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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

1° de Dezembro de 1640 – Restauração da Independência de Portugal

 


Bandeira azul e branca


Miguel Villas-Boas  ♔ |


Não fora o facto da ânsia de liberdade ir fazer eclodir, por fim, a revolta na capital, aquele dia 1 de Dezembro do ano de 1640, em tudo se assemelhava a um normal dia de Outono, pois a cidade de Lisboa acordara para o rame-rame habitual: os coches a rolarem com as senhoras da nobreza que se dirigiam para a missa, os operários das diversas guildas a desempenharem os seus mesteres, as tabernas com os habitués. Mas sentia-se o odor a mistério e a conspiração no ar! E os avisados, de quando em vez, desligavam-se da rotina dos seus afazeres e olhavam em volta procurando desenvolvimentos.



Assomaram então no Paço da Ribeira, como que surgidos de uma bruma que nem havia, o grupo patriótico dos 40 e tal Conjurados, entre eles, D. Antão de Almada - Conde de Avranches -, D. Miguel de Almeida – o de maior idade -, Francisco de Mello e seu irmão Jorge de Mello. Também, além de outros, António Saldanha, Pedro de Mendoça Furtado, Fernão Telles de Menezes, D. Manrique da Silva, Bernardim de Távora e o Dr. João Pinto Ribeiro.


Às 9h15m certas, invadiram o palácio da Duquesa e dominaram-lhe, facilmente a Guarda Alemã, subiram a escadaria e assomaram Francisco Soares de Albergaria e António Correia que perante a arrogante resistência foram despachados a chumbo; o Povo, que entretanto se juntara por passa a palavra e que desemborcara serpenteando de todos os lados, seguindo o Crucifixo do Padre Nicolau, ficou a aguardar no Terreiro do Paço o sinal de que a revolução tinha sido bem-sucedida, o que ocorreria com a defenestração de Miguel de Vasconcellos.


Miguel de Vasconcellos e Brito, Senhor do Morgado da Fonte Boa, era um oportunista político, tornando-se odiado pela nobreza e pelo povo por, sendo português, trair a sua Pátria e colaborar com a representante real servindo assim por interposta pessoa um Príncipe estrangeiro, Miguel de Vasconcellos seria a última e justa vítima da Restauração.


Aproximando-se o Natal do ano 1640, como a maioria dos castelhanos partira para Espanha, na capital portuguesa, ficaram a Duquesa de Mântua, a espanhola que, desde 1634, ocupava o cargo de Vice-Rei de Portugal, e o seu Secretário de Estado, o português Miguel de Vasconcellos e Brito. Margarida de Sabóia, Duquesa consorte de Mântua, era filha de Carlos Emanuel I, Duque de Sabóia e da Infanta Catarina Micaela de Espanha o que fazia dela neta materna de Felipe II – Felipe III de Espanha, o Rei-planeta - e prima direita de Felipe III – IV de Espanha. Esse parentesco fazia da Duquesa de Mântua um importante membro da família imperial dos Áustria ou Habsburgos, e por meio de uma aliança matrimonial casou com o futuro duque Francisco IV de Mântua e de Montferrat. Para esta nomeação na qual exerceu as funções de vice-rei de Portugal, em dependência do rei de Espanha, valeram-lhe as relações de parentesco real, mas, pela sua importância, devem ser reconhecidos os esforços de Diogo Soares, do Conselho de Portugal na capital espanhola, valido do Conde-Duque de Olivares e parente de Miguel de Vasconcellos que, em 1635, foi nomeado Secretário de Estado de Portugal, encarregando-se do governo do Reino. 



Após, penetrarem no palácio, os patrióticos Conjurados procuraram pelo insidioso traidor, mas do secretário de estado nem sinal. E por mais voltas que dessem, não encontravam Miguel de Vasconcellos. Já tinham percorrido os salões, os gabinetes de trabalho, os aposentos do ministro, e nenhum sinal da criatura.


Ora acontece que Miguel de Vasconcellos, espantadiço, quando se apercebeu que não podia fugir, encolhera-se num armário fechado por dentro, com uma arma em riste. Mas o tamanho do armário era diminuto e o fugitivo, ao tentar posição mais confortável, remexeu-se lá dentro, restolhando a papelada lá guardada, denunciando-se. Foi quanto bastou para os Conjurados patriotas rebentarem a porta e o crivarem de balas. Era hora de dar o sinal ao Povo atirando o traidor pela janela fora!



