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sexta-feira, 22 de maio de 2020

OS IRMÃOS MELLOS DE ITU



Pouco se tem falado da importância dos Açores na colonização de São Paulo. Este arquipélago do Oceano Atlântico foi descoberto (ou redescoberto) por Frei GonçaloVelho, e por séculos grande parte de sua população passou para o nosso país, povoando-o de norte a sul. Muitos partiram em busca de maior espaço no novo continente, outros assustados e temerosos de continuarem numa região que, de quando em quando sofria as acções dos terremotos e maremotos, outros ainda pelos constantes ataques de piratas muçulmanos e ingleses. Há quase trezentos anos, três irmãos Mellos, João de Mello do Rego, Matias de Mello do Rego e Pedro de Mello e Souza, das melhores famílias da Ilha de São Miguel, a maior  ilha dos Açores, partem provavelmente da cidade de Ponta Delgada com destino à então vila de Itu, que se igualava a São Paulo em termos de importância. Lá chegando,se uniram com gente da mesma qualidade, pois os dois mais velhos  casaram com duas irmãs, filhas do também açoriano Sebastião de Arruda Botelho, e o mais novo dos três casou-se com uma neta do mesmo Sebastião.
É certo que o velho açoriano, um dos troncos da família Arruda Botelho no Brasil, conhecesse, e bem, a nobreza dos Mellos, já que eramoriundos do mesmo distrito de Ponta Delgada, muito embora de concelhos diferentes. A ascendência deles consta de instrumentos passados no ano de 1704, um em Lagoa, e outro na cidade de Ponta Delgada, ambos na Ilha de São Miguel, a favor do tio deles, o Capitão Manoel do Rego de Souza, que "em 1704 justificou judicialmente a sua ascendência paterna para mostrar que era nobre e de sangue limpo, porque um João do Amaral, dos Fenais  da Luz, que fora preso no Castelo de Ponta Delgada, por ordem deste Manoel do Rego de Souza, que era capitão de ordenanças, quando foi solto  chamou o  mulato; a justificação foi sentenciada a 22 de Outubro de 1704, em Ponta Delgada, sendo o réu João de Amaral condenado a pena pecuniária." Os irmãos Mellos arquivaram um traslado destes instrumentos na Câmara de Itu, conforme nos ensina Silva Leme , informação esta talvez passada por Pedro de Mello e Souza, bisneto de um dos troncos, colaborador de Silva Leme para a sua "Genealogia Paulistana". O amigo, primo e genealogista Celso Maria de Mello Pupo, bisneto deste Pedro de Mello e Souza, nos diz que quando  o seu bisavô era consultado por noivos para saberem se haveria ou não um parentesco dentro de grau proibido, deixava vazar grandes conhecimentos das famílias antigas de Itu, e,elogiado, dizia que ele pouco sabia, e o pouco que sabia tinha  aprendido de seu pai Balduíno de Mello Castanho e Sampaio, e este sim é que era profundo conhecedor do assunto.

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