A cultura do inhame nos Açores, designadamente à variedade de inhame da espécie Colocasia antiquorum, remonta, pelo menos, ao século XVI.
Com efeito, na obra «Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores» de Frei Diogo das Chagas, e datado de 1646, consta a seguinte alusão à cultura do inhame nos Açores:
“ «... tem boas e largas lavouras de inhames que se chamam cocos, o dízimo dos quais eu vi arrematar um ano em 120$000 reis e às vezes rende mais». ”
Posteriormente, em 1661, consta, a folhas 147, do Livro de Correições da Câmara Municipal do Concelho de Vila Franca do Campo, a seguinte consideração histórica sobre a cultura dos inhames e do seu papel social, para a população mais pobre:
“ «... disseram também que havia muitas terras em que se podia plantar inhames, que é grande remédio para pobreza… mandei que cada pessoa fosse obrigada a plantar ao menos meio alqueire de terra de inhames...» ”
Também digno de nota foi a ocorrência, em 1694, na ilha de S. Jorge, da «revolta dos inhames» que consistiu, essencialmente, na recusa dos inhameiros em pagar o dízimo sobre a produção.
Em 1830, ainda sob a vigência do dízimo sobre os inhames, há ainda nota de, em 14 de Dezembro desse ano, a Câmara Municipal do concelho de S. Sebastião da ilha Terceira ter remetido à rainha D.ª Maria II uma queixa, onde constava os seguintes dizeres:
“ «… que abuso Senhora! o dízimo duma vaca parida, o dízimo do bezerro que ela cria (e pela estimativa) o dízimo da herva que ella come; o dízimo da ovelha, e da lã, o dízimo das cebollas, dos alhos, das abóboras, e dos bogangos, o dízimo dos inhames, plantados pelos regatos; e, finalmente, o dízimo das frutas e das madeiras...». ”
Historicamente, as populações destas ilhas receberam o nome «inhameiros» como alcunha, por virtude, não só, da grande abundância dessa espécie vegetal, mas também porque causa do grande consumo que deles se fazia.
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