“A 4 de Junho de 1940, o povo da primitiva vila de S. Sebastião, ilha Terceira, Açores, foi sobressaltado com a notícia de que Maria Vieira da Silva, de 13 anos, natural da mesma vila, chegara a casa lavada em sangue, quase moribunda, com a cabeça retalhada de profundos golpes”, assim aponta um dos registos recolhidos pela obra de António Neves Leal.
“Num momento de reanimação, a menina balbuciou o nome do assassino — “mas que não lhe tinha raiva” — disse. E voltou ao estado de coma. Conduzida ao hospital de Angra e preparada para uma operação imediata, ainda pronunciou o nome do criminoso. — “e não lhe façam mal” acrescentou. Recebeu os Sacramentos da Santa Igreja e no dia seguinte morria na paz e alegria das Virgens e mártires da pureza”.
Reza a história que o crime ocorreu quando a jovem de 13 anos, num local isolado, entre matos, do Pico Ruivo, na companhia de uma irmã sua, com pouco mais de quatro anos, ia levar o almoço ao pai que trabalhava perto.
O atacante, de nome José Quinteiro, um homem de cinquenta anos, reconheceu posteriormente que perante a resistência à tentativa de violação acaba por agredir repetidamente Maria Vieira com uma enxada na cabeça, tentando posteriormente esconder o cadáver debaixo de uma moita.
O criminoso José Quinteiro foi julgado e condenado a 28 anos de prisão, tendo apenas cumprido 16 anos, devido a bom comportamento.
Nascida em lar de poucos recursos, a 11 de Novembro de 1926 Maria Vieira, era tida como muito reservada, silenciosa, pacata. Frequentara a catequese paroquial, sendo da cruzada eucarística.
“Com dificuldade foi levada a exame da 4ª classe, pois a julgavam mal preparada, mas foi a única das colegas a ficar distinta. Deu então provas da sua clara inteligência, como também quando resistiu firmemente a quem pretendeu forçá-la ao mal, e ainda quando indicou quem lhe fizera a tortura, dizendo que lhe perdoava — “e não lhe façam mal”. Foi este um gesto bem cristão, a denunciar a formação recebida na catequese e que a levou a perdoar”, refere nota de Aurélio, Bispo de Angra, a 1 de Janeiro de 1994.
“ Através do Processo de julgamento no Tribunal de Angra do Heroísmo — até 14 de Dezembro de 1940, verifica-se que a pequena mártir teve realmente consciência da tentativa da sua violação pelas maneiras indecorosas como foi tratada, e resistiu, preferindo ser ferida mortalmente.
Assim, Maria Vieira, jovem açoriana violentamente martirizada por defender o seu pudor e a sua virgindade, é o modelo dos jovens que querem ser puros. A sua atitude é mensagem para esta hora, que para tantos é de libertinagem”, acrescenta.
Em Maria Vieira, aponta “brilhou a virtude dos fracos, a força dos desprotegidos, a fé dos martirizados, a esperança dos que lutam contra toda a esperança. Na pobreza, seu espírito se prepara para a luta e na tentação provou saber lutar e vencer até dar a vida”.
O Bispo referiu que a mártir “merece ser conhecida e muitos serão os que terão gosto em imitar sua virtude e em recorrer à sua intercessão junto de Deus”.
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