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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada foi criada em inícios do século XVI

 

A Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada  ilha de São Miguel Açores,  criada em inícios do século XVI, é um dos exemplos actuais de longevidade e grande amplitude na acção social e na solidariedade local, nos Açores, em Portugal e até na Europa. Como tal, possui um arquivo activo cuja documentação remonta ao século XVI e aos tempos da consolidação das estruturas do povoamento do arquipélago e da ilha de São Miguel em particular. 

Isto confere à instituição, a par de uma intervenção social hodierna inquestionável, um legado histórico e cultural representativo de gerações que também não se pode descurar como experiência / conhecimento para o futuro. Em termos arquivísticos, a Santa Casa confronta-se com os complexos desafios da conservação informacional, dos novos suportes e, principalmente, das novas formas de gerir e aceder à informação. Criar as bases de um modelo de gestão integradas dessa informação secular que, em simultâneo, faça a instituição entrar no século XXI em termos informacionais e em termos de disponibilização e acesso ao seu conhecimento e informação, são metas que se afiguram relevantes.



segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Dr. Alexandre Martins Pamplona Ramos

 

Alexandre Martins Pamplona Ramos  nasceu na Praia da Vitória, 6 de Junho de 1865 e faleceu em  Angra do Heroísmo, 4 de Fevereiro de 1933. Foi um médico e político açoriano que se notabilizou no combate à epidemia de peste que afectou a ilha Terceira nos primeiros anos do século XX. Entre outras funções, foi governador civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo.

Alexandre Martins Pamplona Ramos era filho de António Ramos Moniz Corte-Real e de Maria do Livramento Martins Pamplona Ramos, uma família com raízes na região do Ramo Grande desde os tempos do povoamento. Pelo lado paterno a família estava ligada a Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real, o 1.º conde de Subserra.

Depois de estudos preparatórios na sua vila natal, formou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, tendo, em 1891, ainda aluno do 5.º ano de Medicina, diagnosticado, pela primeira vez em Portugal, uma hemoglobinúria paroxística "à frigore" (ou doença de Harley), doença que viria depois a ser abordada na sua dissertação de formatura, orientada pelo Professor José Curry da Câmara Cabral e publicada em
1895.

Alexandre Ramos distinguiu-se principalmente na investigação e no tratamento da peste, tendo trabalhado com o Dr. António Joaquim de Sousa Júnior no controlo da epidemia de 1908 que afectou a Terceira. Foi considerado pelos Professores Fernand Widal e Francisco Pulido Valente, como um verdadeiro precursor médico e um mestre da ciência clínica e da prática médica.

Tendo-se envolvido na política partidária, o Dr. Pamplona Ramos foi chefe do Partido Regenerador na Terceira nos anos que antecederam a proclamação da República Portuguesa. Após aquela data aderiu ao Partido da União Republicana, então liderado por Brito Camacho, mantendo uma intensa actividade política que marcaria a sua vida profissional e pessoal.

No ano de 1925, nos tempos finais da Primeira República Portuguesa, ocupou por alguns meses o cargo de governador civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo.

O seu trabalho como médico municipal e subdelegado de saúde na Praia da Vitória granjeou-lhe renome e influência, mormente na Praia da Vitória, onde era considerado um clínico excepcional, muito dedicado aos seus doentes, modesto e humilde. Apesar da profissão que exerceu e da sua popularidade, morreu pobre.

O Dr. Alexandre Ramos foi diversas vezes evocado no passado, nomeadamente pela atribuição do seu nome à rua da Praia da Vitória onde nasceu e pela publicação de diversos artigos sobre a sua vida e obra, com destaque para um publicado por ocasião do 30.º aniversário do seu falecimento, na edição de 4 de Agosto de 1963 do Diário Insular, da autoria do Dr. Francisco Valadão Júnior.



terça-feira, 22 de dezembro de 2020

A genealogia de Jesus Cristo




A Genealogia de Jesus está relatada em dois dos quatro Evangelhos, Mateus e Lucas.1 2 Estes relatos são substancialmente diferentes.3 Várias explicações têm sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo menos, 1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi traçada através de Maria e que a Mateus o faz através de José.4Acadêmicos modernos geralmente vêem as genealogias como construções teológicas.5 Mais especificamente, sugere-se que as genealogias foram criadas com o
objetivo de justificar o nascimento de uma criança com linhagem real.6 7 8


Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por Abraão. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram Rute, Raabe eTamar. Também não omite os nomes dos perversos Manassés e Abias, ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas.9 10 Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o cativeiro babilônico, ocorrido em 586 a.C., e do exílio judaico até Jesus.


Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus retrocedendo continuamente até Adão, talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus.11 Esta genealogia é considerada por alguns autores como sendo a genealogia da Virgem Maria, a genealogia materna de Jesus, o que explicaria parte das diferenças entre esta e a genealogia apresentada por Mateus.12


Segundo Mateus

Narrativa Os Evangelhos foram escritos com uma finalidade teológica e, portanto, não podem ser considerados, em hipótese alguma, como livros históricos. Não era a intenção desses escribas fazer história, mas de alentar as comunidades cristãs nascentes e de consolidar a nova mensagem que distinguia dos judeus, mas sem romper com a tradição judaica, e distinguia-os dos outros povos, chamados "pagãos".

