Páginas

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Quem foi João Soares de Albergaria

 


João Soares (c. 1415 — 1499) foi o 2.º capitão do donatário nas ilhas de Santa Maria e de São Miguel, sucedendo no cargo a Gonçalo Velho Cabral, seu tio materno. Após a confirmação da doação da capitania de São Miguel a Rui Gonçalves da Câmara (1474), continuou capitão apenas da de Santa Maria.

Nas genealogias tardias e alguma historiografia é por vezes referido como João Soares de Albergaria ou como João Soares Velho, mas coevamente, de fato, apenas se documenta como João Soares. Não pertencia à família Soares de Albergaria, como se comprova pela carta de armas que o seu filho João Soares de Sousa obteve a 18 de Junho de 1527, a saber um escudo esquartelado de Velho e Sousa (Arronches), com uma flor-de-lis de ouro por diferença. Nesta carta de armas, João Soares de Sousa diz-se filho de João Soares Velho, "que herdou esta Capitania [da ilha de Santa Maria] de Gonçalo Velho capitão da dita ilha e comendador de Almourol por ser seu parente mais chegado", e de sua esposa, Branca de Sousa, filha de João de Sousa Falcão. Se Fernão Soares, pai deste João Soares (Velho), fosse Soares de Albergaria, o neto não deixaria nunca de ter as armas desta família.

Foi filho de Fernão Soares e de Teresa Velho (Cabral), uma irmã de Gonçalo Velho. Desposou Brites Godins (Beatriz Godins, Godiz ou Codiz), não havendo descendência deste consórcio. Por motivo de doença desta senhora, João Soares deslocou-se com ela para a ilha da Madeira, em busca de clima mais favorável, sendo acolhidos pela família do capitão do Funchal, João Gonçalves da Câmara de Lobos.


Vindo a sua primeira esposa a falecer no continente por volta de 1492-1493, casou em segundas núpcias com D. Branca de Sousa, filha de um fidalgo da Casa Real e donzela de D. Filipa, tia da então rainha. Em que pese a avançada idade dele, de acordo com alguns autores, dessa união houve quatro filhos:


João Soares de Sousa, que viria a ser o 3.º capitão do donatário de Santa Maria;


Pedro Soares, que morreu no Estado Português da Índia;


D. Maria, que casou em Portugal;


D. Violante, que foi desposada em Santa Maria por um Castelhano.



quarta-feira, 27 de abril de 2022

Portas do Mar no Pátio da Alfândega em Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 

As Portas do Mar localizam-se no Pátio da Alfândega, sobranceiro ao Cais da Alfândega, na freguesia da Sé, em pleno centro histórico da cidade e concelho de Angra do Heroísmo, na costa sul da ilha Terceira, nos Açores. Nessa condição integra aquele conjunto classificado como Património Mundial, pela UNESCO.

Embora remontem ao século XV, sofreram extensas alterações eventualmente por volta de 1470 ou 1500, por iniciativa do segundo capitão do donatário da ilha, Álvaro Martins Homem. À época, embora fosse fortificada por razões de segurança, a porta do cais da cidade de Angra tinha, sobretudo, funções de garantia de cobrança dos direitos da alfândega.

No contexto da Dinastia Filipina, o cais e a principal porta de acesso à cidade encontram-se representados na gravura "A Cidade de Angra na Ilha Iesu Xpo da Terceira que esta em 30 Graos", de Jan Huygen van Linschoten, datada de 1595. No mesmo período, por volta de 1610, tiveram lugar extensas obras de reforma que enobreceram a porta, traduzindo o período de prosperidade então vivido pela cidade.


Quando do sismo de Lisboa de 1755 (1 de Novembro), o maremoto resultante fez com que as águas da baía ultrapassassem as Portas do Mar, alcançando a Praça Velha. Em seu refluxo, arrastaram consigo a estrutura das Portas.


Com a criação da Capitania Geral dos Açores (1766), e a chegada a Angra do seu primeiro Capitão-general, D. Antão de Almada, foi determinado ao Sargento-mor João António Júdice que tirasse o plano de reedificação do cais, aproveitando-se o que fosse possível.


