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terça-feira, 31 de maio de 2022

Um dos primeiros povoadores da ilha Terceira Açores

 


João Leonardes, O Velho - Foi um dos primeiros povoadores da ilha Terceira, integrou o grupo capitaneado por Jácome de Bruges, procedente

da ilha da Madeira, segundo Drummond.

Era proprietário das terras das Contendas  na Vila de S. Sebastião.

A baía das Contendas localiza-se na Vila de São Sebastião, concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.

Integra uma das zonas de protecção especial para aves selvagem formada pela Ponta das Contendas, por esta baía e pela Baía das Mós, incluindo o Ilhéu da Mina e a falésia para ambos os lados das duas baías.

Trata-se de uma baía dotada de uma importante área protegida cujo aceso é bastante fácil tanto por terra como por mar. É formada por fundos marinhos de escoadas lávicas de natureza basáltica e traquibasáltica que se encontram parcialmente recobertos por formações sedimentares quaternárias, mais recentes do tipo calhaus rolados e blocos de granulometria heterogénea e ainda por areias. Nesta baía encontra-se ainda o ilhéu da Mina que forma ele próprio um habitat ao dar abrigo a uma grande variedade de fauna marítima.

As escoadas lávicas e os blocos de maior tamanho apresentam cavidades resultantes da intensa erosão marinha, permitindo um tipo de fundo com clareiras de areia, blocos de pedra de calhaus rolados pequenos e médias dimensões, grutas pequenas, rochas dispersas em fundo de areia e apresenta uma profundidade média da ordem dos 15 metros.


Este local é muito utilizado para fazer mergulho de observação com ou sem escafandro, tanto nocturno como diurno.

A Reserva Natural da Baía das Contendas destina-se a dar protecção às aves selvagens, tanto às aves dos Açores como às aves migratórias.




domingo, 29 de maio de 2022

A polémica do nome Açores

 

Uma questão muito debatida é a atribuição da toponímia "Açores" ao arquipélago. Ela já figura no globo de Martinho da Boémia que, em 1492, havia estado no Faial, referindo as ilhas dos Grupos Oriental e Central de "Insulae Azore" e as duas restantes, do Grupo Ocidental, de "Insulae Flores". Na cartografia anterior, as ilhas eram identificadas quer como "Ilhas Afortunadas" quer como "Ilhas de São Brandão". Actualmente, admitem-se três teorias a clássica, que atribui a toponímia à presença de aves identificadas pelos marinheiros portugueses como pertencentes àquela espécie. Essa teoria é modernamente criticada com base em que:


a única ave de rapina até hoje identificada no arquipélago é o milhafre ("Buteo buteo rotschildi"), e mesmo assim, aparentemente, uma introdução comparativamente recente, já que a ecologia das ilhas lhes era claramente desfavorável: o milhafre prefere como alimento os pequenos mamíferos, os quais não existiam no tempo do povoamento (os únicos mamíferos nativos são minúsculos morcegos). Mesmo admitindo a presença de milhafres no tempo da descoberta, subsistindo com uma dieta de aves juvenis (pombos torcazes e aves marinhas), simples considerações ecológicas e de dinâmica das populações tornam difícil aceitar que a sua população fosse tão numerosa a ponto de os destacar no meio das grandes populações de aves marinhas e de pombos torcazes então existentes.

a falcoaria, à época, era uma actividade bastante apreciada pela nobreza, não se justificando desse modo, um equívoco dessa natureza.

a devoção de Gonçalo Velho a Santa Maria dos Açores, padroeira da freguesia de Açores, em Celorico da Beira, no Distrito da Guarda;

a que parece fazer mais sentido é a que aponta que Açores provém do nome Azzurro em italiano ou Azureus em latim, que significa Azul em português,  como referência ao céu azul num dia brilhante e claro aquando da descoberta ao longe das ilhas. Esta teoria pode ser sustentada por uma outra, que afirma que as ilhas dos Açores já apareciam inclusive em portulanos genoveses do século XIV.


