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segunda-feira, 18 de maio de 2020

Forte de São Brás de Ponta Delgada ilha de São Miguel Açores


O Forte de São Brás, oficialmente Prédio Militar nº 001/Ponta Delgada, também referido como Castelo de São Brás, localiza-se na freguesia de São José, na cidade e concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.
O estudo para a defesa das ilhas do arquipélago dos Açores, contra os assaltos de piratas e corsários, atraídos pelas riquezas das embarcações que aí aportavam, oriundas da África, da Índia e do Brasil, iniciou-se em meados do século XVI. Bartolomeu Ferraz, em uma recomendação para a fortificação dos Açores apresentada a João III de Portugal em 1543, chama a atenção para a importância estratégica do arquipélago:

"E porque as ilhas Terceiras inportão muito assy polo que per ssy valem, como por serem o valhacouto e soccorro mui principal das naaos da India e os francesses sserem tão dessarrazoados que justo rei injusto tomão tudo o que podem, principalmente aquilo com que lhes parece que emfraquecem seus imigos, (...)."
Ainda sob o reinado de D. João III (1521-1557) e, posteriormente, sob o de Sebastião I de Portugal (1568-1578), foram expedidos novos Regimentos, reformulando o sistema defensivo da região, tendo se destacado a visita do arquiteto militar italiano Tommaso Benedetto ao arquipélago, em 1567, para orientar a sua fortificação. Como Ferraz anteriormente, este profissional compreendeu que, vindo o inimigo forçosamente pelo mar, a defesa deveria concentrar-se nos portos e ancoradouros, guarnecidos pelas populações locais sob a responsabilidade dos respectivos concelhos.
Nesse contexto, a construção deste forte deveu-se a uma série de pedidos dos ilhéus a D. João III (1521-1557), insistindo na necessidade de fortificar a ilha. Entre estes, o ouvidor da ilha, Manuel 


Nunes Ribeiro expõs ao soberano:

"Creia V.A. que é muito necessário fazer-se logo a dita fortaleza e mandar alguma artilharia para a defenção dos navios que surtem no porto, porque depois que se escreveu a V.A. vieram aqui, por duas ou três vezes, naus francesas e tomaram alguns navios em que tomaram um com cento e vinte e sete pessoas, em que estavam nove mulheres, do qual navio não há nenhuma nova e há mais de dez meses que o tomaram e por muito certo se afirma que todas as vezes que aqui vierem poderão roubar navios que no porto estiverem sem lhes poderem valer por falta de artilharia e fortaleza que não há, a qual agora é mais necessária por causa do grande crescimento que vai a ilha com os açúcares que agora se plantam." (Carta do Ouvidor da Ilha de São Miguel, Manuel Nunes Ribeiro, ao rei, c. 1550)
O primeiro projeto para a sua construção foi de autoria do "Mestre das obras das capelas" dos Açores, Manuel Machado (CARITA, 1989:197) que, a construir o molhe do porto de Ponta Delgada, apresentou um esboço em 1551, criticado no ano seguinte (1552) pelo matemático e arquiteto militar Isidoro de Almeida. Este, por sua vez, apresentou nova traça, profundamente alterada, já em 1553. Nesse ano, para as suas obras foi lançado um imposto de 2% sobre o pastel e o açúcar, além de outras contribuições da população, tendo a obra orçado os 36.672$542 cruzados. Nesse mesmo ano foi criada ainda a Confraria de Bombardeiros para guarnecê-lo, que chegou a São Miguel em 25 de Maio de 1554, integrada por nove bombardeiros sob o comando do Condestável Lourenço Baldaíque, trazendo artilharia, pólvora e munição. Posteriormente esses homens retornaram ao reino, permanecendo apenas o Condestável, para instrução a trinta micaelenses, alistados.

O primeiro Alcaide-mor do Castelo foi D. Manuel da Câmara, 6º capitão do donatário, entre 1552 e 1554, e o seu primeiro Sargento-mor, João Fernandes Grado.

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