Data dessa época a atual configuração do Pátio da Alfândega, entre os estilos barroco e neoclássico, ao nível da Rua Direita, ligado ao cais por duas largas escadarias em ferradura, rematadas ao alto por duas portas com arcos de pedra. As bicas de abastecimento das embarcações foram transferidas para um chafariz de pilastras duplas laterais, ao centro das escadarias. Os vestígios da primitiva porta, as casas da guarda e demais estruturas foram aterradas para dar lugar a este conjunto.

Em finais do século XIX o conjunto apresentava nova configuração: as arcadas haviam desaparecido, e o cais conservava dois níveis.


Em 1998, durante obras de remodelação do cais, foram procedidos trabalhos de prospecção arqueológica que identificaram os vestígios de uma rua, de um cais, de uma fortificação abaluartada e de uma densa rede de águas e esgotos. Os vestígios distribuíam-se em três diferentes níveis de ocupação, interligados por escadarias e pátios.



terça-feira, 26 de abril de 2022

O Herói da fronteira de Wyoming é Açoriano

 

John Phillips – também conhecido por Portuguese Phillips ou ainda, de acordo com a oralidade da época, Portugee Phillips – nasceu no lugar de Terras, Lajes do Pico, a 28 de Abril de 1832, com o nome de Manuel Filipe Cardoso.



No livro "The John ‘Portugee’ Phillips Legends", o investigador norte-americano Robert A. Murray dá uma ideia da dimensão a que chegou a sua "canonização pagã": "À medida em que o processo de ficcionalização continuou, Phillips transcendeu o carácter de pioneiro determinado e atingiu a mesma categoria mítica, impossível, a que os escritores guindaram Daniel Boone, David Crockett, Kit Carson ou muitas outras figuras da fronteira."


John Phillips, um simples guia ao serviço do exército sedeado no recém-estabelecido Fort Phil Kearny, no então Território do Dakota (hoje no Nebraska), realizou um único grande feito na vida, mas foi o suficiente para a sua lenda durar até aos dias de hoje.


Ainda hoje não se sabe com total precisão o que é realidade e o que é mito. Mas, de noite, sob um forte nevão e perante temperaturas abaixo de zero, Phillips terá cavalgado na companhia de Daniel Dixon cerca de 190 milhas (300 quilómetros) ao longo do Trilho de Bozeman até Horseshoe Station, aí chegando na manhã de Natal.



Expediu um telegrama para Fort Laramie, em Horse Creek (Wyoming), a pedir ajuda, e, como se não bastasse, descansou algumas horas e dirigiu-se ele próprio para o forte, ao longo de mais 40 milhas (65 quilómetros), para certificar-se que era enviado socorro para o Fort Phil Kearny. Com isso, salvou a vida de mais de 90 pessoas. O seu cavalo, hoje mítico, chamava-se Dandy.



segunda-feira, 25 de abril de 2022

A Igreja que foi profanada e destruída por corsários franceses na ilha de Santa Maria Açores

 

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção localiza-se na freguesia da Vila do Porto, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.


Sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da vila, data do início do século XV, constituindo-se numa das igrejas mais antigas do arquipélago. É largamente referida por Gaspar Frutuoso  e, modernamente, a sua história encontra-se em trabalho do Dr. Manuel Monteiro Velho Arruda. Foi cabeça da Comenda de Nossa Senhora da Assunção.