A genealogia de Jesus, conforme descritas nos evangelhos, tem o intento de dar legitimidade à sua pessoa e aos seus ensinamentos, proclamando que Jesus era aquele esperado e anunciado no AT e fruto da intervenção celestial. Portanto, trata-se de uma mensagem teológica e não histórica que os evangelhos querem passar.

1. Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.

2. Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó; Jacó gerou a Judá e a seus irmãos;

3. Judá gerou de Tamar a Perez e a Zara; Perez gerou a Esrom; Esrom gerou a Arão;

4. Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe gerou a Naassom; Naassom gerou a Salmom;

5. Salmom gerou de Raabe a Boaz; Boaz gerou de Rute a Obede; Obede gerou a Jessé,

6. Jessé gerou ao rei David. David gerou a Salomão daquela que fora mulher de Urias;

7. Salomão gerou a Roboão; Roboão gerou a Abias; Abias gerou a Asa;

8. Asa gerou a Josafá; Josafá gerou a Jorão; Jorão gerou a Uzias;

9. Uzias gerou a Jotão; Jotão gerou a Acaz; Acaz gerou a Ezequias

10. Ezequias gerou a Manassés; Manassés gerou a Amom; Amom gerou a Josias,

11. e Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos no tempo do exílio em Babilônia.

12. Depois do exílio em Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; Salatiel gerou a Zorobabel;

13. Zorobabel gerou a Abiúde; Abiúde gerou a Eliaquim; Eliaquim gerou a Azor;

14. Azor gerou a Sadoque; Sadoque gerou a Aquim; Aquim gerou a Eliúde;

15. Eliúde gerou a Eleazar; Eleazar gerou a Matã; Matã gerou a Jacó,

16. e Jacó gerou a José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo.


17. Assim todas as gerações desde Abraão até Davi são catorze gerações; também desde David até o exílio em Babilônia, catorze gerações; e desde o exílio em Babilônia até o Cristo, catorze gerações.

Narrativa

«Ora o mesmo Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos, sendo filho (como se julgava) de José, filho de Heli, filho de Matã, filho de Levi, filho de Melqui, filho de Janai, filho de José, filho de Matatias, filho de Amós, filho de Naum, filho de Esli, filho de Nagai, filho de Máate, filho de Matatias, filho de Semei, filho de José, filho de Jodá, filho de Joanã, filho de Resá, filho de Zorobabel, filho de Salatiel, filho de Neri, filho de Melqui, filho de Adi, filho de Cosã, filho de Elmadã, filho de Er, filho de Josué, filho de Eliézer, filho de Jorim, filho de Matã, filho de Levi, filho de Simeão, filho de Judá, filho de José, filho de Jonã, filho de Eliaquim, filho de Meleá, filho de Mená, filho de Matatá, filho de Natã, filho de Davi, filho de Jessé, filho de Obede, filho de Boaz, filho de Salá, filho de Naassom, filho de Aminadabe, filho de Admim, filho de Arni, filho de Esrom, filho de Farés, filho de Judá, filho de Jacó, filho de Isaque, filho de Abraão, filho de Terá, filho de Nacor, filho de Serugue, filho de Ragaú, filho de Faleque, filho de Éber, filho de Salá, filho de Cainã, filho de Arfaxade, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lameque, filho de Matusalém, filho de Enoque, filho de Jarete, filho de Maleleel, filho de Cainã, filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus.» (Lucas 3:23-3


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

A Lenda de São Nicolau



Nicolau, filho de cristãos abastados, nasceu na segunda metade do século III, em Patara, uma cidade portuária muito movimentada.
Conta-se que foi desde muito cedo que Nicolau se mostrou generoso. Uma das histórias mais conhecidas relata a de um comerciante falido que tinha três filhas e que, perante a sua precária situação, não tendo dote para casar bem as suas filhas, estava tentado a prostituí-las. Quando Nicolau soube disso, passou junto da casa do comerciante e atirou um saco de ouro e prata pela janela aberta, que caiu junto da lareira, perto de umas meias que estavam a secar. Assim, o comerciante pôde preparar o enxoval da filha mais velha e casá-la. Nicolau fez o mesmo para as outras duas filhas do comerciante, assim que estas atingiram a maturidade.
Quando os pais de Nicolau morreram, o tio aconselhou-o a viajar até à Terra Santa. Durante a viagem, deu-se uma violenta tempestade que acalmou rapidamente assim que Nicolau começou a rezar (foi por isso que tornou também o padroeiro dos marinheiros e dos mercadores). Ao voltar de viagem, decidiu ir morar para Myra (sudoeste da Ásia menor), doando todos os seus bens e vivendo na pobreza.
Quando o bispo de Myra da altura morreu, os anciões da cidade não sabiam quem nomear para bispo, colocando a decisão na vontade de Deus. Na noite seguinte, o ancião mais velho sonhou com Deus que lhe disse que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte, seria o novo bispo de Myra. Nicolau costumava levantar-se cedo para lá rezar e foi assim que, sendo o primeiro homem a entrar na igreja naquele dia, se tornou bispo de Myra.
S. Nicolau faleceu a 6 de Dezembro de 342 (meados do século IV) e os seus restos mortais foram levados, em 1807, para a cidade de Bari, em Itália. É actualmente um dos santos mais populares entre os cristãos.
S. Nicolau tornou-se numa tradição em toda a Europa. É conhecido como figura lendária que distribui prendas na época do Natal. 

