Condes de Vila Franca foi o título usado pela família Gonçalves da Câmara entre 1583 e 1662, ano em que este título foi substituído pelo de Condes da Ribeira Grande. O título foi criado na pessoa de Rui Gonçalves da Câmara, capitão do donatário na ilha de São Miguel, Açores, por Filipe II de Espanha, em alvará de 17 de Junho de 1583, por uma só vida, como prémio da sua adesão à causa filipina. O título foi igualmente concedido, por uma vida, ao filho do 1.º conde, sendo, finalmente, transformado em título hereditário, por carta de mercê de Filipe III de Espanha, datada de 1 de Junho de 1628, na pessoa de D. Rodrigo da Câmara, 3.º conde do título. Tendo o 3.º conde sido condenado, por sodomia, a prisão perpétua e a confisco dos bens, o título deixou de ser usado, sendo substituído, em 1662, pelo de Condes da Ribeira Grande.
Rui Gonçalves da Câmara, 7.º capitão do donatário da ilha de São Miguel, criado 1.º Conde de Vila Franca, por uma só vida, por alvará de Filipe II de Espanha, datado de 17 de Junho de 1583, como prémio da sua adesão à causa filipina;
D. Manuel Luís Baltazar da Câmara, 8.º capitão do donatário da ilha de São Miguel e, por mercê do rei Filipe II de Espanha, 2.º Conde de Vila Franca, título confirmado por carta régia de 25 de Outubro de 1601, por uma só vida;
D. Rodrigo da Câmara, 9.º capitão do donatário da ilha de São Miguel e 3.º Conde de Vila Franca, título que lhe foi concedido, para ele e seus descendentes, por carta de mercê de Filipe III de Espanha datada de 1 de Junho de 1628. Após a Restauração da Independência, o título foi reconfirmado, mas, pouco depois (1652), o conde foi condenado por sodomia à pena de prisão perpétua e confisco dos bens.
D. Manuel Luís Baltazar da Câmara, 10.º capitão do donatário da ilha de São Miguel, filho primogénito do 3.º conde, nunca usou o título. Após a morte do pai, o rei D. Afonso VI de Portugal, por carta régia de 15 de Setembro de 1662, concede-lhe o título de Conde da Ribeira Grande, para si e seus descendentes, título que a família usou daí em diante.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
domingo, 28 de agosto de 2016
Quem foi João Soares de Albergaria
João Soares (c. 1415 — 1499) foi o 2.º capitão do donatário nas ilhas de Santa Maria e de São Miguel, sucedendo no cargo a Gonçalo Velho Cabral, seu tio materno. Após a confirmação da doação da capitania de São Miguel a Rui Gonçalves da Câmara (1474), continuou capitão apenas da de Santa Maria.
Nas genealogias tardias e alguma historiografia é por vezes referido como João Soares de Albergaria ou como João Soares Velho, mas coevamente, de fato, apenas se documenta como João Soares. Não pertencia à família Soares de Albergaria, como se comprova pela carta de armas que o seu filho João Soares de Sousa obteve a 18 de Junho de 1527, a saber um escudo esquartelado de Velho e Sousa (Arronches), com uma flor-de-lis de ouro por diferença. Nesta carta de armas, João Soares de Sousa diz-se filho de João Soares Velho, "que herdou esta Capitania [da ilha de Santa Maria] de Gonçalo Velho capitão da dita ilha e comendador de Almourol por ser seu parente mais chegado", e de sua esposa, Branca de Sousa, filha de João de Sousa Falcão. Se Fernão Soares, pai deste João Soares (Velho), fosse Soares de Albergaria, o neto não deixaria nunca de ter as armas desta família.
Foi filho de Fernão Soares e de Teresa Velho (Cabral), uma irmã de Gonçalo Velho. Desposou Brites Godins (Beatriz Godins, Godiz ou Codiz), não havendo descendência deste consórcio. Por motivo de doença desta senhora, João Soares deslocou-se com ela para a ilha da Madeira, em busca de clima mais favorável, sendo acolhidos pela família do capitão do Funchal, João Gonçalves da Câmara de Lobos.