Foram seus benfeitores João Tomé, o "Amo" e o Ouvidor Rui Fernandes, escudeiros do capitão do donatário e vereadores da municipalidade, nomeados por Gaspar Frutuoso como "lavradores e homens principais da terra". As suas obras foram iniciadas em 1439, a cargo do pedreiro Estevão Ponte e do carpinteiro João Roiz (Rodrigues). Frutuoso informa que o primeiro arrematou a obra por trezentos mil-réis, e Roiz, de Vila Franca do Campo, terá recebido "de noventa a cem mil-réis". Primitivamente a igreja só dispunha de uma porta no frontispício. No meado do século XVI já possuía sete confrarias.  Frutuoso assim a descreveu:

"A igreja principal é da invocação da Assunção de Nossa Senhora (por se achar no mesmo dia a Ilha), de naves, com quatro pilares em vão, e muito bem assembrada, com um Altar do apóstolo São Matias, que é o padroeiro de toda a Ilha, da banda do evangelho, e outro de Nossa Senhora do Rosário, da parte da epístola. Tem também duas capelas, uma da banda do sul, que mandou fazer Duarte Nunes Velho, com altar de Jesus; a outra, de Rui Fernandes de Alpoim, com o altar de Santa Catarina."

Por determinação de Filipe II de Portugal, o exclusivo do púlpito desta igreja foi dado aos franciscanos da vila. O pregador do Convento da Igreja de Nossa Senhora da Vitória tinha a obrigação de fazer 24 sermões por ano naquele púlpito, recebendo, por isso, três moios de trigo e 10$000 réis em espécie. O corpo eclesiástico de que dispunha era muito numeroso, recebendo bons proventos no século XVIII.

A igreja foi profanada e destruída por corsários franceses (agosto de 1576) e ingleses (1599), tendo sido incendiada por piratas da Barbária em 1616.  Nesta última terá servido como mesquita. Foi reparada pela Câmara Municipal em 1630, mas faltaram, à época, recursos para a telha.  Após vários apelos ao soberano, apenas em 1659 um pequeno auxilio foi conseguido. A imagem da Virgem foi devolvida ao seu nicho, ao centro do altar-mor em 1674, por iniciativa do então bispo da Diocese de Angra, D. Lourenço de Castro.

Encontra-se referida por MONTE ALVERNE (1986), possuindo à época (c. 1695) um vigário, um cura, um tesoureiro, um organista e quatro beneficiados.

As reparações promovidas no século XVIII e no século XX foram efectuadas à custa da população e das confrarias.  O altar das Almas goza do privilégio de indulgência para o sacerdote que oficiar missas dos fiéis defuntos, com isenção das penas do Purgatório, segundo Breve do Papa Pio VI datado de 11 de Março de 1784.

Em 6 de Outubro de 1832, um novo incêndio trouxe a destruição da igreja e a reconstrução foi iniciada no ano seguinte (1833) por iniciativa do padre António Calisto (agraciado com o hábito da Ordem de Cristo), às expensas dos paroquianos, conforme inscrição epigráfica a meio da parede da nave sul.

A torre foi alteada em cinco metros para a instalação de relógio, cuja inauguração se deu a 9 de Junho de 1946.

Actualmente, da primitiva estrutura, restam apenas uma porta lateral em estilo gótico e um tecto em estilo manuelino na Capela de Santa Catarina.



domingo, 24 de abril de 2022

Lista de Emigrantes que partiram para o Brasil da Vila do Porto ilha de Santa Maria Açores

 


1.  Antónia Margarida de Menezes (São Pedro, Ilha Terceira, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, 29 de Junho de 1740 - Rio Pardo, Rio Grande do Sul, 16 de Março de 1807) casada com António José de Menezes e Moura.


2.  António Francisco de Menezes (Santa Bárbara , Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, 7 de Outubro de 1727 - Brasil, 1 de Novembro de 1791) casado com Rosa dos Anjos de Moura e Anna Joaquina.


3.  António José de Menezes e Moura (Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, ? - Rio Grande, Rio Grande do Sul, 18 de Fevereiro de 1760) casado com Antónia Margarida de Menezes.


4.  António Soares de Menezes, Capitão (Fajã de São Lourenço, Santa Bárbara, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, c. 1697 - Brasil, c. 1805) casado com Barbara Encarnação de Sousa de Menezes.


5.  Barbara Encarnação de Sousa de Menezes (Lugar de Flor da Rosa, São Pedro, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, c. 1707 - Brasil, c. 1805) casada com António Soares de Menezes, Capitão.