Ainda antes, os Conjurados proclamaram “Rei” Dom João II de Bragança, aos gritos de:


"Liberdade! Liberdade! Viva El-Rei Dom João IV!”


Depois de D. Miguel de Almeida gritar à janela do Paço Real, “o Duque de Bragança é o nosso legítimo Rei!”, ocorreu, então, a célebre defenestração sendo o corpo de Miguel de Vasconcellos arremessado pela janela, caindo, ressupino, no meio de uma multidão enfurecida que acicatou sobre o cadáver todo o ódio acumulado por 60 anos de ocupação, cometendo verdadeiras atrocidades. Depois de ofendido pela turba justiceira, o destroço - que outrora constituiu um corpo - foi deixado in loco na marca da queda para ser desgastado e corroído pelos cães - sinal da mais genuína profanação e destino merecido por todos os traidores da Pátria.


A Duquesa de Mântua, abandonada pela guarnição castelhana, tentou, em vão, aplacar os ânimos do povo amotinado na Praça. Terá sido neste transe que, diante dos Conjurados, tentando assomar à janela do Paço para pedir a lealdade do povo, D. Carlos de Noronha, um dos líderes da sublevação, lhe terá remetido a frase:

"Se Vossa Alteza não quiser sair por aquela porta, terá que sair pela janela...".


Temendo o mesmo destino, o de ser defenestrada como Miguel de Vasconcellos e Brito, isolada e sem apoios locais, a Duquesa, foi aprisionada nos seus aposentos.

Eram 9h30m do 1.º de Dezembro de 1640 e a Revolução, que pôs fim ao domínio castelhano de seis décadas, durou um curtíssimo quarto de hora e foi imediatamente apoiada por muitas comunidades urbanas e concelhos rurais em todo o país.



A 6 de Dezembro, D. João II, Duque de Bragança, desembarcaria na Casa da Índia e, como um César vitorioso, entraria triunfante, em Lisboa, para o seu desfile perante a ovação e os “Vivas!” de todos.


Viv’á Restauração! Viv’ó 1.° de Dezembro! Viva Portugal Independente!



Cortesia a Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica




terça-feira, 29 de novembro de 2022

Daniel Silva

 


Daniel Silva é filho de pais açorianos emigrantes no Michigan e passou a infância entre Detroit e a California.  É um autor norte-americano de romances de espionagem, sendo alguns deles bestsellers.

Daniel Silva foi produtor executivo da programação da CNN em Washington e em 1987 foi nomeado correspondente no Médio Oriente, no Cairo. Viajou muito por toda a região, cobriu a Guerra Irão-Iraque, o terrorismo e os diversos conflitos políticos na região.

Escreveu vários bestsellers que alcançaram o topo da lista semanal de ficção do New York Times, sendo meros exemplos Moscow Rules que em 2008 entrou directamente para o primeiro lugar (e onde ficaria por mais uma semana),  ou The Defector, que repetiria o acesso ao topo no ano seguinte,  tal como aconteceu a The Rembrandt Affair em 2010. 


Em 2011 surgiu a notícia que a Universal Pictures tinha adquirido os direitos da série de livros protagonizada por Gabriel Allon, contando com Jeff Zucker como produtor. Este estúdio cinematográfico já tinha, em 2007, tentado adaptar para o grande ecrã o livro The Messenger mas o projecto não se materializou.

Daniel conheceu Jamie Gangel, uma correspondente da CNN, quando eles estavam trabalhando no Oriente Médio. Eles se casaram e ele se converteu ao judaísmo, religião da sua esposa.


Eles são pais dos gêmeos Nicholas e Lily. As crianças sempre o acompanham nas suas viagens para escrever seus livros.



segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Hélder Fragueiro Antunes

 


Hélder Manuel da Terra Fragueiro Marques Antunes  nasceu em Angra do Heroísmo, Nossa Senhora da Conceição a 6 de julho de 1963.  É  um empresário, engenheiro e ex-piloto de corridas luso-americano.


Filho de Armando Manuel Marques Antunes, de Torres Novas, e Carolina de Vasconcelos da Terra Fragueiro (Horta, Faial, 02 de fevereiro de 1937 - São José, Califórnia, 26 de janeiro de 2014), Hélder Manuel da Terra Fragueiro Marques Antunes nasceu no dia 6 de julho de 1963, na freguesia da Nossa Senhora da Conceição, Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. É descendente dos primeiros povoadores dos Açores, como Willem van der Haegen e Joss de Utra, do nobre francês Jean de Bettencourt,  e de D. Afonso Henriques e parente distante de Ernesto Hintze Ribeiro, primeiro-ministro do sec. XIX. É primo do político Miguel Frasquilho e sobrinho do político Manuel Alcindo Antunes Frasquilho.

