O descobrimento do arquipélago dos Açores, tal como o da Madeira, é uma das questões mais controversas da história dos Descobrimentos. Entre as várias teorias sobre este facto, algumas assentam na apreciação de vários mapas genoveses produzidos desde 1351, os quais levam os historiadores a afirmar que já se conheceriam aquelas ilhas aquando do regresso das expedições às ilhas Canárias realizadas cerca de 1340-1345, no reinado de Afonso IV de Portugal. Outras referem que o descobrimento das primeiras ilhas (São Miguel, Santa Maria, Terceira) foi efectuado por marinheiros ao serviço do Infante D. Henrique, embora não haja qualquer documento escrito que por si só confirme e comprove tal facto. A apoiar esta versão existe apenas um conjunto de escritos posteriores, baseados na tradição oral, que se criou na primeira metade do século XV. Algumas teses mais arrojadas consideram, no entanto, que a descoberta das primeiras ilhas ocorreu já ao tempo de Afonso IV de Portugal e que as viagens feitas no tempo do Infante D. Henrique não passaram de meros reconhecimentos.
O que se sabe concretamente é que Gonçalo Velho chegou à ilha de Santa Maria em 1431, decorrendo nos anos seguintes o descobrimento - ou reconhecimento - das restantes ilhas do arquipélago dos Açores, no sentido de progressão de leste para oeste. Uma carta do Infante D. Henrique, datada de 2 de Julho de 1439 e dirigida ao seu irmão D. Pedro, é a primeira referência segura sobre a exploração do arquipélago. Nesta altura, as ilhas das Flores e do Corvo ainda não tinham sido descobertas, o que aconteceria apenas cerca de 1450, por obra de Diogo de Teive. Entretanto, D. Henrique, com o apoio da sua irmã D. Isabel, povoou a ilha de Santa Maria.
Os portugueses começaram a povoar as ilhas por volta 1432, oriundos principalmente do Algarve, do Alentejo e do Minho, tendo-se registado, em seguida, o ingresso de flamengos, bretões e outros europeus e norte-africanos.
Eram numerosos os cristãos-novos portugueses
que se movimentavam da Metrópole para as colónias, mercadejando ou simplesmente
imigrando para lugares mais seguros para as suas famílias, e as ilhas atlânticas
não foram excepções. Os judeus portugueses estiveram, como já disseram alguns
historiadores, em todos os poros da colonização portuguesa. Eu diria que eles
trilharam por todos os cantos do planeta, e ainda hoje são encontrados seus
vestígios nos mais distantes ou diferentes países. Sem contar as colónias do
Caribe, as Índias de Castela, a América do Norte e as colónias africanas. Os
próprios judeus açorianos estão presentes em todo lado. Vem para o Brasil no
final do século XVII o cristão-novo Pedro Fernandes de Mello, comerciante da
Ilha de São Miguel. Com o perdão de 1605, muitos se aproveitam para saírem de
Portugal, indo muitos para a Holanda. Entretanto em 16l8, chega à Ilha Terceira
um barco com 40 judeus portugueses provenientes da Holanda, entre eles António
Rodrigues Pardo. De São Miguel, chega ao Rio de Janeiro o mercador judeu Manuel
Homem de Carvalho, da família Homem de Almeida que teve como mártir em Coimbra
o Dr. António Homem, líder religioso dos judaizantes. Manuel confessou ter retornado
ao Judaísmo na Holanda onde havia estado. Um pouco antes de 1600, vêm para a
Bahia os cristãos-novos terceirenses António Rodrigues Pardo e Pero Garcia. Em
1592, o Pe. Jerônimo Teixeira Cabral, comissário da Inquisição nos Açores,
denuncia a infiltração de cristãos-novos na Igreja como clérigos. Muitos
partidários de D. António Prior do Crato, pretendente ao trono português, e de
etnia hebraica, são expulsos da Ilha por Filipe II da Espanha, então detentor
das duas coroas Ibéricas, que fugiram para os Países Baixos e para o Brasil.