6.  Clara Maria de Sousa (Nossa Senhora do Rosário, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com André da Costa Leite.


7.  Catharina de Menezes (São Pedro, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria , Açores, Portugal, 22 de Abril de 1730 - Brasil, ?) filha de António Soares de Menezes, Capitão e Barbara Encarnação de Sousa de Menezes.


8.  Francisca Quitéria de Menezes (São Pedro, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, 15 de Janeiro de 1738 - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 22 de Setembro de 1797) casada com Manuel de Medeiros e Mello.


9.  Francisco da Costa Leite (Vila do Porto, Ilha de S. Maria, Açores, Portugal, c. 1723 - Taquari, Rio Grande do Sul, 14 de Setembro de 1813) casado com Rita Maria da Conceição.


10.  Helena do Espírito Santo de Menezes (São Pedro, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, 25 de Abril de 1735 - Brasil, c. 1805) casada com António dos Santos Saloyo e José Luiz de Serqueira.


11.  Inácio da Costa Leite (Vila do Porto, Ilha de S. Maria, Açores, Portugal, c. 1734 - Brasil, ?) casado com Antónia Maria.


12.  João Francisco de Resende (Vila do Porto, Ilha de S. Maria, Açores, Portugal, ? - Brasil, c. 1858) casado com Felícia Francisca Rosa Teixeira.


13.  Joaquim Soares de Menezes (São Pedro, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, c. 1748 - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 2 de Janeiro de 1805) casado com Maria Santa de Belém.


14.  João de Resende Costa (Ilha de Santa Maria, Vila do Porto, Açores, Portugal - 02 de Novembro de 1695 - Prados, Minas Gerais, 08 de Março de 1758) casado, em 3 de Outubro de 1726, com Helena Maria de Jesus Gonçalves, uma das 3 ilhoas.


15.  Manuel José de Menezes (São Pedro, Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, 11 de Dezembro de 1732 - Brasil, c. 1772) casado com Marianna dos Anjos.


16.  Manuel Mendes Lourenço (Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casado com Clara Maria Assumpção e Sá.


17.  Manuel de Sousa Leite (Vila do Porto, Ilha de S. Maria, Açores, Portugal, c. 1724 - Brasil, ?) casado com Margarida dos Anjos.


18.  Margarida dos Anjos (Vila do Porto, Ilha de S. Maria, Açores, Portugal, ? - Brasil, ?) casada com Manuel de Sousa Leite.


19.  Pascoal Leite da Silva Furtado (Vila do Porto, Ilha de S. Maria, Açores, Portugal, c. 1559 - Brasil, c. 1614) casado com Isabel Domingues do Prado.



sexta-feira, 22 de abril de 2022

Brianda Pereira

 

Brianda Pereira  nasceu no Porto Judeu, c. 1550 — Jurisdição do extinto Concelho da Vila de São Sebastião, c. 1620 foi uma mulher açoriana elevada pela historiografia da Batalha da Salga e dos acontecimentos que a rodearam ao papel de heroína da resistência da ilha Terceira contra Filipe II de Espanha.

Brianda Pereira nasceu provavelmente na cidade de Angra ou alternativamente no Porto Judeu então Concelho da da Vila de São Sebastião, conforme a tradição popular, filha de Álvaro Anes de Alenquer e de Maria Pereira de Sousa. O pai foi juiz ordinário da Câmara de Angra em 1553 e descendia de Pero Anes de Alenquer, um dos primeiros colonos da ilha Terceira e, tal como a mãe, tinha ascendentes nobres.


Casou com Bartolomeu Lourenço, indo residir para o vale da Salga, na zona litoral do Porto Judeu na Jurisdição do extinto Concelho da vila de São Sebastião, onde o casal era dono de terras e tinha uma abastada casa agrícola. Residiam nesse local quando a 25 de Julho de 1581, no contexto da luta entre partidários de Filipe II de Espanha e de D. António I de Portugal, se travou na baía da Salga, em cuja arriba se situava a casa do casal, a batalha da Salga.

