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terça-feira, 5 de setembro de 2023

Cinco Ribeiras ilha Terceira Açores

 


O povoamento da zona oeste da ilha Terceira iniciou-se nos finais do século XV, quando as terras das vertentes da Serra de Santa Bárbara foram distribuídas em sesmaria por João Vaz Corte-Real, então capitão-do-donatário em Angra. A maioria dos povoados ficaram estruturados na década de 1510. Os condicionalismos da topografia local e a escassez de nascentes de água, levou a que o povoamento assumisse ali um carácter linear, ao longo do caminho que partindo de Angra se dirigia para oeste, fixando-se os povoadores nas margens das ribeiras, nas imediações do local onde estas eram atravessadas por aquele caminho, pois sendo a região muito pobre em nascentes, os habitantes eram obrigados a recorrer à água das ribeiras, elas também efémeras já que durante o Verão raramente correm.


Essa vasta zona, que vai de São Bartolomeu dos Regatos até à Serreta, no extremo oeste da ilha, ficou assim povoada em torno das ribeiras, popularmente "numeradas" de leste para oeste, ou seja, de Angra para a Serreta, dando origem a topónimos como Cinco Ribeiras, Nove Ribeiras ou Doze Ribeiras. O centro administrativo e religioso da região centrou-se na Igreja de Santa Bárbara, às Nove Ribeiras, constituindo-se, em data anterior a 1489, uma imensa paróquia que se estendia desde a Cruz das Duas Ribeiras até ao Biscoito da Serreta.


Um desses lugares, situado Às Cinco Ribeiras, isto é nas margens da quinta ribeira contada desde Angra, assumiu alguma importância e nas suas proximidades os Jesuítas adquiriam uma propriedade, provavelmente para veraneio, na qual ergueram, já na segunda metade do século XVII, uma ermida sob a invocação de Nossa Senhora do Pilar. Expulsos os Jesuítas à época do marquês de Pombal, a propriedade foi arrematada por particulares, tendo a ermida se mantido ao serviço da comunidade até que em 1832 foi doada ao povo da freguesia.


À medida que o povoamento se foi estruturando, a freguesia de Santa Bárbara foi sendo repartida em curatos e depois em paróquias autónomas, precursoras das actuais freguesias. Foi nesse contexto, que as populações que viviam em torno da Ribeira das Cinco, no extremo sueste da então freguesia de Santa Bárbara, começaram a reivindicar a presença de um cura de almas que lhes providenciasse um serviço religioso de maior proximidade.


Foi assim que o lugar de Nossa Senhora do Pilar das Cinco Ribeiras foi elevado a curato, por provisão do bispo de Angra, D. frei Estêvão de Jesus Maria, datada de 13 de junho de 1867. Aquela provisão reconhecia o crescimento demográfico da zona  e a sua distância em relação à igreja paroquial de Santa Bárbara das Nove Ribeiras, localizada cerca de 3 quilómetros a oeste.


Com a construção de uma nova igreja que sucedeu a primtiva ermida, ficaram reunidas as condições para a elevação do curato a paróquia, o que foi conseguido por decreto de 8 de fevereiro de 1879. A nova freguesia foi constituída com os seguintes limites:


Norte: bordo da caldeira que fica detrás da Serra de Santa Bárbara, em virtude da mesma caldeira confinar com outras freguesias, matos e campos baldios;

Sul: a rocha do mar, nela se incluindo o Porto das Cinco com o seu forte do porto;

Nascente: da rocha do mar, seguindo na direcção do Norte tocando o paredão da corredora do cerrado de trás dos Ormondes; lado Ocidental do Pico chamado de Luís Coelho; Cruz das Duas Ribeiras na Estrada Real; lameiro de Bárbara Antónia, nas Canadinhas; nascente da casa, eira e pastos dos Corvelos, no Escampadouro; canada de servidão nos pastos de Francisco de Barcelos; o lado oriental dos Morros; o Calhau Branco entre a nascente da Ribeiras das Duas e o poente da Ribeira de Trás, daqui até à Serra de Santa Bárbara e bordo da Caldeira.



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