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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Pedro IV de Portugal e Ana Augusta Peregrino Faleiro Toste na ilha Terceira Açores

 


O Convento da Esperança localizava-se na freguesia da Sé, no centro histórico da cidade e concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.

Foi um dos mais antigos, entre os nove conventos outrora existentes na Ilha Terceira. Era pertença das freiras da Ordem das Clarissas e, à semelhança do Convento de São Gonçalo, foi fundado na segunda metade do século XVI.


Foi frequentado por António I de Portugal, quando de sua estada na cidade de Angra.


À época da Guerra Civil Portuguesa, em visita ao Convento, em Março de 1832, Pedro IV de Portugal aqui conheceu uma jovem professa de 23 anos, ocasião em que ela estava na sineira. O seu nome era Ana Augusta Peregrino Faleiro Toste (vila de São Sebastião, 1809 - Angra, 29 de maio de 1896) e da relação terá nascido uma criança, batizada como Pedro, que terá vivido até à idade de 4 ou 5 anos, vindo a ser sepultada junto ao adro da Sé. Na ocasião, o partido constitucional fez-lhe um enterro solene, tendo tocado a marcha fúnebre a charanga do Batalhão de Voluntários da Rainha D. Maria II, do qual era coronel Teotónio de Ornelas Bruges Paim da Câmara, visconde de Bruges. A religiosa nunca teve o seu voto anulado, e recebeu mensalmente, até à sua morte, a prestação de egressa, 15$000.



Com o decreto de extinção das ordens religiosas em 1834, o seu imóvel foi repartido e vendido, ainda durante o século XIX.


Adaptado a outros usos (no século XIX serviu como residência e aqui funcionou a Sinagoga Ets Haim), a sua memória ficou praticamente esquecida até que, quando das restaurações empreendidas após grande terramoto de 1980, foram identificadas as aberturas do coro e do arco da capela-mor.






Genealogias do Arquipélago dos Açores / Genealogies of the Azores Archipelago




 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Atlântico Expresso - "Há açorianos que descobrem que são descendentes de morgados e piratas"


 

Em cortesia à jornalista Carla Dias e ao Jornal Atlântico Expresso!(Para ler melhor o artigo, clique no lado direito do rato e escolha a opção "Abrir imagem num novo separador...")






sábado, 6 de dezembro de 2025

Madre Margarida do Apocalipse

 

Madre Margarida do Apocalipse nasceu na ilha açoriana de São Miguel Açores, na freguesia da Conceição, no concelho da Ribeira Grande, em 1779.


Tal como aconteceu com muitas filhas de famílias abastadas, como era o caso dela, é destinada à vida religiosa. Entra para o Convento do Santo Nome de Jesus da Ribeira Grande em 1800, onde toma o hábito de freira da Ordem das Clarissas e passa a chamar-se Madre Margarida do Apocalipse.   É também durante este período que é reconhecido o seu talento para fazer flores artificiais, chegando a enviar um ramalhete para a rainha Dona Maria II.

Permanece no convento 32 anos, do qual é obrigada a sair devido à extinção das ordens religiosas, que nos Açores ocorre em 1832, por decreto de Dom Pedro IV.

Após deixar o convento, permanece em Ribeira Grande e dedica-se ao culto de São João Evangelista e à criação do Arcano Místico, ficando a sua casa conhecida como a Casa do Arcano, actualmente casa-museu.


Morre no dia 6 de Maio de 1858.  Deixa em testamento o Arcano Místico à Confraria do Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz da Ribeira Grande, também conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Estrela.






quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Para que nunca se apague o nome dos nossos antepassados / So that the names of our ancestors will never be forgotten




 

Manuel Francisco Xavier no Brasil

 

O capitão-mor Manoel Francisco Xavier foi um fazendeiro brasileiro. Nas suas fazendas ocorreu a revolta de Manuel Congo, a maior revolta de escravos do vale do rio Paraíba do Sul.