A batalha iniciou-se pelo desembarque de uma força espanhola que de imediato incendiou as searas e as casas existentes nas imediações, entre as quais muito provavelmente a de Brianda Pereira, aprisionando os homens que encontrou. Entre os prisioneiros figurava Bartolomeu Lourenço, que se encontraria ferido.



quinta-feira, 21 de abril de 2022

Fundação do covento de Convento de São Francisco em Agra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 

Os primeiros franciscanos chegaram à Terceira por volta de 1456 e desde cedo trataram de edificar uma ermida e mais tarde, em 1470, um convento.


Esse primitivo conjunto (convento e ermida) foi demolido, dando lugar ao atual, maior e mais imponente. Em 1663, reunidos por Frei Naranjo os donativos necessários às obras, estas tiveram início. Três anos mais tarde, os dormitórios e as oficinas estavam concluídos e, a 6 de Março de 1666, era colocada solenemente a primeira pedra do novo templo.


A 1 de Outubro de 1672, concluídas as obras, procedia-se à bênção, pelo então bispo de Angra, D. Frei Lourenço de Castro, após procissão solene em que tomaram parte as autoridades civis, militares e eclesiásticas da ilha.

Aqui esteve hospedado António I de Portugal quando de sua estada na ilha.

Após a Revolução do Porto (1820), com a difusão das idéias de cunho liberalista no país e no arquipélago, aqui foram recolhidos, em 1823, quatro clérigos cinco frades e onze seculares, por professarem esses ideais. O grupo foi detido na Praia e conduzido sob escolta militar até Angra. Entraram no convento pela chamada "Porta dos Carros", uma vez que o adro se encontrava repleto de populares, armados com "ferros cortantes de toda a espécie", que tentavam linchar esses "pedreiros livres" e "sevandijas".


No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), em maio de 1829, a Junta Provisória acusou os franciscanos de serem "baluartes da infidelidade" e, em dezembro desse mesmo ano, o convento recebeu ordens para enviar todos os seus frades para a Praia (exceto três para os serviços religiosos), uma vez que as suas instalações eram requisitadas para aquartelar o Regimento Provisório de Infantaria, sob o comando do tenente-coronel Bartolomeu Salazar Moscoso.

Com a extinção das ordens religiosas em Portugal (1834), e a criação do Liceu de Angra do Heroísmo (1844), as suas dependências passaram a ser utilizadas por esta instituição, que, sob a direção do padre Jerónimo Emiliano de Andrade, foram instaladas no lado Oeste do edifício (voltado para o centro histórico da cidade). As aulas iniciaram-se em Outubro de 1851, entretanto ainda com sérias deficiências por falta de professores e de instalações adequadas.

Posteriormente, em 1862, no lado Este do edifício, foi inaugurado o Seminário Diocesano de Angra e, em 1864, instalado a primeira estação meteorológica da Terceira, na ala Noroeste (na subida para o Alto da Memória).


Em 1900 as instalações do Liceu de Angra foram transferidas para o Palácio Bettencourt, antigo Paço Episcopal, tendo retornado poucos anos mais tarde, em 1913, após a Implantação da República Portuguesa. Durante o Estado Novo Português o Liceu era simplesmente referido como "Liceu Nacional de Angra do Heroísmo", tendo sido transferido para um imóvel próprio no ano lectivo de 1968-1969.


Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 47 508, de 24 de janeiro de 1967, classificação consumida por inclusão no conjunto classificado da Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo, conforme a Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, e artigo 10.º e alínea a) do artigo 57.º do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.

Atualmente, as dependências do convento são ocupadas pelo Museu de Angra do Heroísmo, que conserva algumas das pedras trabalhadas pertencentes ao primitivo conjunto.

A igreja é considerada panteão; nela se encontram sepultadas figuras notáveis como as de João Vaz Corte-Real e Paulo da Gama, irmão de Vasco da Gama. A sepultura de Paulo da Gama encontrava-se na primitiva Capela de Nossa Senhora da Guia, hoje desaparecida.


