Eram numerosos os cristãos-novos portugueses
que se movimentavam da Metrópole para as colónias, mercadejando ou simplesmente
imigrando para lugares mais seguros para as suas famílias, e as ilhas
atlânticas não foram exceções. Os judeus portugueses estiveram, como já
disseram alguns historiadores, em todos os poros da colonização portuguesa. Eu
diria que eles trilharam por todos os cantos do planeta, e ainda hoje são
encontrados seus vestígios nos mais distantes ou diferentes países. Sem contar
as colónias do Caribe, as Índias de Castela, a América do Norte e as colónias
africanas. Os próprios judeus açorianos estão presentes em todo lado.
Vem para o Brasil no final do século XVII o
cristão-novo Pedro Fernandes de Mello, comerciante da Ilha de São Miguel. Com o
perdão de 1605, muitos se aproveitam para saírem de Portugal, indo muitos para
a Holanda. Entretanto em 16l8, chega à Ilha Terceira um barco com 40 judeus
portugueses provenientes da Holanda, entre eles António Rodrigues Pardo. De São
Miguel, chega ao Rio de Janeiro o mercador judeu Manuel Homem de Carvalho, da
família Homem de Almeida que teve como mártir em Coimbra o Dr. António Homem,
líder religioso dos judaizantes. Manuel confessou ter retornado ao Judaísmo na
Holanda onde havia estado.
Um pouco antes de 1600, vêm para a Bahia os
cristãos-novos terceirenses António Rodrigues Pardo e Pero Garcia. Em 1592, o
Pe. Jerônimo Teixeira Cabral, comissário da Inquisição nos Açores, denuncia a
infiltração de cristãos-novos na Igreja como clérigos. Muitos partidários de D.
António Prior do Crato, pretendente ao trono português, e de etnia hebraica,
são expulsos da Ilha por Felipe II da Espanha, então detentor das duas coroas
Ibéricas, que fugiram para os Países Baixos e para o Brasil. Entre eles, Manuel
Serrão Botelho, que chega ao Brasil logo após 1582. Um contratador dos Açores
foi o cristão-novo Miguel Gomes Bravo, natural do Porto que nomeou como
arrendatário o cristão-novo Francisco Bocarro.
Miguel veio para o Brasil em 1585, e em 16l0
vai morar no Rio de Janeiro. Era casado com Isabel Pedrosa de Gouveia, tendo
grande descendência. Álvaro Fernandes Teixeira, natural da Ilha Terceira,
cristão-novo casado com Maria de Azevedo, filha do cristão-novo Diogo
Cristóvão, do Porto, e seus parentes vieram residir no Rio de Janeiro no século
XVII. Da ilha de São Miguel, vem residir na mesma cidade o cristão-novo Pedro
Fernandes de Mello, casado com a congénere Ana Garcia de origem espanhola. Diogo
Teixeira de Azevedo, cristão-novo nascido no Rio de Janeiro e filho do casal da
Ilha Terceira, Álvaro Fernandes Teixeira e Maria de Azevedo, foi preso pela
Inquisição e saiu em Auto-de-Fé em Lisboa em 5 de Abril de 1620, condenado a hábito penitencial e
cárcere a arbítrio terminou solto em Junho daquele mesmo ano .
O Cemitério dos Hebreus, também referido como Campo da Igualdade, localiza-se no Caminho Novo, no centro histórico de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores. Destaca-se por ser um dos únicos vestígios da cultura hebraica no arquipélago.
As primeiras referências ao estabelecimento de famílias judaicas nos Açores datam da primeira metade do século XIX, oriundas do Marrocos, de onde saíram devido às restrições económicas que ali lhes estavam sendo impostas à época. No mesmo período, a acção do Santo Ofício declinara em Portugal, e o advento do Liberalismo, nomeadamente após a Revolução Liberal do Porto (1820), atraíram essas populações, com provável ascendência portuguesa. Desse modo, diversas famílias começaram a acorrer para os Açores, registando-se a fixação dos Abohbot, Benarus, Levy, Zagory ou Besabat. O arquipélago chegou a dispor de sinagogas, nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial. De acordo com a escritura de venda datada de 24 de Setembro de 1832, Joaquim Zagory (também grafado como Zagury) adquiriu em hasta pública à Câmara Municipal de Angra, pelo montante de 300 mil réis, um bocado de terreno, anteriormente votado a curral do concelho, para nele se estabelecer um cemitério israelita. De acordo com a mesma escritura, a referida quantia havia sido legada em testamento por Abraão Benaoim, com vista à construção de um "(...) cemitério decente para todos aqueles que fossem de sua Nação". Naquele mesmo ano foram ali sepultados Fortunato Benjamim e Abraão Sebag.
