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domingo, 3 de julho de 2022

Confraria dos Escravos da Cadeinha na ilha de Santa Maria Açores

 


A Associação Escravos da Cadeínha, popularmente referida como Confraria dos Escravos da Cadeinha, é uma associação de carácter mutualista, com carácter de confraria, que se localiza no lugar dos Anjos, na freguesia de Vila do Porto, concelho de Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.

Surgiu da devoção secular dos naturais a Nossa Senhora dos Anjos, motivada pelas frequentes incursões de piratas, que raptavam habitantes da ilha com o fim de obterem resgate ou os venderem como escravos no Norte de África.

Desde os fins do século XVI registaram-se ataques de corsários e piratas à ilha, entre os quais destacaram-se os muçulmanos oriundos do Norte de África, os chamados Piratas Mouros. Para promover o resgate dos cativos, ao final do século XVII os habitantes da ilha formaram uma associação, a Irmandade de Nossa Senhora dos Anjos e Escravos da Cadeinha:



"A Irmandade Escravos da Cadeinha surge da devoção a Nossa Senhora dos Anjos pelos naturais da ilha. No séc. XVI era frequente a ilha ser atacada por piratas que saqueavam e capturavam os locais (normalmente pessoas de famílias abastadas) que eram feitos escravos até ser pago o seu resgate. Estes, quando fugidos ou libertos, regressavam à ilha e como forma de agradecimento, criaram a Irmandade Escravos da Cadeinha. Esta Irmandade tinha a seu cargo zelar pelo espólio da igreja e realizar anualmente uma procissão em que os irmãos entoavam cânticos e levavam ao peito dois elos de corrente que simbolizavam o cativeiro."


O templo referido é Ermida de Nossa Senhora dos Anjos, no povoado onde a tripulação de Cristóvão Colombo desembarcou, em Fevereiro de 1493, quando de seu regresso das Américas.

O assalto directamente ligado ao lugar dos Anjos registou-se em 1675, afirma-se que por descuido dos sentinelas. Os mouros desembarcaram a coberto da noite, tendo saqueado a Ermida, violado mulheres e feito onze (?) cativos, entre mulheres e crianças. Como recordação do ataque ficou um chicote na ermida, onde se conserva até aos nossos dias. Quando chegou a Lisboa a notícia deste ataque, o filho do Capitão do Donatário partiu imediatamente para a ilha, transportando "coisas de guerra", para reforço da defesa. Ao mesmo tempo, Frei Paulino embarcou para Ceuta com recursos de modo a resgatar duzentos cativos e dois irmãos, Frei Sebastião e Frei Manuel, que jaziam nas masmorras de Tetuão, cidade próxima ao rio Tânger.


Embora haja referências a uma irmandade ou confraria por volta de 1620 - posterior portanto ao assalto de 1616 - a iniciativa da constituição da Irmandade da Cadeínha deve-se a Frei Gonçalo de São José, que veio para o Convento de Nossa Senhora da Vitória em 1668-1669, que foi o seu principal obreiro. A constituição da Irmandade foi confirmada em 1675 pelo Bispo de Angra, D. Frei Lourenço de Castro.



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