Em janeiro de 2012 foi concluída a restauração do órgão, construído em 1788 por António Xavier Machado e Cerveira com o número 22, e que se constitui no mais antigo deste construtor no arquipélago. Em muito mau estado de conservação, foi atingido pela derrocada parcial de um dos arcos do templo quando do terramoto de 1980, sendo desmontado em 1981. As obras ficaram a cargo de Dinarte Machado, com recursos da Direção Regional da Cultura. A recuperação deste órgão encerrou o restauro de todos os órgãos históricos de Angra do Heroísmo.




terça-feira, 19 de abril de 2022

Carta régia de D. Afonso V dando licença ao Infante D. Henrique para povoar as sete ilhas dos Açores (1439)

 

Carta de El-Rei D. Afonso V dando licença ao Infante D. Henrique para povoar as sete ilhas dos Açores, onde já mandara lançar ovelhas, de 2 de julho de 1439.

"Dom Afomso etc. A quantos esta carta virem fazemos saber, que o Ifante Dom Anrrique meu tio nos envyou dizer q el mandara lançar ovelhas nas ssete Ilhas dos Açores, e que se nos aprouguese que as mandaria pobrar. E porq a nos dello praz lhe damos lugar e licença q as mande pobrar. E porem mandamos aos nosos veedores da fazenda corregedores juizes e justiças e a outros quaaesquer q esto ouverem de veer que lhas leixe mandar pobrar e lhe nom ponham sobre ello enbargo. 

E al nom façades. Dada em cidade de Lixboa doos dias de Julho. EI-Rey o mandou com autoridade da Sra. rrainha sua madre como sua tetor e curador que he com acordo do Ifante do Ifante   Dom Pedro seu tio defensor por el dos ditos regnos e senhorio. Paay Roiz a fez screpver e ssoscrepveo per sua maão. Anno do naçimento de nosso Senhor Jhu Christo de mil e iiii xxxix."


A.N.T.T., Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 19, fólio 14.




segunda-feira, 18 de abril de 2022

Descobrimento e povoamento da ilha do Corvo Açores

 


Nos mapas genoveses do século XIV, nomeadamente o Portulano Mediceo Laurenziano (1351), é mencionada a "Insula Corvi Marini" (Ilha do Corvo Marinho) entre as sete ilhas que compunham o arquipélago, embora seja improvável que essa designação se refira especificamente à atual ilha do Corvo, ainda que possa ter sido a origem do seu nome. É possível que fosse uma designação para ambas as ilhas do atual Grupo Ocidental do Arquipélago dos Açores – Flores e Corvo –, como parece ser o caso no chamado Atlas Catalão, (c. 1375).

Na fase de exploração portuguesa do Atlântico sabe-se que foi Diogo de Teive quem achou as ilhas do Grupo Ocidental, no regresso da sua segunda viagem de exploração à Terra Nova, em 1452. Terão sido descobertas em simultâneo, já que ambas se avistam mutuamente. A sua designação henriquina foi ilha de Santa Iria, mas também foi chamada de ilhéu das Flores, ilha da Estátua, ilha do Farol, ilha de São Tomás e ainda de ilha do Marco, tendo este nome persistido durante alguns séculos em razão de o monte do Caldeirão ser utilizado como uma referência geográfica para os marinheiros ou, e mais provavelmente, pelo facto de existir um pequeno promontório a que foi dado o nome de Ponta do Marco, local onde possivelmente terá sido erguido um padrão como era hábito então fazer-se nas novas terras descobertas.

Apesar da incerteza quanto à data precisa do achamento português da ilha, é seguramente anterior a 20 de janeiro de 1453, data em que Afonso V de Portugal fez doação de ambas as ilhas a seu tio, Afonso I, Duque de Bragança.

A primeira tentativa de povoamento do Corvo foi empreendida no início do século XVI por um grupo de 30 pessoas, lideradas por Antão Vaz de Azevedo, natural da ilha Terceira, que entretanto culminou com o seu abandono.  O mesmo sucedeu com um grupo de povoadores, também oriundos da Terceira, liderados pelos irmãos Barcelos. Mais tarde, em meados do século, a 12 de novembro de 1548, Gonçalo de Sousa, capitão do donatário das ilhas das Flores e do Corvo, foi autorizado a mandar para ilha escravos – provavelmente mulatos, oriundos da ilha de Santo Antão, arquipélago de Cabo Verde – de sua confiança como agricultores e criadores de gado.