Originalmente, a festa de S. Nicolau era celebrada a 6 de Dezembro, com a entrega de presentes. Quando a tradição de S. Nicolau prevaleceu, apesar de ser retirada pela igreja católica do calendário oficial em 1969, ficou associado pelos cristãos ao dia de Natal (25 de Dezembro)

A imagem que temos, hoje em dia, do Pai Natal é a de um homem velhinho e simpático, de aspecto gorducho, barba branca e vestido de vermelho, que conduz um trenó puxado por renas, que esta carregado de prendas e voa, através dos céus, na véspera de Natal, para distribuir as prendas de natal. O Pai Natal passa por cada uma das casas de todas as crianças bem comportadas, entrando pela chaminé, e depositando os presentes nas árvores de Natal ou meias penduradas na lareira. Esta imagem, tal como hoje a vemos, teve origem num poema de Clement Clark More, um ministro episcopal, intitulado de “Um relato da visita de S. Nicolau”, que este escreveu para as suas filhas. Este poema foi publicado por uma senhora chamada Harriet Butler, que tomou conhecimento do poema através dos filhos de More e o levou ao editor do Jornal Troy Sentinel, em Nova Iorque, publicando-o no Natal de 1823, sem fazer referência ao seu autor. Só em 1844 é que Clement C. More reclamou a autoria desse poema.

Hoje em dia, na época do Natal, é costume as crianças, de vários pontos do mundo, escreverem uma carta ao S. Nicolau, agora conhecido como Pai natal, onde registam as suas prendas preferidas. Nesta época, também se decora a árvore de Natal e se enfeita a casa com outras decorações natalícias. Também são enviados postais desejando Boas Festas aos amigos e familiares.
Actualmente, Há quem atribuía à época de Natal um significado meramente consumista. Outros, vêem o Pai Natal como o espírito da bondade, da oferta. Os cristãos associam-no à lenda do antigo santo, representando a generosidade para com o outro.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Emigração Açoriana para o Hawaii


As ilhas, então chamadas, Sandwich constituíam uma microscópica monarquia e estavam carenciadas de população autóctone e consequentemente de mão-de-obra o que levou o seu governo a fomentar a imigração, oferecendo vantagens para aqueles que escolhessem o Hawaii.

Em Junho de 1878, o navio alemão “Priscilla” zarpava do porto do Funchal, com 114 portugueses a bordo, a maioria madeirenses, com destino às ilhas. Aportou em Honolulu, capital da ilha de Oahu, 4 meses depois. Foi a primeira emigração maciça portuguesa para tão longe, mas ali já viviam (em Maui, Ohahu, Kauai e Hawaii) entre quatrocentos a quinhentos portugueses, ao que parece em muito boas condições. Eram na sua maioria baleeiros e descendentes de baleeiros da frota da Nova Inglaterra, todos de origem açoriana.

Entre 1878 e 1888, dezassete navios transportaram 11 057 emigrantes dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Eram na sua maioria provenientes das ilhas da Madeira e de S. Miguel, mas também de outras ilhas dos Açores.

O Hawaii é hoje um Estado integrado na União Norte Americana.

Até 1884 emigraram para o Hawaii, cerca de 6 300 açorianos, na sua maioria micaelenses, motivados pelas dificuldades económicas sentidas no arquipélago. A emigração para este destino distante marcou um período da história dos Açores, mas com características especiais, uma vez que terminou por volta de 1813.
A comunidade portuguesa em geral e, açoriana em particular, ocupou-se essencialmente da cultura da cana-de-açúcar, motivo pelo qual a emigração foi fomentada.
 

A presença portuguesa, e em particular a açoriana, no Hawaii é comprovada. Apesar de hoje praticamente não se falar português, os Rebelos, os Perestrelos, os Vieiros, Câmaras, Bettencourts, Silvas, Pracanas, Soares, Cardosos, Freitas, Lomelinos são facilmente detectáveis nas listas telefónicas de Oahu e de outras ilhas do Hawaii. A introdução do cavaquinho, o ukulele na designação local, promovido a instrumento nacional, é outra prova. A massa sovada dos Açores é conhecida como “sweet bread”, a sopa azeda é conhecida como “portuguese soup”, a malassada de S. Miguel ficou para sempre a malasada havaiana. As tradições do Espírito Santo continuam vivas (pão, carne e vinho em louvor do Divino) e há em Oahu três “Impérios do Espírito Santo”. Aos emigrantes ficou também a dever-se a arquitectura sólida das casas, então de madeira, pois os nossos lembraram aos naturais a utilização da pedra vulcânica na sua construção, bem como a plantação de flores em redor das mesmas.