Em 1958 o cemitério tornou-se propriedade da Comunidade Israelita de Lisboa, mas, em 1994, devido ao seu estado de abandono, o Grupo Bensaúde assumiu o seu restauro, sendo responsável pela sua manutenção desde então. A aceitação dos hebreus nessas comunidades à época, contrasta com as perseguições movidas pelo Santo Ofício nos séculos anteriores.
Aqui se encontra sepultado Mimom ben Abraham Abohbot, fundador da Sinagoga Ets Haim em Angra.
A primeira tentativa de povoamento da ilha das
Flores ocorreu por volta de 1480, na foz da Ribeira da Cruz, hoje no limite
entre as freguesias da Caveira e de Santa Cruz das Flores, quando o aventureiro
flamengo Willem van der Hagen, depois aportuguesado para Guilherme da Silveira,
fundou uma pequena colónia com o objectivo de encontrar metais, possivelmente
estanho, de que a ilha se dizia rica, provavelmente por ser então identificada
como uma das míticas ilhas Cassitérides. Tendo permanecido na ilha cerca de dez
anos, em abrigos escavados nas falésias da ribeira, desenganados quanto à
riqueza mineral, os colonos acabaram por trocar as Flores pela ilha de São
Jorge, onde foram fundar a Vila do Topo.
A segunda tentativa terá ocorrido entre 1508 e
1510, ao que parece na costa da actual freguesia e vila de Santa Cruz, mas
muito provavelmente através da instalação simultânea de colonos em Santa Cruz,
nas Lajes e em Ponta Delgada. Foi a partir desta leva, que de facto iniciou a ocupação
humana permanente da ilha, que veio a nascer a hoje vila de Santa Cruz.
Outro aspecto que modelou e distinguiu a vila
de Santa Cruz, contribuindo para a sua primazia no contexto do Grupo Ocidental,
foi a instalação de um convento franciscano, a única instituição religiosa do
género que existiu naquelas ilhas. O Convento de São Boaventura, actual sede do
Museu das Flores, começou a ser construído em 1642, ao que parece fruto de um
voto feito pelo padre Inácio Coelho, natural das Flores, aquando do feliz
sucesso da Restauração da Independência portuguesa de 1640. A sua igreja possui
altares barrocos e tecto em madeira de cedro-do-mato em têmpera de grande valor
artístico.
Os franciscanos tiveram nos Açores uma enorme
influência no moldar do carácter das gentes, com destaque para a manutenção do
culto do Divino Espírito Santo, assumindo quase em exclusivo as funções
educativas. Onde se fundava um convento franciscano surgia de imediato as
cadeiras de primeiras letras e de gramática latina. Foi o que aconteceu em
Santa Cruz, criando o embrião daquilo que a partir da reforma pombalina seriam
as escolas régias, a primeira das quais surgiu em Santa Cruz com a chegada, em
1792, de um professor de gramática latina e outro de primeiras letras. Contudo,
esta foi melhoria de pouca dura, pois ao fim do triénio a que estavam
obrigados, os professores abandonaram o lugar, que ficou vago durante muito
anos por falta de opositores. Face a essa situação, voltaram a ser os
franciscanos, e o seu Convento de São Boaventura, o único recurso educativo
existente na ilha.
O povoamento da zona oeste da ilha Terceira
iniciou-se nos finais do século XV, quando as terras das vertentes da Serra de
Santa Bárbara foram distribuídas em sesmaria por João Vaz Corte-Real, então
capitão-do-donatário em Angra, prosseguindo a política de distribuição de
terras naquela zona que havia sido iniciada por Jácome de Bruges. A maioria dos
povoados a oeste de Angra apenas ficaram estruturados na década de 1510, mas a
paróquia de Santa Bárbara das Nove Ribeiras já existia como entidade autónoma
no ano de 1489,sendo a única existente
na jurisdição de Angra quando Jácome de Bruges era capitão-do-donatário na
ilha.
