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domingo, 17 de dezembro de 2017

Forte do Negrito na ilha Terceira Açores

Foi uma das fortificações erguidas na Terceira no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo então corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque do corsário francês Pierre Bertrand de Montluc ao Funchal (Outubro de 1566), intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):
As suas obras foram custeadas com o produto de impostos aumentados sobre mercadorias, géneros alimentícios, ancoragem de navios, e mais tarde, novos impostos sobre a fazenda dos habitantes da ilha, tendo a cidade de Angra contribuído com dez mil cruzados e a então vila da Praia com cinco mil.
No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Fortim do Negrito." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".
Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767:
"35º - Forte do Negrito. Precisa ser todo reformado de novo por estar muito arruinado; tem três canhoneira e três peças de ferro capazes, e os seus reparos bons: precisa para se guarnecer três artilheiros e doze auxiliares."
Encontra-se referido como "30. Forte do Negrito da Calheta de S. Matheus" no relatório "Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira", do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que lhe aponta os reparos necessários: "Este Forte carece ser rachado, guarnecido, e rebuscado, e carece de todas as portas novas, e também precisa alguma  providencia a respeito do caminho, que segue o mesmo Forte, o qual se acha arruinado."
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) voltou a revestir-se de importância estratégica, constando o seu alçado e planta, sob o nº 24, na "Colecção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas dos Açores, por Joze Rodrigo d'Almeida em 1830", atualmente no Gabinete de Estudos de Arquitetura e Engenharia Militar, em Lisboa.

A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa:

"As muralhas pelo lado do mar precizão de algumas reparações; acha-se já aprovado o competente orçamento mas não tem sido posto em execução por falta de meios pecuniários."
"Deve ser conservado pelo apoio que presta aos demais pontos fortificados; tem cinco canhoneiras e um barbete, um soffrivel alojamento, uma boa caza para palamenta e um paiol provizorio."
Serviu de armazém e habitação a pescadores de uma companhia baleeira.
No século XX, esteve guarnecido tanto durante a Primeira Guerra Mundial quando da Segunda. As últimas obras nele efectuadas pelo Exército Português datam de 1940, sob a orientação do Sargento Laranjeira e do Sargento Lima. Por iniciativa de Manuel Coelho Baptista de Lima, então presidente da Câmara Municipal de Angra, o Exército cedeu o forte à autarquia, para manutenção e aproveitamento cultural e turístico. Nele vivia, à época, uma viúva extremamente pobre, em instalações que não possuíam as mais elementares condições de salubridade e habitação.


Actualmente

encontra-se requalificado como espaço cultural e museu, utilizado pela Junta de Freguesia de São Mateus da Calheta.

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