Entre eles, Manuel Serrão Botelho, que chega ao Brasil logo após 1582. Um
contratador dos Açores foi o cristão-novo Miguel Gomes Bravo, natural do Porto
que nomeou como arrendatário o cristão-novo Francisco Bocarro. Miguel veio para
o Brasil em 1585, e em 16l0 vai morar no Rio de Janeiro. Era casado com Isabel
Pedrosa de Gouveia, tendo grande descendência. Álvaro Fernandes Teixeira,
natural da Ilha Terceira, cristão-novo casado com Maria de Azevedo, filha do
cristão-novo Diogo Cristóvão, do Porto, e seus parentes vieram residir no Rio
de Janeiro no século XVII. Da ilha de São Miguel, vem residir na mesma cidade o
cristão-novo Pedro Fernandes de Mello, casado com a congénere Ana Garcia de
origem espanhola. Diogo Teixeira de Azevedo, cristão-novo nascido no Rio de
Janeiro e filho do casal da Ilha Terceira, Álvaro Fernandes Teixeira e Maria de
Azevedo, foi preso pela Inquisição e saiu em Auto-de-Fé em Lisboa em 5 de Abril
de 1620, condenado a hábito penitencial e cárcere a arbítrio terminou solto em
Junho daquele mesmo ano .
CRISTÃOS-NOVOS NOS AÇORES
Nos primórdios da colonização
O Arquipélago dos Açores formado pelas nove
ilhas, São Miguel, Terceira, Faial, São Jorge, Santa Maria, Pico, Flores,
Graciosa e Corvo, descoberto pelo navegador Diogo de Silves em 1427, e depois
povoado pelo frei Gonçalo Velho Cabral com portugueses do continente, seguidos
por famílias flamengas (belgas e holandesas), francesas, inglesas e de outras
minorias étnicas, foi abrigo, também, dos cristãos-novos fugitivos da
Inquisição. A presença judaica nos Açores é anotada pelo grande historiador, de
origem judaica, Alexandre Herculano, em sua monumental obra "História da
Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal" à página 80 do volume
I, como fato ocorrido em 1501: "uma caravela lotada de cristãos-novos, que
saíra de Portugal para a África, batida pelos temporais arribou aos Açores, e
os infelizes passageiros, presos aí e condenados depois a serem escravos, foram
dados de presente por El Rey a Vasqueanes Corte-Real". O historiador
Alfredo da Silva Sampaio também cita o mesmo naufrágio na Ilha Terceira, diz
ele: "em 1501 aportaram a Ilha Terceira náufragos hebraicos fugindo à
perseguição". Em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, há uma freguesia
denominada Porto Judeu, cujo nome é explicado pelos moradores que, em épocas
passadas, o mar estava bravio e então, passaram a chamar o lugar de
"judeu". Mas esta explicação e este significado, embora usado por
pescadores de origem açoriana em Santa Catarina, não convence. Aquela
localidade pode ter sido o local onde tantos cristãos-novos desembarcaram como
náufragos ou não. O navio citado por Herculano e Sampaio não é o único citado
em documentação. Outro barco é mencionado na "Carta de Gaspar Dias de Landim,
a El Rey, sobre a prisão de indivíduos que fugiam à Inquisição, de 19 de
Novembro de 1548", onde descreve: "Senhor – Eu tenho escrito a V.A.
como há muitos dias estou neste porto esperando Pero Vaz de Sequeira, pêra me
passar aos lugares a fazer os pagamentos, como me V.A. manda," e em
seguida cita "...a dez de Novembro tomou a justiça desta vila ( Santa
Maria) na barra embarcados em hua nao, dezanove omens em que yão molheres e
moços, os quais yãm na via de Veneza; acharão-lhe pouquo dinheiro, comtia de
dozentos cruzados e algum fato (roupa);são de Lixboa, çapateiros, e tudo um
casal de filhos e gemros, ficam presos por parte da santa Imquisição. O Senhor
Deos acrecente a vida e real estado de V.A.; do porto de Santa Maria ( Açores)
a XIX ( 19) de Novembro de 548 (1548) – Gaspar Dias de Landim – sobre scripto –
A elrey nosso senhor". (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo
Cronológico, Parte 1ª, maço 81 n° 85).