Nasceu na Ilha do Faial, Açores, filho de Felipe José Xavier e Mariana Rosa da Trindade. Diziam que era parente de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Casou em 4 de Setembro de 1804 com Francisca Elisa Xavier, que depois de sua morte foi agraciada com o título de baronesa da Soledade, a única do nome. Não teve filhos com sua esposa, entretanto acolheu diversas crianças que foram abandonadas em suas fazendas. Ao que se contava na época, estas crianças eram seus filhos, mas com outras mulheres. Foram estes filhos adotivos que herdaram os bens de sua viúva.

Tornou-se um rico proprietário que possuía três fazendas em Paty do Alferes: Freguesia (atual Aldeia de Arcozelo), Maravilha e Santa Tereza, além do sítio da Cachoeira. O inventário de seus bens deixados em herança, feito em 1840, dois anos depois da revolta de Manuel Congo, relaciona 449 escravos, dos quais 85% eram homens e 80% eram africanos.


Os testemunhos da época contam que era uma pessoa extremamente irascível e que teve muitos conflitos judiciais com vizinhos. Entrou em disputa política com o sargento-mor, depois padre, Inácio de Sousa Vernek, que tinha herdado e fora residir na fazenda Piedade. A briga familiar, que durou até 1824, fez com que vários colonos deixassem a região.


Em 1816, o ouvidor da comarca do Rio de Janeiro decidiu criar uma nova vila no interior ainda pouco ocupado entre as Minas Gerais e a então sede do reino. Para isto, escolheu erigir a freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Roça do Alferes em vila, pois era o local de convergência de estradas que vinham das Minas Gerais. Manuel Francisco Xavier opôs-se, pois a sede da vila ficaria em suas terras e muito próxima do seu engenho de açúcar, mas ofereceu um outro local, além da quantia de 1:000$000 réis (um conto de réis) para auxiliar a construção da igreja matriz. O ouvidor da comarca de Angra dos Reis da Ilha Grande forçou a criação da nova vila na Roça do Alferes porque era o local mais central e apropriado. Apesar disto, ainda foi nomeado capitão-mor das ordenanças da nova vila de Nossa Senhora da Conceição do Alferes.


Em 1838, o escravos de suas fazendas Freguesia e Maravilha se revoltaram, fugiram em massa e atraíram os cativos de outras fazendas próximas. A rebelião de Manuel Congo espalhou o medo em toda a região dos municípios de Vassouras, Valença e Paraíba do Sul, que então vivia um grande crescimento econômico com as plantações de café. Cinco dias depois do início da fuga em massa, houve um combate com os escravos fugitivos e, quase todos foram recapturados. Dezesseis escravos de Manuel Francisco Xavier foram julgados e Manuel Congo foi enforcado.

O coronel Francisco Peixoto de Lacerda Vernek, que comandou a repressão da revolta de Manuel Congo, escreveu na época, vários memorandos ao presidente da província do Rio de Janeiro. Em um deles, explica as causas da revolta em curso escrevendo: "há muito tempo que se receava o que hoje acontece, por fatos que se têm observado entre esta escravatura" (...) "homens brancos, feitores e capatazes, foram espancados e até assassinados pelos escravos" (...) ""escravos foram castigados até morrer" (...) [ocorrem] "iniqüidades, falta de ordem e falta de pulso". Segundo Francisco Peixoto de Lacerda Vernek, o capitão-mor não sabia tratar seus escravos, sendo às vezes muito leniente, outras extremamente severo.


Foi um dos beneméritos da construção da igreja matriz de Paty do Alferes, onde ainda pode ser visto o seu retrato na Galeria dos Fundadores.







segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Em memória dos nossos antepassados / In memory of our ancestors






 

Maria da Luz Gomes, a primeira mulher a usar calças na ilha das Flores Açores





Nasceu na freguesia da Fazenda, concelho de Lajes das Flores, em 30 de Janeiro de 1915, filha de Francisco Coelho Gomes e de Maria do Rosário Gomes, onde residiu parte da sua vida.