Mas a utilização de nomes com origem nas ilhas míticas não se ficou pelo nome do arquipélago já que toda a toponímia das ilhas está cheia de referências a eles. Em São Miguel e no Pico existem povoados chamados Sete Cidades (topónimo também existente no Brasil); na Terceira, a península do Monte Brasil (com registo anterior a 1500 e raiz na mítica ilha do O'Brasil, ou Brasil, dos Celtas irlandeses) testemunha um nome que antes de chegar ao actual Brasil passou pelos Açores; ou os Mosteiros (da tradição brandoniana) que estão presentes na ilha de São Miguel e nas Flores (para além de Cabo Verde).



sábado, 28 de maio de 2022

Armazém da Laranja na Urzelina ilha de São Jorge




O Armazém da Laranja (Urzelina) é um edifício histórico português localizado na freguesia da Urzelina, concelho de Velas, ilha de São Jorge, Região Autónoma dos Açores.

Este antigo armazém é um edifício histórico na medida em que representa uma época do passado histórico da ilha de São Jorge em que o cultivo da laranja foi uma das maiores produções agrícolas desta ilha e dos Açores em geral.


O cultivo e a exportação da laranja foi de extrema importância para a economia da ilha de São Jorge desde o século XVII até cerca de 1870. Para facilitar este comércio o armazém foi construído próximo do Porto da Urzelina de onde as laranjas eram armazenadas e depois exportadas para a Europa continental, e em especial para a Inglaterra. Esta produção da laranja foi tão importante que chegou a representar em alguns casos os únicos produtos de valor importante exportados e ficou conhecido como o Ciclo da laranja. Este armazém é actualmente a sede do Centro de Exposição do Concelho de Velas.


sexta-feira, 27 de maio de 2022

Ermida de São Salvador ilha da Graciosa Açores

 

A Ermida de São Salvador é uma Ermida portuguesa localizada no cimo do Monte da Senhora da Ajuda, no concelho de Santa Cruz da Graciosa, na ilha Graciosa, no arquipélago dos Açores.


Esta ermida que é dedicada a devoção de São Salvador tem uma construção recua ao século XVIII, teve a sua construção entre o ano de 1709 e de 1715. Pouco tempo depois, ainda no mesmo século foi fortemente atingida por tremores de terra. Apresenta-se com 5,95 m de comprimento.


Este templo durante muitos anos foi um centro de devoção fervorosa a Nossa Senhora de Fátima, cuja imagem ali ficava ali entre o dia 13 de Maio e 13 de Outubro, sendo depois levada para a Igreja Matriz de Santa Cruz.



quinta-feira, 26 de maio de 2022

Forte de Nossa Senhora do Rosário nas Lajes ilha das Flores Açores

 

O Forte de Nossa Senhora do Rosário localizava-se na vila e freguesia de Lajes das Flores, concelho de mesmo nome, na costa sudeste da ilha das Flores, nos Açores.


Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa do ancoradouro da vila contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.


O padre António Cordeiro, no início do século XVIII, remonta a fortificação de Lajes das Flores ao período da Dinastia Filipina, após o saque de corsários ingleses em 1587, no contexto da Guerra Anglo-Espanhola (1585-1604):

"Daqui para o Norte, está a nobre, & fecunda Villa das Lajes, & já em nada sujeita à Villa de Santa Cruz: consta de muito mais de trezentos fogos, & de duas grandes Companhias, & dous Capitães de ordenança, & hum Capitão mor da Villa, & seu termo; e consta de hua grande rua, & muytas travessas; & tem diante de si para o mar alguns bayxos perigosos aos que quiseram acometer a Villa, & fica já mais de duas legoas do sobredito lugar de São Pedro. A Matriz desta Villa he da invocação de Nossa Senhora do Rosário, com Vigario, & algumas familias nobres, como em seu lugar diremos. (…) Já houve comtudo ocasição (em 25 de julho de 1587, há quasi cento & trinta annos) que cinco navios Inglezes enganadamente entrarão na Villa das Lajes, & a saquearão, fugindo os moradores para os matos; mas atèagora lhes não succedeo outra, pela vigia que sempre ao diante tiverão: & nem se sabe de fogo, terramoto, peste ou guerra que houvesse nesta Ilha atègora."

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Fortim de Nossa Senhora do Rozario." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".


Uma nova tentativa de assalto, por duas embarcações de corsários ingleses da América do Norte, registou-se no ano de 1770.

Do forte existe alçado e planta, com o título "Forte de N.ª Snr.ª do Rozario da Villa das Lages da Ilha das Flores", de autoria do sargento-mor do Real Corpo de Engenheiros, José Rodrigo de Almeida (1822).