O comerciante açoriano Jacinto Pereira ("Jason Perry"), antigo baleeiro, convenceu o rei do Havai, David Kalakaua (1874-1891), das vantagens da imigração de açorianos. Desse modo, entre 1878 e 1914, milhares de açorianos dirigiram-se ao arquipélago havaiano, levando com eles o cavaquinho, que daria lugar ao ukelele. A presença de Jacinto Pereira é recordada até aos nossos dias no centro histórico de Honolulu, em um edifício de dois pavimentos, com janelas altas debruadas em pedra, e uma cornija onde se inscreve "Perry Block - 1888"


quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Farol de Gonçalo Velho na ilha de Santa Maria Açores


O Farol de Gonçalo Velho localiza-se na ponta do Castelo, na freguesia do Santo Espírito, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.
Embora a sua posição já se encontrasse referenciada no "Plano Geral de Alumiamento de 1883", o farol apenas começou a funcionar em 15 de novembro de 1927. Tendo todos os faróis no arquipélago recebido os seus nomes conforme a localização onde foram instalados, recebeu nome de Farol da Ponta do Castelo.

No dia 3 de março de 1930 passou a designar-se Farol de Gonçalo Velho. Pouco mais tarde, em 1934 foi erguida uma segunda habitação por considerar-se que a lotação de dois Faroleiros era insuficiente para a sua operação.

Passou por obras de reforma em 1953, datando de 1955 a construção da casa das máquinas e do depósito de combustível. Em 1957 foi eletrificado com a montagem de grupos electrogéneos, passando a fonte luminosa a ser uma lâmpada de 3000W/120V.

Em Junho de 1988 foi automatizado com um sistema projetado pela Direcção de Faróis, passando a lâmpada a ser de Quartzline Hologénio 1000W/120V. Ainda nesse mesmo ano foi instalado um sistema de monitorização do Farol das Formigas, constituído por um controlo remoto via rádio que permitia acompanhar se o farol nas Formigas estava aceso ou apagado. Este, entretanto, devido à sua pouca fiabilidade, foi abandonado no ano seguinte (1989).


Tendo tido características aeromarítimas, em 1990 foram cobertos os vidros que as permitiam.

Mais recentemente, a 21 de novembro de 1991 passou a estar eletrificado com energia da rede pública.

Este Farol é guarnecido por três Faroleiros.




domingo, 29 de novembro de 2020

Fonte na Vila do Corvo Açores

 

A Fonte  da Vila do Corvo,  é um fontanário português, do Século XVIII, localizado à Rua da Fonte, rua a que deu o nome, na Vila do Corvo, ilha do Corvo, arquipélago dos Açores.


Trata-se de uma construção de cariz utilitário que remonta ao Século XVIII e que foi sujeita a remodelações no século XIX e que se encontra protegido pela Resolução n.º 69/97, de 10 de Abril, do Governo Regional dos Açores. e faz parte do Inventário do Património Histórico e Religioso da ilha do Corvo.

Apresenta-se como um conjunto constituído formado por vestígios de uma fonte mais antiga, onde se pode ler a data de 1836 e cujos elementos se encontram inseridos na actual construção a que foi sujeita a fonte antiga de forma à sua adaptação parcial a fontanário com três bicas. É Formada por um muro em elaborado em "L". ao longo deste encontram-se antigos lavadouros de roupas e bebedouros para animais a todo o seu comprimento.


Este muro apresenta-se com cerca de dois metros e meio de altura e foi construído em alvenaria de pedra rebocada e pintada a cor branca com a excepção dos cunhais, da cornija, das molduras das bicas e dos elementos decorativos que foram elaborados em pedra à vista.




quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Convento da caloura na ilha de São Miguel Açores




O Convento de Nossa Senhora da Conceição da Caloura localiza-se à Caloura, em Água de Pau, concelho da Lagoa, ilha de São Miguel, nos Açores.
A sua construção remonta ao século XVI, ligando-se a sua história ao culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Uma inscrição epigráfica abaixo do nicho no centro do tímpano da fachada da ermida informa: "DEZEMBRO 1684".


A imagem do Senhor Santo Cristo ("Ecce Homo") para aqui veio, oferecida pelo Papa Paulo III. Posteriormente, devido à fragilidade da sua localização junto ao mar, e sujeita aos assaltos de piratas e corsários então frequentes no mar dos Açores, a congregação e a imagem deslocaram-se para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada, local onde atualmente se encontra.

O conjunto encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Governo RegioApresenta modestas dimensões e arquitectura.

Anexa a este convento e fazendo parte integrante do mesmo ergue-se uma ermida cuja fachada se encontra ladeada por duas torres sineiras baixas e com apenas um sino cada uma.


