e que excluindo a diocese, não existia no temporal qualquer forma de governo comum, a existência de um culto unificador, comum a todo o arquipélago, e com existência em fase tão precoce do povoamento, parece demonstrar que terá existido uma clara intenção e coordenação na sua introdução. Admitindo tal facto, não resta senão a presença franciscana como explicação para a propagação do culto e como veículo de introdução das doutrinas joaquimitas.
A existência de Irmandades do Divino Espírito Santo é já generalizada no século XVI. O primeiro hospital criado nos Açores (1498), a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Angra, recebe a designação, ainda hoje mantida, de Hospital do Santo Espírito. A distribuição de carne e os bodos eram também já comuns em meados do século XVI.

E nesse mesmo século era celebrada a bordo das Naus do Brasil e das Armadas da India: em carta enviada para Itália desde Goa, o missionário jesuíta Fúlvio de Gregori, comunica o seguinte: Costumam os portugueses eleger um imperador pela festa de Pentecostes e assim aconteceu também nesta nau S. Francisco. Com efeito, elegeram um menino para imperador, na vigília de Pentecostes, no meio de grande aparato. Vestiram-no depois muito ricamente e puseram-lhe na cabeça a coroa imperial. Escolheram também fidalgos para seus criados e oficiais as ordens, de modo que o capitão foi nomeado mordomo da sua casa, outro fidalgo foi nomeado copeiro, enfim, cada um com o seu oficio, à disposição do imperador. Entraram nisto até os oficiais da nau, o mestre, o piloto, etc. Depois, no dia de Pentecostes (ou Páscoa do Espírito Santo), trajando todos a primor, fez-se um altar na proa da nau, por ali haver mais espaço, com belos panos e prataria. Levaram, então, o imperador à missa, ao som de música, tambores e festa e ali ficou sentado numa cadeira de veludo com almofadas, de coroa na cabeça e ceptro na mão, cercado pela respectiva corte, ouvindo-se entretanto as salvas de artilharia. Comeram depois os cortesãos do imperador e, por fim, serviram toda a gente ali embarcada, à volta de trezentas pessoas.
A partir daí, e particularmente após o início do século XVIII, o culto do Divino Espírito Santo assume-se como um dos traços centrais da açorianidade, sendo o verdadeiro traço cultural unificador das populações das diversas ilhas. Com a imigração açoriana o culto é levado para o Brasil, onde já no século XVIII existia no Rio de Janeiro, na Baía e nas zonas de colonização açoriana de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco. No século XIX é levado para o Hawaii, para o Massachusetts e para a Califórnia.

Hoje o culto açoriano do Divino Espírito Santo está em claro crescimento, tanto nos Açores como nas zonas de imigração açoriana, nomeadamente as costas leste e oeste dos Estados Unidos e a Província do Ontário, Canadá. Com o renascer da identidade açoriana no sul do Brasil, os festejos do Divino revigoraram-se também aí.



sexta-feira, 21 de maio de 2021

Forte de Santa Catarina ilha do Pico Açores

O Forte de Santa Catarina, também referido como Castelo de Santa Catarina  e Castelo de Santo António,  localiza-se na freguesia de Lajes do Pico, concelho de mesmo nome, na ilha do Pico, nos Açores.
Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

Uma lei portuguesa, datada de 15 de Maio de 1574, determinou que, em todas as cidades, vilas e outros portos do mar do reino, houvesse à venda pólvora, chumbo e outras munições, e nelas se construíssem postos de vigia. Estes postos tinham como função dar aviso às populações da aproximação de corsários e piratas, então em grande número nas águas portuguesas, em busca do apresamento e saque das naus das Índias e do Brasil. Eram ainda frequentes os ataques às povoações litorâneas, em busca de víveres, riquezas e de escravos.