Um dos primeiros documentos que identificam a
localidade de Santa Bárbara data desta época e refere que João Vaz Corte Real,
pelo ano de 1486, passou uma carta de dadas de terras a um tal Bastião, filho
de João Esteves, tecelão e morador nas Nove Ribeiras. Aquele documento
identifica o povoado de Santa Bárbara, ao estabelecer a delimitação das terras
"dadas", e refere também os lugares de Doze Ribeiras (então parte da
paróquia) e dos Biscoitos.
Os condicionalismos da topografia local, e
especialmente a escassez de nascentes de água, levou a que o povoamento
assumisse ali um carácter linear, ao longo do caminho que partindo de Angra se
dirigia para oeste. Os povoadores fixaram-se nas margens das ribeiras, nas
imediações do local onde estas eram atravessadas por aquele caminho, pois sendo
a região muito pobre em nascentes, os habitantes eram obrigados a recorrer à
água das ribeiras, elas também efémeras, já que durante o Verão raramente
correm.
Em consequência das restrições ao
abastecimento de água apontadas, o povoamento da vasta zona do sudoeste da
Terceira, que vai de São Bartolomeu dos Regatos até à Serreta, no extremo oeste
da ilha, ficou assim estruturada em torno das ribeiras, as quais foram
numeradas de leste para oeste, isto é de Angra para a Serreta, dando origem a
topónimos como Cinco Ribeiras, Nove Ribeiras ou Doze Ribeiras. O centro
administrativo e religioso da região acabou por se centrar na igreja de Santa
Bárbara, às Nove Ribeiras, sendo formada, em data anterior a 1489, uma imensa
paróquia que ia desde a Cruz das Duas Ribeiras até ao Biscoito da Serreta.
Inicialmente denominada Santa Bárbara das Nove
Ribeiras, por ter o seu núcleo principal Às Nove Ribeiras, a paróquia
estendia-se por toda a costa sudoeste da ilha Terceira, desde a Cruz da Duas
Ribeiras até ao Biscoito da Fajã, confinando aí com a paróquia de São Roque dos
Altares. Nesta paróquia ficava a maior serrania da ilha, a qual ficou conhecida
por Serra de Santa Bárbara (inicialmente era referida por Serra Gorda), nome
que ainda mantém apesar de hoje se encontrar dividida pelo território de sete
freguesias distintas, resultado da progressiva subdivisão das paróquias
originais.
À medida que o povoamento se foi estruturando,
a freguesia de Santa Bárbara foi sendo repartida em curatos e depois em
paróquias autónomas, precursoras das actuais freguesias. A paróquia de Santa
Bárbara, para além território da actual freguesia homónima, compreendia na sua
extensão original as actuais freguesias de Nossa Senhora do Pilar das Cinco
Ribeiras, de São Jorge das Doze Ribeiras e de Nossa Senhora dos Milagres da
Serreta.
Ao longo dos séculos, a freguesia de Santa
Bárbara alcançou uma considerável importância, assumindo-se como o principal
centro urbano do oeste da Terceira. Essa importância alimentou o desejo de ver
a freguesia elevada a cabeça de concelho,o que nunca se chegou a concretizar, mas permitiu ser sede de um julgado
autónomo, com juiz ordinário. Para além disso, foi um pólo económico importante
naquela parte da Terceira, com uma população empreendedora e dinâmica.
Francisco Ferreira Drumond, escrevendo em
meados do século XIX, descreve da seguinte forma a freguesia e as suas gentes:
Os habitantes de Santa Bárbara das Nove
Ribeiras ocupam-se pela maior parte na cultura dos campos, que apesar de
elevados e desabrigados dos ventos gerais são mui produtivos; há também grande
número de oficiais de ferreiro, carpinteiros, fragueiros, cabouqueiros,
canteiros e galocheiros [...]. A freguesia toda padece de muita falta de águas
e de peixe, por ter somente mui pequeno porto denominado das Cinco. A costa é
toda alcantilada e pouco defendida aquela parte da ilha de qualquer tentativa
hostil. Gozam estes povos a fama de mui discretos e deles se costuma dizer
"Um de Santa Bárbara vale por sete de Coimbra"..
Para além da Igreja Paroquial, existe na
freguesia de Santa Bárbara a Ermida de Nossa Senhora da Ajuda, um pequeno
templo construído à beira-mar no fim da Canada da Ajuda (a que aliás empresta o
nome). A ermida da Ajuda foi edificada antes de 1545,ano de que data a primeira referência escrita
à sua existência. A sua traça foi profundamente alterada aquando da sua
reconstrução em 1877.