O mesmo Sampaio, já mencionado, diz que, em
1558, a comunidade cristã-nova dos Açores pagou 150.000 cruzeiros exigido pela
rainha regente Dona Catarina para prover as armadas da Índia. Em troca, D.
Catarina prorrogou a pena de confisco de bens aos cristãos-novos por dez anos.
A acção inquisitorial nos Açores
Em 1592, o Inquisidor nos Açores Pe. Jerónimo
Teixeira Cabral, denuncia a infiltração de cristãos-novos na Igreja como
clérigos. A primeira ação inquisitorial nos Açores foi em 1555, quando o bispo
de Angra, D. Frei Jorge de Santiago mandou verificar vários casos de Judaísmo,
mandando prender alguns homens e enviá-los para Lisboa. Dois anos após foram
enviadas para Lisboa 22 pessoas acusadas de práticas judaicas. São elas: Ana
Lopes; André Moniz; António Fernandes; Branca Dias, Cecília Rodrigues, Diogo
Lopes; Fernão Lobo; Francisco Lopes; Mestre Gabriel; Gabriel de Andrade;
Henrique Ribeiro; Inês Dias; Isabel Mendes; Isabel Moniz; Isabel Pinta; João
Tomás; Jorge Álvares; Manuel Álvares; Rui Dias; Rui Fernandes e Violante
Henriques. Logo seguiram para a capital da Metrópole: Pero Galvão; Antonio
Carvalhais; Jácome Gonçalves e Maria Dias. Já em 1608 começava a ser montada a
rede de funcionários inquisitoriais. Iniciando pelos Comissários do Santo
Ofício, e logo em 1612 a dos Familiares (os esbirros mais infames). Entretanto,
desde 1597, já actuava como Comissário da Inquisição em Ponta Delgada o pe.
Luís Pinheiro, reitor da residência da Companhia de Jesus e, como primeiro
Familiar, o tanoeiro Pero Fernandes, residente em Ponta Delgada. E, em Angra,
actuava como Comissário o Pe. Francisco Valente, reitor do Colégio Jesuíta.
Para a Ilha do Faial, somente em 1749 foi nomeado Comissário o frei José de
Santo António de Pádua. Existiram comissários do Santo Ofício no arquipélago
açoriano até 1806 quando, então, perseguiam os franco-maçons. Outros burocratas
da Inquisição eram os Notários, os Qualificadores e os Visitadores das Naus.
Havia também o trabalho de redução de estrangeiros, que procuravam converter
para o catolicismo como foi o caso da família inglesa Fisher, residente no
arquipélago. A primeira Visitação ao arquipélago foi a de D. Marcos Teixeira
entre 1575-1576, o mesmo que esteve no Nordeste do Brasil. Ele visitou as ilhas
de São Miguel, Terceira e Faial. A segunda foi em 1592, feita por D. Jerônimo
Teixeira Cabral, tendo visitado as ilhas Terceira e São Miguel. Já a terceira e
derradeira visita, foi realizada entre 1619-1620, por D. Francisco Cardoso do
Torneio, que esteve nas ilhas de São Miguel e Terceira. Do total de 354 pessoas
denunciadas, 172 foram por Judaísmo que, somadas às 27 prisões de 1555-1557,
totalizam 199 cristãos-novos denunciados nos Açores. Foram gerados 114
processos entre 1557 e 1802, envolvendo 112 pessoas, sendo apenas 26 pela
"heresia judaica". E, destes, somente 10 foram enviados a Lisboa, e
apenas três condenados à morte na fogueira. Os condenados à pena capital foram:
Leonor Marques, em 1584; António Borges, em 1559 e Maria Lopes, em 1576.