"(...) tem aquella Villa o porto a susueste; tem para fora uma baia com ancoradouro de areia. (...) Seo Orago é Nossa Senhora do Rozario, (...) Tem 2 companhias de ordenança. A 1ª formada na Villa, Monte e Morros, com 1 capitão, 1 alferes, 2 tenentes, que foram de fortes, dois sargentos e 170 soldados, a 2ª formada na Fazenda, Lajedo e Mosteiro, com 1 capitão, 1 alferes, 1 tenente, 3 sargentos e 147 soldados, a saber, 77 na Fazenda, 36 no Lajedo e Costa, e 34 no Mosteiro e Caldeira. Tem um castello no porto da Villa com casa e guarda e 9 peças, e mais 2 fortes, um delles em um cerrado sobre uma rocha, sem casa, e 1 peça.".

Encontra-se referido na relação "Fortes existentes nas Flores e Corvo em 21 de julho de 1817".


A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 refere-o como "Forte da Villa das Lagens" e informa: "Só existe o local".


A estrutura não chegou até aos nossos dias.




quarta-feira, 25 de maio de 2022

Ermida do Senhor Jesus da Boa Morte ilha de São Jorge Açores

 

A Ermida do Senhor Jesus da Boa Morte é uma ermida Portuguesa localizada no lugar dos Casteletes, freguesia da Urzelina, concelho das Velas, ilha de São Jorge.


Esta ermida foi construída em estilo barroco apresentando um bom trabalho em cantaria de basalto negro com acabamentos em alvenaria que foi pintada a branco. É de destacar os trabalhos em pedra efectuado junto das portas, janelas.

Foi neste templo que a quando da erupção do vulcão da Urzelina que entrou em actividade em Maio de 1808 e que destruiu a antiga Igreja de São Mateus da Urzelina, então existente da Urzelina foram guardadas as alfaias, imagens e demais paramentos da referida igreja.




terça-feira, 24 de maio de 2022

Sociedade Filarmónica Lira Corvense, na ilha do Corvo Açores

 

A Sociedade Filarmónica Lira Corvense, é a única filarmónica que existe no Corvo, foi constituída a 4 de Novembro de 1938, começando a sua actividade a partir de Setembro do ano seguinte, 1939, a fazer actuações fora da Ilha, com deslocações frequentes principalmente à ilha das Flores, sua vizinha.


Esta filarmónica deste que foi constituída teve vários momentos de dificuldade na sua história, chegando mesmo a ver a sua actividade suspensa principalmente durante a década de 1950 a 1960 devido ao enorme surto de emigração que aconteceu para os Estados Unidos e para o Canadá, aliado o um Serviço Militar Obrigatório, imposto pela ditadura de Oliveira Salazar durante a Guerra Colonial Portuguesa, que levava para combater nas colónias grandes parte da juventude portuguesa, que afastava assim da ilha grande parte da juventude da ilha.

O grande impulso de desenvolvimento desta filarmónica aconteceu com a Autonomia do arquipélago dos Açores quando muitos benefícios económicos foram dados às filarmónicas por diferentes ilhas como forma de apoiar a cultura.


Assim os corvinos agarraram a oportunidade e não só reconstituíram a filarmónica, como criaram uma escola de música e deram início à compra de novos instrumentos.


Foi em 1991 que se deu a grande reactivação da “Filarmónica Lira Corvense”. Foi neste ano que se criaram os estatutos próprios e se fez a eleição de uma Direcção.


Para este “ressurgir” da Filarmónica Lira Corvense muito também contribuiu a própria Câmara Municipal de Vila do Corvo com a sua colaboração quer a nível financeiro como logístico que chegou mesmo à cedência de uma sede.


Esta filarmónica apesar de não ter maestro próprio, costuma receber com alguma frequência maestros vindos de várias ilhas dos Açores e mesmo de diferentes partes do mundo. A exemplo disso são: o maestro Coelho da Silva, o maestro Manuel Tavares Pereira, o maestro José Amorim de Carvalho e o maestro ucraniano Valentim Mikos Yuri Pavtchinsky e recentemente o seu filho o maestro Vladimir Pavtchinsky.