Como não aproveitou convenientemente a escola primária, a sua instrução era pouca, mas, o suficiente para desenvolver as suas capacidades intelectuais, graças à sua privilegiada inteligência e à excelente memória.

Figura atípica da ilha das Flores, foi sempre uma trabalhadora incansável, dedicando-se desde muito jovem, quer aos trabalhos domésticos das mulheres, quer aos trabalhos rurais dos homens e, sobretudo, à pesca.

Para além de fumar desde jovem, vestia geralmente roupas de homens – numa altura em que eram poucas as mulheres açorianas que ousavam fazê-lo publicamente. Frequentava qualquer tipo de taberna, bebendo lado-a-lado com os homens, sobretudo depois de se separar do marido. No seu tempo as mulheres, para além de não fumarem, não tomavam bebidas alcoólicas, nem frequentavam cafés e muito menos tabernas.

Dela o escritor faialense, Manuel Greves – que viveu temporariamente nas Flores – para evidenciar a sua força e teimosia, escreveu o seguinte em “Aventuras de Baleeiros”: “E certo é, também, que [o mar] não venceu arrancar de cima dum bico de rocha, numa tarde, as mãos fortes, pegadas a uns músculos rijos, de Maria da Luz, quando andava às lapas, na costa da Fazenda das Lajes das Flores. A corajosa mulher, agarrada ao rochedo, praguejava às vagas violentas que a cercavam:”



“ - Ó alma do diabo! Tu serás mais forte do que eu... mas, não és mais teimoso!...”

“E a Maria salvou-se”.

Foi casada com o fazendense Francisco Rodrigues Azevedo. Do casal nasceram as filhas Jesuína (já falecida), Alzira e Judite, pelo que era ela que, com esmerado zelo e amor, cuidava da sua educação, ao mesmo tempo que se esforçava pela manutenção da vida económica do seu lar. As filhas, depois de casadas, viriam a emigrar para o Canadá, na companhia do pai, onde actualmente residem e onde também existem netos que ela adorava.

Durante a sua vida passou por diversas actividades. De início, quando residia na Fazenda, acumulando com a lida da casa, dedicava-se à actividade rural da agro-pecuária, fazendo-o com o conhecimento e a resistência física de um homem. Com a ajuda do marido, lavrava os seus terrenos, semeava e tratava do milho e das demais culturas agrícolas, ordenhava vacas, transportava às costas lenha e alimentação para os animais, alternando essas trabalhos com a actividade da pesca. Recordo-me que foi ela quem me ensinou a lavrar, no Cerrado Grande, com arado de “aiveca”, numa altura em que, devido à minha juventude, meu pai não tinha paciência para me deixar “dar um reguinho” – orgulho de qualquer jovem rural do meu tempo.

Certamente para facilidade do trabalho que fazia começou a usar calças de homem desde jovem. Por esse motivo dava nas vistas, constando que, por essa razão, chegou a ser detida pela polícia na ilha Terceira, no tempo em que eram proibidos os “travestis” na via pública, valendo-lhe então o Chefe da PSP, António Gonçalves, também ele um florentino natural de Lajes das Flores que muito bem a conhecia.




Nunca a vimos usar saia, salvo no dia da festa religiosa por ela custeada, na freguesia da Fazenda, no cumprimento anual de uma promessa. Vestia-se assim para nesse dia ir à igreja assistir às cerimónias religiosas que nela se realizavam – fazendo-o com o respeito e a devoção que sempre tivera pela religião Católica.

Mais tarde viria a fixar residência na Vila de Baixo, em Lajes das Flores, mesmo junto do Porto, onda se dedicava quase exclusivamente à pesca e à venda de pescado. A lida da casa aborrecia-a, embora por vezes fosse forçada a fazê-la. Para poder ir legalmente para o mar, as autoridades marítimas chegaram a passar-lhe uma cédula pessoal, já que sua actividade piscatória era essencialmente feita por mar, com uma lancha que chegou a possuir.