A produção maior do arquipélago açoriano nessa
época era o trigo, o linho, o vinho a urzela, uma tintura de cor castanha e o
pastel, tintura em tom de azul, largamente utilizadas nas indústrias têxteis de
Flandres para onde eram exportadas. Este comércio chamava a atenção de
cristãos-novos como Duarte da Silva, rico comerciante de Lisboa. Ele mantinha
nos Açores os agentes: Simão Lopes, na ilha do Faial, João de Fonseca Chacon e
ilha Terceira Pero Martins Negrão, todos da grei judaica. O comércio do ouro,
da prata das Índias de Castela e o açúcar da Madeira despertam o interesse dos
judeus portugueses de Amsterdã, Londres, Bordéus, Hamburgo e também seus
parentes residentes em Portugal colónias. Era o começo do século XVII e os
mercadores Belchior Gomes de Leão e Diogo Lopes de Andrade agem neste contexto
principalmente na Madeira. De Rouen, França, o judeu Simão Lopes Maciel, de
família cristã-nova fugitiva da Inquisição portuguesa, desenvolveu uma rede de
comércio internacional colocando na Madeira como representantes seus os
congéneres Bento de Matos Coutinho e Diogo Fernandes Branco. Na Ilha Terceira
mantinha os cristãos-novos António Dias Homem e Bento Fernandes Homem. Para o
Brasil designou o correligionário Belchior Rodrigues Ribeiro. Viviam como
judeus em Amesterdão os madeirenses Jerónimo de Andrade e Manuel Cardoso ambos
com suas famílias. Outro comerciante judeu português que comerciava com os
Açores a partir de Amesterdão foi Jerónimo Doria de Andrade conforme registros
no Arquivo Municipal daquela capital holandesa em 18 de março de 1627. Em Cabo
Verde era fornecedor de "peças", isto é escravos negros africanos, o
cristão-novo Manuel Caldeira juntamente com seu congénere Luiz de Carvalhal que actuava também em todo
Golfo e rios da Guiné. Negociavam, juntamente com João Soeiro da Madeira,
escravos para as Antilhas e outros países. Com negócios de ouro e prata e dono
do navio "São Mateus" passa pelo Rio de Janeiro e vai ao Prata, o
mercador judeu português Bartolomeu Rodrigues, em 1609. Em Buenos Aires desde o
início da colonização, mas principalmente em 1618, quando chega ali chega uma
embarcação lotada de cristãos-novos proveniente da Bahia, a população local é
considerada de maioria portuguesa e judaica. Fato que alarmou os clérigos da
cidade que solicitaram providências às autoridades da Inquisição espanhola. A
explicação para a fuga de cristãos-novos brasileiros para o Prata era a de que
se alarmaram com a notícia vinda de Lisboa dizendo que nova Visitação do Santo
Ofício estava programada para o Brasil naquela época. Com a quantidade de
judeus portugueses em Buenos Aires o termo português tornou-se sinonimo de
judeu em toda a América espanhola.
Pedro Francisco Machado (Porto Judeu, 1760 -
Richmond, 16 de Janeiro de 1831), referido como Peter Francisco nos EUA, foi um
Português, nascido na freguesia do Porto Judeu, Concelho de Angra do Heroísmo,
ilha Terceira, Açores, destacou-se como herói na Guerra da Independência dos
Estados Unidos da América.
Conhecido como "O Gigante da
Virgínia", o "Gigante da Revolução" e, ocasionalmente, como o
"Hércules da Virgínia", é homenageado pela comunidade portuguesa em
New Bedford (Virginia) a 15 de Março1 . Lutou ao lado de George Washington e do
marquês de Lafayette, tendo sofrido numerosos ferimentos em combate, em defesa
da independência de sua pátria de adopção.
A sua biografia está cercada de uma aura de
lenda, sendo-lhe atribuídos feitos extraordinários. As suas origens são
relativamente obscuras. Foi encontrado em tenra idade (presumivelmente cinco
anos), uma tarde em 23 de Junho de 1765, a chorar, nas docas de City Point, na
Virgínia. Quando se acalmou o suficiente para falar, percebeu-se que não falava
o inglês e sim uma língua parecida com o Castelhano. Embora nada possuísse que
o identificasse, as suas roupas eram de boa qualidade e, na fivela do cinto,
liam-se as iniciais "P.F.".