No frontispício da fachada principal encontra-se um nicho onde se encontra localizada uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

O interior desta construção, em estilo barroco, é revestido por uma preciosa coleção de azulejos: os de tonalidades azul e amarela sobre fundo branco possivelmente ainda seiscentistas, e os demais, de pintura azul sobre branco, um dos quais, na ermida, ostenta a data de 1725. A capela-mor possui preciosos retábulos onde se destacam várias imagens de anjos.



domingo, 22 de novembro de 2020

Dinarte Machado, Organeiro da ilha de S. Miguel Açores




Dinarte Machado é filho de Manuel Luciano Borges, natural de São Pedro de Nordestinho, Nordeste,  ilha de São Miguel, Açores, e de Maria da Conceição Borges Machado, natural da Vila de Nordeste.

Com apenas 11 anos, deixou o concelho do Nordeste para ingressar no Ciclo preparatório, na Escola Roberto Ivens, em Ponta Delgada, tendo completado os seus estudos na Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada, onde concluiu o Curso Geral de Mecânica.


Ingressou na profissão de eletricista depois de ter feito vários cursos de especialização, no ramo automóvel, na Empresa Autoviação Micaelense, durante alguns anos. Nessa sequência, foi admitido na Empresa SINAGA, indústria de açúcar em São Miguel, cursando a especialidade de instrumentista, profissão que exerceu durante 5 anos. Apesar de nos tempos livres, já ter reparado alguns órgãos, acabou optando por se dedicar primordialmente à organaria, fazendo dela a sua arte e sua profissão.
Dinarte Machado começou a aprendizagem da construção e restauro de órgãos como autodidata.
Em 1987, montou um atelier dedicado à construção, conservação e restauro de órgãos de tubos.
Na fase inicial da sua atividade, teve um primeiro contacto com uma oficina dedicada ao restauro destes instrumentos, na empresa do organeiro António Simões, em Condeixa-a-Nova, conhecendo, não só o trabalho daquela empresa, como alguns instrumentos do Continente português. Foi também nessa altura que tomou os primeiros contactos com a atividade organística na Europa, através da FFAO (Association Francophone des Amis de l'Orgue).


Como complemento dos seus conhecimentos, realizou contactos com vários organeiros pela Europa, principalmente em países que detêm património organístico de relevo, nomeadamente Espanha, Itália, França, Alemanha e Inglaterra. Em paralelo, visitou por várias vezes os Estados Unidos da América, nomeadamente a cidade de Boston, conhecendo aí os grandes órgãos construídos na Europa, principalmente os do século XIX, que ali se conservam.

Com os conhecimentos adquiridos, aprofundou o estudo técnico dos órgãos portugueses. Inicialmente centrou o seu estudo no conjunto de órgãos existente no Arquipélago do Açores, tendo detetado a existência de características muito específicas e particulares, que configuram a existência de uma escola de organaria portuguesa, original, distinta dos demais países.
Numa primeira fase do seu trabalho, destacam-se o restauro dos órgãos da Igreja Matriz da Ribeira Grande, o da Igreja do Santuário da Esperança, e o da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, entre 1987 e 1988.


Nos dois anos seguintes, restaurou o órgão da Igreja da Nossa Senhora do Carmo (Palácio da Conceição), em Ponta Delgada; os órgãos da Igreja de São Mateus, Matriz de Santa Cruz, na Ilha Graciosa; e o da Igreja da Matriz de São Jorge, na Vila de Nordeste.
Em 1990, restaurou, entre outros, o órgão da Igreja de São Pedro, em Ponta Delgada, e iniciou a construção do órgão de estudo do Conservatório Regional de Ponta Delgada.
No âmbito do programa das novas conquistas, a pedido da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e do Ministério da Cultura, Dinarte Machado realizou um estudo profundo aos órgãos existentes em Goa (Índia), a fim de apurar se existiam neles alguma ligação aos modelos construídos em Portugal.

Com o objetivo de consolidar os seus conhecimentos, estagiou com Gerhard Grenzing, participando no restauro do grande órgão histórico do Palácio Real de Madrid, em 1992.

A curiosidade de Dinarte Machado levou-o a estudar em profundidade tudo o que se referia à organaria ibérica dos séculos XVIII e XIX, transformando-se num especialista de referência no assunto.
Em 1994 participou como orador no Congresso Internacional de Órgãos Históricos Portugueses, onde apresentou provas da existência de um modo português de construir órgãos. Desde então vem defendendo publicamente a especificidade da organaria portuguesa e a necessidade de salvaguardar esses vestígios através do restauro criterioso do património organístico português.
No mesmo Congresso, Dinarte Machado foi convidado a apresentar duas conferências: uma sobre os órgãos dos Açores, e outra sobre os seis órgãos de Mafra.


Em 1995, a pedido do Ministério da Cultura, aceitou restaurar o órgão da Basílica da Estrela, em Lisboa.
Em 1998, deu início aos trabalhos de restauro dos seis órgãos da Basílica do Palácio Nacional de Mafra, concluídos em maio de 2010, tendo para tal aberto uma filial do seu atelier em Mafra. Este restauro viria a ser distinguido com o Prémio Europa Nostra – Conservação, em 2012.
Ainda em 2010, foi convidado pelo Governo Regional dos Açores, para organizar, em conjunto com o organista João Vaz, a realização do primeiro Simpósio Internacional de Órgãos Históricos Portugueses, nos Açores.

