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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Teresa da Anunciada


A Madre Teresa da Anunciada (Ribeira Seca, 25 de Novembro de 1658 — Ponta Delgada, 16 de Maio de 1738) foi uma freira da Ordem das Clarissas que se celebrizou como iniciadora da devoção ao Santo Cristo dos Milagres na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, hoje a maior festividade religiosa dos Açores. Morreu com fama de santidade, tendo já sido oficialmente declarada como Venerável, decorrendo, no presente, um processo para a sua canonização.
A futura Madre Teresa da Anunciada nasceu e foi baptizada no dia 25 de Novembro de 1658, na freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, arrabaldes da então vila da Ribeira Grande. Baptizada Teresa de Jesus, foi a mais nova dos 13 filhos do casal formado por Jerónimo Ledo de Paiva, da Ribeira Seca, e Maria do Rego Quintanilha, da vila do Nordeste.


O pai faleceu a 24 de Janeiro de 1666, após prolongada doença, deixando os filhos mais novos, a cargo da viúva. Por volta de 1670 regressou do Brasil, onde estivera nas missões de evangelização, frei Simão do Rosário, um dos irmãos mais velhos, que ensina as irmãs mais novas a ler. Teresa de Jesus interessa-se então pela literatura religiosa, nomeadamente a vida de santos, e, em particular, pelas Revelações de Santa Brígida.
Pouco dada aos trabalhos domésticos, ao ponto de ser considerada mimosa e de dizer que se inclinava mais a ser Maria para o descanso do que Marta para o trabalho, começou a mostrar grande interesse pelas coisas religiosas, no que seguiu a sua mãe, tida como vidente na Ribeira Grande. Por influências da sua irmã, que lhe conseguiu obter as necessárias licenças, aos 23 anos entrou para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada, onde iniciou o seu noviciado a 19 de Novembro de 1681 e recebe o véu de noviça a 20 de Junho de 1682.
No Convento de Nossa Senhora da Esperança desenvolve uma forte devoção por uma imagem de Cristo, no passo Ecce Homo, que ali existia, passando a dedicar grande parte do seu tempo à sua adoração. Fez votos solenes a 23 de Julho de 1683 e foi crismada com o nome de Teresa da Anunciada, por sugestão de frei Francisco da Anunciada, seu confessor. A procissão do ingresso de Teresa da Anunciada saiu da igreja de Nossa Senhora da Conceição, dos Franciscanos, com uma luzida procissão que integrava a família, convidados e músicos, acompanhada pelo repicar de sinos das torres das igrejas circunvizinhas.
A partir daí dedica-se ao culto da imagem, passando a alegar que em visões e sonhos Cristo lhe falava, indicando-lhe quais os seus desejos em relação àquele culto e quais as obras e decorações que deviam ser feitos em torno da imagem. Em 1698 terá sido realizada a primeira procissão do Senhor Santo Cristo utilizando a imagem do Ecce Homo do Convento da Esperança.
O culto ganha finalmente grande expressão popular quando em 1713, no auge de uma crise sísmica, a imagem cai ao ocorrer um forte sismo durante uma procissão, sendo tido como milagroso que se não tivesse quebrado e que a crise sísmica tivesse cessado. Após este incidente a imagem ganha o epíteto dos Milagres, passando a procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres a ocupar um dos lugares centrais do calendário religioso micaelense.
O culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres e a respectiva procissão foram crescendo ao longo destes últimos 300 anos, sendo hoje uma festa religiosa que reúne algumas dezenas de milhar de fiéis em cada ano.

Depois de uma vida dedicada à promoção do culto da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, morreu aos 79 anos, com fama de santidade, a 16 de Maio de 1738.

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