A Lenda da Sereia da Praia é uma tradição oral
da ilha de Santa Maria, nos Açores. Refere-se ao modo pelo qual povo recordava
a origem do nome aos lugares em que habitava.
A lenda passa-se no tempo do povoamento da
ilha, quando os lugares ainda não tinham nome. Numa noite de lua cheia um
pescador avistou a boiar calmamente sobre as águas, em direcção à praia, uma
mulher de longos cabelos negros e olhos castanhos, que ondulavam como o mar na
aragem. Nua da cintura para cima, o seu corpo era de uma beleza única e
esplendorosa, com um rosto de extrema suavidade.
O pescador, no areal, ficou deslumbrado com
tão rara visão. Espantado e curioso, aproximou-se para averiguar, e quando já
estava muito perto da mulher, que brincava nas águas envoltas em luar, percebeu
com algum medo que o pescoço da mulher se encontrava desfigurado pelo que lhes
pareciam guelras. Da cintura para baixo, apresentava a anatomia de um peixe.
Uma sereia!, exclamou o homem espantado com a visão.
Perdido entre o medo e a aflição de não saber
o que fazer, e consciente das histórias que se contavam das sereias que
encantavam os homens e que os levavam para nunca mais serem vistos, o pescador
julgou ser obra do diabo e começou a esconjurar a aparição. Mal o fez, a mulher
presa no corpo de sereia voltou a ser simplesmente mulher, saindo das águas nua
e pura, envolta em luar.
A lenda não informa se os dois foram felizes
para sempre, mas está na origem do nome atribuído a esta praia no mapa feito
pelo cosmógrafo real Luís Teixeira em 1584, para Filipe II de Espanha, aquando
da sua viagem aos Açores nesse ano, que lhe atribuiu o nome de Plaia Hermosa -
Praia Formosa.
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