A Filarmónica Lira Corvense, é composta actualmente 26 músicos, na sua grande maioria jovens. As actuações desta filarmónica tem sido destinadas principalmente a abrilhantar festas religiosas e profanas, bem como na apresentação de cumprimentos e em recepções a diversas individualidades que fazem a sua deslocação à ilha do Corvo.


Depois da sua reactivação, as deslocações para fora da ilha tiveram início como uma deslocação à vizinha ilha Flores e em Agosto de 1997 com uma deslocação a Fall River, Estados Unidos, por ocasião das festas do Divino Espírito Santo, onde actuou para as comunidades portuguesas. Nesta deslocação teve como maestro e trompetista o Ucraniano Yuri Pavtchinsky.




segunda-feira, 23 de maio de 2022

Estação LORAN na ilha das Flores Açores

 

A Estação LORAN das Flores localizava-se na freguesia da Fazenda das Lajes, concelho de Lajes das Flores, na ilha das Flores, nos Açores.

Constitui-se numa antiga estação do tipo "slave", integrante da cadeia NATO-D do sistema LORAN-A, operada pela Marinha Portuguesa entre 1965 e 31 de Dezembro de 1977.


A cadeia iniciava-se na Estação LORAN de Sagres, prolongando-se até à Estação LORAN de Santa Maria (STA "I" - Estação I) que, por sua vez operava como "master" dos prolongamentos até à Estação LORAN das Flores (STA "F" - Estação F, ramo 1S7), e à Estação LORAN de Porto Santo (STA "P" - Estação P, ramo 1S6).


A zona de recepção situava-se na vila das Lajes das Flores, constituindo a chamada "LORAN de Baixo".

Como as restantes estações operadas pela Armada Portuguesa, a Estação LORAN das Flores foi oficialmente criada pelo Decreto n.º 44 680, de 12 de Novembro de 1962[ligação inativa]. O prédio onde se encontrava instalada a Estação, com 89 088 m² de área, foi vendido pelo Estado na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 318/97, de 25 de Novembro[ligação inativa] que o desafectou do património militar.


Quando em 31 de Dezembro de 1977 foram desligadas as estações LORAN-A, a Marinha Portuguesa optou pelo sistema Omega, levando ao encerramento da estação. O edifício da antiga estação LORAN é hoje a sede dos Serviços de Ambiente na ilha.





domingo, 22 de maio de 2022

Santo Cristo dos Milagres, na ilha de São Miguel Açores



O Senhor Santo Cristo dos Milagres, popularmente referido apenas como Senhor Santo Cristo ou Santo Cristo dos Milagres, é uma peça de arte sacra cultivada
no Convento de Nossa Senhora da Esperança, na cidade e concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.

Trata-se de uma imagem entalhada em madeira sob a forma de relicário/sacrário,  de autor desconhecido, em estilo renascentista, representando o "Ecce Homo", isto é o episódio do martírio de Jesus Cristo em que este é apresentado à multidão, na varanda do Pretório, acabado de flagelar, de punhos atados e torso despido, com a coroa de espinhos e os ombros cobertos pelo manto púrpura. O evento está narrado em Lucas 23:1-25, no episódio maior da Corte de Pilatos. O autor representou, com grande senso artístico, o contraste entre a violência inflingida ao corpo de Cristo (matéria) e a serenidade do rosto, nomeadamente do olhar (espírito).


O culto e as festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres derivam das revelações recebidas pela Venerável Madre Teresa da Anunciada e realizam-se nos dias em torno do quinto domingo após a Páscoa, dia em que se procede à grande procissão, terminando na quinta-feira da Ascensão. Constituem a maior e mais antiga devoção que se realiza no país, e que só encontra paralelo com a devoção popular expressa no Santuário da Mãe Soberana, em Loulé, e, a partir do século XX, nas celebrações do Santuário de Fátima. A devoção atrai, anualmente, milhares de açorianos e seus descendentes, de todas as ilhas e do exterior, uma vez que é um momento escolhido por muitos emigrantes para visitarem a sua terra natal.

A documentação disponível atribui ao Papa Paulo III (1534-1549) a oferta da imagem a religiosas que se terão deslocado a Roma no sentido de obter uma Bula pontifícia que as autorizasse a instalar o primeiro convento da ilha de São Miguel, na Caloura ou no Vale de Cabaços. Contudo, do confronto de diversos documentos levanta-se a hipótese de tal doação poder ser atribuída ao seu antecessor, o Papa Clemente VII (1523-1534).