Passou os primeiros anos de sua vida na Base das Lajes da Força Aérea, onde seus pais e grande parte da sua família trabalhou na Força Aérea Portuguesa.  Em 1967, a família mudou-se para Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, quando o pai foi a trabalhar para SATA Air Açores. A família permaneceu na ilha até 1975, quando os eventos seguintes da Revolução dos Cravos, juntamente com outros fatores, motivou-os a emigrar para Rhode Island nos Estados Unidos.


A família viveu em Rhode Island até 1984, quando a família se mudou para São José, Califórnia, quando o pai foi oferecida uma posição na Lockheed Martin, onde viria a trabalhar no telescópio espacial Hubble.

Fragueiro Antunes começou a sua carreira em automobilismo em 1983, pouco depois de sua família chegar na Califórnia. Em 1987, participou várias vezes no Nevada Open Road Challenge e no Silver State Classic, considerado por Guinness World Records como a corrida de rua mais rápida do mundo.  No início de sua carreira Antunes, frequentou Sonoma Raceway e Leguna Seca Raceway. Ao longo dos anos, ocupou várias vezes posição no Top 3 do Pony Express 100.


Durante seu tempo como piloto, também desenhou alguns dos primeiros sistemas de aquisição de dados para carros de corrida.




domingo, 27 de novembro de 2022

João Alberto de Azevedo Neves

 


João Alberto Pereira de Azevedo Neves  nasceu em Angra do Heroísmo a  12 de Maio de 1877  e faleceu em  Lisboa, a 14 de Abril de 1955 . Mais conhecido por Dr. Azevedo Neves, foi um médico, professor de medicina e político Portugues. Uma carreira notável levou-o, entre muitos outros, a ocupar os cargos de professor de Medicina Legal na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, de reitor da Universidade Técnica de Lisboa, de membro do Conselho Médico-Legal, de vogal do Conselho Superior de Instrução Pública e de director da Associação Internacional de Estudo do Cancro. Publicou numerosos trabalhos de investigação médica e colaborou na imprensa. Teve intervenção política relevante, chegando a ocupar os cargos deputado às Cortes, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Ministro do Comércio e Ministro dos Negócios Estrangeiros.


João Alberto Pereira de Azevedo Neves nasceu na freguesia da Sé (Angra do Heroísmo), filho de João Albertino da Silva Pereira e de Margarida Rosa da Silva Neves. Depois de estudos preparatórios em Angra do Heroísmo, alistou-se em 27 de Outubro de 1897 no Batalhão de Caçadores das Caldas da Rainha, matriculando-se de seguida na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, antecessora da actual Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, na qual se formou a 24 de Abril de 1901, apresentando como tese de licenciatura uma tese intitulada Contribuição para o Estudo do Ovário.


Fez parte da sua formação na Alemanha, onde se especializou em anatomia e medicina legal. Regressado em 1902 a Portugal, foi convidado por Curry Cabral, então enfermeiro-mor do Hospital de São José, para dirigir o novo laboratório de análises clínicas daquele Hospital, cuja primeira secção era a de Anatomia Patológica.


Depois da morte de Câmara Pestana em 1899, a regência da disciplina de Anatomia Patológica tinha transitado para Custódio Maria Cabeça, que ocupou este cargo de 1903 até 1910. Durante esta regência Azevedo Neves foi encarregado da direcção dos trabalhos práticos de Anatomia Patológica e das preparações histológicas para o curso.


Nas eleições gerais de 12 de Fevereiro de 1905 foi eleito deputado pelo círculo de Santiago de Cabo Verde integrado nas listas do Partido Progressista. Prestou juramento nas Cortes a 16 de Agosto desse ano. Apesar de ter integrado a Comissão do Ultramar, não se lhe conhece qualquer intervenção parlamentar.


Quando em 1913 foi contratado um professor italiano, natural de Trieste, Emilio Enrico Franco para leccionar anatomia surgiu uma nova oportunidade para Azevedo Neves assumir o ensino da cadeira, pois de 1915 a 1918 o titular ausentou-se para Itália devido à Grande Guerra.