Vindo a sua primeira esposa a falecer no continente por volta de 1492-1493, casou em segundas núpcias com D. Branca de Sousa, filha de um fidalgo da Casa Real e donzela de D. Filipa, tia da então rainha. Em que pese a avançada idade dele, de acordo com alguns autores, dessa união houve quatro filhos:
João Soares de Sousa, que viria a ser o 3.º capitão do donatário de Santa Maria;
Pedro Soares, que morreu no Estado Português da Índia;
D. Maria, que casou em Portugal;
D. Violante, que foi desposada em Santa Maria por um Castelhano.
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Ilha de São Miguel Arquipélago dos Açores
A posição geográfica e a fertilidade dos solos permitiram um rápido desenvolvimento económico, baseado no sector primário, voltado para o abastecimento das guarnições militares portuguesas no Norte d'África e na produção de açúcar e de urzela, um corante exportado para a Flandres. O sobrinho de Gonçalo Velho Cabral, João Soares de Albergaria, sucedeu-lhe no cargo. À época de Albergaria, anteriormente a 1472, receberam foral de vilas as localidades de Vila do Porto e de Vila Franca do Campo, as mais antigas dos Açores.
Por motivo de doença de sua esposa, D. Brites Godins, deslocou-se com ela para a Ilha da Madeira, em busca de clima mais favorável, sendo acolhidos pela família do capitão do Funchal, João Gonçalves da Câmara de Lobos. Aí foi decidida a venda da capitania de São Miguel, por 2.000 cruzados em espécie e 4.000 arrobas de açúcar. Este contrato teve a anuência da Infanta D. Beatriz, tutora do donatário, D. Diogo, duque de Viseu, conforme carta de 10 de Março de 1474, sendo ratificada pelo soberano nestes termos:
"Fazemos saber que Rui Gonçalves da Câmara, cavaleiro da Casa do Duque de Viseu, meu muito amado primo, e prezado sobrinho nos disse como lhe per a Infanta Dona Beatriz, sua madre e tutor, em nome seu, era feita a doação da capitania da ilha de San Miguel para sempre aprovamos e confirmamos a dita doação."
Ficaram assim definitivamente separadas as capitanias de São Miguel e Santa Maria.
Vila Franca do Campo, mais importante porto comercial da ilha, considerada sua primeira capital, e onde esteve localizada a alfândega até 1528, foi arrasada pelo grande terramoto de 22 de Outubro de 1522, em que se estima terem perecido 4000 pessoas. Após a tragédia, os sobreviventes transferiram-se para a povoação de Ponta Delgada, logrando obter do soberano os mesmos privilégios de que gozava cidade do Porto, conforme já o gozavam os de Vila Franca do Campo, iniciando-se o seu desenvolvimento, de tal modo próspero, que Ponta Delgada foi elevada a cidade por Carta-Régia passada em 1546, tornando-se capital da ilha.
No contexto da crise de sucessão de 1580, aqui tiveram lugar lutas entre os partidários de D. António I de Portugal e de Filipe II de Espanha, culminando na batalha naval de Vila Franca, ao longo do litoral sul da ilha (26 de Julho de 1582), com a vitória dos segundos. Após a batalha, D. Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz de Mudela, desembarcou em Vila Franca do Campo, onde estabeleceu o seu quartel general e de onde fez supliciar por enforcamento cerca de 800 prisioneiros franceses e portugueses, no maior e mais brutal massacre jamais ocorrido nos Açores.
Pelo apoio dispensado à causa de Filipe II, a família Gonçalves da Câmara, na pessoa de Rui Gonçalves da Câmara, capitão do donatário, recebeu o título de conde de Vila Franca por alvará de 17 de Junho de 1583.
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Descoberta e povoamento da ilha de São Miguel Açores
Acredita-se que a ilha tenha sido descoberta entre 1426 e 1439 já se encontrando assinalada em portulanos de meados do século XIV como "Ilha Verde".
O seu descobrimento encontra-se assim descrito:
"O Infante D. Henrique, desejando conhecer se haveria ilhas ou terra firme nas regiões afastadas do Oceano Ocidental, enviou navegadores. (...) Foram e viram terra a umas trezentas léguas a ocidente do cabo Finisterra e viram que eram ilhas. Entraram na primeira, acharam-na desabitada e, percorrendo-a, viram muitos Açores e muitas aves; e foram à segunda, que agora é chamada de S. Miguel, onde encontraram também aves e Açores e, além disso, muitas águas quentes naturais."
Constituiu uma capitania única com a ilha de Santa Maria, tendo como primeiro capitão do donatário Gonçalo Velho Cabral. O seu povoamento iniciou-se em 1444, a 29 de Setembro, dia da dedicação do Arcanjo São Miguel, então patrono de Portugal e santo da especial devoção do Infante D. Pedro, então Regente do Reino, e que dá o nome à ilha.
Paisagem típica da região ocidental da ilha de São Miguel. Em segundo plano, a localidade dos Ginetes.
