Leonor da Silveira Tavares de Medeiros Frazão nasceu em 1905, numa família abastada, no concelho da Ribeira Grande, ilha de São Miguel.
Em 1947, veio aos Açores um Padre Franciscano, Frei Mário Branco, extraordinário orador, a quem muitas almas se dirigiam sedentas de orientação para as suas vidas. Entre elas esteve o casal Frazão. Em ambos havia um grande desejo de perfeição para si e para os outros. A prosperidade material não lhes satisfazia a ânsia de mais e melhor.
Frei Mário Branco aconselhou-os a instituírem uma obra de promoção social. Ouviram o conselho do franciscano e empreenderam várias iniciativas, entre elas, a distribuição de leite a pessoas idosas, a criação de um clube para jovens numa casa das Calhetas e mandaram fazer um campo de futebol numa propriedade sua, denominada «Casa do Morro», isto para que os rapazes ocupassem sãmente os seus tempos livres e não parassem pelas tabernas.
Em 1949, os caminhos do casal Frazão e de D. Maria Francisca de Vasconcelos, professora na Escola Feminina de Calhetas cruzaram-se. A professora procurou ajuda do casal para colmatar a fome que afligia as suas alunas, pois não havia cantina escolar. O casal Frazão, imediatamente, passou a fornecer uma refeição de sopa a todas as crianças da escola, confeccionada pelas suas empregadas, na garagem de sua casa. As crianças contribuíam com o pão que traziam. Só mais tarde foi inaugurada oficialmente uma cantina escolar.
Desta amizade, nasceu o projecto dos três, a obra do Socorro de Nossa Senhora das Mercês, nas Calhetas, dando início à Casa de Trabalho. À medida que as meninas iam terminando a 4.ª classe, iam ingressando, como alunas externas, na «Casa de Trabalho», onde aprendiam cardação, fiação, tecelagem, corte, costura e bordados.
Além destas actividades, as meninas internas ainda se revezavam rotativamente nos trabalhos da vida diária e na economia doméstica, cozinhando, limpando, tirando o leite à vaca, pois D. Leonor e D. Maria Francisca pretendiam dar-lhes uma educação integral, humana e espiritualmente. Foi-lhes ministrada educação religiosa e tinham também aulas para prosseguimento e consolidação dos conhecimentos adquiridos na escola, além de aulas de música dadas por uma senhora da Ribeira Grande, a Sr.ª D. Germana Rodrigues. Um médico, o Dr. Luís Gouveia, vinha dar-lhes noções de enfermagem, puericultura e primeiros socorros.
Num grande desejo de querer sempre mais e melhor, D.ª Leonor e seu marido construíram, em Ponta Delgada, na freguesia da Matriz, um bairro com mais de vinte moradias para fins beneficentes, cujas casas eram alugadas por um preço muito inferior ao praticado na altura, construindo também uma capela, naquele a que agora chamam Bairro Frazão.
Posteriormente, ainda se empenharam na construção, nas Calhetas, de um novo bairro destinado a residências para as protegidas da Obra que fossem casando. Contudo, só chegaram a ser construídas 4 casas, que, segundo consta, foram pagas com o dinheiro proveniente da venda que a Senhora D. Leonor fez de jóias suas.
Texto de Margarida Enes (adaptado)
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