Durante esta ausência Azevedo Neves regeu a Cadeira, auxiliado por Henrique Parreira. Esta situação manteve-se até ao regresso de Emilio Franco em 1918.

Serviu como médico miliciano até 1909 na reserva territorial, ingressando nesse ano no serviço activo. Foi promovido a capitão em 1917 e a major em 1921. Abandonou o serviço militar em 1926, passando então a exercer as funções de professor da Faculdade de Medicina.


Depois da implantação da República ingressou na Maçonaria, fazendo parte do Triângulo n.º 159, com sede na Amadora, adoptando o nome simbólico de Justitia. Apesar desta adesão maçónica, manteve-se fiel aos ideais da monarquia constitucional e foi elemento destacado da Causa Monárquica.




sábado, 26 de novembro de 2022

Álvaro de Ornelas foi o primeiro capitão do donatário do Pico

 


Filho de Lopo Esteves de Ornelas e de sua primeira mulher Maria de Ayala.

João de Barros, na Década 1, L. 1, C. 11, diz que Álvaro de Ornelas serviu o Infante D. Henrique, andou nos Descobrimentos e foi ao seu serviço para a Madeira logo no início do seu povoamento.

Como este Álvaro de Ornellas terá nascido entre 1410 e 1415, terá ido para a Madeira com seu pai Lopo Esteves de Ornelas, que já lá estava, pelo menos, em 1427.

Armou em 1446 uma caravela e fez a sua famosa expedição da Guiné e conquistou uma parte da ilha de Yomena.

O Infante D. Henrique fez-lhe doação na Madeira das terras do Caniço.

Acrescentou ao escudo da família de Ornelas duas sereias, símbolos das suas viagens.

Apesar de ser nomeado como Capitão do donatário da ilha do Pico, por volta de 1460 e depois de várias experiencias de povoamento, para o que trouxe habitantes do Norte de Portugal, que chegaram a esta ilha depois de escalarem a ilha Terceira e a ilha Graciosa, nunca chegou na prática a tomar posse real da ilha.

Uma vez que a tentativa de povoamento não sortiu efeito esta foi por carta régia datada de 29 de Dezembro de 1482 anexada à já então existente capitania do Faial. Assim nasceu a capitania do Faial e do Pico que ficou na posse do já então capitão do Faial, Jobst van Hürter.

Morreu em combate na Guiné, numa outra expedição. Casou com Elvira Fernandes de Saavedra, da qual teve uma filha e três filhos:

Catarina de Ornelas, casada com Pedro Álvares da Câmara, com geração

Álvaro de Ornelas (c. 1440 - Ilha da Madeira, 11 de Janeiro de 1526), 1.º Senhor do Morgado do Caniço em 1499, Fidalgo de Cota de Armas em 1513, etc, casado primeira vez c. 1482 com Constança de Mendonça (c. 1465 - Ilha da Madeira, 13 de Setembro de 1495 - Madeira), com geração, e casado segunda vez d. 1495 com Branca Fernandes de Abreu (c. 1475 -?), com geração, dentre eles, Baltazar de Ornelas de Valdevesso, genearca dessa família no Nordeste brasileiro.


João de Ornelas, 1.º Senhor do Morgado das Fontainhas, casado com Catarina de Teive, com geração


Pedro de Ornelas, Vereador do Senado da Câmara do Funchal em 1481




quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Império do Divino Espírito Santo dos Nobres na ilha do Faial Açores

 

O Império do Divino Espírito Santo dos Nobres é um Império do Espírito Santo português que se localiza no concelho da Horta, ilha do Faial, arquipélago dos Açores.


Este Império do Divino, encontra-se entre os mais antigos da ilha do Faial e mesmo dos Açores a serem inteiramente construídos em pedra e cal. A sua edificação, em memória da erupção do Vulcão em 1672, em estilo Barroco remonta ao século XVIII, mais precisamente a 1759 e deveu-se a uma deliberação da Câmara Municipal de 5 de Janeiro desse mesmo ano.

A sua existência deve-se ao cumprimento de uma deliberação camarária desses mesmo ano relacionada com a erupção vulcânica do vulcão do Praia do Norte, erupção esse que foi de tal ordem que cobriu toda a ilha com uma camada de cinza vulcânica de alguns centímetros.


Este acontecimento encontra memorizado no por duas pombas brancas sobre a porta e pela inscrição onde se lê “Memória do Vulcão da Praia do Norte em 1672”. A fachada deste império encontra-se adornada com as armas do Escudo de Portugal e por uma Coroa do Espírito Santo.