Em virtude do Convento da Caloura, em Água de Pau, erguido sobre um rochedo à beira-mar, se encontrar demasiado exposto aos ataques de piratas e corsários, então abundantes nas águas do arquipélago, cedo as religiosas ter-se-ão transferido para outros estabelecimentos religiosos, entretanto constituídos na ilha: o Convento de Santo André, em Vila Franca do Campo, e o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada. Entre as que a este último se dirigiram, refere-se o nome de Madre Inês de Santa Iria, uma religiosa oriunda da Galiza, que levou consigo a imagem do "Ecce Homo" (1541), que lá permanece até aos nossos dias.
O culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres tomou impulso a partir dos séculos XVII e XVIII, dentro dos princípios adotados pela Igreja Católica no Concílio de Trento, no sentido da defesa da importância do culto e da veneração de imagens, um dos princípios de divergência em relação à Reforma protestante.


Estátua da Venerável Madre Teresa da Anunciada junto ao Convento da Esperança.
Deve-se à Venerável Madre Teresa da Anunciada o atual culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres. Esta religiosa deu entrada no Convento de Nossa Senhora da Esperança no século XVII, juntamente com uma sua irmã, Joana de Santo António. De origem nobre e de personalidade forte, a profunda devoção cristã que a Madre Teresa da Anunciada alimentava, e as suas características de santidade, fizeram com que fosse comumente tratada como "Madre", cargo que, na realidade, nunca desempenhou.

Desde o momento em que deu entrada no convento, Teresa da Anunciada adotou uma atitude de profunda devoção e entrega à antiga imagem do "Ecce Homo", com a qual estabeleceu uma íntima relação e à qual chamava carinhosamente de "seu Senhor" e "seu Fidalgo".
As duas irmãs terão tido a sua atenção despertada, e terão despertado a da população em geral, para o carácter milagroso da imagem. Joana de Santo António, antes de ser transferida para o Convento de Santo André, terá alertado nomeadamente para o poder milagroso de uma estampa que cobria a abertura do peito da imagem.


A Madre Teresa da Anunciada não se poupou a esforços para engrandecer a imagem do "Ecce Homo", apelando à vassalagem e entrega por parte de todos à mesma. Embora com entraves por parte de uma abadessa do convento, conseguiu que se erigisse uma capela condigna para a imagem, assim como que a imagem fosse ornada com todas as insígnias próprias de majestade. Para esses fins, contou com as esmolas de inúmeros crentes em toda a ilha, do reino e mesmo das colónias, assim como o apoio da própria Coroa. Pedro II de Portugal, por alvará de 2 de setembro de 1700, concedeu uma tença de 12.000 réis para manter constantemente acesa uma lâmpada de azeite diante do altar do Senhor Santo Cristo. Foi ainda a irmã Anunciada quem organizou e instituiu a procissão anual do Senhor Santo Cristo dos Milagres, com o apoio e a colaboração da população.


Na atualidade, quando das festas em honra do Senhor Santo Cristo, uma multidão acorre ao Campo de São Francisco e ao Convento da Esperança que, por esta altura, assumem o papel de santuário, numa manifestação de profunda devoção, fé e respeito. Além de se prestar homenagem à imagem do Senhor, são pagas as promessas feitas.



Ao longo do restante do ano, a imagem encontra-se guardada numa capela do convento, localizada em frente e em sentido oposto ao altar-mor da igreja, separada da nave por um gradeamento.


sexta-feira, 20 de maio de 2022

Danielle Steel

 


Danielle Fernandes Dominique Schuelein-Steel, ou Danielle Steel (Nova Iorque, 14 de Agosto de 1947) é uma escritora americana e seus livros estão entre os mais vendidos do mundo. Os seus avós maternos eram  dos Açores.