No mesmo ano foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa, com o grau de Comendador da Ordem do Mérito.


Dinarte Machado atualmente trabalha em três publicações englobadas sob o título de O Tratado de Organaria Portuguesa, um livro técnico que aborda diversos órgãos históricos de todo o mundo, por comparação, incluindo os históricos dos Açores, como modelos no seu estado puro original.
Publicou, em coautoria com Gerhard Doderer, dois livros que reúnem o património organístico da Madeira e dos Açores: Órgãos das Igrejas da Madeira, em 2009; e Inventário dos Órgãos dos Açores, em 2012. Colaborou nas publicações de A arte organística em Portugal depois de 1750, em 1995; e Órgãos de Tubos de Santarém, em 2009.

Tem contribuído para a recuperação, quer do património instrumental, quer do ensino organístico em Portugal. Relativamente à organaria, a sua luta tem sido no sentido da implementação de uma escola para preparar os futuros organeiros que terão de manter o vasto património português.
Presentemente é acompanhado pelo seu filho, Pedro Borges, que pretende seguir a vocação do pai.



quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Há 56 anos um jovem açoriano viajou no trem de aterragem de um avião para chegar à América.

 

Numa noite de lua cheia, a 9 de Setembro de 1960, Daniel Melo avista o Lockheed Super Constellation que se prepara para levantar voo no extremo da pista principal do aeroporto internacional de Santa Maria. A aeronave das linhas aéreas venezuelanas, um quadrimotor a hélice, reconhecível pelo leme triplo, aquece os motores para descolar rumo a Caracas, via Bermuda. Daniel, de apenas 16 anos, corre pela pista e sobe para o compartimento do trem de aterragem dianteiro. Depois de algumas tentativas falhadas, está em andamento o plano de atravessar o Atlântico e

cumprir o objectivo final de chegar à América — como passageiro clandestino.

Daniel Melo, de baixa estatura, tenta ajeitar-se no compartimento exíguo, enquanto o avião atinge a velocidade de descolagem. O piloto da LAV (Línea Aeropostal Venezolana) faz subir o trem de aterragem. O equipamento hidráulico comprime o passageiro contra a parede de metal, a poucos centímetros da roda em circulação. O movimento repete-se meia dúzia de vezes, porque as portas do compartimento não fecham devidamente. De cada vez que o trem sobe, Daniel Melo quase sufoca. Quando o alçapão se fecha, Daniel abre uma porta interior para a área electrónica e hidráulica do avião - o que terá feito a diferença entre a vida e a morte.

Daniel Correia Melo nasceu a 22 de Novembro de 1943 nas Furnas, na ilha de São Miguel, num meio familiar humilde. Em 1950, com apenas sete anos, acompanhou os pais e dois irmãos quando a família se mudou para Santa Maria. O aeroporto internacional, construído pelos norte-americanos como base militar, no final da II Guerra Mundial, estava no auge da actividade enquanto importante ponto de ligação entre a Europa e as Américas, onde as grandes companhias aéreas faziam escalas para reabastecimento nos voos intercontinentais. A família morava no Bairro Operário e o pai trabalhava no cinema do Aeroporto — onde Daniel via os filmes de Hollywood que o faziam querer procurar uma vida melhor na terra das oportunidades.


O planeamento da viagem começou aos 14 anos — Daniel aprendia o ofício de carpinteiro nas oficinas do Aeroporto e já ouvira relatos de tentativas semelhantes, nos aviões militares que partiam da Base das Lajes, na Terceira. Observou de perto os diferentes tipos de aeronaves, quando fazia incursões pela placa com os amigos, às escondidas da polícia. Escolheu o avião, a companhia aérea e o destino. "O meu plano foi perfeito", recordou ao jornal Portuguese Times, de New Bedford, duas décadas depois da viagem. "Sempre gostei de aventura."


cortesia I love azores



domingo, 15 de novembro de 2020

Pesquisas sobre a nossa família do ramo dos "Velho Cabral" no Brasil

 

Pesquisas sobre a nossa família no ramo dos "Velho Cabral".

Há cerca 396 anos era realizado o casamento de meus tios (sim, irmão de minha 8ª avó Catherina Velho de Melo, ancestral de minha bisavó paterna Joaquina de Souza e Almeida.
Os noivos Manuel Pereira e Maria de Matos. Manuel era irmão de Catherina Velho de Melo, filhos de Diogo Velho Pereira (meu 9º avô).
Casamento em 18 de Junho de 1622.

Este é mais um achado incrível de Inês Duque, genealogista, e pesquisadora nos Açores sobre a ligação que se reconecta com nosso ramo "Velho Cabral". Cujas origens estão ligadas a Violante Velho Cabral irmã do navegador Frei Gonçalo Velho Cabral.
Maria Velho Cabral mãe de Violante e do Frei Gonçalo era irmã de Luiz Álvares Cabral, 2º Senhor de Azurara, em Belmonte, Portugal, bisavô do descobridor do Brasil, portanto era tia-bisavó de Pedro Álvares Cabral.

