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domingo, 28 de maio de 2023

Madre Margarida do Apocalipse

 


Madre Margarida do Apocalipse nasceu na ilha açoriana de São Miguel, na freguesia da Conceição, no concelho da Ribeira Grande, em 1779.


Tal como aconteceu com muitas filhas de famílias abastadas, como era o caso dela, é destinada à vida religiosa. Entra para o Convento do Santo Nome de Jesus da Ribeira Grande em 1800, onde toma o hábito de freira da Ordem das Clarissas e passa a chamar-se Madre Margarida do Apocalipse.  É também durante este período que é reconhecido o seu talento para fazer flores artificiais, chegando a enviar um ramalhete para da rainha Dona Maria II.


Permanece no convento 32 anos, do qual é obrigada a sair devido à extinção das ordens religiosas, que nos Açores ocorre em 1832, por decreto de Dom Pedro IV.



Após deixar o convento, permanece em Ribeira Grande e dedica-se ao culto de São João Evangelista e à criação do Arcano Místico, ficando a sua casa conhecida como a Casa do Arcano, actualmente casa-museu.


Morre no dia 6 de Maio de 1858.  Deixa em testamento o Arcano Místico à Confraria do Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz da Ribeira Grande, também conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Estrela.


Madre Margarida do Apocalipse levou 27 anos criar o Arcano Místico com o objectivo de louvar a deus e entreter.



Este é composto por mais de 3000 esculturas que ela moldou à mão e distribuíu por 92 quadros que representam acontecimentos biblícos do velho e novo testamento, apenas o do juízo final ficou por concluir.  Os quadros encontram-se reunidos numa vitrina de madeira e vidro e distribuídos pelos 3 niveis que a compoem.


Para moldar os santos, arcanjos, anjos, rainhas, animais e outras pequenas figuras, ela utilizou uma massa composta por farinha de arroz, farinha de trigo, vidro moído, gelatina animal e goma arábica.


Em 2009, o Governo Regional dos Açores reconheceu a sua importância cultural, artística, identitária classificando-o como Tesouro Regional. Três anos mais tarde, em 2012, o seu processo de restauro, conservação e musealização foi premiado pela Fundação Calouste Gulbenkian com o Prémio Vilalva.




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