Na ilha do Pico, para guarnição desses postos de vigia, o Concelho das Lajes foi dividido em Companhias, como o atestam, por exemplo, na Freguesia de São João, a divisão em Companhia de Baixo e Companhia de Cima.
Nas Lajes do Pico existiram os postos de vigia da Lagoa, da Barra, do Calhau do Soldão e de Santa Catarina.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Forte de Santa Catharina sobre a Bahia." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".
No contexto da Revolução Francesa (1789), com a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder (1799), e pouco mais tarde, a eclosão da Guerra Peninsular (1807-1814), temendo uma possível invasão do reino e seus domínios, cuidou-se do reforço da defesa.

Nesse contexto, o primitivo forte de Santa Catarina, à entrada do porto das Lajes do Pico, foi ampliado ou reconstruído, dando lugar a um forte de modestas dimensões, com cerca de 22 por 34 metros. Em seus muros rasgavam-se sete canhoneiras: uma na muralha virada a Sul, outra na virada a Norte e cinco voltadas a Oeste, sobre o mar. Nos vértices voltados ao mar, erguiam-se duas guaritas. No lado Sul, adossado à muralha, erguia-se uma edificação com a função de Casa do Comando/Quartel de Tropa e Casa da Palamenta/Armazém de pólvora.

Para as suas obras, foi lançado um imposto de 3% sobre os géneros importados.
No ano de 1830, o concelho possuía dezanove Companhias de Ordenanças.
A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 refere-o e informa que "Tem um quartel arruinado", e que "As muralhas e parapeitos achão-se arruinados.". A seu respeito observa ainda:

"Como obra defensiva pode desde já desprezar-se pela pouca importância militar que tem a Ilha; entretanto conviria que este forte fosse entregue á Camara Municipal da Villa para tratar da sua conservação como obra util para o Concelho, visto que os alojamentos tem servido, e podem servir de quartel a qualquer força militar que ali vá em serviço, e por ser este o ponto fortificado indicador do pôrto principal da Ilha."

Em 1885, as suas dependências passaram a abrigar um forno de cal e, junto à muralha Norte, foi erguido um novo armazém para apoiar aquele forno.
O conjunto chegou ao final do século XX em ruínas, de que subsistiam apenas a torre de vigia, as canhoneiras e um barracão. Em seu interior encontravam-se os vestígios do forno de cal instalado no final do século XIX.

Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 95/78, de 12 de Setembro, publicado no Diário da República, I Série, n.º 210.

Graças à doação da propriedade por parte dos herdeiros de Manoel da Rosa e Maria da Conceição Machado e Rosa, e dos de Luísa Amélia da Silveira, após intervenção de consolidação e restauro por iniciativa da Câmara Municipal das Lajes do Pico, o forte foi requalificado e reinaugurado em 26 de Agosto de 2006. O espaço compõem-se de um posto municipal de informação turística, loja de produtos regionais e livraria, jardim público e miradouro, área de animação e espectáculos ao ar livre (anfiteatro), e instalações sanitárias.

Em 2011 o forte foi distinguido com o Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista, na categoria de obra e sub-categoria de Desenho Urbano. A premiação, organizada pelo jornal Arquitecturas, destacou o trabalho realizado pela empresa Arquitectos Paisagistas Associados Lda., que conta com a assinatura dos arquitectos Luís Cabral, Vasco Simões, Rui Pinto e Ana Teresa Robalo, e dos engenheiros Francisco Salpico, Nelson Capote e José Rosendo.



quarta-feira, 19 de maio de 2021

Amélia Ernestina Avelar

 

Amélia Ernestina Avelar César Ribeiro nasceu na Madalena Ilha do Pico a 1 de Maio de 1848 e faleceu em Angra do Heroísmo a 13 de outubro de 1886.  Foi uma poetisa portuguesa.