É muito conhecida por suas histórias de dramas românticos e já vendeu aproximadamente 600 milhões de cópias dos seus livros, traduzidos em 28 línguas e vendidos em 47 países. Os seus romances estiveram na lista de best-sellers do New York Times mais de 39 semanas consecutivas e 22 foram adaptados para cinema. Em 2001 ela foi considerada uma das "30 MuDanielle Steel nasceu em 14 de agosto de 1947, em Nova Iorque, EUA, porém passou a maior parte da sua infância na França. Sua mãe chamava-se Norma da Câmara Stone dos Reis e era filha de um diplomata português.  Desde muito cedo interessa-se por literatura, e durante sua adolescência escreveu poesias. Editou seu primeiro romance em 1973, de título Going Home (O Apelo do Amor). Com o seu quarto romance, The Promisse (O Segredo de uma Promessa), lançado em 1978, Danielle obtém o indestronável estatuto de autora de best-sellers tendo editado mais de 60 romances.

Mãe de nove filhos e casada por cinco vezes, Steel viveu períodos de agitação sentimental. Em 1998 edita o livro O Brilho de sua Luz (título no Brasil) ou A luz que brilha: a história do meu filho (título em Portugal)(His Bright Light), sobre a vida e morte de seu filho, Nicholas Traina. Diagnosticado com transtorno bipolar e usuário de drogas, Nicholas suicidou-se em 1997. Criou e preside à Fundação Nick Traina, que apoia projetos de saúde mental, bem como à Associação Yo! Anjo!, onde prestou ajuda a pessoas sem abrigo, durante 11 anos. Conta esta experiência no livro A Casa na Rua Esperança (título no Brasil) ou A Casa na Rua da Esperança (título em Portugal).  Mais Poderosas da América" pelo Ladies' Home Journal.



quarta-feira, 18 de maio de 2022

Faleceu Norberto Ávila é um dramaturgo, romancista, contista e poeta Açoriano

 

Norberto Ávila  nasceu  na cidade de Angra do Heroísmo, Açores, a 9 de Setembro de 1936 é um dramaturgo, romancista, contista e poeta Português.

De 1963 a 1965 frequentou, em Paris, a Universidade do Teatro das Nações (Université du Théâtre des Nations / Institut International du Théâtre).

Criou e dirigiu a revista Teatro em Movimento (Lisboa, 1973-1975), que, entre variada colaboração, publicou textos dramáticos integrais de Jacques Audiberti, Henry de Montherlant, Pirandello, Miguel Barbosa, Tankred Dorst e Strindberg.

Chefiou, durante quatro anos, a Divisão de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura. Abandonou o cargo em 1978, a fim de dedicar-se mais intensamente ao seu trabalho de escritor, de que resultou a escrita de três dezenas de peças teatrais, três romances (dois deles ainda inéditos) e um livro de poemas.

Traduziu obras de Jan Kott, William Shakespeare, Tennessee Williams, Arthur Miller, Jacques Audiberti, Friedrich Schiller, Junji Kinoshita, Ramón María del Valle-Inclán, Rainer Werner Fassbinder, Eduardo Blanco Amor, José Zorrilla e Liliane Wouters. Adaptou à cena o romance O Bobo de Alexandre Herculano e, para marionetas, a obra D. Quixote e Sancho Pança de António José da Silva.

Dirigiu para a RTP (1.º Canal), a partir de Novembro de 1981, uma série de programas quinzenais

dedicados à actividade teatral portuguesa, com o título de Fila

As obras dramáticas de Norberto Ávila, em grande maioria publicadas, têm sido representadas em teatros profissionais portugueses como o Teatro Monumental e Teatro da Trindade (Lisboa), Marionetas de Lisboa, Teatro Experimental de Cascais, Teatro Animação de Setúbal, Teatro Experimental do Porto, Teatro de Portalegre, Teatro A Oficina (Guimarães) e Centro Dramático de Évora, por exemplo, além de muitos grupos de teatro amador. As suas obras foram ainda encenadas em teatros da Alemanha, Áustria, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Eslovénia, Espanha, França, Holanda, Itália, República Checa, Roménia, Sérvia e Suíça.

Em 2009, a Imprensa Nacional - Casa da Moeda publicou a colectânea Algum Teatro (20 peças de Norberto Ávila, em 4 volumes), cuja ordenação cronológica permite avaliar facilmente a evolução temática e estética do autor, umas vezes interessado em ficções dramáticas de fundo histórico, outras, na recriação dos grandes mitos (sejam eles da Grécia clássica ou da literatura ibérica), na elaboração de um teatro de inspiração popular ou de crítica social ou empenhamento político, ou mesmo de incitamento à evasão e à fantasia.