Em 1570 foi construída a primitiva igreja. Por volta de 1580, colonos das Flores fixam-se no Corvo, que, a partir de então passou a ser permanentemente habitada, dedicando-se a população à agricultura, à pastorícia e à pesca.



domingo, 17 de abril de 2022

Sete Lagoas ilha das Flores Açores

 

Sete Lagoas é o nome atribuído a um conjunto de sete lagoas alojadas dentro da caldeira de um dos vulcões primordiais da ilha das Flores, arquipélago dos Açores.


Apesar de muitos milhões de anos de erosão e de esta formação geológica se encontrar muito desgastada pelas frequentes e fortes chuvas do oceano atlântico, aliadas às fortes ventanias de altitude não perdeu de todo o seu Misticismo e encantamento de um vulcão que embora vivo se encontra presioneiro dentro de uma montanha adormecida, suspenso num imenso mar de nuvens que alimentam de pluviosidade as florestas de Laurissilva que descem a encosta e bordam as lagoas.

Às lagoas foram atribuídos nomes de acordo com as suas características, e assim temos: a Lagoa Negra cujo nome provem da cor das suas águas, que são negras devido à profundidade que esta lagoa tem e que chega aos 110 metros de profundidade. É rodeada de areais e encontra-se aninhada entre altas montanhas. Á volta das margens da lagoa surgem grandes maciços de hortênsias de várias cores.


As restantes lagoas deste conjunto chamam-se: Lagoa Branca, Lagoa Comprida, Lagoa Rasa, Lagoa da Lomba, Lagoa Funda e Lagoa Seca.



sábado, 16 de abril de 2022

Descoberta e povoamento da ilha das Flores Açores




As ilhas do Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores - Flores e Corvo - foram encontradas em 1452, quando do retorno da viagem de exploração de Diogo de Teive e seu filho, João de Teive, à Terra Nova. No início do ano seguinte, a 20 de janeiro de 1453, Afonso V de Portugal fez a doação das ilhas de "Corvo Marini" ao seu tio, Afonso I, Duque de Bragança. Nesse documento de doação não é mencionada a ilha das Flores, uma vez que, à época, não tinha um nome. Entretanto era esta a ilha doada, uma vez que a do Corvo era, à época, considerada apenas um ilhéu anexo à primeira. As ilhas seriam posteriormente doadas ao Infante D. Henrique, Mestre da Ordem de Cristo, que, em seu testamento, as nomeia como ilha de São Tomás e ilha de Santa Iria. Com a morte deste passam para o Infante D. Fernando, Duque de Viseu.


A atual toponímia "Flores", em uso desde em 1474 ou 1475, deve-se à abundância de flores de cor amarela, os "cubres" ("Solidago sempervirens") que recobriam a costa da ilha, cujas sementes possivelmente foram trazidas por aves migratórias desde a península da Flórida, na América do Norte.

O primeiro capitão do donatário destas ilhas foi Diogo de Teive, passando a capitania a seu filho, João de Teive. Este cedeu-a a Fernão Teles de Meneses a 20 de janeiro de 1475. Com a morte acidental de Teles de Meneses, a viúva deste, D. Maria Vilhena, que as administrava em nome do seu jovem filho, Rui Teles, negociou estes direitos com Willem van der Haegen. Desse modo, este nobre flamengo que por volta de 1470 havia chegado com avultada comitiva à ilha do Faial, de onde passara à ilha Terceira, passa para as Flores por volta de 1480, pagando à viúva apenas direitos de capitão do donatário, e iniciando-lhe o povoamento. Fixou-se junto à foz da Ribeira de Santa Cruz (ainda actualmente conhecida por Ribeira dos Barqueiros), nos arredores de Santa Cruz das Flores, proximo da Fajã do Conde, cuja povoação começou a se formar, iniciando o cultivo do pastel, planta tintureira em cuja cultura era experimentado. Aí permaneceu durante cerca de dez anos, findo os quais resolveu deixar a ilha, motivado pelo isolamento e pela dificuldade de comunicações da mesma, indo fixar-se na ilha de São Jorge.