Filha de José Inácio Soares de Avelar e de Maria Aurora de Avelar. Integrada na “Escola Romântica”, corrente literária do final do século, seus poemas tomam formas sentimentais. Eles refletem basicamente seu tempo e suas ilhas queridas. Deixou um livro manuscrito, intitulado Ensaios Poéticos,  onde inclui u dos mais belos poemas “O meu Pico”. Em 1870, sua obras, Flor de Giesta, Canto da Noite, A Saudade, Longa da Pátria e o Mar, chegam aos periódicos faialenses.


Romântica e sonhadora, com sua poesia espontânea, expõe com naturalidade a sua época. Em 26 de julho de 1878, casou com António Mariano César Ribeiro, então Coronel do Exército Português. Amélia acompanha o marido ao Ultramar, onde este serviu durante algum tempo na província de Angola, em Moçâmedes e na capital, Luanda. Dedicou grande parte da sua vida às letras e, aos doze anos, apresentava em público, as primeiras composições. Faleceu a 13 de outubro de 1886 em Angra do Heroísmo - Açores.

O poeta Osório Goulart assim escreve sobre sua obra: - “Foi uma poetisa que usou brilhantemente os adereços literários do seu tempo...”

O escritor Ernesto Rebelo, que foi contemporâneo de Amélia Avelar, no livro de sua autoria “Notas Açoreanas” tem a seguinte apreciação: - “Inspiram-na porém os mais doces sentimentos d´alma e porventura os esplêndidos panoramas que a natureza oferece naquela vulcânica ilha”.

O professor Ruy Galvão de Carvalho ao referir-se a ela diz: - “Os seus versos são reveladores de uma alma dotada dos mais doces sentimentos”. eu livro Ensaios Poéticos, está no acervo da Amazon. como naa Biblioteca Nacional de Lisboa.



segunda-feira, 17 de maio de 2021

Cidade da Praia da Vitória ilha Terceira Açores


Instalados definitivamente os primeiros povoadores na ilha Terceira, passou Jácome de Bruges, primeiro capitão do donatário da ilha, ao lugar da Praia, onde fixou a sua residência, juntamente com seu lugar-tenente Diogo de Teive. A Praia constituiu-se assim na sede da capitania da Terceira entre 1456 e 1474, ano em que a ilha foi dividida em duas capitanias, pelo desaparecimento do donatário, ficando a capitania da Praia a cargo de Álvaro Martins Homem.

A região desenvolveu-se com rapidez, graças à cultura do pastel e do trigo. Desse modo, a Praia foi elevada a Vila, sede de Concelho, em 1480, ainda ao tempo de Álvaro Martins Homem.

No último quartel do século XVI, Gaspar Frutuoso assim descreve a vila:

"(...) e logo está a vila da Praia, nobre e sumptuosa e de bons edificios, edificados por muito bom modo, cercada de boa muralha, com os seus fortes e baluartes toda em redondo, povoada de nobres e antigos moradores, como uma das mais antigas povoações da ilha, rodeada de fermosas e ricas quintas de nobres e grandiosos fidalgos, com uma freguesia e sumptuosa igreja de três naves, com a capela-mor de abóbada e portais e pilares bem lavrados de pedra mármore, toda cercada de capelas de grandes morgados (...) sua invocação principal é de Santa Cruz (...)."
"(...) onde há casa de Misericórdia e hospital, com duas igrejas, uma do hospital do Espírito Santo e outra de Nossa Senhora, com uma nave pelo meio (...); e um fermoso mosteiro de S. Francisco em que continuamente residem dez ou doze religiosos, onde há muitas capelas de morgados semelhantes aos acima ditos; três mosteiros de freiras, o mais principal dos quais é de Jesus (...), de quarenta freiras de véu preto e os dois, um de Nossa Senhora da Luz e outro das Chagas, da obediência e da observância de S. Francisco, em que há menos religiosas." (FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra (Livro VI). Cap. I, p. 15.)

No contexto da Dinastia Filipina, aqui se travou a batalha da Salga (1581). Foi na Praia que o pretendente ao trono de Portugal, D. António Prior do Crato, foi aclamado rei aquando do seu desembarque nesta localidade em 1582. Posteriormente, no contexto da Restauração da Independência Portuguesa, foi na Praia que se deu a aclamação de João IV de Portugal, quando da chegada de Francisco Ornelas da Câmara à Terceira.

