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terça-feira, 3 de março de 2015

Escritor Armando César Cortês-Rodrigues

Armando César Cortês-Rodrigues (Vila Franca do Campo, 28 de Fevereiro de 1891 — Ponta Delgada, 14 de Outubro de 1971) foi um escritor, poeta, dramaturgo, cronista e etnólogo açoriano que se distinguiu pelos seus estudos de etnografia e em particular pela publicação de um Cancioneiro Geral dos Açores e de um Adagiário Popular Açoriano, obras de grande rigor e qualidade.
Armando César Cortes-Rodrigues nasceu em Vila Franca do Campo, filho do poeta António César Rodrigues, médico e co-fundador do Instituto de Vila Franca, ficando órfão de mãe ao nascer.
 Frequentou o Colégio Fisher e fez os seus estudos liceais em Ponta Delgada, demonstrando já nos seus tempos de adolescência inclinação para a escrita, sendo-lhe atribuída nos tempos de liceu a escrita de uma opereta.
 Concluído o ensino secundário partiu para Lisboa, onde se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa (1910-1915), tendo, nessa altura, conhecido Fernando Pessoa e feito parte do grupo do Orpheu.
 Colaborou nos dois primeiros números da revista Orpheu com vários poemas, alguns dos quais assinados com o pseudónimo Violante de Cysneiros. Já nessa colaboração demonstra um modernismo moderado, que viria a abandonar quase completamente ao longo do seu percurso poético, cedendo à tradição de composição lírica e reflectindo na sua obra a sua açorianidade através de um classicismo poético de acentuada vertente humanista.
 Regressou aos Açores em 1917, dois anos após terminar o curso, ingressando na carreira docente liceal, trabalhando nos liceus de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo (nesta última cidade apenas até se efectivar em Ponta Delgada).
Apesar de radicado nos Açores, continuou a corresponder-se assiduamente com Fernando Pessoa, partilhando dos ideais da nova estética sem todavia os adoptar por inteiro.
 Dedica-se então ao estudo da etnografia açoriana, área em que se viria a destacar, e a uma poética de pendor religioso. Os seus estudos etnográficos, para os quais efectuou importantes recolhas, centraram-se na área literatura oral e popular açoriana, das cantigas populares e dos adágios. A sua obra etnográfica está entre o que de melhor nesta área foi produzido na língua portuguesa.
 Colabora nos periódicos A Águia, Orpheu, Exílio e, posteriormente, em Presença, Cadernos de Poesia, Portucalense e Atlântico. Escreve crónicas e teatro, tendo a sua peça Quando o Mar Galgou a Terra sido adaptada para argumento de um bem sucedido filme português.
 Em 1953 ganhou o Prémio Antero de Quental com o livro Horto Fechado e Outros Poemas, obra em que evoca as suas raízes.
Cortes-Rodrigues foi também um importante activista cultural, participando em múltiplas iniciativas e instituições. Foi um dos sócios fundadores do Instituto Cultural de Ponta Delgada, tendo dirigido a sua publicação, a revista Insulana.
 Armando Cortês-Rodrigues afirmou-se como um dos maiores intelectuais açorianos do século XX, deixando uma obra cultural marcante. É recordado na toponímia de Ponta Delgada, cidade onde também existe um espaço de memória e de criação estética, a Morada da Escrita/Casa Armando Cortês-Rodrigues,3 um equipamento cultural instalado na última casa onde o escritor habitou.



Armando Cortês-Rodrigues foi pai do também poeta Luís Filipe Cortês-Rodrigues.


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