O Vulcão do Cabeço do Fogo na ilha do Faial Açores

 


O Vulcão do Cabeço do Fogo é um vulcão pertencente ao complexo vulcânico do Capelo, entre a Praia do Norte e o Capelo.

O Cabeço do Fogo com 571 metros de altitude, também chamado de Cabeço Rilha Boi, entrou em erupção de 23 para 24 de Abril de 1672 (Domingo de Páscoa). Principiou com uma crise sísmica em 20 de Setembro de 1671, que se intensificou em Fevereiro de 1672. Desde o dia 12 de Abril (terça-feira da Semana Santa), uma sequência de sismos sentidos com mais violência nas freguesias da Praia do Norte e Capelo, derrubaram muitas casas. A actividade começou com uma curta fase explosiva, seguindo-se durante 10 meses uma considerável efusão de lava basáltica a partir de 2 chaminés - no contraforte do Cabeço do Fogo e Pincarito. A actividade sísmica serenou em 1 de Maio de 1672, e no mês de Setembro, cessou.

Após a erupção vulcânica sucede uma série de sismos, sendo que o mais violento, sentido no dia 17, provocou inúmeros prejuízos nas freguesias já referidas e nas de Castelo Branco e Cedros, fazendo com que 1 200 famílias perdessem casas e terras. Somente dois curiosos terão morrido asfixiados devido à aproximação em demasia da corrente de lava. (História das Quatro Ilhas do Distrito da Horta de António Lourenço da Silveira Macedo).


A Câmara Municipal da Horta, além das preces públicas, procissões e outros actos de piedade e devoção que mandara promover, convocou "as três classes em que então se dividia a população" e que por unanimidade aceitaram a protecção do Divino Espírito Santo (auto de 18 de Maio de 1672). Essa "proteção" implicava fazer um voto solene por si e seus descendentes "que em dia do Senhor Espírito Santo, todos os anos e enquanto o mundo durar" sairá uma procissão solene ordenada pelos ditos oficiais da Câmara Municipal da Igreja Matriz da Horta e se recolherá na Igreja da Misericórdia, onde se cantará missa com sermão a que assistirá o corpo da Câmara fazendo-se gastos e despesas à custa dela em acção de graças tanto pelos benefícios recebidos de não ser maior o dano que o dito fogo podia fazer como pelo mais que de todo se espera ver quieto e consumido".


Este voto deu origem a que se realizem anualmente a cargo da Câmara Municipal da Horta, no Domingo de Pentecostes, o "Império de Reconhecimento e Beneficência", mais conhecido como "Império dos Nobres", na Rua D. Pedro IV, freguesia da Matriz. Por outro lado, esta erupção demonstrando as precárias condições de vida da ilha, resultou na autorização régia para que saíssem com destino ao Brasil (Maranhão, Santa Catarina) 100 casais, totalizando ao todo cerca de 400 faialenses.




quarta-feira, 23 de novembro de 2022

O Solar dos Noronhas ilha de S. Jorge Açores

 


O Solar dos Noronhas é um solar português localizado na freguesia da Ribeira Seca ao concelho da Calheta, ilha de São Jorge, arquipélago dos Açores.



O Solar dos Noronhas apresenta-se como uma imponente construção cuja fundação data do Século XVIII, mais precisamente de 1781. É este solar dotado de uma ermida anexa, a Ermida de Nossa Senhora dos Milagres, que foi edificada na mesma época, é um dos expoentes máximos do barroco na arquitectura civil da ilha de São Jorge.


Trata-se de um solar urbano que apresenta uma grande desenvoltura arquitectural e é pertença de uma das mais abastadas e influentes famílias da ilha de São Jorge do século XVIII.



terça-feira, 22 de novembro de 2022

Piratas na ilha das Flores Arquipélago dos Açores

 


Remonta, todavia, a 9 de Setembro de 1591 aquela que ficou conhecida como a “Batalha da ilha das Flores”. Nesse dia, a esquadra de lord Tomas Howard, que se encontrava surta diante de Santa Cruz (possivelmente na baía da Ribeira da Cruz, onde Diogo das Chagas dirá depois ter visto ancorada, em 1597, a esquadra do conde de Cumberland, de 160 velas), lançou-se, precipitadamente, contra os barcos que surgiam de oeste, julgando pertencerem à armada espanhola provinda da Nova Espanha. Porém, em vez de encontrarem navios mercantes, mal armados, os ingleses depararam-se com a frota de defesa das ilhas, constituída por 40 navios de guerra, comandados por D. Alonso de Bázan, que lhes vinham dar caça. Consideravelmente mais pequena (22 navios), a armada inglesa, duramente fustigada pelo fogo inimigo, foi então obrigada a fugir como pôde. A excepção foi o Revenge, de sir Richard Greenville, que, tendo-se demorado em zarpar de Santa Cruz, acabou por ser capturado pelos espanhóis.