Mais tarde, Manuel I de Portugal faz a doação da capitania-donatária a João da Fonseca, a 1 de março de 1504, que retoma o povoamento com elementos vindos da Terceira e da ilha da Madeira, aos quais se somou, por volta de em 1510, nova leva de indivíduos de várias regiões de Portugal, com predomínio dos do norte do país. Este povoamento distribuiu-se ao longo da costa da ilha, com cada família ou grupos afins ocupando a data ou sesmaria que lhes coubera, com base na cultura de trigo, cevada, milho, legumes e na exploração da urzela e do pastel. Desse modo, ainda no século XVI recebem carta de foral as povoações de Lajes das Flores (1515) e de Santa Cruz das Flores, assim elevadas a vila. Data de 6 de agosto de 1528, a confirmação régia da posse da Capitania a Pedro da Fonseca, filho de João da Fonseca. Com o falecimento de Pedro da Fonseca, e do seu filho mais velho, João de Sousa, João III de Portugal, faz a doação da capitania-donataria da ilha a Gonçalo de Sousa (12 de janeiro de 1548).

Nos séculos seguintes, os poucos habitantes manter-se-iam isolados em várias partes da ilha, recebendo raras visitas das autoridades régias, e de embarcações de comércio das ilhas do Faial e Terceira em busca em busca de azeite de cachalote, mel, madeira de cedro, manteiga, limões e laranjas, carnes fumadas e, por vezes, louça (deixando panos de lã e linho e outros artigos manufaturados) e outras que ali faziam aguada e adquiriam víveres.


quinta-feira, 14 de abril de 2022

Vulcão das Sete Cidades ilha de São Miguel Açores



O Vulcão das Sete Cidades, forma uma maciço vulcânico, o Maciço das Sete Cidadea, que constitui o extremo ocidental da ilha de São Miguel. É um grade estratovulcão poligenético, do tipo vulcão central com caldeira, no interior da qual, para além das duas grandes lagoas e de duas outras de menor dimensão, se identificam diversos aparelhos vulcânicos, entre os quais cones de pedra pomes, maars e domos.

Embora este vulcão não tenha sido palco de atividade eruptiva histórica (pese embora a possibilidade de uma erupção por volta de 1440 seja referida), corresponde, provavelmente, ao sistema vulcânico do arquipélago dos Açores com maior frequência eruptiva nos últimos 5 000 anos, produzindo pelo menos 17 erupções explosivas centradas na caldeira nesse período.

O Vulcão das Sete Cidades é limitado a norte, oeste, e sul pelo mar, terminado em falésias de erosão bem marcadas. Para leste, entre o Vulcão das Sete Cidades e o Vulcão do Fogo, desenvolve-se a Região dos Picos, com cerca de 23 km de de largura, cobrindo uma área de cerca de 200 km2. Grande parte da extensão desta região de transição entre maciços corresponde a uma área pouco elevada, dominada pela presença de cerca de 300 centros emissores, principalmente cones de escórias gerados no decurso de episódios vulcânicos recentes com emissão de piroclastos basálticos, dois dos quais formados por erupções históricas (isto é registadas após o povoamento da ilha) em 1563 e 1652.


Formado há cerca de 50 000 anos, o Sistema Vulcânico da Região dos Picos é o mais recente da ilha de São Miguel, preenchendo o canal de mar que em tempos separou os vulcões das Sete Cidades e do Fogo. No decurso da história eruptiva do vulcão, registaram-se eventos tanto explosivos como efusivos, tendo o material extruído dado origem a depósitos vulcaniclásticos e escoadas lávicas.


Os Açores têm 26 vulcões ativos.