Durante as Guerras Liberais a freguesia de
Santa Bárbara foi sede do 7.º dos distritos militares em que António José de
Sousa Manuel de Menezes Severim de Noronha, o 7.º Conde de Vila Flor, dividiu a
ilha Terceira.
Foi comandante deste distrito militar o
coronel Bernardo da Fonseca, que atingiria depois o posto de brigadeiro e que
por decreto da rainha D. Maria II de Portugal seria agraciado com o título de
barão de Santa Bárbara, em lembrança do seu comando na ilha Terceira. O seu
filho usou o mesmo título.
Ernest Jeffrey Moniz nasceu a 22 de Dezembro
de 1944, em Fall River, Massachussetts, nos Estados Unidos da América. É
descendente de pais açorianos, oriundos da ilha de São Miguel. No âmbito da sua
formação académica, a física teórica nuclear, destaca-se como área principal de
pesquisa.
A 28 de Outubro de 1997, foi destacado pelo
Senado dos EUA como subsecretário do Departamento de Energia. No âmbito destas
funções, assessoria o secretário e, supervisionava a pesquisa do DOE em várias
áreas, nomeadamente, as energias fóssil, renováveis, nuclear, a ciência e
tecnologia, a gestão ambiental e de resíduos radioactivos.
Supervisionou igualmente o sistema nacional de
laboratórios e programas de segurança nacional, tendo sido também responsável
pela revisão completa do programa nuclear.
Antes de ingressar no DOE, foi professor de
Física e Chefe do Departamento de Física no Massachusetts Institute of
Technology (MIT), tendo sido responsável pelos programas educacionais daquele
departamento. Foi director associado de Ciência do Gabinete de Política
Científica e Tecnológica, cargo para o qual foi nomeado, em Junho de 1995, pelo
Presidente Clinton.
Integrou o corpo docente do MIT em 1973 e foi
director da Linear Accelerator Center Bates, em 1983.
Trabalhou em várias universidades,
laboratórios nacionais, associações profissionais e órgãos do governo, onde
desempenhou funções consultivas.
Obteve um bacharelato em física, no Boston
College em 1966, e um doutoramento em física teórica na Universidade de
Stanford, em 1971. Com uma bolsa de pós-doutorado da National Science
Foundation, realizou pesquisas no Centro d\'Etudes de Saclay Nucleaires em
Gif-sur-Yvette, França, e na Universidade da Pensilvânia, de 1971 a 1973. Fez
um doutoramento honorário na Universidade de Atenas, em 1997. É membro da
Associação Americana para o Avanço da Ciência, da Fundação Humboldt e da
American Physical Society.
Foi assessor de Ciência e Tecnologia do Conselho
do Presidente Obama.
Actualmente, é director do Laboratório de
Energia e Meio Ambiente do MIT e da MIT Energy Initiative.
Pela sua visão e liderança na área da
simulação científica avançada, foi distinguido com o Seymour Cray HPCC Industry
Recognition Award.
No dia 4 de Março de 2013 foi nomeado
Secretário da Energia por Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos da
América.
A Lenda da Sereia da Praia é uma tradição oral
da ilha de Santa Maria, nos Açores. Refere-se ao modo pelo qual povo recordava
a origem do nome aos lugares em que habitava.
A lenda passa-se no tempo do povoamento da
ilha, quando os lugares ainda não tinham nome. Numa noite de lua cheia um
pescador avistou a boiar calmamente sobre as águas, em direcção à praia, uma
mulher de longos cabelos negros e olhos castanhos, que ondulavam como o mar na
aragem. Nua da cintura para cima, o seu corpo era de uma beleza única e
esplendorosa, com um rosto de extrema suavidade.
O pescador, no areal, ficou deslumbrado com
tão rara visão. Espantado e curioso, aproximou-se para averiguar, e quando já
estava muito perto da mulher, que brincava nas águas envoltas em luar, percebeu
com algum medo que o pescoço da mulher se encontrava desfigurado pelo que lhes
pareciam guelras. Da cintura para baixo, apresentava a anatomia de um peixe.
Uma sereia!, exclamou o homem espantado com a visão.