Verdadeiramente épico, esse combate, que custou a vida a Greenville, seria depois glorificado por lord Alfred Tennyson no seu poema The Revenge: A Ballad of the Fleet [“At Flores in the Azores Sir Richard Grenville lay, / And a pinnace, like a fluttered bird, came flying from far away:” (…)], o qual, posteriormente, foi com notório sucesso musicado pelo compositor Charles Stanford.


Mas nem sempre foi conflituoso o relacionamento entre a pirataria e as gentes – e não apenas a arraia-miúda – das Flores. E nem sequer é difícil documentar situações em que, tanto aquela como estas, souberam, por interesse comum, cultivar uma convivência amistosa. Será disso exemplo maior o caso de Peter Easton, porventura o mais bem sucedido pirata do seu tempo – chegou a comandar 40 navios com alguns milhares de homens ao seu serviço, o que fazia dele o corsário mais temido no Atlântico Norte, e quando se “reformou” tinha uma fortuna pessoal avaliada em dois milhões de libras. Tanto quanto se sabe, o relacionamento deste pirata com a ilha das Flores remontará a Março de 1609, quando, andando já no corso, aqui fez, pela primeira vez, aprovisionamento de carne, água e lenha. Nos anos seguintes, sempre em Março, voltou à ilha, para fazer refresco e aguada, e, no verão de 1611, fosse por amor ou por simples conveniência, estava já de casamento marcado com uma filha do capitão-mor das Flores, de apelido Garro. 


Duplamente incomodado com os prejuízos causados pelos navios deste pirata e ainda com a cumplicidade entre florentinos e corsários, Filipe II ordenou, então, por decreto de 30 de Julho de 1611, que fossem tomadas as diligências necessárias à prisão do capitão Peter Easton. Poderoso e escorregadio, o Pirate Admiral nunca chegou a ser detido – mas nas Flores, dois anos depois, sob a acusação de acolher na ilha corsários estrangeiros, era preso o ouvidor e também capitão-mor Tomé de Fraga.



segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Embarcações naufragadas na Baía de Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 


1542 – Naufrágio da nau cognominada Grifo, capitaneada por Baltazar Jorge

A Grifo foi uma nau portuguesa da Carreira da Índia. Em 1536 D. João de Castro embarca para a Índia a bordo da nau.  Em 1542 a nau portuguesa, capitaneada por Baltazar Jorge naufraga nos Açores. Perdeu-se sobre a âncora.


1555 - Naufrágio da nau Assumpção, comandada por Jácome de Melo

A Nossa Senhora da Assunção foi uma nau de linha português.

Participou na Batalha de Matapão, sendo comandada pelo fiscal Pedro de Sousa Castelo Branco tinha 500 praças e continha 64 peças de artilharia.


1555 - Naufrágio da nau alcunhada de Algarvia Velha, acabada de chegar das Índias.

Nau que naufragou no regresso da India.


1586 - (17 de Setembro) – Naufrágio da nau Santa Maria, de nacionalidade espanhola e provinda de São Domingo. Devido ao nau tempo.

A Santa Maria, anteriormente chamada de La Gallega, foi a nau, do tipo carraca, capitânia do Almirante Cristóvão Colombo na viagem em que, navegando para Oeste pelo Oceano Atlântico, veio a descobrir o continente americano (1492).

De propriedade do mestre Juan de la Cosa, morador das vizinhanças do porto de Palos de la Frontera, e que a pilotava nesta viagem, era considerada pelo Almirante como uma embarcação pesada.



1587 - Naufrágio de um galeão português (Santiago) capitaneado por Francisco Lobato Faria e provindo de Malaca. Perdeu a amarra, salvando-se a gente e a fazenda.

em que se contam os grandes trabalhos e lastimosas coisas que acontecerão ao Capitão Manuel de Sousa Sepúlveda, e o lamentável fim, que ele e sua mulher, e filhos, e toda a mais gente houveram na Terra do Natal, onde se perderão a 24 de Junho de 1552.