Os primeiros povoadores desembarcaram entre "duas frescas ribeiras de claras, doces e frias águas, entre rochas e terras altas, todas cobertas de alto e espesso arvoredo de cedros, louros, ginjas e faias". Trouxeram consigo gado, aves e sementes de trigo e legumes e outras coisas necessárias. Fundaram então, a primeira "povoação de gente" na ilha que, mais tarde, ficaria conhecida apenas por Povoação Velha de S. Miguel, onde se ergueu a primitiva Igreja de Santa Bárbara, no local onde foi dita a primeira missa seca. Posteriormente, percorrendo a costa para oeste, encontraram uma planície à beira e ao nível do mar, que lhes agradou e onde decidiram fixar-se. A povoação ficou conhecida como "do Campo", e em pouco tempo receberia o estatuto de "vila franca" (isenta de tributos excepto o devido à Coroa de Portugal), o que contribuiu para atrair mais povoadores.
Entre os nomes destes primeiros povoadores registam-se os de Jorge Velho , Gonçalo Vaz Botelho, o Grande e Afonso Anes, o Cogumbreiro , Gonçalo de Teves Paim e seu irmão Pedro Cordeiro
Visando atrair mais povoadores para esta ilha, de maiores dimensões e características geológicas mais dinâmicas do que Santa Maria, foi necessário oferecer maior incentivo ao povoamento, o que veio a ser expresso por carta régia de 20 de Abril de 1447, pela qual se isentam os moradores desta ilha da dízima de todos os géneros nela produzidos:
"Dom Afonso, etc. A quantos esta carta virem (...). Temos por bem e quitamos deste dia para todo sempre a todos os moradores que ora vivem e moram, ou morarem daqui em diante em a dita ilha de todo o pão e vinho e pescados e medeiras e legumes e todas as outras coisas que nela houverem e trouxerem a estes nossos reinos por qualquer forma. (...)"
Aos primeiros povoadores juntar-se-ão outros, oriundos principalmente da Estremadura, do Alto Alentejo, do Algarve e da Madeira. Posteriormente, alguns estrangeiros também se instalam, nomeadamente Franceses , e minorias culturais como judeus e mouros.
domingo, 21 de agosto de 2016
Batalha da cidade da Praia da Vitória ilha Terceira Açores
A batalha da Praia foi um combate naval ocorrido no dia 11 de Agosto de 1829, na baía da então Vila da Praia, em que forças Miguelistas intentaram um desembarque naquele trecho do litoral da Ilha Terceira, nos Açores. A derrota dos absolutistas neste recontro foi decisiva para a afirmação e posterior vitória das ideias liberais em Portugal.
O dia 11 de agosto apresentou-se com nevoeiro e tempo brusco, com pancadas de chuva e rajadas de vento. No mar, apresentou-se uma esquadra composta por vinte e uma embarcações, sob o comando do almirante José Joaquim da Rosa Coelho (1773-1833), com cerca de 3.000 homens, artilhada com um total de 370 canhões:
1 nau (Nau "D. João VI")
3 fragatas (Fragatas "Pérola", "Dianna" e "Amazona")
1 corveta (Corveta "Princeza Real")
5 charruas (Charruas "Jaya Cardozo", "Galatea", "Orestes", "Princeza da Beira" e "Princeza Real")
5 brigues (Brigues "13 de Maio", "Infante D. Sebastião", "Providência", "Glória" e "Devina Providência")
A força de desembarque era comandada pelo coronel Azevedo Lemos (que, em Agosto de 1828 conquistara a Madeira), transportada em:
2 patachos (Patachos "Bom-fim" e "Carmo e Almas")
2 escunas (Escunas "da Graciosa" e "Triunfo d'Inveja")
2 iates (Iates "Bom Despacho" e "Santa Luzia")
A esta força acrescentavam-se seis barcas canhoneiras, cada uma com uma peça.
Pelo lado de terra, um arco de pequenos fortes de marinha e baterias, leais a Maria II de Portugal, defendiam aquele trecho de litoral com cerca de cinco quilómetros de extensão:
Forte de Santa Catarina
Bateria de São José
Bateria de São Caetano
Forte de Santo Antão
Bateria de São João
Forte das Chagas
Forte da Luz
Forte do Porto
Forte do Espírito Santo.
A batalha iniciou-se com a clássica abertura de pesado fogo da artilharia dos navios da esquadra sobre os fortes, tendo o bombardeamento se estendido por quatro horas. Estima-se que foram disparados, pelos navios, cerca de 5.000 tiros, a que os fortes resistiram como puderam.