No dizer de Luiz Francisco Rebello (sem dúvida o mais autorizado especialista do teatro português): "Pela diversidade e riqueza dos temas dramatizados, pela variedade e adequação dos modelos estruturantes, pelo saber oficinal, pela capacidade inventiva do jogo cénico, pela sábia dosagem do real e do fantástico, do humor e da emoção, do erudito e do popular, e pela articulação perfeita de tudo isto, a obra de Norberto Ávila, já internacionalmente consagrada, ocupa um lugar ímpar no quadro da dramaturgia portuguesa contemporânea."


Embora outras peças do autor (como A Ilha do Rei Sono e O Marido Ausente)  tenham tido oportunidade cénica em vários países, é incontestável que As Histórias de Hakim, cujo número de encenações rondará a centena, continua a ocupar um lugar de privilégio na audiência nacional e internacional. Já em Agosto de 1978, sendo promissora a carreira de As Histórias de Hakim, a prestigiada revista mensal Theater Heute (de Hanôver) dedicava-lhe, e ao seu autor, grande parte de um dos seus números: reedição integral do texto dramático, complementada com artigos sobre encenações da obra em países de língua alemã, entrevista com o escritor, com dados bibliográficos e imagens de montagens em diversos teatros.

Em 2008, a Sociedade Portuguesa de Autores prestou-lhe homenagem com a sua Medalha de Honra. Em 2010, ano em que se completaram os 50 anos da estreia de Norberto Ávila como dramaturgo representado, a Assembleia Legislativa dos Açores decidiu atribuir-lhe, nas celebrações do Dia dos Açores, a Insígnia Autonómica de Reconhecimento.


Faleceu na quarta -  feira, 11 de Maio de 2022



terça-feira, 17 de maio de 2022

CASA DE CAMPO DO TI' JOSÉ BORGES

 

Aqui nasceu em 1889. José Borges foi um “homem bom” da, então, freguesia das Lajes, conhecido pelas suas qualidades pessoais como proprietário e conceituado agricultor e pelo bem que fez aos outros e à sua terra. Como reconhecimento da sua personalidade, a rua que dá acesso à “Casa Ti José Borges” tem o seu nome.

José Borges Leal de Menezes Júnior, de seu nome completo, descende das mais antigas e representativas famílias da ilha Terceira, sendo que o ramo geneológico do qual descende directamente se fixou nas Lajes desde o século XVI.

Com efeito, José Borges descende directamente de Gaspar Camelo do Rego, ouvidor, capitão-mor, vereador e juiz ordinário da Praia da Vitória, onde viveu, vindo da ilha de São Miguel, nos finais do século XVI e início do século XVII, tendo casado com D Catarina Cardoso Evangelho trisneta de Álvaro Martins Homem, “fidalgo da casa da Infanta D. Beatriz”, que “veio para a Terceira cerca de 1461 e foi o 1º capitão donatário da Praia, por carta da dita infanta, dada em Évora a 14.2.1474”.

Situada na Vila das Lajes, ilha Terceira, a 1 km do aeroporto e a 8 km do porto oceânico, numa zona conhecida por Ramo Grande, constituída por uma vasta planície na qual se produziam das maiores quantidades de trigo e milho dos Açores e onde se situa o solar de uma raça bovina autóctone.


No Verão de 2004, iniciou-se a recuperação de uma casa com traços de cariz rural, erigida essencialmente em pedras de cantaria – Lajes – que dão origem ao nome da localidade onde se situa. Trata-se de uma habitação de família do século XIX, com toda a sua estrutura original, chaminé de “mãos postas”, forno e fogão de pedra. Para além da comodidade aconchegante das madeiras e pedras naturais em que está construída, oferece cozinha e lavandaria totalmente equipadas, w.c., 2 quartos duplos e sala com sofá-cama. Poderá, ainda, usufruir de uma área de lazer com árvores de fruta e ornamentais, plantas aromáticas utilizadas para infusões típicas da ilha, bem como, instrumentos e peças ligadas à vida rural do Ramo Grande, para além de churrasqueira e parque de estacionamento privado.

Daqui pode conhecer a cidade de Angra do Heroísmo (a 20 km), património da humanidade, e a cidade da Praia da Vitória (a 5 km) com o maior areal dos Açores e as suas festas populares - "Sanjoaninas" e Festas da Praia – as touradas à corda e o Carnaval único no mundo que aqui se realiza. Pode, ainda, desfrutar do mar, da rica gastronomia regional, das maravilhas naturais, históricas e belas paisagens que caracterizam a ilha!