Logo no início da obra encontramos o sem dúvida mais conhecido do todos os relatos da História Trágico-Marítima, que aqui merece ser resumido:


Manuel de Sousa Sepúlveda passara à Índia em 1534, para não ter que casar com uma senhora que seduzira, e cujos irmãos o perseguiam. No Oriente fora capitão às ordens de Martim Afonso de Sousa. Estivera presente na conquista de Diu em 1536, na armada do governador D. Estêvão da Gama ao Mar Vermelho em 1540, etc. Em 1544 fora nomeado capitão de Diu.


A 3 de Fevereiro de 1552, com a mulher e os filhos, largou de Cochim, na Índia, rumo a Lisboa, como capitão do galeão grande São João. O galeão vinha carregado com 7500 quintais de pimenta, e transportava mais de quinhentas pessoas. A 13 de Abril, à vista do Cabo da Boa Esperança, a nave foi acometida por fortes tempestades, acabando por naufragar a 8 de Junho, nas costas do Natal. Os cerca de 380 sobreviventes iniciaram, um mês mais tarde, uma longa marcha rumo a Moçambique.


A fome, as doenças, os ataques dos Cafres  e dos animais selvagens foram lentamente diminuindo o seu número. Quando atravessaram o rio de Lourenço Marques, nos fins de Dezembro, os sobreviventes eram apenas cerca de 120; e um filho de 10 anos de Manuel de Sousa Sepúlveda tinha já morrido. Nesta região foram os sobreviventes portugueses maltratados pelos Cafres, vindo a mulher do capitão e os seus filhos pequenos a morrer em Janeiro de 1553, em circunstâncias dramáticas. Manuel de Sousa Sepúlveda, depois de os enterrar, internou-se no mato para nunca mais ser visto.


O relato deste infortúnio foi redigido por um autor desconhecido, talvez baseado em informações de Álvaro Fernandes, guardião do galeão, e foi impresso pela primeira vez logo cerca de 1554. Camões, no Canto V de Os Lusíadas, faz o Adamastor profetizar a tragédia:


"Outro também virá de honrada fama,

Liberal, cavaleiro, enamorado,

E consigo trará a formosa dama

Que Amor por grã mercê lhe terá dado.

Triste ventura e negro fado os chama

Neste terreno meu, que duro e irado

Os deixará dum cru naufrágio vivos

Para verem trabalhos excessivos.




Verão morrer com fome os filhos caros,

Em tanto amor gerados e nascidos;

Verão os Cafres ásperos e avaros

Tirar à linda dama seus vestidos...

sábado, 19 de novembro de 2022

Igreja Matriz de Santa Cruz na cidade da Praia da Vitória ilha Terceira Açores

 


Segundo o pesquisador Alfredo da Silva Sampaio, a sua fundação data de 1456, erguida pelo primeiro capitão do donatário, Jácome de Bruges, que aqui se fixou. Foi sagrada em 24 de Março de 1517 pelo bispo D. Duarte, que veio de visita aos Açores. Na ocasião, D. Duarte depositou várias relíquias numa caixa, na parede do altar-mor.


Reconstruída em 1577, nesta ocasião o rei D. Sebastião ofereceu-lhe as magníficas portadas de mármore em estilo manuelino. Sofreu alterações posteriores, nomeadamente em 1810 e 1842, em função dos grandes terramotos que assolaram a ilha.


Do terramoto de 1614, o padre António Vieira recordou, em sermão proferido na Bahia, em 1637:


"...tudo destruiu, com excepção do púlpito da Matriz, a Cadeia e o Hospital; símbolos da Verdade, da Justiça e da Misericórdia."

O seu órgão de tubos foi construído em madeira de mogno em 1793 por António Xavier Machado e Cerveira,  tendo sofrido intervenção de restauro em 1991 sob os cuidados de Dinarte Machado.

A igreja é constituída por um corpo principal, de planta rectangular, pelo corpo da capela-mor, também de planta rectangular, com largura aproximadamente igual à da nave central, ladeada por duas torres sineiras, uma de cada lado da fachada principal, e por diversos corpos rectangulares (correspondentes aos absidíolos, às capelas laterais, à sacristia e a outros anexos) adossados a ambos os lados dos corpos das naves e da capela-mor.