Eventualmente foi capaz de contar a sua
história: afirmou que "estava num local lindo com palmeiras, a brincar com
a sua pequena irmã, quando dois homens grandes apanharam ambos. A irmã
conseguiu libertar-se dos captores mas o menino não, e foi levado para um navio
grande que acabou por conduzí-lo a City Point.
Sobre as suas origens, o investigador John E.
Manahan identificou que, nos registos de nascimentos da ilha Terceira, nos
Açores, existe um Pedro Francisco nascido em Porto Judeu, a 9 de Julho de 1760.
A criança foi acolhida pelo juiz Anthony
Winston, de Buckingham County na Virgínia, um tio de Patrick Henry. Quando
atingiu idade suficiente para trabalhar, foi instruído como ferreiro, devido ao
seu enorme tamanho e força (ultrapassou os 1,98 metros e pesava cerca de 120
kg). O escritor Samuel Shepard, que observou o jovem no seu trabalho, registou:
"Os seus ombros são como os de uma antiga
estátua, como uma figura da imaginação de Miguel Ângelo, como o seu Moisés mas
não como David. A sua queixada é longa, forte, o nariz imponente, a inclinação
da testa parcialmente ocultada pelo seu cabelo negro de aspecto desgrenhado. A
sua voz era suave, surpreendendo-me, como que se um touro ganisse."
Com os rumores de secessão alastrando-se entre
a população da Virgínia, Francisco alistou-se aos 16 anos no 10º Regimento da
Virgínia. Estava presente, junto à igreja de St. John em Richmond, quando
Patrick Henry fez o seu famoso discurso "Liberdade ou Morte". Em
Setembro de 1777, serviu sob o comando do general George Washington em
Brandywine Creek na Pensilvânia, onde as forças dos colonos tentaram deter o
avanço de 12.500 soldados britânicos que avançavam em direcção à Filadélfia.
Não está claro se foi nesse momento que o jovem Francisco salvou a vida a
Washington, apesar de se reconhecer que o jovem foi aqui alvejado. Alguns
relatos afirmam que ele se tornou guarda-costas pessoal do general, enquanto
outros dão conta de que ele era apenas um soldado agressivo e vigoroso, que
lutou a seu lado.
Foi Washington quem determinou que uma espada
especial, adequada ao seu tamanho, fosse confeccionada para Francisco. Foi esta
espada, com 6 pés de comprimento, que aterrorizou os britânicos. Washington
terá eventualmente se referido posteriormente a Francisco: "Sem ele
teríamos perdido duas batalhas cruciais, provavelmente a guerra e, com ela, a
nossa liberdade. Ele era verdadeiramente um Exército de um Homem Só."
Após servir nesta comissão por três anos,
Francisco realistou-se e combateu numa das maiores derrotas sofridas pelas
forças dos colonos no conflito. Na batalha de Camden (16 de Agosto de 1780,
terá realizado um dos seus mais famosos feitos, quando, após os colonos se
terem retirado diante dos britânicos, deixando no terreno uma imensa peça de
artilharia com aproximadamente 1000 libras, afirma-se que Francisco a colocou
às costas e a terá transportado para que não caísse nas mãos do inimigo. Em
homenagem a esse feito, os correios dos Estados Unidos emitiram em 1974 um selo
comemorativo.
Em pouco tempo, as histórias a respeito de
Francisco foram sendo espalhadas e as suas histórias de bravura e vigor foram
divulgadas em muitos jornais e romances à época, inspirando ânimo e
incentivando a resistência entre as forças dos colonos.
Embora a maior parte dessas histórias careça
de fontes documentais, Frances Pollard, da Virginia Historical Society, que
apresentou uma exposição sobre o conflito que incluiu uma secção sobre
Francisco com o colete gigante que costumava usar, afirmou:
"Acho que uma das coisas que tive dificuldade
em documentar foi a sua participação em muitas das batalhas onde realizou
feitos históricos. Nunca consegui separar a lenda dos factos, nem encontrar
provas da sua participação em algumas destas batalhas. Acho que existe alguma
mitologia associada a alguém com aquele tamanho tão fora do vulgar."