Na Casa Ti´José Borges, encontra animais domésticos, pode, ainda, experimentar a ordenha manual da vaca, seguir o ciclo do milho, passear de carroça, montar a cavalo ou de burro ou, simplesmente, descansar. Aqui, uma família ou um grupo de amigos têm tudo o que podem desejar para umas férias inesquecíveis."


Estamos, assim, perante uma casa que identifica o viver típico de uma zona importante da vida económica, social e cultural da ilha Terceira, ao mesmo tempo que representa séculos da História da ligação de uma família a um lugar. Dos primeiros povoadores da ilha até aos nossos dias, muito tempo passou e muita gente viveu esta terra. Esta casa, pela obra de preservação e recuperação que lhe dedicaram os seus actuais proprietários – neto de José Borges Leal de Menezes -, é, na verdade, uma sentida homenagem aos antepassados e à ilha! No fundo, às gentes e à terra!...




segunda-feira, 16 de maio de 2022

Açorianos que construíram barco para chegar à América naturalizados graças a Kennedy

 

Dois açorianos construíram há 65 anos um barco para emigrar para os Estados Unidos da América (EUA), conseguindo obter a cidadania deste país com a ajuda de John F. Kennedy, que viria a tornar-se presidente.

"John F. Kennedy tinha-se empenhado na construção da igreja portuguesa de Cambridge e promoveu uma grande festa para assinalar o aniversário da instituição, num dos maiores hotéis de Boston, onde também estive presente e lhe fui apresentado", disse à agência Lusa Vítor Manuel Caetano ,

de 91 anos, o único sobrevivente desta aventura.

Evaristo Gaspar, já falecido, e Vítor Caetano, partiram de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, a 28 de junho de 1951 e chegaram a 23 de agosto aos Estados Unidos, onde foram recebidos como heróis, depois de terem sido dados como mortos.

Os dois foram recolhidos ao largo das ilhas Bermudas por um navio, quando a sua embarcação se encontrava à deriva e estavam sem alimentos há cerca de uma semana.

Vítor Caetano, que tinha 26 anos, afirmou que quando se encontrou com John F. Kennedy este encontrava-se de muletas na sequência de uma cirurgia à coluna, da qual "muito se queixava".

Segundo o açoriano, John F. Kennedy, à data congressista pelo estado de Massachusetts, ficou fascinado com a sua aventura marítima e assegurou-lhe que iria empenhar-se na sua legalização para ficarem no país.

"Ele ficou admirado com a nossa história. Ele próprio contou-me como ficou ferido durante a II Guerra Mundial, num barco de patrulha. Todos os anos, graças a JFK, eu renovava os meus documentos e, quando faltavam sete dias para os cinco anos (período necessário para obter a cidadania), tornei-me cidadão americano", declarou Vítor Caetano, recordando que o congressista "mandava sempre cumprimentos" por via de um português que trabalhava numa das residências do clã Kennedy na Nova Inglaterra.


Quando o político de origem irlandesa chegou à presidência dos EUA, Vítor Caetano enviou-lhe uma carta a dar os parabéns "por ser presidente de um grande país como a América", tendo este retribuído com um agradecimento.

John F. Kennedy, cuja relação com a comunidade de emigrantes açorianos na costa leste dos Estados Unidos é conhecida, foi um dos responsáveis pelo 'Azorean Refugee Act', em 1958, a par de outro senador, John Pastore.

Esta foi uma legislação aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos que permitiu às vítimas do vulcão dos Capelinhos, ocorrido na ilha do Faial em 1957, emigrarem para os Estados Unidos.

Vítor Caetano teve de abdicar do seu barco quando foi recolhido pelo navio, mas não antes de retirar de bordo a bandeira portuguesa, uma imagem da Virgem de Fátima e outra de São José, nome com que foi batizada a embarcação.


Mais tarde construiu uma réplica em miniatura, que ostenta "com orgulho" na sua residência.


A aventura dos dois açorianos inspirou uma obra de ficção do escritor Manuel Ferreira, denominada "O barco e o sonho", que foi adaptada para televisão.


" Cortesia ao Açoriano Oriental"