A povoação foi arrasada pelo grande terramoto de 1614, tendo o mar tragado as que lhe ficavam mais próximas. Durante o século XVII foi reconstruída, continuando presa de diversos abalos sísmicos menores.


A 24 de março de 1641 Francisco Ornelas da Câmara procede à aclamação do rei D. João IV de Portugal diante da Igreja Matriz de Santa Cruz.

No decorrer da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), aqui se travou ainda a batalha da baía da Praia (11 de Agosto de 1829), quando frustrou a tentativa de desembarque de uma esquadra de tropas miguelistas. Esta vitória levou a que, por carta régia de 12 de Janeiro de 1837, como reconhecimento, lhe fossem outorgados os títulos de "Mui Notável" e "da Vitória" pela soberana.


A sua importância económica permaneceu, apesar do grande terramoto de 15 de Junho de 1841 (a chamada "Caída da Praia") que a destruiu parcialmente. A sua reconstrução, a partir dos meados do século XIX deveu-se à iniciativa do Conselheiro José Silvestre Ribeiro. O padre Jerónimo Emiliano de Andrade, que viveu em meados do século XIX, refere:

"Apenas o viajante sai da freguesia do Cabo da Praia tem logo à vista a magnífica e majestosa Vila da Praia da Vitória, que lhe fica a uma distância de pouco mais de um quarto de légua. (...)"
A vila foi elevada à categoria de cidade a 20 de Junho de 1981, tendo-se designado Vila da Praia da Vitória até 1983.



sábado, 15 de maio de 2021

José Joaquim de Sena Freitas

 

José Joaquim de Sena Freitas  nasceu em Ponta Delgada a 27 de Julho de 1840  e faleceu no  Rio de Janeiro a  21 de Dezembro de 1913.

 Foi um sacerdote, orador sacro e polemista português. Publicou um extenso conjunto de obras, a maior parte sobre questões religiosas e de moral. Manteve intensas polémicas com diversos intelectuais e jornalistas portugueses e brasileiros. 

Natural da ilha de São Miguel, filho do publicista e historiador Bernardino José de Sena Freitas, fez os estudos primários em Vila Franca do Campo e os secundários no Seminário de Santarém. Foi condiscípulo de Antero de Quental e conviveu com homens de letras como António Feliciano de Castilho, teve apreciada produção literária e ficou conhecido por polemista de garra. Tornado clérigo, empreendeu um percurso que o levou a tornar-se Lazarista, professando na Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, depois de concluir o Curso Teológico no Seminário de Saint-Lazare, em Paris. Seguiu depois rumo ao Brasil, onde ensinou e missionou por largos anos antes de regressar a Portugal.

Fixou-se em 1873 em Felgueiras, nomeado professor de Filosofia e Línguas no Colégio de Santa Quitéria, mantendo-se no Monte das Maravilhas cerca de um ano, para mais tarde ali voltar em 1877. Posteriormente, por mais que uma vez saiu da sua Congregação e foi readmitido, voltou igualmente ao Brasil e retornou, foi nomeado Cónego da Sé de Lisboa, andou pelo Oriente, foi exímio escritor e acabou por se radicar finalmente no Brasil, onde faleceu a 21 de Dezembro de 1913.

Sena Freitas foi uma das figuras mais notáveis do catolicismo português do período do liberalismo. Escritor exímio e polemista indomável e militante pela salvaguarda dos ideais do Cristianismo, este que foi considerado o "Lacordaire Lusitano" ou o "Padre António Vieira de Oitocentos", ombreou em termos intelectuais com os grandes vultos literários da cultura portuguesa do século XIX como Antero de Quental, Teófilo Braga, Camilo Castelo Branco e Guerra Junqueiro.