Discutia com os companheiros de pesca e com quaisquer homens sobre os problemas e as notícias do dia-a-dia, já que era possuidora de um espírito curioso e contraditório, dedicado a todo o género de actualidades.

Geralmente não tinha interesse pelas conversas das mulheres, situação que fazia com que estas lhe respondessem de igual forma. Animava-se com as discussões que mantinha, parecendo provocá-las para aprender e saber mais.

Odiada por uns e tolerada por outros, tinha especial vocação para se envolver em questões judiciais e polémicas. Era também uma grande frequentadora, como assistente, dos julgamentos realizados no Tribunal das Flores. Certamente por esse motivo livrava-se bem das questões judiciais, que gostosamente provocava, defendendo-se nelas com astúcia.



Apesar de ser temida por alguns, pela sua falta de rigor e pelo seu feitio polémico, em certas ocasiões, era, contudo, muito caridosa e prestável para servir os amigos e todos os que dela necessitassem.




Natal em família / Christmas with the family



 

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

1713 e 1714 foi um mau ano agrícola, fome e peste !


Um mau ano agrícola, a que não foi alheio ciclone tropical de 25 de Setembro de 1713, levou a que em São Jorge fosse tal "a falta de mantimentos que chegou a morrer muita gente de fome".


No Pico, o povo teve de recorrer a comer "socas e raízes" para sobreviver. Noutras ilhas também as colheitas falharam e  agravou  a fome. Como se tal não bastasse uma epidemia de peste provocou alguns milhares de mortos. No Pico terão morrido 5.000 pessoas e no Faial 500 pessoas, entre as quais 49 religiosos dos conventos da Horta.





Pesquisa de Genealogia / Genealogy Research



 

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

José Maria do Nascimento

 

José Maria do Nascimento  nasceu nas Velas,ilha de São Jorge Açores a  18 de Julho de 1874  e faleceu em  Angra do Heroísmo a  27 de Dezembro de 1924.  Presbítero, foi mestre da capela da Sé de Angra e professor de música e cantochão do Seminário Episcopal de Angra. Uma das suas composições foi premiada na Exposição Universal de Paris de 1900 e mantém-se no repertório de música sacra de vários países.

Foi mestre-capela da Sé Catedral de Angra, onde serviu como capelão enquanto estudava. Passou por professor de Música e Canto Gregoriano no Seminário Episcopal de Angra e dirigiu a Schola Cantorum, estabelecida na Catedral, em 1905.


A DioceseFoi enviado pelo bispo de Angra a Lisboa e a Roma, a fim de estudar o motu-proprio do papa Pio X, acerca da música sacra, tendo, no entanto, disposto de muito pouco tempo para o fazer. Regressado a Angra, passou a ocupar o lugar de mestre da capela da Sé Catedral e de professor de música e de cantochão do Seminário angrense.

Publicou o cântico de Miserere que é célebre, tocado e cantado até nos dias de hoje, a quatro vozes, conhecido porque veio a obter muito justamente uma medalha de oiro, na Exposição Universal de Paris de 1900. Obteve também a medalha de ouro da seção de música da Exposição Açoriana realizada em Ponta Delgada em 1901 aquando da visita régia feita por D. Carlos e às ilhas adjacentes.





Ancestors / Antepassados

 



quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Katherine Vaz descendente de Açorianos

 

Katherine Vaz, filha de pai açoriano e mãe irlandesa, é uma autora premiada, detentora de bolsas da Universidade de Harvard, do Radcliffe Institute for Advanced Study e do National Endowment for the Arts, bem como da Harman Fellowship. 


