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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Antão Vaz na ilha do Corvo


Não obstante pouco se saber sobre a vida de Antão Vaz, também conhecido por Antão Vaz Teixeira, que foi considerado o primeiro grande impulsionador do povoamento da ilha do Corvo, o trabalho por ele ali desenvolvido justifica que se apresente o seu nome às gerações vindouras, designadamente, às corvinas. Acontece que, como ele não viveu sempre na ilha do Corvo e terá talvez falecido fora dela, não se enquadra perfeitamente no espírito que presidiu à selecção dos corvinos que ocupam esta última parte do livro. Mas, como primeiro povoador, interessado no povoamento da ilha, julgámos ser justo inseri-lo neste trabalho, ainda que limitados aos elementos que dele conseguimos obter de vários historiadores.
Frei Diogo das Chagas (1584-1661?) começa o capítulo do seu livro “Espelho Cristalino” dedicado à ilha do Corvo, donde respigámos e “bebemos” o essencial desta síntese biográfica, escrevendo que “O Primeiro descobridor e povoador deste ilheo do Corvo foi como já deixamos ditto Antão Vaz…”. Povoador sim, mas descobridor não, dizemos nós, já que ambas as ilhas do Grupo Ocidental haviam sido descobertas, simultaneamente, em 1451 ou 1452 por Diogo de Teive, antes de Antão Vaz ali ter chegado em 1504.

Antão Vaz rumou à ilha do Corvo, tendo os restantes se fixado na ilha das Flores. O irmão, Lopo Vaz, fixou-se na fajã, junto das Lajes, que ainda hoje ostenta o seu nome; a sua irmã, Maria Vaz, que terá vindo mais tarde, ter-se-à estabelecido no Norte da ilha das Flores, nas proximidades de Ponta Delgada, onde ainda existe hoje um ou mais ilhéus com o seu nome, como esclarece anos depois o Padre Camões. Segundo nos informou o corvino Dr. João Saramago, no Corvo, ao lado esquerdo do Boqueirão, também há uma ponta que se chama “Maria Vaz”.

Chegado à ilha do Corvo, onde terá permanecido vários anos, Antão Vaz logo tentou promover o seu povoamento. Nela terá fundado ou erigido uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Rosário. O seu primeiro capelão, D. Agostinho Ribeiro, terá sido por ele trazido de Lisboa. Mais tarde foi o primeiro Bispo dos Açores, como escreveu o Padre António Cordeiro (1640-1722), na sua “História Insulana”. Frei Agostinho de Montalverne (1629-1726), confirma esta informação, como consta do Capítulo I da sua “Crónica da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores”, terá trazido para o Corvo “para seu capelão Agostinho Ribeiro que administrava os sacramentos”. Este padre, mais tarde, depois de passar pela Diocese de Angra, foi nomeado Reitor da Universidade de Coimbra.

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