Posteriormente, em 1850, o historiador Benson
Lossing registou no "Pictorial Field Book of the Revolution" que
"um bravo virginiano deitou abaixo 11 homens de uma só vez com a sua
espada. Um dos soldados prendeu a perna de Francisco ao seu cavalo com uma
baioneta. E enquanto o atacante, assistido pelo gigante, puxava pela baioneta,
com uma força terrível, Francisco puxou da sua espada e fez uma racha até aos
ombros na cabeça do pobre coitado!"
Mais tarde, enquanto se recuperava, Francisco
tornou-se amigo de Lafayette.
Francisco sofreu mais seis ferimentos enquanto
a serviço do seu país, tendo morto um número incerto de britânicos e sido
condecorado ao final do conflito por generais estadunidenses que se certificaram
de que ele estava presente na rendição do general Charles Cornwallis e dos
britânicos em Yorktown, a 19 de Outubro de 1781.
De acordo com a tradição, após o conflito,
devido às lendas criadas em torno de si, muitos aventureiros foram ao seu encontro
para testarem a sua força. Neste período foi apelidado de "o homem mais
forte da América", enquanto as crianças aprendiam sobre a sua forças e
bravura nas escolas primárias do novo país.
Flávio Cristóvam é um cantor e músicoaçoriano, natural da cidade de Angra do Heroísmo ilha Terceira.
Iniciou-se na guitarra aos 11 anos e pouco
tempo depois sentiu a necessidade de escrever as suas primeiras canções.
Em 2012 lançou o disco "The Closing
Doors" com a banda October Flight, com a qual pisou alguns palcos
nacionais.
Em 2015 começou a trabalhar no seu primeiro
disco a solo, do qual extraiu a canção "Burning Memories" que
apresenta a concurso.
Cristóvam edita em Setembro o seu primeiro
disco.
Flávio Cristóvamcompôs uma música em inglês com o título em
italiano para enviar "um grito de esperança para o mundo".
"Andrà tutto bene" significa
"vai correr tudo bem". É o nome da canção do compositor açoriano
Cristovám. Há dois anos, o músico ganhou o International Songwritting
Competition.
Lúcia Aguiar nasceu no dia 15 de Maio de 1970, na Ribeira Grande, ilha de São Miguel – Açores. É considerada um dos grandes talentos do mundo da moda nos EUA, particularmente no que diz respeito à criação de vestidos de noiva.
Desde criança que Lúcia Aguiar apresentou uma afinidade natural para a moda, muito por influência da sua mãe, desenhadora e costureira de fatos para homem.
Quando tinha apenas 13 anos de idade, ganhou uma bolsa de estudos num concurso de moda em São Miguel. Com 18 anos mudou-se para Lisboa onde frequentou o curso de moda no Instituto de Tecnologia de Lisboa. Finalizado o curso, rumou aos EUA, onde reside até hoje.
Apesar da distância e de viver nos EUA há cerca de 20 anos, Lúcia Aguiar mantém boas recordações de Portugal, como o mar ou o sol. Estas memórias servem de inspiração no momento de dar vida a projectos inovadores e variados e na criação de colecções que reflectem o seu legado europeu. A esta inspiração e talento, junta uma atenção meticulosa aos detalhes e um estilo singular que lhe rendeu maior exposição no mundo da moda e os elogios da crítica.
Seis dos seus vestidos foram destaque no filme da Lifetime TV, “I Do (But I Don’t)”, de 2004, que teve como protagonista a actriz Denise Richards. Uma das suas criações foi a escolha da Miss Connecticut para a abertura do concurso Miss EUA.
Em 2005, foi nomeada para o Fall New York Couture Bridal Market, na categoria de “Best New Talent”.
Foi, durante vários anos, designer na Alfred Sung, uma das mais conceituadas lojas de vestidos de noivas do país. Actualmente é designer exclusiva na Saison Blanche Couture. O seu estilo inovador foi um dos motores responsáveis pelo crescimento e sucesso da empresa.