O padre Sena Freitas assinou inúmeros artigos da revista católica Estudos Sociais (Coimbra, 1905-1911), destacando-se aqueles em que é abordada a questão da tolerância católica (crítica aos historiadores que confundem católicos com catolicismo e papas com pontificado - a Igreja Católica é constituída por homens que cometem erros o que não impede que a doutrina e a hierarquia se mantenham) e a importância do catolicismo social (o movimento social cristão aproxima a Igreja da sua função original o que permite uma atitude optimista face ao futuro).

Nunca foi esquecido, merecendo estudos analíticos de intelectuais como Antero de Figueiredo, Dinis da Luz, Augusto Ferreira e o padre Moreira das Neves, entre outros que lhe dedicaram páginas apreciativas ao temperamento que o fez passar pela vida com notoriedade. Ficou célebre a polémica que manteve com o escritor brasileiro Júlio César Ribeiro Vaughan a propósito do romance A Carne publicado por este em 1888. Filiando-se na corrente do Naturalismo, o romance pareceu aos leitores impregnado da preocupação de exibicionismo sensual, o que provocou a irritação de muita gente. Vários críticos, entre eles José Veríssimo e Alfredo Pujol, atacaram o romance. O ataque principal partiu do padre Sena Freitas, com o seu artigo "A carniça", publicado no Diário Mercantil. O romancista, espírito orgulhoso e altivo, republicano e anticlerical, replicou com uma série de artigos intitulados "O Urubu Sena Freitas", publicados em Dezembro de 1888. Este episódio está recolhido no livro Uma polémica célebre (Edições Cultura Brasileira, 1934).

Falecido no Rio de Janeiro em 1913, as suas cinzas chegaram a Ponta Delgada a 4 de Março de 1925. No espaço onde existira a primitiva igreja de São José e o primeiro Teatro Micaelense, destruído por um incêndio em 1930, foi feito um jardim público, denominado Jardim Sena Freitas, no qual foi erigida uma sua estátua, em 1966.


Em 1933 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o Padre dando o seu nome a uma rua na Penha de França.

Sena Freitas é autor de uma vasta produção literária. Publicou obras de apologética, oratória, jornalismo e crítica, publicando mesmo alguma ficção sob a forma de romances de inspiração cristã. Entre muitas outras, é autor das seguintes obras:


Os Milagres e a Crítica Moderna

Escritos de Hontem

No Presbitério e no Tempo

Os Nossos Bispos do Continente

Perfil de Camilo Castelo Branco

Por Terra e Mar

Dia a Dia dum Espírito Christão

Historicidade da Existencia Humana de Jesus. Contra Emilio Bossi

A Alta Educação do Clero (tradução e adaptação de uma obra do arcebispo norte-americano John Lancaster Spalding)



quinta-feira, 13 de maio de 2021

Cidade da Horta ilha do Faial Açores





Em 1465, o nobre flamengo Joss van Hurtere desembarcou na então denominada "Ilha de São Luís" (atual Faial) com mais 15 compatriotas. O grupo demorou-se na ilha por um ano, em busca de prata e estanho.

Em 1467, Hurtere retornou à ilha em uma segunda expedição. Desembarcou num trecho da costa que viria a ser conhecido como baía da Horta e, no local que escolheu para se estabelecer, que deu origem à povoação da Horta, fez erguer uma ermida sob a invocação da Santa Cruz.

Em 21 de Fevereiro de 1468, o Infante Fernando de Portugal, Duque de Viseu e Donatário dos Açores, concedeu a Hurtere a Capitania do Faial. Aos primeiros povoadores - camponeses flamengos - somou-se grande quantidade de agricultores oriundos da região Norte de Portugal continental, dispostos a trabalhar arduamente nas novas terras. Hurtere, buscando novas oportunidades de negócio, atraiu uma segunda vaga de colonos, que chegaram por volta de 1470, sob o comando do também nobre flamengo Willem van der Haegen (mais tarde transliterado para Guilherme da Silveira), que trouxe administradores, comerciantes, colonos e outros compatriotas para se estabelecerem na ilha.


