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domingo, 18 de abril de 2021

Açorianos no Brasil




Oficialmente, a primeira entrada de um grupo de açorianos em solo brasileiro se deu em 1619. Foram 300 casais que vinham para se estabelecer no Maranhão após a expulsão dos franceses. Mais tarde em 1675 saíam 50 casais do Faial, vitimas do vulcão de 1672 (Praia do Norte), e que foram mantidas pela bondade do governador da ilha, Jorge Gularte Pimentel, até 1675, quando partiram para o Brasil. Chegaram ao Grão-Pará em 1676 para servir como colonos e mão de obra nas plantações daquele espaço amazónico.
Em 1679, na Graciosa, e em 1719, no Pico, novas erupções vulcânicas obrigaram os ilhéus sinistrados a emigrar para a América Portuguesa, desta vez para a Colónia de Sacramento. Embora não haja a certeza da chegada desses ilhéus, o certo é que há conhecida descendência açoriana em terras uruguaias. Em 1740, um destacamento militar formado com homens das ilhas açorianas se instalou no Amapá e fundou Macapá, sua capital. Em 1770 a fundação do Município de Mazagão se deu na origem de Mazagão Velho, quando a Coroa portuguesa mandou para lá 163 famílias de colonos portugueses cristãos, oriundos do Castelo de Mazagran, (El Djadidá) Marrocos, que se conflituaram com os mouros islamitas.

Em 1723, no sudeste, são conhecidos alguns açorianos que marcaram a região (Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, e interior de Minas), através da sua descendência. Eram ilhéus migrantes de outras partes do território brasileiro que chegavam em busca de terras e riqueza.

O enorme afluxo de gente que a descoberta do ouro e as disputas para a exploração do metal (Guerra dos Emboabas- luta entre os paulistas, descobridores das minas, e os portugueses e brasileiros vindos de todos os lados) proporcionou, tornou o comercio de carne e alimentos uma ocupação muito rentável. Mesmo com o declínio da produção aurífera e diamantífera, com a situação mais apaziguada, os migrantes passaram a procurar terras para o cultivo e criação de gado, era uma nova e atractiva possibilidade para conseguir uma vida mais digna e estável. O sertão estava à espera de quem tivesse força e coragem para conquistá-lo. O governo através de seus representantes políticos e militares apoiava-os, montando troços militares pelos caminhos, distribuindo terras (sesmarias) a quem se dispusesse a ocupá-las. Assim é que os migrantes brasileiros e portugueses foram empurrando os negros dos quilombos e os índios cada vez mais para o interior, destruindo-os ou assimilando-os, tomando-lhes o espaço.


Fato semelhante ocorreu no século XIX, no actual Espírito Santo, quando entre 1813 e 1814 chegaram quatro levas de açorianos (200 indivíduos) para fundar a colónia de Santo Agostinho (hoje Viana). Conta a história que, quando o governador, Francisco Alberto Rubim da Fonseca e Sá Pereira (1795-1890) recebia um grupo de ilhéus (da Horta-Faial), viu um dos guardas do palácio do governo, Antonio de Freitas Lira, encantado com a beleza de uma das seis irmãs faialenses (Luiza Aurélia da Conceição), tocar os cabelos da jovem, irritado, como desagravo, declarou no ato o noivado deles. Verdade ou não, o fato é que três meses depois casaram. Em breve, todas elas se transformariam em matriarcas de destacadas famílias capixabas.

Entre os primeiros povoadores de arraiais e vilas de Minas, Mato Grosso do Sul e sul goiano, não é difícil encontrar a presença açoriana. Pamplonas em Formiga, Botelhos em Araxá, Borges, Vilelas, no Prata. Junqueiras, Rodrigues da Cunha, Terras, Goulart, em Uberaba...
Mas sem dúvida alguma a maior e mais marcante leva ilhoa ocorreu no sul do país. Pode-se dizer que grande parte dos portugueses que para lá foram são das ilhas, o que se pode verificar nos arquivos legais e histórias familiares dos seus descendentes.

Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os estados brasileiros onde mais se encontram sinais desses emigrantes, seja na genética, na arquitectura, na religiosidade ou na cultura popular. Os manezinhos, descendentes dos antigos povoadores açorianos, ainda conservam alguns dos seus hábitos e costumes. Não é sem motivo que chamam a ilha de Santa Catarina (onde está a Capital Florianópolis) a décima ilha açoriana.

A cada situação de fome ou desequilíbrio social, a emigração era a solução. Em 1771 e 1774 saíram da Terceira, Faial, Pico, São Jorge, Flores e Corvo 301 pessoas. Destino Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco.



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