O reconhecimento do talento de Lúcia Aguiar tem permitido à estilista açoriana participar em diversos eventos de moda e apresentar as suas criações um pouco por todo o mundo.
“A 4 de Junho de 1940, o povo da primitiva vila de S. Sebastião, ilha Terceira, Açores, foi sobressaltado com a notícia de que Maria Vieira da Silva, de 13 anos, natural da mesma vila, chegara a casa lavada em sangue, quase moribunda, com a cabeça retalhada de profundos golpes”, assim aponta um dos registos recolhidos pela obra de António Neves Leal.
“Num momento de reanimação, a menina balbuciou o nome do assassino — “mas que não lhe tinha raiva” — disse. E voltou ao estado de coma. Conduzida ao hospital de Angra e preparada para uma operação imediata, ainda pronunciou o nome do criminoso. — “e não lhe façam mal” acrescentou. Recebeu os Sacramentos da Santa Igreja e no dia seguinte morria na paz e alegria das Virgens e mártires da pureza”.
Reza a história que o crime ocorreu quando a jovem de 13 anos, num local isolado, entre matos, do Pico Ruivo, na companhia de uma irmã sua, com pouco mais de quatro anos, ia levar o almoço ao pai que trabalhava perto.
O atacante, de nome José Quinteiro, um homem de cinquenta anos, reconheceu posteriormente que perante a resistência à tentativa de violação acaba por agredir repetidamente Maria Vieira com uma enxada na cabeça, tentando posteriormente esconder o cadáver debaixo de uma moita.
O criminoso José Quinteiro foi julgado e condenado a 28 anos de prisão, tendo apenas cumprido 16 anos, devido a bom comportamento.
Nascida em lar de poucos recursos, a 11 de Novembro de 1926 Maria Vieira, era tida como muito reservada, silenciosa, pacata. Frequentara a catequese paroquial, sendo da cruzada eucarística.
“Com dificuldade foi levada a exame da 4ª classe, pois a julgavam mal preparada, mas foi a única das colegas a ficar distinta. Deu então provas da sua clara inteligência, como também quando resistiu firmemente a quem pretendeu forçá-la ao mal, e ainda quando indicou quem lhe fizera a tortura, dizendo que lhe perdoava — “e não lhe façam mal”. Foi este um gesto bem cristão, a denunciar a formação recebida na catequese e que a levou a perdoar”, refere nota de Aurélio, Bispo de Angra, a 1 de Janeiro de 1994.
“ Através do Processo de julgamento no Tribunal de Angra do Heroísmo — até 14 de Dezembro de 1940, verifica-se que a pequena mártir teve realmente consciência da tentativa da sua violação pelas maneiras indecorosas como foi tratada, e resistiu, preferindo ser ferida mortalmente.
Assim, Maria Vieira, jovem açoriana violentamente martirizada por defender o seu pudor e a sua virgindade, é o modelo dos jovens que querem ser puros. A sua atitude é mensagem para esta hora, que para tantos é de libertinagem”, acrescenta.
Em Maria Vieira, aponta “brilhou a virtude dos fracos, a força dos desprotegidos, a fé dos martirizados, a esperança dos que lutam contra toda a esperança. Na pobreza, seu espírito se prepara para a luta e na tentação provou saber lutar e vencer até dar a vida”.
O Bispo referiu que a mártir “merece ser conhecida e muitos serão os que terão gosto em imitar sua virtude e em recorrer à sua intercessão junto de Deus”.
Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi (Laguna, 30 de agosto de 1821 — Mandriole, Itália, 4 de Agosto de 1849) foi a companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi, conhecida como a "Heroína dos Dois Mundos".
Alguns estudiosos alegam que Anita Garibaldi teria nascido em Lages, que na cúria metropolitana daquela cidade estaria o registo dos irmãos mais velho e mais novo dela, e que teria sido retirada do livro a folha do registo de Ana Maria de Jesus Ribeiro. Em 1998, entidades representativas da sociedade civil de Laguna promoveram uma ação judicial para obter o registo de nascimento tardio de Anita Garibaldi. A acção terminou na primeira vara da comarca de Laguna, sendo instruída com diversos documentos que comprovariam que Anita nasceu no município de Laguna. Assim, em 5 de Dezembro de 1998, proferiu-se:
Anita Garibaldi, descendente de portugueses imigrados dos Açores à província de Santa Catarina no século XVIII, provinha de uma família modesta.2 O pai Bento era comerciante em Lages e casou-se com Maria Antónia de Jesus. Anita era a terceira de 10 filhos (6 meninas e 4 meninos).