Na fachada, rasga-se a portada principal, em estilo manuelino, inserida num gablete acima do qual se situa uma pequena rosácea, em estilo gótico. Na fachada rasgam-se ainda seis janelas: uma de cada lado do portal, ao nível inferior, e duas de cada lado do gablete, ao nível superior. Distribuídas na fachada destacam-se quatro cartelas: uma triangular, junto ao vértice superior da fachada, com a inscrição "REPARATA SUB / ANO 1843 A RU / INA TERRÆ MOTUS 15 / JUNII / 1841"; uma rectangular, entre o vértice do gablete e a rosácea, com a inscrição "SACRATA / 1517"; duas triangulares, uma à esquerda outra à direita do gablete, respectivamente com as inscrições "FUNDA / TA / 1456" e "REPARA / TA / 1810".


Pelos dois lados é acedida por portais em estilo manuelino, conforme registrado pelo historiador Pedro de Merelim:

"Os portais em estilo manuelino, que se admiram na face oeste e na face sul, enviou-os para a Terceira, nos fins do Séc. XVI, D. Manuel ou D. Sebastião.

A entrada principal deste templo tem uma aparência nitidamente gótica (...) semelhante às que, do Séc. XIII à primeira metade do Séc. XV resguardavam os portais nobres (...), evocando o conjunto dos portais célebres de S. Francisco de Santarém e o Mosteiro da Batalha." (MERELIM, Pedro de. in: Freguesias da Praia.)




quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Manuel do Canto de Castro Provedor das Armadas e Naus da India na Ilha Terceira Açores


Manuel do Canto de Castro  nasceu na cidade de Angra do Heroísmo em 1674.  Foi um escritor português entre as suas obras destaca-se: "Dos esquadrões modernos", publicado em Madrid, em 1639.


Foi Moço-fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Provedor das Armadas e Naus da India na Ilha Terceira com alvará da Casa Real passado a 28 de maio de 1584. Em 1595 exerceu o cargo de Capitão-Mor da então cidade de Angra, actual Angra do Heroísmo. Foi senhor e herdeiro da casa senhorial e morgado de seu pai e avós.

Foi filho de Manuel do Canto de Castro e de D. Antónia da Silva Sampaio



Provedoria das Armadas

 


A Provedoria das Armadas e Naus da Índia em todas as ilhas dos Açores foi um cargo instituído por João III de Portugal, para distinguir os serviços prestados pelo fidalgo Pero Anes do Canto (1480—1556).


Tendo este exercido as funções de "Provedor das Fortificações da Ilha Terceira", à época, demandando a Terceira as naus da Carreira da Índia, Pedro Anes generosamente fazia reabastecer as embarcações com mantimentos, nomeadamente carnes, aves e frutos frescos (os então chamados "refrescos"). Por essa razão veio a ser distinguido por Carta-régia de 27 de Julho de 1532 (1527 ?), com o título de "Moço Fidalgo" da Casa Real com a mercê da "Provedoria das Armadas e Naus da Índia em todas as ilhas dos Açores", para si e seus filhos e descendentes.


A provedoria foi instalada em casa de sua propriedade no alto do Corpo Santo (bairro de gente do mar), em posição dominante sobre o Porto de Pipas e o Cais da Alfândega, em Angra. Em termos de navegação, a baía de Angra destaca-se por uma posição privilegiada no Atlântico Norte, protegida dos ventos predominantes de Oeste. Desde 1520 as escalas nos Açores foram regulamentadas pelo "Regimento para as naus da Índia nos Açores" aplicado a todas as embarcações vindas da costa da Mina e da Guiné, do Brasil e da Índia, e que abrangia desde a segurança até ao abastecimento das mesmas.


Ao Provedor das Armadas, cargo criado pouco mais tarde, competia prover as embarcações da Carreira da Índia, e ainda às da Armada das ilhas, que faziam a sua escolta, de víveres frescos, munições, promover reparos nas embarcações, garantir assistência hospitalar às gentes, remediando e prestando toda a assistência que se fizesse necessária, até mesmo fretando reforços. Para o fiel cumprimento das suas funções, dispunha de diversas estruturas de apoio tais como armazéns, peças de reposição e pessoal de estiva.


No regimento do provedor, passado apenas em 1575, foram definidas diversas regras, entre as quais a de que se deveria enviar uma caravela para Lisboa, com alguém da nau para levar informações precisas acerca da carga transportada e da própria Índia, e a de zelar para que as escalas não demorassem mais do que os três dias regulamentares.


O cargo foi extinto no início do século XIX, por morte de José Francisco do Canto e Castro Pacheco, uma vez que já não tinha qualquer utilidade prática.