Água Azeda, ou Água Azeda da Serreta, é uma nascente de água mineromedicinal, gaseificada e fortemente cloretada, existente na base da falésia litoral da costa oeste da ilha Terceira Açores, freguesia da Serreta.
Suposto que de há muito já os moradores da Serreta lhe conheciam a existências, o interesse por esta fonte data de 1855, quando Álvaro Borges Cabral Fournier ali se deslocou e recolheu uma amostra. A partir daís foram realizados diversos estudos e obras destinadas a melhorar a acessibilidade. As conclusões foram variando ao longo dos tempos:
O dr. Nicolau Caetano de Bettencourt Pitta negou-lhe qualquer propriedade, asseverando: Depois de muitas indagações vim no conhecimento, que a fonte sai por uma fenda de lava á beira-mar na Serreta, e qua a descida para ela é muito pior que a pena imediata. ... A água que eu analisei, e que veio muito bem engarrafada, segundo as direções que dei, não lhe dou importância alguma, tratada por vários reagentes; é de natureza salobra como a das Quatro Ribeiras, com a diferença de que esta nasce morna à beira-mar, e sai da boca de um vulcão extinto. A água da Serreta colhida no mesmo dia é fria, inodora, de sabor picante, o que é devido ao ácido carbónico que contém, e que a faz crepitante deitada em um copo, mas passados quatro dias apodrece e exala aquele cheiro que tem a águua a bordo dos navios.
O dr. José Augusto Nogueira Sampaio, emitiu parecer contrário, lendo-se em dado passo: A nascente desta água é impetuosa, e projeta-se longe; na sua vizinhança não se conhece cheiro algum que denote a sua origem vulcânica. … A altura excessiva da rocha, o mau talhe que oferece, tornam a descida quase impraticável. [...] Examinada a água pelo lado das suas propriedades físicas apresenta-se de uma limpidez e transparência expressivas, as quais ela conserva depois de muito tempo de recolhida. – A sua temperatura é igual à da ordinária. Encerrada em uma garrafa, bem tapada, ela produz no ato da sua abertura uma detonação igual à que produz uma garrafa de champanhe quando se abre. Lançada em um vaso qualquer transparente, nota-se que da parte inferior e laterais se levantam continuamente por espaço de algumas horas uma grande quantidade de bolhas semelhantes àquelas que se observam em qualquer líquido fermentado. O seu gosto, ao princípio ligeiramente ácido, mas deixando aperceber alguma coisa de sulfúreo, torna-se depois salina e desagradável; contudo não é o gosto característico e repugnante das águas sulfúreas. Por vezes, depois da sua ingestão, sobrevêm arrotos picantes semelhantes aos que aparecem com o uso das sodas gasosas. Enfim, a sua densidade é superior à da água destilada e da ordinária.
Monsenhor José Alves da Silva refere ser esta água muito usada para as doenças do estômago.
O Laboratório do Instituo Superior Técnico de Lisboa, de que era diretor o Professor Doutor Charles Lepierre, após a análise químico-higiénica, publicou em boletim datado de 15 de julho de 1920 a seguinte conclusão: mineralização de 1,266, g/litro. Foi entã caracterizada como água acídula, gasocarbónica, cloretada sódica (50% da mineralização formada por cloretos), carbonetada cálcica e magnésica, silicatada» . A água chegou a ser comercializada como Água da Serreta e classificada como «água de mesa», embora fosse popularmente conhecida como Água Azeda.
O Dr. Octávio da Veiga Ferreira, dos Serviços Geofísicos, chegou a preparar um esboço de anteprojeto para a captação da água mineromedicinal da Serreta.
Ao longo do tempo foram realizadas pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo diversas obras de acesso:
1858 – abertura de vereda, torneando a rocha;
1889 – abertura na rocha de uma escadaria de duzentos e dez degraus, a cerca de mil metros para leste do Farol da Serreta;
1967 – limpeza e desobstrução do poço
Com o Terramoto de 1980 ocorreram derrocadas e o acesso desapareceu e o poço encontra-se entulhado.
Sem comentários:
Enviar um comentário