O filho de Hurtere, Joss de Utra (que se tornou o segundo capitão-mor ), e a filha, D. Joana de Macedo (que foi desposada por Martin Behaim, em 1486, na Ermida de Santa Cruz), permaneceram na ilha do Faial muito depois do falecimento de Hurtere, em 1495.

A ilha prosperou com a exportação de trigo e pastel. Essa prosperidade fez com que a povoação da Horta fosse elevada a vila por D. Manuel I de Portugal já no ano de 1498. No início do governo de Joss de Utra (c. 1495), o centro da futura Vila da Horta já se encontrava mais a Norte da Ermida de Santa Cruz. A primitiva Casa da Câmara e Cadeia, situava-se na altura do n.º 16 da Rua do Bom Jesus. A freguesia da Matriz do Santíssimo Salvador da Horta, a primeira freguesia paroquial a ser constituída, foi aberta ao culto em 28 de Junho de 1514.

Data de 1567 o projeto do Forte de Santa Cruz da Horta. O aumento do povoamento, por essa época, levou à constituição da freguesia de N. Sra. da Conceição (30 de Julho de 1568), e mais tarde, da freguesia de N. Sra. da Angústias (28 de Novembro de 1684), pela Diocese de Angra.

Aquando da visita do padre Gaspar Frutuoso, por volta de 1570, a vila da Horta tinha 509 fogos.



terça-feira, 11 de maio de 2021

Christopher Hampton nasceu na ilha do Faial Açores




Filho dos britânicos Dorothy Patience (nascida Herrington) e Bernard Patrick Hampton, um engenheiro de telecomunicações que trabalhava na Cable & Wireless, Christopher Hampton nasceu na cidade portuguesa da Horta ilha do Faial    Açores a 26 de janeiro de 1946 .  Por causa do trabalho do seu pai, a sua família passou a morar em Adem no Iémen, e Alexandria no Egito, e posteriormente em Hong Kong e Zanzibar. A família teve de se mudar novamente, por causa da crise de Suez em 1956.

Após frequentar uma escola preparatória em Reigate, Surrey, Hampton estudou no colégio interno Lancing College, situado próximo à aldeia de Lancing, em West Sussex, onde distinguiu-se como sargento na Combined Cadet Force. David Hare foi um contemporâneo de Christopher Hampton e o seu professor foi Harry Guest.
Em 1964 aprendeu alemão e francês no New College, em Oxónia, e se diplomou com distinção em 1968.

Christopher Hampton começou a trabalhar com o teatro na Universidade de Oxónia, onde realizou a sua peça teatral When Did You Last See My Mother? na Oxford University Dramatic Society, relacionada à homossexualidade adolescente, refletindo as suas próprias experiências em Lancing.  Christopher Hampton enviou a sua obra para Peggy Ramsay, que mostrou a William Gaskill, que se interessou nela.  A peça foi encenada no Royal Court Theatre em Londres, e logo após no Comedy Theatre (conhecido atualmente como Harold Pinter Theatre) em 1966, tornando-se o escritor mais jovem da era moderna a realizar uma peça teatral nos teatros de West End.[2] Entre 1968 e 1970, trabalhou como dramaturgo residente e gestor do Royal Court Theatre.

Christopher Hampton venceu o Óscar de melhor argumento adaptado em 1988 pelo filme Ligações Perigosas, e também foi nomeado ao mesmo prémio pela adaptação cinematográfica do romance do escritor britânico Ian McEwan em 2007.



domingo, 9 de maio de 2021

Lajes da ilha do Pico Açores

 

À época dos Descobrimentos portugueses, na fase henriquina, a ilha foi designada como ilha de São Dinis, conforme consta no testamento Infante.


Posteriormente, na cartografia do século XIV, encontra-se denominada como "ilha dos Pombos".