Com o vento Oeste impelindo os navios para Leste, os invasores intentaram um primeiro desembarque junto ao Forte do Espírito Santo seguido por um segundo, mais para dentro do areal e próximo à Vila da Praia, a coberto da artilharia embarcada. Ambas as tentativas foram, entretanto, repelidas pelos defensores em terra, os chamados "Voluntários da Rainha", homens recém-incorporados, com pouco treino, sob o comando de militares liberais evadidos de outras unidades do Exército Português e que haviam conseguido alcançar a ilha.
Ao fim do dia de luta os Miguelistas levantaram ferro, deixando nas mãos dos liberais algumas centenas de mortos e prisioneiros. A derrota Miguelista é atribuída a erros de estratégia por parte de seus comandantes.
A vitória liberal nesta batalha transformou a percepção da Terceira, antes considerada como "a ratoeira", agora vista como "baluarte da liberdade".
Após o fim do conflito, a soberana concederia à vila o título de Praia da Vitória.
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Cidade da Praia da Vitória ilha Terceira Açores
Instalados definitivamente os primeiros povoadores na ilha Terceira, passou Jácome de Bruges, primeiro capitão do donatário da ilha, ao lugar da Praia, onde fixou a sua residência, juntamente com seu lugar-tenente Diogo de Teive. A Praia constituiu-se assim na sede da capitania da Terceira entre 1456 e 1474, ano em que a ilha foi dividida em duas capitanias, pelo desaparecimento do donatário, ficando a capitania da Praia a cargo de Álvaro Martins Homem. A região desenvolveu-se com rapidez, graças à cultura do pastel e do trigo. Desse modo, a Praia foi elevada a Vila, sede de Concelho, em 1480, ainda ao tempo de Álvaro Martins Homem.
No último quartel do século XVI, Gaspar Frutuoso assim descreve a vila:
"(...) e logo está a vila da Praia, nobre e sumptuosa e de bons edifícios, edificados por muito bom modo, cercada de boa muralha, com os seus fortes e baluartes toda em redondo, povoada de nobres e antigos moradores, como uma das mais antigas povoações da ilha, rodeada de fermosas e ricas quintas de nobres e grandiosos fidalgos, com uma freguesia e sumptuosa igreja de três naves, com a capela-mor de abóbada e portais e pilares bem lavrados de pedra mármore, toda cercada de capelas de grandes morgados (...) sua invocação principal é de Santa Cruz (...)."
"(...) onde há casa de Misericórdia e hospital, com duas igrejas, uma do hospital do Espírito Santo e outra de Nossa Senhora, com uma nave pelo meio (...); e um fermoso mosteiro de S. Francisco em que continuamente residem dez ou doze religiosos, onde há muitas capelas de morgados semelhantes aos acima ditos; três mosteiros de freiras, o mais principal dos quais é de Jesus (...), de quarenta freiras de véu preto e os dois, um de Nossa Senhora da Luz e outro das Chagas, da obediência e da observância de S. Francisco, em que há menos religiosas." (FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra (Livro VI). Cap. I, p. 15.)
No contexto da Dinastia Filipina, aqui se travou a batalha da Salga (1581). Foi na Praia que o pretendente ao trono de Portugal, D. António Prior do Crato, foi aclamado rei aquando do seu desembarque nesta localidade em 1582. Posteriormente, no contexto da Restauração da Independência Portuguesa, foi na Praia que se deu a aclamação de João IV de Portugal, quando da chegada de Francisco Ornelas da Câmara à Terceira.
A povoação foi arrasada pelo grande terramoto de 1614, tendo o mar tragado as que lhe ficavam mais próximas. Durante o século XVII foi reconstruída, continuando presa de diversos abalos sísmicos menores.
No decorrer da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), aqui se travou ainda a batalha da baía da Praia (11 de Agosto de 1829), quando frustrou a tentativa de desembarque de uma esquadra de tropas miguelistas. Esta vitória levou a que, por carta régia de 12 de Janeiro de 1837, como reconhecimento, lhe fossem outorgados os títulos de "Mui Notável" e "da Vitória" pela soberana.
A sua importância económica permaneceu, apesar do grande terramoto de 15 de Junho de 1841 (a chamada "Caída da Praia") que a destruiu parcialmente. A sua reconstrução, a partir dos meados do século XIX deveu-se à iniciativa do Conselheiro José Silvestre Ribeiro. O padre Jerónimo Emiliano de Andrade, que viveu em meados do século XIX, refere:
"Apenas o viajante sai da freguesia do Cabo da Praia tem logo à vista a magnífica e majestosa Vila da Praia da Vitória, que lhe fica a uma distância de pouco mais de um quarto de légua. (...)"