Na imagem o assento que consta no primeiro livro de casamentos da Freguesia de Nossa Senhora de Assunção, no Conselho de Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal. E os Brasões de Armas das famílias"Velho" e "Cabral".
Em 25 de Abril aniversário de meu pai João Sampaio Almeida, descendente dos Velho Cabral, farei uma publicação da genealogia dele até Álvaro Gil Cabral, senhor de Belmonte e Azurara.
Agradeço mais uma vez ao primo genealogista Igor de Almeida, o qual em pesquisas através de fontes primárias, e conhecedor do recôncavo baiano no período colonial chegou até meus 9º avós Diogo Velho Pereira e Ignês de Gouveia de Matos. E ao trabalho intenso nas próprias ilhas de Santa Maria, e de São Miguel de Inês Duque que nos dá grande alegria em reconectar a família às suas raízes portuguesas.

"Cultivar, e preservar a memória, e perpetuação da história familiar"

( Cortesia a Ricardo de Almeida )

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Fluxos migratórios dos Açores para o Brasil

 

Os migrantes açorianos chegaram ao Brasil em diferentes datas. Por falta de registos coevos, nomeadamente em relação aos que foram enviados para o Norte brasileiro, torna-se difícil estabelecer uma cronologia sistematizada. Pode-se contudo afirmar que a primeira data de que há notícia é a de 11 de Abril de 1619, quando uma expedição comandada pelo açoriano Capitão Simão Estácio da Silveira aportou em São Luís, no Maranhão, com 200 casais.


Quanto aos promotores dos fluxos migratórios, há a distinguir dois tipos: um, o primeiro, orientado para o Norte do Brasil, promovido por autoridades locais: Capitães-mor, Governadores, etc., sendo necessário contudo uma autorização prévia da Coroa, sob parecer do Conselho Ultramarino; e o segundo, tendo como destino o Sul do Brasil, promovido pelo próprio Rei, que era afinal o Donatário de todas as terras do Ultramar.


Quanto ao contingente de açorianos que migraram para o Brasil no período em referência, existem dificuldades em apurar os verdadeiros números. Quanto mais recuamos no tempo, mais difícil é compreender os registos, uma vez que ora se fala em “casais”, que obviamente não representavam apenas duas almas… ora de pessoas. Pode-se dizer que cada investigador apresenta os seus números… Provavelmente muitos açorianos terão partido logo que a fama de enriquecimento fácil e rápido, o “Eldourado”  tão comentado entre tripulantes e aventureiros, chegou aos ouvidos da população. Existem referências da presença de açorianos na aventura do escambo da prata de Potosi, logo no século XVI, como de muitos outros portugueses de origem diversa. Quantos? Ninguém sabe.

Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de 1500 a 1700, calcula-se que 100 mil portugueses migraram para a “Ilha de Vera Cruz”. Ora, é crível que entre tantos portugueses, alguns tenham ido do Arquipélago dos Açores, até porque neste já havia passado quase um século, após o Povoamento, quando D. João III deu inicio à colonização do Brasil. Por outro lado, mesmo quando foi instituído o passaporte para controlo do fluxo migratório das ilhas, por iniciativa do Marquês de Pombal, sempre existiu uma migração/emigração clandestina, nomeadamente, quando os baleeiros norte-americanos começaram a fundear no Grupo Central.


Deve-se referir que o destino de alguns açorianos, durante o período em estudo, nem sempre foi o Brasil. A aventura ou o apelo religioso levou-os a partir para diferentes destinos. Dois açorianos, Gaspar Dias e João Silva, por exemplo, participaram na 1ª. viagem de circum-navegação da Terra, efectuada por Fernão de Magalhães, com início em 1519. O primeiro, como despenseiro da nau Santiago e o segundo, como marinheiro da nau Conceição. Vamos encontrar outro exemplo no grande vulto açoriano, porém pouco conhecido, Irmão Bento de Góis. Este de natureza religiosa. Nascido em Vila Franca do Campo, partiu para a Índia em 1562, como soldado. Em 1584, ingressa na Companhia de Jesus, abandonando a vida boémia que levava. Pela mão dos Jesuítas, efectua várias expedições na Ásia que lhe irão dar a experiência necessária para a maior expedição então feita por um português naquelas lonjuras, por via terrestre. De 1602 a 1606, percorre um longo e perigoso caminho pela acidentada Ásia Central em busca do lendário reino do Grão-Cataio, onde se acreditava existirem cristãos nestorianos . Atingiu a grande muralha da China, porém não encontrou os ditos cristãos. A sua viagem permitiu contudo desfazer o equívoco criado pela descrição de Marco Pólo , que vigorava há três Séculos. Afinal Cataio e a China eram uma e a mesma coisa, como a cidade de Khambalaik era Pequim. Tal facto irá alterar a concepção que havia daquela parte do mundo entre os europeus.



sábado, 7 de novembro de 2020

Origem étnica Açoriana

 