É uma voz ativa na divulgação da cultura lusa por todo o mundo. Mariana foi escolhido pela Biblioteca do Congresso como um dos 30 melhores Livros Internacionais, tendo sido traduzido para seis idiomas. Atualmente, a escritora vive em Nova Iorque com o marido, Christopher Cerf.




Origens dos nossos antepassados / Origins of our ancestors



 

sábado, 15 de novembro de 2025

Jesuíta Açoriano assassinado pelos índios

 


Francisco da Costa Pinto, padre Jesuíta, nascido em 1552, na  cidade de Angra do Heroísmo, Ilha de Terceira Açores . Faleceu a  11 de Janeiro de 1608, no atual município de São Miguel do Tapuio (Piauí).


 Veio para o Brasil, quando criança, acompanhando a família que imigrou para o Brasil. Aos 17 anos de idade, deixou o Estado de Pernambuco seguiu para a Bahia e em 31 de Outubro de 1568 ingressou na Companhia de Jesus. Não chegou a completar o curso, recebendo a o título de Coadjutor espiritual formado. Em 1588 recebeu a ordens sacras, sendo considerado padre. Devido a seu conhecimento das línguas indígenas é indicado para a Missão do Maranhão. Teria sido curado pelo Padre Anchieta.



No dia 20 de Janeiro de 1607, partiu do Recife, em uma embarcação que ia buscar sal coletado nas salinas na foz do Rio Mossoró,  juntamente com o padre Luís Figueira para o Siará Grande, com o intuito de catequizar os nativos daquele território.


Em 2 de Fevereiro do 1607, celebraram a primeira missa no território do atual Estado do Ceará, na foz do Rio Jaguaribe.


Durante a viagem, esteve em um aldeamento denominado como Paupina, que corresponde atualmente ao centro de Messejana.



Os dois avançaram até a Chapada de Ibiapaba, chegando a habitar com os índios Tabajara. Em 11 de Janeiro de 1608, foi assassinado pelos índios Tacarijus (Tapuia), instigados pelos franceses que mantinham contatos na região por meio da Feitoria da Ibiapaba. O martírio ocorreu, numa capela, onde, atualmente, está localizado o Município de São Miguel do Tapuio, Piauí.,  sendo enterrado no sopé da Serra Grande.



[...] investindo com furor e crueldade diabólica contra o servo de Deus, lhe deram repetidos golpes com suas "ybirassangas", que são uns paus duros, largos e compridos, na cabeça, até que lha amassaram toda e lhe deram uma morte muito cruel, aos onze de Janeiro de 1608.



Os nossos antepassados


 

1811 Grande tempestade provoca destruição e morte na Terceira Açores


 Na noite de 3 para 4 de Dezembro "levantou-se uma tão grande tempestade de vento sudoeste, entre uma chuva grossa e relâmpagos de tamanha força, que igual não havia memória entre os presentes". Todo o Grupo Central foi atingido.


Ventos ciclónicos e chuvas diluvianas destruíram muitas casas, arrancaram muitas árvores, derribaram paredes e causaram cheias. As ribeiras transbordaram na Vila Nova, Agualva, Serreta e Santa Bárbara, matando muita gente e muitos gados. O mar entrou no Porto Judeu, Porto Martim, Praia e São Mateus, causando grandes estragos. O vento e a ressalga não deixaram folha verde, o que causou grande fome para os gados. No porto de Angra naufragaram sete navios, causando muitos mortos.



Os que partiram dos Açores


 

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Domitila de Castro Canto e Melo era filha de um Açoriano

 


Filha de João de Castro Canto e Melo, o primeiro visconde de Castro e de Escolástica Bonifácia de Oliveira Toledo Ribas, pertencia uma tradicional família Paulista, era neta do coronel Carlos José Ribas, tetraneta de Simão de Toledo Piza, patriarca da família em São Paulo.