A vila foi elevada à categoria de cidade a 20 de Junho de 1981, tendo se designado Vila da Praia da Vitória até 1983.
Na actualidade, esta cidade dispõe de modernas infra estruturas que a colocam num lugar de destaque nos Açores e em particular no Grupo Central. Possui o Aeroporto das Lajes, construído na segunda metade do século XX , e o amplo Porto Oceânico da Praia da Vitória, que funcionam como as principais portas de acesso para a ilha. Nos arredores do Porto Comercial localiza-se o Parque Industrial da Praia da Vitória. A sua criação fez da cidade um importante pólo de desenvolvimento da Terceira.
terça-feira, 16 de agosto de 2016
João Vaz Corte Real
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João Vaz Corte-Real (c. 1420 em Faro † 1496 em Angra do Heroísmo) era um navegador português do século XV ligado ao descobrimento da Terra Nova. Foi enviado em 1473 do rei Afonso de Portugal a Dinamarca, para participar numa expedição, encabeçada do navegador alemão Didrik Pining, para estabelecer e renovar antigas ligações da Dinamarca com Gronelândia. Corte-Real organizou ainda outras viagens que o terão levado até à costa da América do Norte, explorando desde as margens do Rio Hudson e São Lourenço até ao Canadá e Península do Labrador.
Se for verdade, Corte-Real teria desembarcado cerca de dezanove anos antes de Colombo nas costas da América do Norte.
Em 1474 fo
i nomeado capitão-donatário de Angra e a partir de 1483, também da Ilha de S. Jorge. Os seus três filhos, todos navegadores audaciosos, Gaspar Corte-Real, Miguel Corte-Real e Vasco Anes Corte-Real, continuaram o espírito de aventura de seu pai tendo os dois primeiros desaparecido depois de expedições marítimas, em 1501 e 1502 respectivamente. Vasco Anes quis ir em busca de seus irmãos mas o Rei não lhe concedeu autorização, tendo sucedido a seu pai como Capitão-Donatário.
À volta de 1418 o Infante D. Henrique deu vida e alento ao grande desejo dos Portugueses de procurarem fama e fortuna, descobrindo terras novas num mundo que era então vastamente desconhecido.
As outras nações, que mais tarde competiram com os portugueses na colonização, encontravam-se por essa altura ocupadas com graves problemas internos. Tomando vantagem dessa distracção, e em grande segredo, um enorme esforço foi desenvolvido que resultou na descoberta da maioria das terras do mundo pelos navegadores portugueses.
Por causa desse grande segredo necessário nessa altura, hoje a História tem lacunas, que muitos pesquisadores procuram diligentemente preencher. Umas destas é: Quem foi o primeiro Navegador a descobrir o Canadá? E a América?
Hoje aceita-se que João Vaz Corte-Real possa ser considerado como um dos primeiros europeus que chegou à costa Americana, pelo menos, mais de dezanove anos antes de Cristóvão Colombo.
Se for verdade, Corte-Real teria desembarcado cerca de dezanove anos antes de Colombo nas costas da América do Norte.
Em 1474 fo
i nomeado capitão-donatário de Angra e a partir de 1483, também da Ilha de S. Jorge. Os seus três filhos, todos navegadores audaciosos, Gaspar Corte-Real, Miguel Corte-Real e Vasco Anes Corte-Real, continuaram o espírito de aventura de seu pai tendo os dois primeiros desaparecido depois de expedições marítimas, em 1501 e 1502 respectivamente. Vasco Anes quis ir em busca de seus irmãos mas o Rei não lhe concedeu autorização, tendo sucedido a seu pai como Capitão-Donatário.
À volta de 1418 o Infante D. Henrique deu vida e alento ao grande desejo dos Portugueses de procurarem fama e fortuna, descobrindo terras novas num mundo que era então vastamente desconhecido.
As outras nações, que mais tarde competiram com os portugueses na colonização, encontravam-se por essa altura ocupadas com graves problemas internos. Tomando vantagem dessa distracção, e em grande segredo, um enorme esforço foi desenvolvido que resultou na descoberta da maioria das terras do mundo pelos navegadores portugueses.
Por causa desse grande segredo necessário nessa altura, hoje a História tem lacunas, que muitos pesquisadores procuram diligentemente preencher. Umas destas é: Quem foi o primeiro Navegador a descobrir o Canadá? E a América?
Hoje aceita-se que João Vaz Corte-Real possa ser considerado como um dos primeiros europeus que chegou à costa Americana, pelo menos, mais de dezanove anos antes de Cristóvão Colombo.