Acerca do seu primeiro povoador, nas Lajes do Pico, Frei Diogo das Chagas refere:


"O primeiro homem que se pratica por certo haver entrado nesta Ilha para a povoar foi um Fernando Álvares Evangelho, o qual vindo a buscar a tomou pela parte do Sul, (…) saltou em terra onde se diz o penedo negro, e com ele um cão que trazia, e o mar se levantou de modo que não deu lugar a ninguém mais saltar em terra, e aquela noite se levantou vento, de modo a que a caravela no outro dia não apareceu, e ele ficou na Ilha com seu companheiro, o cão; e nele esteve um ano sustentando-se da carne dos porcos, e outros gados bravos, que com o cão tomava (pois o Infante quando as descobriu, em todas mandou deitar gados, havia nelas, quando depois se povoaram, muita multiplicação deles) (…)." (CHAGAS, Diogo (Frei). Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores. Secretaria Regional de Educação e Cultura/Universidade dos Açores, 1989.)

Frei Agostinho de Monte Alverne, entretanto, acrescenta:


"Outros dizem que os primeiros povoadores foram os que mandou Job Dutra, da ilha do Faial, porque estando à sua janela, vendo esta ilha do Pico pela parte sul, mandou um barco de gente para a povoar por esta parte, onde hoje é a freguesia de São Mateus. E é esta ilha tão fragosa, que, povoando-a estes por esta parte e os outros pela outra, dois anos estiveram sem saberem uns dos outros, nos quais o capitão Job Dutra mandou pedir a capitania e a alcançou, e uns e outros povoadores se avistaram e festejaram muito." (Frei Agostinho de Monte Alverne. Crónicas da Província de São João Evangelista (v. III). Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1988. p. 191)

Em 29 de Dezembro de 1482, a ilha foi integrada na Capitania do Faial pela Infanta D. Beatriz, em virtude de Álvaro de Ornelas, seu primeiro capitão do donatário não ter tomado posse efetiva da ilha por volta de 1460.

Em 1501, Lajes do Pico foi elevada a Vila e sede de concelho pelo Manuel I de Portugal. Em 1542 foi a vez de São Roque do Pico e em 1712 , a de Madalena, confirmando a sua importância económica como porto de ligação com o Faial, e também como local de residência dos proprietários dos extensos vinhedos da zona, já então produtora de vinho, o Verdelho do Pico.


Além da agricultura (trigo, pastel), da pecuária e da pesca, a economia da ilha, desde o início do povoamento, foi marcada pelo cultivo da vinha e a produção de vinho. Sobre elas, o Padre António Cordeiro registou:


"O maior fruto, e mais célebre desta Ilha do Pico é o seu muito e excelente vinho, e quantas mil pipas dê cada ano (…) as outras ilhas, as armadas, e frotas, os estrangeiros o vão buscar, e o muito que vai para o Brasil, e também vem para Portugal; a razão deu-a já o antigo Frutuoso Liv. 6 cap. 41, dizendo que o vinho do Pico não só é muito, mas justamente o melhor, (…), porque é tão generoso e forte, que em nada cede ao que na Madeira chamam Malvazia; antes parece que este vence aquele, porque da Malvazia, pouca quantidade basta para alienar um homem do seu juízo, não se acomoda tanto à saúde; porém o vinho passado do Pico, emprega-se mais em gastar os maus humores, confortar o estômago, alegrar o coração, e avivar, e não fazer perder o juízo, e uso da razão, além de ser suavíssimo no gosto, e muito 'confortativo', ainda só com o cheiro; e por isso é muito estimado, (…)." (Pe. António Cordeiro. História Insulana das ilhas a Portugal Sujeitas no Oceano Ocidental. Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981. p. 474.)


A sua cultura foi apurada, ao longo dos séculos, com o auxílio dos frades Franciscanos, Domincanos e, mais tarde, Jesuítas, nos séculos XVII e XVIII.