Pouco se tem falado da importância dos Açores
na colonização de São Paulo. Este arquipélago do Oceano Atlântico foi
descoberto (ou redescoberto) por Frei GonçaloVelho, e por séculos grande parte
de sua população passou para o nosso país, povoando-o de norte a sul. Muitos
partiram em busca de maior espaço no novo continente, outros assustados e
temerosos de continuarem numa região que, de quando em quando sofria as acções
dos terremotos e maremotos, outros ainda pelos constantes ataques de piratas
muçulmanos e ingleses. Há quase trezentos anos, três irmãos Mellos, João de
Mello do Rego, Matias de Mello do Rego e Pedro de Mello e Souza, das melhores
famílias da Ilha de São Miguel, a maior
ilha dos Açores, partem provavelmente da cidade de Ponta Delgada com
destino à então vila de Itu, que se igualava a São Paulo em termos de
importância. Lá chegando,se uniram com gente da mesma qualidade, pois os dois
mais velhos casaram com duas irmãs,
filhas do também açoriano Sebastião de Arruda Botelho, e o mais novo dos três
casou-se com uma neta do mesmo Sebastião.
É certo
que o velho açoriano, um dos troncos da família Arruda Botelho no Brasil,
conhecesse, e bem, a nobreza dos Mellos, já que eramoriundos do mesmo distrito
de Ponta Delgada, muito embora de concelhos diferentes. A ascendência deles
consta de instrumentos passados no ano de 1704, um em Lagoa, e outro na cidade
de Ponta Delgada, ambos na Ilha de São Miguel, a favor do tio deles, o Capitão
Manoel do Rego de Souza, que "em 1704 justificou judicialmente a sua
ascendência paterna para mostrar que era nobre e de sangue limpo, porque um
João do Amaral, dos Fenais da Luz, que
fora preso no Castelo de Ponta Delgada, por ordem deste Manoel do Rego de
Souza, que era capitão de ordenanças, quando foi solto chamou o
mulato; a justificação foi sentenciada a 22 de Outubro de 1704, em Ponta
Delgada, sendo o réu João de Amaral condenado a pena pecuniária." Os
irmãos Mellos arquivaram um traslado destes instrumentos na Câmara de Itu,
conforme nos ensina Silva Leme , informação esta talvez passada por Pedro de
Mello e Souza, bisneto de um dos troncos, colaborador de Silva Leme para a sua
"Genealogia Paulistana". O amigo, primo e genealogista Celso Maria de
Mello Pupo, bisneto deste Pedro de Mello e Souza, nos diz que quando o seu bisavô era consultado por noivos para
saberem se haveria ou não um parentesco dentro de grau proibido, deixava vazar
grandes conhecimentos das famílias antigas de Itu, e,elogiado, dizia que ele
pouco sabia, e o pouco que sabia tinha
aprendido de seu pai Balduíno de Mello Castanho e Sampaio, e este sim é
que era profundo conhecedor do assunto.
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