O brigadeiro João de Castro Canto e Melo nascera na ilha Terceira, nos Açores, em 1740 e morreria no Rio de Janeiro em 1826. Era filho de João Baptista do Canto e Melo e de Isabel Ricketts, e descendia de Pedro Anes do Canto, da Ilha Terceira. Passou a Portugal, assentando praça de cadete aos 15 anos em 1 de Janeiro de 1768, nomeado Porta Bandeira em 17 de Outubro de 1773. Tinha 21 quando, em 1774, foi para o Rio de Janeiro e meses depois para São Paulo. Foi transferido para o regimento de linha de Infantaria de Santos, promovido a alferes em 1775 e a tenente no mesmo ano, a Ajudante em 1778; era Capitão em 1798, major no mesmo ano, em 1815 tenente-coronel. Mais tarde, depois dos amores da filha com o imperador, foi feito Gentil-Homem da Imperial Câmara e ainda recebeu o título nobiliárquico de visconde de Castro em 12 de Outubro de 1825.



Primeiro casamento


Em 13 de Janeiro de 1813, Domitila, aos quinze anos de idade, casou-se com um oficial do segundo esquadrão do Corpo dos Dragões da cidade de Vila Rica, o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça (1789–1833), citado por diversos historiadores como um homem violento, que a espancava e violentava, e de quem se divorciou em 21 de maio de 1824.


Do casamento nasceram três filhos, Francisca, Felício e João (morto com poucos meses, pois, durante sua gravidez, Domitila foi espancada e esfaqueada pelo marido em 1819).

Na manhã de 6 de março de 1819, foi esfaqueada duas vezes pelo marido, na coxa e na barriga. Pediu a separação, mas só o conseguiu cinco anos depois, quando já era amante do imperador. Os detractores  de Domitila a acusariam depois de ter sido agredida porque traía Felício.



Em 1822, Domitila conheceu Dom Pedro de Alcântara (1798–1834) dias antes da proclamação da Independência do Brasil, em 29 de Agosto de 1822. O Príncipe-Regente estaria voltando de uma visita a Santos quando recebeu, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, duas correspondências (duas missivas da imperatriz Leolpoldina e uma de José Bonifácio de Andrada e Silva) que o informava sobre as decisões da corte portuguesa, em que Pedro deixava de ser Regente para apenas receber e acatar as ordens vindas de Lisboa. Indignado por essa "ingerência sobre seus actos como governante", e influenciado por auxiliares que defendiam a ruptura com as Cortes, especialmente por José Bonifácio, decidiu pela separação do reino de Portugal e Algarves.


Domitila não foi a única amante de D. Pedro, mas foi a mais importante e a que mais tempo se relacionou com ele. Antes mesmo de se casar com D. Leopoldina, o príncipe se envolvera com uma bailarina francesa, chamada Noémi Thierry, com quem teve um filho. Durante seu relacionamento com Domitila teve outros casos paralelos, como com a esposa do naturalista francês Aimé Bonpland, Adèle Bonpland. Outra francesa foi a modista Clemence Saisset, cujo marido tinha loja na Rua do Ouvidor. Clemence teve um filho com D. Pedro. Além das francesas a própria irmã de Domitila, Maria Bendita de Castro Pereira, Baronesa de Sorocaba, teve um filho com o imperador.


Dom Pedro e Domitila romperam em 1829, quando segundo o comentário da época (pois nada se comprovou) ela tentou balear a sua própria irmã Maria Benedita (baronesa de Sorocaba), ao descobrir seu relacionamento com o Imperador – que teve como fruto: Rodrigo Delfim. Porém, o maior motivo para a separação foi devido as segundas núpcias de D. Pedro I com Amélia de Leuchtenberg. Ele procurava desde 1827 uma noiva nobre de sangue e seu relacionamento com Domitila e os sofrimentos causados a Leopoldina por este, eram vistos com horror pelas cortes europeias e várias princesas recusaram-se a casar-se com Pedro. Uma das cláusulas do contrato nupcial de Amélia e Pedro dizia que ele deveria afastar-se para sempre de Domitila e bani-la da corte.