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
Álvaro Martins Homem fundador da cidade de Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores
Álvaro Martins Homem (? — Praia, c. 1482) foi um explorador português do século XV, segundo capitão do donatário da ilha Terceira, nos Açores. Foi o fundador da vila de Angra, actual cidade de Angra do Heroísmo.
Navegador, terá viajado extensamente pelo Oceano Atlântico e acompanhado João Vaz Corte-Real numa expedição conjunta com escandinavos às costas da Gronelândia e da Terra Nova ou Terra do Bacalhau, antes de 1472 ou 1473.
Foi o segundo capitão do donatário na ilha Terceira, sucedendo a Jácome de Bruges, desaparecido em condições misteriosas. Exerceu o cargo desde 1474 até 1483, tendo-lhe seguido Antão Martins Homem, seu filho.
Foi casado com Inês Martins Cardoso, filha de Martim Anes Cardoso, fidalgo da Casa dos Infantes, e veio a falecer por volta de 1482 na então vila da Praia.
Foi fidalgo da Casa da Infanta D. Beatriz de Portugal, mãe do Duque de Viseu, D. Diogo, Duque de Beja e de Viseu, Donatário por carta da dita Infanta, com data de 17 de Fevereiro de 1474, a seu mando foi construído na margem da ribeira de Angra, para sua residência, o Paço ou Castelo dos Moinhos.
Foram seus irmãos Heitor Álvares Homem, falecido em 1528 e que um ano antes de morrer, em 1527, mandou edificar a Ermida de Nossa Senhora da Ajuda, no lugar que actualmente corresponde à freguesia da Vila Nova, casado com D. Beatriz Afonso Columbreiro; João Vaz Homem, que casou com D. Catarina ou Francisca da Costa; e João Álvares Homem que casou duas vezes, a primeira D. Ana Luiz da Costa e a segunda com Isabel Valadão.
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Angra do Heroísmo cidade Património Mundial ilha Terceira Açores
Posteriormente, no contexto da Dinastia Filipina, a estes vieram justar-se os galeões espanhóis carregados de ouro e prata, oriundos das Índias Ocidentais, numa rota que se estendia de Cartagena das Índias, passava por Porto Rico e por Angra, e alcançava Sevilha. Para apoiar essas fainas, foram implantados os primeiros estaleiros navais, na Prainha e no Porto das Pipas, e as fortificações que fecham a baía: o chamado Castelo de São Sebastião e o de São João Baptista.
A cidade, mais de uma vez, teve parte activa na história de Portugal: à época da Crise de sucessão de 1580 resistiu ao domínio Castelhano, apoiando António I de Portugal que aqui estabeleceu o seu governo, de 5 de Agosto de 1580 a 6 de Agosto de 1582. O modo como expulsou os espanhóis entrincheirados na fortaleza do Monte Brasil em 1641 valeu-lhe o título de "Sempre leal cidade", outorgado por João IV de Portugal.
Posteriormente, aqui esteve Afonso VI de Portugal, detido nas dependências da fortaleza do Monte Brasil, de 21 de Junho de 1669 a 30 de Agosto de 1684.
Posteriormente Angra constitui-se na capital da Província dos Açores, sede do Governo-geral e em residência dos Capitães-generais, por Decreto de 30 de Agosto de 1766, funções que desempenhou até 1832. Foi sede da Academia Militar, de 1810 a 1832.
No século XIX, Angra constitui-se em centro e alma do movimento liberal em Portugal. Tendo abraçado a causa constitucional, aqui se estabeleceu em 1828 a Junta Provisória, em nome de Maria II de Portugal. Foi nomeada capital do reino por Decreto de 15 de Março de 1830. Aqui, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), Pedro IV de Portugal organizou a expedição que levou ao desembarque do Mindelo e aqui promulgou alguns dos mais importantes decretos do novo regime, como o que criou novas atribuições às Câmaras Municipais, o que reorganizou o Exército Português, o que aboliu as Sisas e outros impostos, o que extinguiu os morgados e capelas, e o que promulgou a liberdade de ensino no país.
Em reconhecimento de tantos e tão destacados serviços, o Decreto de 12 de Janeiro de 1837 conferiu à cidade o título de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo", e a Rainha D. Maria II de Portugal condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
A cidade sempre teve forte tradição municipalista, e a sua Câmara Municipal foi a primeira do país a ser eleita, já em 1831, após a reforma administrativa do Constitucionalismo (Decreto de 27 de Novembro de 1830).