Perdido entre o medo e a aflição de não saber
o que fazer, e consciente das histórias que se contavam das sereias que
encantavam os homens e que os levavam para nunca mais serem vistos, o pescador
julgou ser obra do diabo e começou a esconjurar a aparição. Mal o fez, a mulher
presa no corpo de sereia voltou a ser simplesmente mulher, saindo das águas nua
e pura, envolta em luar.
A lenda não informa se os dois foram felizes
para sempre, mas está na origem do nome atribuído a esta praia no mapa feito
pelo cosmógrafo real Luís Teixeira em 1584, para Filipe II de Espanha, aquando
da sua viagem aos Açores nesse ano, que lhe atribuiu o nome de Plaia Hermosa -
Praia Formosa.
A Lenda do Reino de Atlântida e os Açores é
uma lenda dos Açores que tenta dar uma explicação para a existência do
arquipélago. Muito antiga e de origem desconhecida, foi narrada por Platão,
sendo já mencionada por este como uma história que lhe contaram.
Na antiguidade teria havido um imenso
continente (a Atlântida) no meio do Oceano Atlântico, em frente às Portas de
Hércules. Essas portas, segundo mitos antigos, fechavam o mar Mediterrâneo onde
actualmente se localiza o Estreito de Gibraltar.
A Atlântida seria um lugar magnífico, com
extraordinárias paisagens, um clima suave, grandes florestas de frondosas e
gigantescas árvores, extensas planícies férteis, chegando a dar duas ou mais
colheitas por ano, e animais mansos, saudáveis e fortes.
Os habitantes desta terra paradisíaca
chamavam-se atlantes e eram senhores de uma invejável civilização, considerada
perfeita e rica. Tinha palácios e templos cobertos a ouro e outros metais
preciosos como a prata e o estanho, e abundava o marfim. Produzia todo o tipo
de madeiras tidas como preciosas, tinha minas de todos os metais.
Dispunha de jardins, ginásios, estádios, boas
estradas e pontes, e outras infraestruturas importantes para o bem estar dos
seus cidadãos. A joalharia usada pelos atlantes seria feita com um material
exótico e mais valioso que o ouro, apenas do conhecimento dos povos atlantes,
que se chamava oricalco. A economia florescente proporcionava as artes,
permitindo a existência de artistas, músicos e grandes sábios.
O império dos atlantes era formado por uma
federação de 10 reinos que se encontravam debaixo da protecção de Posidão. Os
seus povos eram tidos como exemplares no seu comportamento, e não se deixavam
corromper pelo vício ou pelo luxo mas viviam num pleno e magnifico bem estar
que o seu país perfeito lhe permitia.
No entanto, não deixavam de praticar e de se
ensaiar nas artes da guerra, visto que vários povos, movidos pela inveja e pela
abundância dos atlantes, tentavam invadir a sua terra. Os combates de defesa
foram tão bem sucedidos que surgiu o orgulho e a ambição de alargar os domínios
do reino.
Assim o poderoso exército atlante preparou-se
para a guerra e aos poucos foi conquistando grande parte do mundo conhecido de
então, dominando vários povos e várias ilhas em seu redor, uma grande parte da
Europa Atlântica e parte do Norte de África. E só não teriam conquistado mais
territórios porque os gregos de Atenas teriam resistido. Os seus corações até
ali puros foram endurecendo com as suas armas. Nasceu o orgulho, a vaidade, o
luxo desnecessário, a corrupção e o desrespeito para com os deuses.
Posidão convocou então um concílio dos deuses
para travar os atlantes. Nele foi decidido aplicar-lhes um castigo exemplar.
Como consequência das decisões divinas começaram grandes movimentos tectónicos,
acompanhados de enormes tremores de terra. As terras da Atlântida tremeram
violentamente, o céu escureceu como se fosse noite, apareceu o fogo que queimou
florestas e campos de cultivo. O mar galgou a terra com ondas gigantes e
engoliu aldeias e cidades.
Em pouco tempo Atlântida tinha desaparecido
para sempre na imensidão do mar. No entanto, como fora possuidora de grandes
montanhas, estas não teriam afundado completamente. Os altos cumes teriam ficado
acima da superfície das águas e originado as nove ilhas dos Açores.
Alguns dos habitantes da Atlântida teriam,
segundo a lenda, sobrevivido à catástrofe e fugido para vários locais do mundo,
onde deixaram descendentes.