Do ponto de vista genético, a população dos Açores é bastante semelhante à população de Portugal continental, de onde se originou a maior parte dos seus povoadores. Foram detectadas, de forma reduzida, influências de outras populações europeias (particularmente do Norte da Europa), de populações do Oriente Próximo, do Norte da África e da África subsariana. Analisando o DNA mitocondrial de açorianos oriundos de três regiões do arquipélago (oriental, ocidental e central), 81,3% apresentavam DNA mitocondrial de origem europeia, 11,3% de origem africana e 7,5% do Oriente Próximo ou de origem judaica. O grupo que mais apresentou contribuições não europeias foi o oriental (cerca de 25%), a maior parte africanas (18,2%). No grupo central, por outro lado, as contribuições não europeias ficaram em 15%, a maior parte judaica ou do Oriente Próximo (10%), enquanto a contribuição africana ficou em 5%. O grupo ocidental foi aquele que apresentou menor grau de ascendências não europeias (6,5%), a maior parte africanas. Em relação às linhagens masculinas, também houve uma predominância de contribuições europeias, porém mais uma vez foram detectadas contribuições africanas, do Oriente Próximo/judaica e até mesmo indiana (1,1%).

Os documentos históricos revelam que os Açores foram povoados sobretudo por portugueses, e as regiões do Algarve, Alentejo e Minho eram destacadas como fornecedoras de colonos. Também foi relatada a presença de povoadores oriundos do arquipélago da Madeira, assim como de indivíduos de origem judaica. A presença de pessoas oriundas de outros países da Europa também é relatada, com particular destaque para povoadores flamengos, que terão tido maior presença nas ilhas centrais, especialmente na Ilha do Faial. A presença de escravos (mouriscos e negros) também é amplamente documentada. As linhagens tipicamente africanas encontradas nos habitantes dos Açores, apesar da frequência reduzida, são as mais elevadas dentro da população portuguesa, o que denota uma possível maior integração dos escravos negros na população açoriana.



quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Batalha Naval de Vila Franca na ilha de S. Miguel Açores

 

A Batalha Naval de Vila Franca,  foi um recontro travado no dia 26 de Julho de 1582, a sul da ilha de São Miguel, Açores, entre uma força luso-francesa, comandada por Filippo Strozzi, e uma armada espanhola (mas que incluía boa parte da armada portuguesa), comandada por D. Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz, no contexto da guerra civil que se seguiu à aclamação de D. António I e à entrada de Filipe II de Espanha na posse do trono português. As forças luso-francesas foram derrotadas, D. António foi obrigado a refugiar-se na ilha Terceira, seguindo-se um enorme massacre em Vila Franca do Campo, sendo o maior de que há registo nos Açores.

Consolidada a sua posição em Portugal e segura a obediência do país, Filipe II de Espanha tinha os últimos apoiantes do pretendente ao trono D. António I dispersos pela Inglaterra e França, com o único núcleo coeso encurralado nos Açores. E mesmo nos Açores, as ilhas de Santa Maria e de São Miguel já lhe tinham jurado fidelidade, tendo à frente o bispo e o capitão do donatário em São Miguel.

Desejoso de eliminar aquele foco de resistência, e não podendo prescindir da posição geoestratégica do arquipélago no contexto do seu império ultramarino, já que a volta do largo obrigava a que os navios vindos das Caraíbas, do Atlântico Sul e da Índia demandassem aquelas latitudes, prontificava maiores forças e fazia grandes levas de gente em seus Estados para se opor às pretensões açorianas de D. António.


Tendo como único território sob o seu domínio sete ilhas nos Açores, com a Terceira à cabeça, e obtido o apoio, embora não oficial, da rainha-mãe Catarina de Médicis, que fornece o grosso das tropas e os navios, D. António parte de Belle-Isle, na costa bretã, a 26 de Junho de 1582, acompanhado por uma armada de cerca de 50 navios grandes e 20 pequenos, com 6 000 homens de guerra, capitaneada por Filippo Strozzi, ex-marechal de França, tendo por Condestável D. Francisco de Portugal, 3.º conde de Vimioso. Num golpe de duplicidade, que custaria a vida às centenas de súbditos franceses que foram aprisionados e depois executados como corsários, a corte francesa optou por manter a paz com Castela, pelo que todos os franceses que partiram na expedição, incluindo Filippo Strozzi, o fizeram como mercenários. Oficialmente a França e Castela estavam em paz.

A armada partiu a 10 de Julho imediato, ficando ainda em organização nos portos da Andaluzia uma força adicional que, sob o comando de D. Juan Martínez de Recalde, se lhe deveria juntar na ilha de São Miguel tão breve quanto possível.

Porém não sabendo Filipe I qual o ponto a que se dirigiria a armada francesa, se em direitura aos Açores, ou se tentaria desembarcar entre o Douro e o Minho, ordenou extraordinárias levas por toda a Espanha, e as mandou recolher em Portugal, entregando-as a cargo de D. Fernando de Toledo para que com elas guardasse as costas marítimas.