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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Igreja Matriz de Santa Cruz na cidade da Praia da Vitória ilha Terceira Açores

 

Segundo o pesquisador Alfredo da Silva Sampaio, a sua fundação data de 1456, erguida pelo primeiro capitão do donatário, Jácome de Bruges, que aqui se fixou. Foi sagrada em 24 de Março de 1517 pelo bispo D. Duarte, que veio de visita aos Açores. Na ocasião, D. Duarte depositou várias relíquias numa caixa, na parede do altar-mor.


Reconstruída em 1577, nesta ocasião o rei D. Sebastião ofereceu-lhe as magníficas portadas de mármore em estilo manuelino. Sofreu alterações posteriores, nomeadamente em 1810 e 1842, em função dos grandes terramotos que assolaram a ilha.



Do terramoto de 1614, o padre António Vieira recordou, em sermão proferido na Bahia, em 1637:


"...tudo destruiu, com excepção do púlpito da Matriz, a Cadeia e o Hospital; símbolos da Verdade, da Justiça e da Misericórdia."


O seu órgão de tubos foi construído em madeira de mogno em 1793 por António Xavier Machado e Cerveira,  tendo sofrido intervenção de restauro em 1991 sob os cuidados de Dinarte Machado.


A igreja é constituída por um corpo principal, de planta rectangular, pelo corpo da capela-mor, também de planta rectangular, com largura aproximadamente igual à da nave central, ladeada por duas torres sineiras, uma de cada lado da fachada principal, e por diversos corpos rectangulares (correspondentes aos absidíolos, às capelas laterais, à sacristia e a outros anexos) adossados a ambos os lados dos corpos das naves e da capela-mor.



Na fachada, rasga-se a portada principal, em estilo manuelino, inserida num gablete acima do qual se situa uma pequena rosácea, em estilo gótico. Na fachada rasgam-se ainda seis janelas: uma de cada lado do portal, ao nível inferior, e duas de cada lado do gablete, ao nível superior. Distribuídas na fachada destacam-se quatro cartelas: uma triangular, junto ao vértice superior da fachada, com a inscrição "REPARATA SUB / ANO 1843 A RU / INA TERRÆ MOTUS 15 / JUNII / 1841"; uma rectangular, entre o vértice do gablete e a rosácea, com a inscrição "SACRATA / 1517"; duas triangulares, uma à esquerda outra à direita do gablete, respectivamente com as inscrições "FUNDA / TA / 1456" e "REPARA / TA / 1810".


Pelos dois lados é acedida por portais em estilo manuelino, conforme registrado pelo historiador Pedro de Merelim:


"Os portais em estilo manuelino, que se admiram na face oeste e na face sul, enviou-os para a Terceira, nos fins do Séc. XVI, D. Manuel ou D. Sebastião.


A entrada principal deste templo tem uma aparência nitidamente gótica (...) semelhante às que, do Séc. XIII à primeira metade do Séc. XV resguardavam os portais nobres (...), evocando o conjunto dos portais célebres de S. Francisco de Santarém e o Mosteiro da Batalha." (MERELIM, Pedro de. in: Freguesias da Praia.)




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