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quarta-feira, 3 de julho de 2019

.A história dos Açores é marcada por um conjunto de calamidades naturais desde os seus povoadores

 1432 — Início do povoamento dos Açores.


1439?-1444? — Erupção vulcânica nas Sete Cidades, São Miguel - Não há notícias seguras sobre esta erupção nem uma data precisa para a sua ocorrência. Segundo Gaspar Frutuoso, os navegantes que se dirigiam a São Miguel, logo após a sua descoberta, encontraram a topografia da parte oeste da ilha modificada e no mar flutuavam troncos e pedra pomes. Os colonos que ficaram na Povoação sentiram estrondos e tremores de terra: "morando os descobridores em suas cafuas de palha e feno, ouviram quase por espaço de um ano tão grande ruído, bramidos e roncos que dava a terra com grandes tremores ainda procedidos da subversão e fogo do pico antes sumido".

1460? — Erupção vulcânica nas Sete Cidades, São Miguel - Não há notícias seguras sobre esta erupção, não se conhecendo a localização precisa e os efeitos produzidos.


1522 — Subversão de Vila Franca do Campo (sismo e deslizamento de terras), São Miguel - Na noite de 21 para 22 de Outubro de 1522, um violento sismo provocou um grande deslizamento de terras nas encostas sobranceiras a Vila Franca do Campo, causando o soterramento da maior parte da vila, então capital de São Miguel. O efeito combinado do sismo e do soterramento provocou a morte a milhares de pessoas. O sismo causou ainda mortes em muitas outras povoações de São Miguel e também grandes deslizamentos de terras na Maia, e região circunvizinha, e em Ponta Garça. A tragédia de Vila Franca inspirou muitos escritos e pelo menos um romance de raiz oral intitulado Romance que se Fez d'Algumas Mágoas, e Perdas que Causou o Tremor de Vila Franca do Campo, editado por Teófilo Braga.


1523-1530 — Epidemia de peste causa milhares de mortes em São Miguel - Entre os anos de
1523 e 1530 grassou em São Miguel uma epidemia de peste que causou alguns milhares de mortes e obrigou ao isolamento da ilha durante vários anos. A epidemia também atingiu o Faial, embora sem graves consequências. Esta epidemia contribuiu para o enraizamento do culto ao Divino Espírito Santo.


1538 — Erupção vulcânica ao largo da Ferraria, São Miguel - Neste ano houve uma erupção submarina nas proximidades da costa da Ponta da Ferraria que durou 25 dias. Da erupção resultou o aparecimento de um ilhéu de "quase uma légua de circunferência", que logo desapareceu. Não há registo de prejuízos em terra.

1547 — Sismo no noroeste da Terceira - A 17 de Maio deste ano um forte sismo provocou avultados danos no Raminho (então Folhadais), Altares e Biscoitos. Um relatório enviado ao Rei, presumivelmente pelo corregedor Gaspar Touro, diz: "Algumas casas caíram e outras abriram por muitos lugares, e estão de maneira que não ousam dormir nas casas, e em especial foi mais isto do cair e abrir das casas da banda do norte, e morreram algumas pessoas". Diz ainda: "não ficou casa que não caísse ou abrisse, quer novas quer velhas, e as paredes das vinhas e pomares dos Biscoitos todas caíram".


1562-1564 — Erupção vulcânica na Prainha do Norte, ilha do Pico - Em 21 de Setembro de 1562, após prolongado tremor de terra, que terá durado um "terço de hora", acompanhado de grande estrondo, & logo em hum lago, & por cinco bocas arrebentou tal fogo, que delle, & de polme ardente correo huma ribeyra por espaço de huma légoa, até se meter no mar do Norte, & no mesmo mar formou, com entrada nelle de hum tiro de arcabuz, aquele grande caes de pedraria abrazada, […] e affirma o douto Fructuoso, que foi taõ grande o fogo, que todas as mais Ilhas Terceyras se allumiaraõ com elle, & até na de São Miguel fez da escura noyte claro dia, diz o padre António Cordeiro na sua História Insulana das Ilhas a Portugal Sugeytas no Oceano Occidental (pg. 477 da edição princeps). Existe também uma interessante descrição, escrita por um contemporâneo, que da vila das Velas, São Jorge, observou o fenómeno.


1563 — Erupção vulcânica na Lagoa do Fogo, São Miguel - A erupção iniciou-se a 29 de Junho, sendo precedida de pelo menos 5 dias de violentos sismos que provocaram enorme destruição na ilha de São Miguel. A actividade foi do tipo pliniana, de extrema violência, cessando a 3 de Julho, não sem ter causado muitas mortes e enorme destruição. As emissões eram projectadas a uma altura tal que eram visíveis do Grupo Central, a cerca de 200 km de distância.

1563 — Erupção vulcânica do Pico do Sapateiro, ilha de São Miguel - Quase em simultâneo com a erupção da Lagoa do Fogo, ocorreu uma erupção estromboliana no Pico do Sapateiro, freguesia da Ribeira Seca. Este pico é um domo traquítico localizado sobre uma das falhas do graben da Ribeira Grande, onde até então existia uma lagoa. A erupção emitiu grande volume de lavas, de composição basáltica, muito fluídas, que soterraram parte da Ribeira Seca, incluindo um chafariz que hoje está à vista incrustado na formação rochosa. A erupção durou até Setembro. O historiador Manuel Luís Maldonado escreveu uma detalhada descrição desta erupção, incluída na obra "Fenix Angrence".

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