Em Angra encontraram refúgio Almeida Garrett, durante a Guerra Peninsular, e a rainha Maria II de Portugal entre 1830 e 1833, durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834). Por aqui passou Charles Darwin, a bordo do "HMS Beagle", tendo aportado a 20 de Setembro de 1836. Darwin partiu daqui para a ilha de São Miguel em 23 de Setembro, após fazer um passeio a cavalo pela ilha, onde entre vários locais visitou as Furnas do Enxofre, tendo na altura afirmado que a nível biológico "nada de interessa encontrar". Mais tarde, e reconhecendo o seu erro, pediu a vários cientistas, nomeadamente a Joseph Dalton Hooker, a Hewett Cottrell Watson e a Thomas Carew Hunt que lhe enviassem espécimes da flora endémica da Macaronésia e também amostras geológicas.
domingo, 7 de agosto de 2016
Cidade de Angra do Heroísmo ilha Terceira Arquipélago dos Açores
O local escolhido pelos primeiros povoadores foi uma crista de colinas, que se abria, em anfiteatro, sobre duas baías, separadas pelo vulcão extinto do Monte Brasil. Uma delas, a denominada "angra", tinha profundidade para a ancoragem de embarcações de maior tonelagem, as naus. Tinha como vantagem a protecção de todos os ventos, excepto os de Sudeste.
As primeiras habitações foram erguidas na encosta sobre essa angra, em ruas íngremes de traçado tortuoso dominadas por um outeiro. Neste, pelo lado de terra, distante do mar, foi iniciado um castelo com a função de defesa, à semelhança do urbanismo medieval europeu: o chamado Castelo dos Moinhos.
Por carta passada pela Infanta Dna. Beatriz em 2 de Abril de 1474, a capitania de Angra foi doada a Álvaro Martins Homem, que ao tomar posse dela deu início aos trabalhos da chamada Ribeira dos Moinhos, aproveitando a forças de suas águas e lançando as bases para o futuro desenvolvimento económico da povoação. A partir da Protecção propiciada pelo Castelo dos Moinhos (actual Alto da Memória), o casario acompanhou a Ribeira dos Moinhos até à baía, primitivamente por ruas e vielas sinuosas - ruas do Pisão, da Garoupinha, de Santo Espírito, das Alcaçarias - cuja toponímia conservou a memória de suas actividades económicas. Martins Homem deu início à chamada Casa do Capitão, posteriormente acrescentada por João Vaz Corte Real, que também procedeu à canalização da Ribeira, à construção do primitivo Cais da Alfândega, da muralha defensiva da baía de Angra e do Hospital de Santo Espírito.
Ao mesmo tempo, liberava a área do vale para que, de acordo com os princípios do urbanismo do Renascimento, pudessem ser abertas ruas obedecendo a um plano ortogonal, organizadas por funções, de acordo com as necessidades do porto que crescia com rapidez. Nesse plano ortogonal serão abertas as ruas da Sé e Direita, ligando os principais elementos da cidade: o porto e a casa do capitão nos extremos do braço menor, os celeiros do Alto das Covas e a Câmara Municipal nos do braço maior. Ao longo do século XVI a cidade crescerá até ao Alto das Covas e a São Gonçalo, embora com ruas de traçado mais irregular.
Desse modo, em poucos anos, desde 1478, a povoação fora elevada à categoria de vila e, em 1534, ainda no contexto dos Descobrimentos, foi a primeira do arquipélago a ser elevada à condição de cidade. No mesmo ano, foi escolhida pelo Papa Paulo III, pela bula Æquum reputamus, para sede da Diocese de Angra, com jurisdição sobre todas as ilhas do arquipélago dos Açores.
As razões para esse vigoroso progresso deveram-se à importância do seu porto como escala da chamada Carreira da Índia, centrado na prestação de serviços de reabastecimento e reaparelhamento das embarcações carregadas de mercadorias e de valores. Por essa razão desde as primeiras décadas do século XVI aqui foi instalada a Provedoria das Armadas, com essa função e a de apoiar a chamada Armada das ilhas.
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Povoamento da ilha Terceira Arquipélago dos Açores parte 2
Tomadas as primeiras providências para a fixação das gentes, Brugues retornou ao reino a pedir mais pessoas para auxiliá-lo no povoamento. Nessa viagem, terá passado pela ilha da Madeira, de onde trouxe Diogo de Teive, a quem foi atribuído o cargo de seu lugar-tenente e Ouvidor-geral da ilha Terceira. Além destes titulares, vieram para a ilha alguns frades franciscanos para o culto religioso, visto que as ilhas pertenciam à Ordem de Cristo.
