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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Embarcações naufragadas na Baía de Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 


1542 – Naufrágio da nau cognominada Grifo, capitaneada por Baltazar Jorge

A Grifo foi uma nau portuguesa da Carreira da Índia. Em 1536 D. João de Castro embarca para a Índia a bordo da nau.  Em 1542 a nau portuguesa, capitaneada por Baltazar Jorge naufraga nos Açores. Perdeu-se sobre a âncora.


1555 - Naufrágio da nau Assumpção, comandada por Jácome de Melo

A Nossa Senhora da Assunção foi uma nau de linha português.

Participou na Batalha de Matapão, sendo comandada pelo fiscal Pedro de Sousa Castelo Branco tinha 500 praças e continha 64 peças de artilharia.


1555 - Naufrágio da nau alcunhada de Algarvia Velha, acabada de chegar das Índias.

Nau que naufragou no regresso da India.


1586 - (17 de Setembro) – Naufrágio da nau Santa Maria, de nacionalidade espanhola e provinda de São Domingo. Devido ao nau tempo.

A Santa Maria, anteriormente chamada de La Gallega, foi a nau, do tipo carraca, capitânia do Almirante Cristóvão Colombo na viagem em que, navegando para Oeste pelo Oceano Atlântico, veio a descobrir o continente americano (1492).

De propriedade do mestre Juan de la Cosa, morador das vizinhanças do porto de Palos de la Frontera, e que a pilotava nesta viagem, era considerada pelo Almirante como uma embarcação pesada.



1587 - Naufrágio de um galeão português (Santiago) capitaneado por Francisco Lobato Faria e provindo de Malaca. Perdeu a amarra, salvando-se a gente e a fazenda.

em que se contam os grandes trabalhos e lastimosas coisas que acontecerão ao Capitão Manuel de Sousa Sepúlveda, e o lamentável fim, que ele e sua mulher, e filhos, e toda a mais gente houveram na Terra do Natal, onde se perderão a 24 de Junho de 1552.

Logo no início da obra encontramos o sem dúvida mais conhecido do todos os relatos da História Trágico-Marítima, que aqui merece ser resumido:


Manuel de Sousa Sepúlveda passara à Índia em 1534, para não ter que casar com uma senhora que seduzira, e cujos irmãos o perseguiam. No Oriente fora capitão às ordens de Martim Afonso de Sousa. Estivera presente na conquista de Diu em 1536, na armada do governador D. Estêvão da Gama ao Mar Vermelho em 1540, etc. Em 1544 fora nomeado capitão de Diu.


A 3 de Fevereiro de 1552, com a mulher e os filhos, largou de Cochim, na Índia, rumo a Lisboa, como capitão do galeão grande São João. O galeão vinha carregado com 7500 quintais de pimenta, e transportava mais de quinhentas pessoas. A 13 de Abril, à vista do Cabo da Boa Esperança, a nave foi acometida por fortes tempestades, acabando por naufragar a 8 de Junho, nas costas do Natal. Os cerca de 380 sobreviventes iniciaram, um mês mais tarde, uma longa marcha rumo a Moçambique.


A fome, as doenças, os ataques dos Cafres  e dos animais selvagens foram lentamente diminuindo o seu número. Quando atravessaram o rio de Lourenço Marques, nos fins de Dezembro, os sobreviventes eram apenas cerca de 120; e um filho de 10 anos de Manuel de Sousa Sepúlveda tinha já morrido. Nesta região foram os sobreviventes portugueses maltratados pelos Cafres, vindo a mulher do capitão e os seus filhos pequenos a morrer em Janeiro de 1553, em circunstâncias dramáticas. Manuel de Sousa Sepúlveda, depois de os enterrar, internou-se no mato para nunca mais ser visto.


O relato deste infortúnio foi redigido por um autor desconhecido, talvez baseado em informações de Álvaro Fernandes, guardião do galeão, e foi impresso pela primeira vez logo cerca de 1554. Camões, no Canto V de Os Lusíadas, faz o Adamastor profetizar a tragédia:


"Outro também virá de honrada fama,

Liberal, cavaleiro, enamorado,

E consigo trará a formosa dama

Que Amor por grã mercê lhe terá dado.

Triste ventura e negro fado os chama

Neste terreno meu, que duro e irado

Os deixará dum cru naufrágio vivos

Para verem trabalhos excessivos.




Verão morrer com fome os filhos caros,

Em tanto amor gerados e nascidos;

Verão os Cafres ásperos e avaros

Tirar à linda dama seus vestidos...

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