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sábado, 13 de junho de 2015

Documentos emitidos na Bahia entre 1664 a 1889

Documentos emitidos na Bahia entre 1664 a 1889 poderão ser acessados online
A escrava Isabel, que sequer tinha sobrenome, recebeu sua alforria em 22 de abril de 1816 – assim como sua filha, Eufrásia. Em 1853, foi a vez da também escrava Emília Nagô ter sua liberdade: comprada pela bagatela de 450 mil réis.

No mesmo ano, o Engenho de Maraçu publicava uma escritura com todos os seus escravos e Clara Eugênia Dias vendia uma casa de um único pavimento na região da Lapa a Manuel Felipe Bahia da Cunha por um pouco mais do que a compra da liberdade de Emília: 500 mil réis.
Cartas de liberdade, escrituras de venda e compra de imóveis, procurações, contratos de casamento, atas de eleição... Por muito tempo, documentos como esses ficaram escondidos entre as paredes da sede do Arquivo Público do Estado, na Baixa de Quintas.

Mas a digitalização de cerca de 450 mil imagens de 900 livros de notas (também conhecidos como registros de cartório) de Salvador promete trazer muito da história da Bahia e do Brasil para a luz – além de facilitar a vida de estudiosos e do público geral.

 Desde maio, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), sob o comando do professor João José Reis, em parceria com a Fundação Pedro Calmon e o Arquivo Público, começou a digitalizar o material, que é do período de 1664 a 1889. O projecto é financiado pela British Library (Biblioteca Britânica), através do programa Arquivos Ameaçados de Extinção.

Demanda

Ao todo, serão investidas cerca de £ 42 mil libras (algo em torno de R$ 200  mil), ao longo dos dois anos do projecto. Depois, quando tudo tiver sido digitalizado, ficará disponível on line no site da British Library para ser acessado gratuitamente, de qualquer parte do mundo.
“A série documental escolhida para este projecto é fundamental para a escrita da história social e económica da Bahia. São documentos que já vêm sendo usados há décadas pelos pesquisadores. E são, com frequência, consultados pelo público em busca de documentos sobre história familiar, cadeias sucessórias de imóveis, limites de propriedade, entre outros assuntos”, explica o professor João José Reis, que é do Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Ufba.

É difícil estimar quantas pessoas buscam os registros dos livros de notas, mas, segundo a directora do Arquivo Público, Maria Teresa Matos, eles estão entre as principais buscas das cerca de 300 consultas que o órgão recebe por mês. Como todos são muito antigos e frágeis, o risco de perdê-los era grande.


“A digitalização não vai apenas ampliar o acesso das pessoas aos documentos, mas vai ser possível preservá-los”.

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