Poucos anos mais tarde, Jácome de Brugues fixou a sua residência no sítio da Praia, lançando os fundamentos da sua igreja matriz - a Igreja de Santa Cruz - em 1456, de onde passou a administrar a capitania da ilha até à data do seu desaparecimento (1474), em circunstâncias não esclarecidas, acredita-se que durante uma viagem entre a ilha e o continente.
Entre os primeiros povoadores cita-se ainda o nome de outro flamengo, Fernão Dulmo, que recebeu terras nas Quatro Ribeiras, entre o Biscoito Bravo e a ribeira da Agualva, lugar onde, segundo o historiador Francisco Ferreira Drummond "...ali desembarcou com trinta pessoas, cultivou a terra e deu princípio à igreja".
Em 1460, após a entrega da capitania da Terceira a Jácome de Bruges, o Infante D. Henrique doou a ilha e a Graciosa ao Infante D. Fernando, seu sobrinho e filho adotivo. Falecido este último (1470), assumiu a donataria, durante a menoridade do Infante D. Diogo, a Infanta D. Beatriz, sua mãe. Mediante o desaparecimento de Brugues, ela dividirá a ilha em duas capitanias, em 1474:
a capitania de Angra - entregue a João Vaz Corte Real; e a capitania da Praia - entregue a Álvaro Martins Homem (embora este já tivesse iniciado o povoamento no lugar de Angra).
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Povoamento da ilha Terceira Arquipélago dos Açores parte 1
Não há certeza quanto à data de descoberta da Terceira, embora a mesma já figure em portulanos quatrocentistas. Foi inicialmente denominada como Ilha de Jesus Cristo e, posteriormente como Ilha de Jesus Cristo das Terceiras, até se afirmar a designação actual de apenas Terceira. O cronista Gaspar Frutuoso relaciona várias hipóteses para a sua primitiva designação:
por ter sido achada a 1 de Janeiro, dia em que se celebrava a festa do Santo Nome de Jesus;
por pertencer ao Mestrado da Ordem de Cristo;
por ter sido descoberta na Quinta ou Sexta-Feira Santas, ou em dia de Corpo de Deus;
por ser a Sé de Angra da invocação do Salvador.
Dentre estas, acrescenta que lhe parecia mais certo o descobrimento da ilha ter ocorrido em dia do Corpo de Deus, por estar o tempo mais propício à navegação
A ilha começou a ser povoada a partir da sua doação, por carta do Infante D. Henrique, datada de 21 de Março de 1450, ao flamengo Jácome de Bruges:
"Eu, o Infante D. Henrique (...) faço saber que Jácome de Bruges, natural da Flandres, me disse que (...) estando a ilha Terceira, nos Açores, herma e inabitada, me pedia que lhe desse autorização para a povoar, como senhor das ilhas. E eu, (...) querendo lhe fazer graça e mercê, me apraz conceder-lha. E tenho por bem que ele a povoe da gente que lhe aprouver, desde que seja de fé católica."
Bruges trouxe as suas gentes, muitas famílias portuguesas e algumas espécies de animais, tendo o seu desembarque ocorrido, segundo alguns estudiosos, no Porto Judeu, e, segundo outros, no chamado Pesqueiro dos Meninos, próximo à Ribeira Seca. Gaspar Frutuoso refere, a seu turno:
"(...) Afirmam os povoadores antigos da Ilha Terceira que fora primeiro descoberta pela banda do norte, onde chamam as Quatro Ribeiras, em que agora está a freguesia de Santa Beatriz, que foi a primeira igreja que houve na ilha, mas não curaram os moradores de viver ali por ser a terra muito fragosa e de ruim porto. (...)." (FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra (Livro VI). cap. I, p. 8-9)
A primeira povoação terá sido no lugar de Portalegre , erguendo-se um pequeno templo, o primeiro da ilha, sob a invocação de Santa Ana.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Ilha Terceira Arquipélago dos Açores
A Terceira é uma das nove ilhas dos Açores, integrante do chamado "Grupo Central". Primitivamente denominada como Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo das Terceiras, foi em tempos o centro administrativo das Ilhas Terceiras, como era designado o arquipélago dos Açores. A designação Terceiras aplicava-se a todo o arquipélago do Açores visto terem sido as terceiras ilhas descobertas no Atlântico (o arquipélago das Canárias era designado de Ilhas Primeiras e o arquipélago da Madeira por Ilhas Segundas, segundo a ordem cronológica de Descoberta). Com o avançar dos anos esta ilha passou a ser conhecida apenas por Ilha Terceira.
Ao longo de sua história, a Terceira desempenhou papel de grande importância no estabelecimento e manutenção do Império Português, devido à sua localização geoestratégica em pleno Atlântico Norte.
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