No dia 26 de Outubro de 1928 na vila de Santa Cruz das Flores, numa casa pequenina e modesta, nasceu o menino José Augusto Lopes. Os seus pais Cristina e José, viviam com dificuldades, como acontecia com a maioria dos florentinos dessa época, tinham de retirar da terra e do mar, tudo o que necessitavam para a sua subsistência.
Os nossos antepassados são grandes homens e grandes mulheres de quem nos devemos orgulhar de descender. Eles fizeram de vidas longas de suor, de muita fé e coragem, de muito amor à terra e de apertos de mão para selar contratos que a boca dizia em palavras que o vento não levava..., uma forma especial de viver e de morrer em paz.
José Augusto cresceu nessa ilha das Flores, tão diferente da actual. Jogou com bolas de trapo e bexigas de porcos, jogou à macaca e ao botão, mas foi criança durante muito pouco tempo. Mal terminou a escola primária na sua freguesia, começou a dar dias de trabalho para ajudar os pais. Com catorze anos de idade fixou residência na vila das Lajes, onde aos dezanove, casou com Eduina Espínola Lopes. Desse casamento nasceram três rapazes: José Humberto, Victor e Armando.
Durante alguns anos continuou a trabalhar em terra e no mar, mas o seu coração pendia muito mais para o mar. Com apenas quinze anos, já atravessava o canal Flores–Corvo. Com o passar do tempo, e porque era necessário assegurar o seu sustento e da sua família, dedicou-se à baleação e à pesca e trabalhou arduamente nas cargas e descargas de navios, muitas vezes em situação de alto risco. Foi nas Lajes, e nos primeiros anos da década de 1950, que adquiriu a sua primeira embarcação de pesca. Contava, com graça, que, nesse tempo, o mar fervilhava de peixe, mas vendê-lo era muito difícil. Palmilhava as freguesias do concelho e nem por um escudo e vinte, conseguia vender cherne à posta.
Apesar de todas as dificuldades, a emigração nunca o seduziu. Inteligente e sonhador como era, ele tinha a certeza que, fora das Flores, não seria feliz nem conseguiria sonhar com nada. Mestre José Augusto sempre pertenceu a esta ilha. Como o mar, as rochas e as gaivotas. Ele era o prolongamento da própria ilha. E a história desta terra não seria a mesma se ele não tivesse “palmilhado” milhas e milhas de mar, desbravando distâncias, salvando vidas, rompendo, qual Apolo, as fúrias de um mar “em brasa”.
Com a chegada dos franceses à ilha das Flores em 1964, para construírem a sua base militar de telemedidas, mestre José Augusto voltou a fixar residência em Santa Cruz, uma vez que todas as cargas respeitantes à base seriam descarregadas nesse porto. Ganhou muito dinheiro e desenvolveu a sua frota de embarcações tendo criado diversos postos de trabalho que contribuíram para o crescimento económico da ilha ao longo de muitos anos. A apanha de algas foi também uma época de ouro para o seu negócio.
Ao longo da sua vida adquiriu mais de duas dezenas de embarcações. Passou mais tempo no mar do que em terra. Transportou durante dezenas de anos correio, carga, e milhares de passageiros entre as Flores e o Corvo. Nas suas lanchas, passaram as mais altas individualidades da vida portuguesa e açoriana. Arriscou centenas de vezes a sua vida para salvar outras, a caminho do Centro de Saúde das Flores, especialmente no tempo em que não havia médico no Corvo, e a pista de aviação daquela ilha não passava de um sonho. Pelo esforço, coragem, capacidade e riscos por que passou nessas viagens, foi condecorado em 10 de Junho de 1994 pelo Sr. Presidente da República Dr. Mário Soares, com o grau de oficial da ordem de mérito.
Guilherme Ivens Ferraz, nasceu em Ponta
Delgada a 14 de Setembro de 1865 e faleceu em
1956. Foi um militar português, vice-almirante da Armada Portuguesa.
Filho do engenheiro Ricardo Júlio Ferraz,
natural da Ilha da Madeira, e de Catherine Prescott Hickling Ivens natural de
Ponta Delgada, de nacionalidade britânica. Frequentou o Colégio Militar entre
1878 e 1883. Casou-se em Lisboa em 1901
com Laura de Sacadura Freire Corte Real Mendes de Almeida e deixou numerosa
descendência.