Após a morte do pai e o casamento da irmã mais velha, Anita cedo teve que ajudar no sustento familiar e, por insistência materna, casou-se, em 30 de Agosto de 1835, aos 14 anos, com Manuel Duarte de Aguiar, na Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos da Laguna. Depois de somente três anos de matrimonio, o marido alistou-se no exército imperial, abandonando a jovem esposa.
Durante a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, o guerrilheiro italiano Giuseppe Garibaldi, a serviço da República Rio-Grandense, participa da tomada do porto de Laguna, na então província de Santa Catarina, onde conheceu Anita, que se apaixonou e decidiu lutar pela independência gaúcha e de outros territórios. Eles ficaram juntos pelo resto da vida de Anita, que seguiu Garibaldi em seus combates em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai (Montevidéu) e Itália. Eles tiveram quatro filhos .
Em 12 de Janeiro de 1840, Anita participou da batalha de Curitibanos, na qual foi feita prisioneira. Durante a batalha, Anita provia o abastecimento de munições aos soldados. O comandante do exército imperial, admirado de seu temperamento indómito, deixou-se convencer a deixá-la procurar o cadáver do marido, supostamente morto na batalha. Em um instante de distracção dos guardas, tomou um cavalo e fugiu. Após atravessar a nado com o cavalo o rio Canoas, chegou ao Rio Grande do Sul, e encontrou-se com Garibaldi em Vacaria, oito dias depois.
Em 16 de Setembro de 1840, nasceu no estado do Rio Grande do Sul, na então vila e actual cidade de Mostardas o primeiro filho do casal, que recebeu o nome de Menotti Garibaldi, em homenagem ao patriota italiano Ciro Menotti. Doze dias depois, o exército imperial, comandado por Francisco Pedro de Abreu, cercou a casa para prender o casal, e Anita fugiu a cavalo com o recém-nascido nos braços e alcançou um bosque aos arredores da cidade, onde ficou escondido por quatro dias, até que Garibaldi a encontrou.
Alfredo Alves Lucas nasceu na freguesia dos Biscoitos, a 27 de Setembro de 1911 e faleceu em São Brás a 25 de Abril de 1980. Foi um sacerdote católico e investigador da historiografia açoriana que se notabilizou como autor de estudos sobre a história de igrejas e ermidas e da relação da sua construção com o povoamento da ilha Terceira.
Depois de ter frequentado o Seminário Diocesano de Angra foi ordenado presbítero a 11 de Novembro de 1934, com 23 anos de idade. Foi vigário de São Bartolomeu dos Regatos de 1934 a 1938, sendo nesse ano nomeado vigário do lugar de São Brás, no vizinho concelho da Praia da Vitória, cargo que matéria desde 18 de Dezembro de 1938 até 1 de Março de 1958, data em que o lugar de São Brás, até aí parte da freguesia das Lajes, foi elevado a paróquia e freguesia independente. Passou naquela data a pároco da nova freguesia, cargo que exerceu até falecer.
No campo cívico distinguiu-se em diversos campos, desde a filantropia à actividade política, sendo o principal obreiro da elevação de São Brás a freguesia. Foi responsável por múltiplas iniciativas culturais na localidade e coordenou importantes obras em edifícios públicos.
Dedicou aos estudos históricos, investigando a origem das igrejas e ermidas da ilha, matéria em que se tornou especialista. Publicou numerosos artigos sobre a matéria, sendo a sua principal obra a monografia As ermidas da ilha Terceira, editada em 1976 e já objecto de reedição póstuma. Figura na toponímia de São Brás e em 1996 foi-lhe erigido um busto no adro da igreja paroquial.