Além de produzir uma valiosa obra musical como
compositor, teve uma notável carreira internacional, tendo sido chefe de
orquestra em Portugal, Suíça e França. Embora a sua principal actividade tenha
sido a de chefe de orquestra, foi também conferencista, estudioso do folclore e
professor de direcção de orquestra, tendo tido alguns alunos que se tornaram
célebres. Foi um dos fundadores da Filarmónica de Lisboa.
Foi filho de João Caetano de Sousa e Lacerda,
de quem, a partir dos 4 anos de idade, recebeu as primeiras lições de música e
de piano. A família de Lacerda era ao tempo uma das mais antigas e mais
influentes da ilha, descendente da velha aristocracia da época do povoamento
insular. Foi irmão do médico, poeta e político José de Lacerda.
Ainda adolescente veio para Angra do Heroísmo,
na ilha Terceira, onde frequentou o Liceu de Angra do Heroísmo. Concluídos os
seus estudos secundários, partiu para a cidade do Porto, onde se matriculou no
curso de Medicina. Interessado pela música, acabou por abandonar os estudos
médicos para se dedicar exclusivamente à música.
A conselho do seu professor António Maria
Soler, professor de piano e compositor, mudou-se para Lisboa, onde se
matriculou no Conservatório Nacional, onde veio a ser aluno de José António
Vieira, Francisco de Freitas Gazul e Frederico Guimarães. Concluiu o curso em
1891 com elevada classificação, sendo, no ano seguinte, contratado como
professor de piano daquela escola.
Francisco de Lacerda obteve em 1895 uma bolsa
de estudos do Estado português que lhe permitiu ir para Paris com o objectivo
de aperfeiçoar os seus conhecimentos musicais. Naquela cidade foi aluno, entre
outros, de Émile Pessard (harmonia), Louis-Albert Bourgault-Ducoudray (história
da música) e Charles-Marie Widor (contraponto e órgão).
Permanecendo em Paris, em 1897 ingressou na
Schola Cantorum, prosseguindo a sua formação teórica e de aperfeiçoamento no
órgão com Felix Alexandre Guilmant e estudos de composição com Vincent d'Indy.
Descobrindo no discípulo excepcionais qualidades de maestro, Vincent d'Indy
escolheu-o para seu substituto na classe de orquestra. Neste período foi
influenciado pela escola francesa de César Franck, Vincent d'Indy, Gabriel
Fauré, Maurice Ravel, Francis Poulenc e Paul Dukas, o que se reflectiu
decisivamente nas suas composições e no seu estilo de direcção musical.
Depois de ter passado o ano de 1899 na sua
ilha natal, aproveitando para realizar alguma recolha folclorística, regressou
a Paris. Ali, por influência de Vincent d'Indy, que fora seu professor de órgão
e composição e descobrira o seu talento de chefe de orquestra, em 1900 fez a
sua primeira aparição pública como chefe de orquestra. O êxito que de imediato
conquistou abriu-lhe as portas para uma bem sucedida carreira à frente de
algumas das melhores orquestras europeias em importantes concertos, festivais e
temporadas musicais.
Foi nomeado membro do júri da Exposição
Universal de 1900, realizada em Paris. Participou na organização da
representação de Portugal daquele evento, colaborando com Ressano Garcia,
comissário régio, e António Arroio, delegado do Ministério do Fomento do
governo português.
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