Entre os muitos e importantes cargos que
ocupou, destacam-se: governador da Companhia de Pesca das Pérolas do Bazaruto
em Moçambique em 1892; herói das campanhas de África de 1891 a 1895; comandante
da Esquadrilha de Lourenço Marques e ainda os seguintes navios
"Sabre", "Auxiliar", "Bérrio", "Tejo",
"Bengo" etc.; secretário do Conselheiro Régio António Enes em
Moçambique entre 1894 e 1895; capitão do Porto de Lourenço Marques de 1895 a
1899; presidente da Câmara Municipal de Lourenço Marques a convite de Mouzinho
de Albuquerque; nomeado oficial às ordens de El-Rei o Senhor D. Carlos I de
Portugal; nomeado comissário do Governo Português na delimitação de fronteiras
anglo-portuguesas na África Central; presidente da Comissão de Transportes de
Tropas para França na 1.ª Grande Guerra; Comandante Chefe das Forças Navais no
Oriente, onde comandava o navio Almirante o Cruzador "República";
membro do Conselho de Almirantes reunidos em Xangai; deputado às Cortes;
presidente da Liga Naval; promovido a contra-almirante por distinção; chefe do
Estado Maior Naval; comandante das Forças Navais do Tejo; superintendente dos
serviços da Armada; 12.º presidente da Cruz Vermelha Portuguesa de 1942 a 1948.
Passou à reserva em 1931.
O Parque Terra Nostra é um jardim botânico português localizado no Vale das Furnas, concelho da Povoação, ilha de São Miguel, arquipélago dos Açores.
Este parque encerra uma das maiores colecções do mundo de camélias, tendo mais de 600 genros diferente e também a maior colecção da Europa de Cicas.
A fundação deste jardim botânico recua a 1780, quando o então Cônsul dos Estados Unidos na ilha de São Miguel, Thomas Hickling, mandou construir neste espaço a sua residência de Verão, então conhecida como Yankee Hall.
Foi no entanto em meados do século XIX que o jardim propriamente dito teve uma grande desenvolvimento, da área ocupada de dois hectares, por iniciativa dos seus sucessivos proprietários, fossem os Viscondes da Praia ou mais tarde a família Bensaude, aumentou gradualmente até ter uma dimensões bastante confortáveis.
Corria o ano de 1848 e depois de comprado pelo 1.º Visconde da Praia, Duarte Borges da Câmara e Medeiros, este parque veio a sentir o seu primeiro e grande aumento, neste altura foi feita a criação dos jardins de água e à plantação de alamedas sombrias e de canteiros de flores, bem como à substituição do Yankee Hall pela actual Casa do Parque, que neste momento se encontra dedicada à hotelaria.
Foi em 1872, e já nas mãos do 2.º Visconde da Praia, António Borges de Medeiros Dias da Câmara e Sousa, que se deu o ordenamento do jardim, tendo-se nesta altura recorrido a especialistas, tanto portugueses como ingleses. Estes especialistas procederam à reconstrução do actual canal serpentiforme, das grutas, das avenidas de buxo, e, ainda, dos caminhos ladeados de laranjeiras, já desaparecidas.
Foi também sob o comando do 2º. Visconde que se procedeu ao plantio de parte significativa das árvores mais emblemáticas, que dominam as diversas áreas do Parque e que foram importadas, vindo algumas de zonas tão distantes e díspares como a América do Norte, a Austrália, a Nova Zelândia, a China e a África do Sul.
Decorriam os anos 30 do século XX, o Parque Terra Nostra, foi adquirido por Vasco Bensaúde, que viu neste parque um complemento ao recentemente inaugurado Hotel Terra Nostra. Nesta altura é de novo ampliado, alcançando a área de 12,5, divididos por jardins e matas.
Foi Vasco Bensaude, pessoa possuidora de grandes conhecimentos em botânica e jardinagem, que manda então fazer a recuperação do Parque. Para isso dá a direcção do mesmo ao seu jardineiro de origem escocesa, John McEnroy.
Nesta altura são feitas obras de manutenção na Casa do Parque e na piscina de água férrea e natural, de cor castanha e cuja temperatura ronda os 25 graus, sendo a piscina forrada a pedra de cantaria e introduzidas novas plantas exóticas de forma a aumentar o número de espécies existentes.
Este parque, considerado um dos mais bonitos do mundo pela revista Condé Nast Travel das Condé Nast Publications, está aberto todos os dias da semana entre as 10:00 e as 19:00.