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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Ermida de Nossa Senhora do Pranto ilha de São Miguel Açores

 


A Ermida de Nossa Senhora do Pranto localiza-se na freguesia de São Pedro de Nordestinho, concelho do Nordeste, na ilha de São Miguel, nos Açores.

Este templo mariano sob a invocação de Nossa Senhora do Pranto foi erguido em 1522, sendo referido pelo padre Gaspar Frutuoso em sua crónica. De acordo com a tradição, naquele ano, grassando uma grande peste em Ponta Delgada, um moço guardador de gado avistou Nossa Senhora e a Virgem ter-lhe-á ordenado determinadas coisas, entre elas a construção da ermida. O povo, tomado de fé, tê-la-ia construído. Frutuoso refere ainda que outros fatos sobrenaturais se repetiram em 1563, por ocasião do grande terramoto. A seu turno, Frei Agostinho de Monte Alverne refere que a água teria milagrosamente aparecido e ainda que, depois de pronto, o templo seria destino de muita romagem.



Embora em 1607 a visitação a tivesse encontrado bem provida de alfaias, no decurso do século XVII a ermida conheceu um período de relativo abandono, a avaliar pelos depoimentos dos clérigos que a visitaram.


Teve esta ermida um ermitão, nomeado pelo vigário para recolher as esmolas que garantissem o culto respectivo, assim como existiram mordomos encarregados da festa da padroeira. Segundo se depreende das visitas dos bispos e licenciados, os eremitas quando saiam a pedir esmolas levavam consigo o painel da ermida e até a própria imagem, o que lhes foi proibido. Em 1699, o bispo da Diocese de Angra proibiu ainda que na ermida pernoitassem romeiros.


Em 1731, encontrava-se este templo muito desprezado, iniciando-se então um trabalho de reedificação, à custa de esmolas.


Ao longo do acesso à ermida foram colocados painéis de azulejos com os passos da Via-sacra.



terça-feira, 29 de agosto de 2023

Estátua equestre da ilha do Corvo Açores

 


A estátua equestre do Corvo foi uma estátua em pedra, representando uma figura humana a cavalo, com um braço apontando para Oeste, alegadamente descoberta na ilha do Corvo, no arquipélago dos Açores, aquando do reconhecimento da ilha no século XV.


A informação de que dispomos sobre o monumento, a noroeste do cume do vulcão, é do cronista Damião de Góis (1502-1574):


"...uma estátua de pedra posta sobre uma laje, que era um homem em cima de um cavalo em osso, e o homem vestido de uma capa como bedém, sem barrete, com uma mão na crina do cavalo, e o braço direito estendido, e os dedos da mão encolhidos, salvo o dedo segundo, a que os latinos chamam índex, com que apontava contra o poente.

"Esta imagem, que toda saía maciça da mesma laje, mandou el-rei D. Manuel tirar pelo natural, por um seu criado debuxador, que se chamava Duarte D'Armas; e depois que viu o debuxo, mandou um homem engenhoso, natural da cidade do Porto, que andara muito em França e Itália, que fosse a esta ilha, para, com aparelhos que levou, tirar aquela antigualha; o qual quando dela tornou, disse a el-rei que a achara desfeita de uma tormenta, que fizera o inverno passado. Mas a verdade foi que a quebraram por mau azo; e trouxeram pedaços dela, a saber: a cabeça do homem e o braço direito com a mão, e uma perna, e a cabeça do cavalo, e uma mão que estava dobrada, e levantada, e um pedaço de uma perna; o que tudo esteve na guarda-roupa de el-rei alguns dias, mas o que depois se fez destas coisas, ou onde puseram, eu não o pude saber." (Crónica do Príncipe D. João, Cap. IX, 1567).



O cronista refere ainda que o capitão do donatário, Pêro da Fonseca, presente nas ilhas das Flores e do Corvo em 1529:


"...soube dos moradores que na rocha, abaixo donde estivera a estátua, estavam entalhadas na mesma pedra da rocha umas letras; e por o lugar ser perigoso para se poder ir onde o letreiro está, fez abaixar alguns homens por cordas bem atadas, os quais imprimiram as letras, que ainda a antiguidade de todo não tinha cegas, em cera que para isso levaram; contudo as que trouxeram impressas na cera eram já mui gastas, e quase sem forma, assim que por serem tais, ou porventura por na companhia não haver pessoa que tivesse conhecimento mais que de letras latinas, e este imperfeito, nem um dos que ali se achavam presentes soube dar razão, nem do que as letras diziam, nem ainda puderam conhecer que letras fossem."

Duarte de Armas, que anteriormente havia sido encarregado pelo rei de fazer o levantamento das fortalezas da fronteira com Espanha, fora também encarregado de fazer um debuxo da estátua, que infelizmente se perdeu.

O padre Gaspar Frutuoso (1522-1591), nascido na Ilha de São Miguel, um dos primeiros historiadores nativos dos Açores escreveu, por volta de 1590, no volume VII das "Saudades da Terra":



"...um vulto de um homem de pedra, grande, que estava em pé sobre uma laje ou poio, e na laje estavam esculpidas umas letras, e outros dizem que tinha a mão estendida ao nor-nordeste, ou noroeste, como que apontava para a grande costa da Terra dos Bacalhaus [Terra Nova]; outros dizem que apontava para o sudoeste, como que mostrava as Índias de Castela [Antilhas] e a grande costa da América com dois dedos estendidos e nos mais, que tinha cerrados, estavam uma letras, ou caldeias ou hebreias ou gregas, ou doutras nações, que ninguém sabia ler, que diziam os daquele ilhéu e ilha das Flores dizerem: Jesus avante. Os construtores teriam sido na sua opinião dos cartagineses pela viagem que eles para estas partes fizeram, ... e da vinda, que das Antilhas alguns tornassem, deixariam aquele padrão com as letras por marco e sinal do que atrás deixavam descoberto."

Os construtores teriam sido na sua opinião "dos cartagineses pela viagem que eles para estas partes fizeram, (…) e da vinda, que das Antilhas alguns tornassem, deixariam aquele padrão com as letras por marco e sinal do que atrás deixavam descoberto".


António Cordeiro (1641-1722), outro dos mais antigos historiadores açorianos, refere-se ao mito nas suas histórias como "antigualha mui notável" e Manuel de Faria e Sousa (1590-1649) escreve de Madrid, na Epitome de las Histórias Portuguesas, sobre as letras incompreensiveis e a estátua.


Em 1790, Johann Frans Podolyn, um numismata sueco, escreveu que tinha encontrado moedas cartaginesas na Ilha do Corvo, mas o seu rasto perdeu-se. Contudo permanecem desenhos pormenorizados e descrições que são exactas, mas que poderão ter sido feitas a partir de moedas encontradas nas colónias cartaginesas do Mediterrâneo.




quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A primeira colónia de Flamengos fixou - se no séc. XV na freguesia da Caveira ilha das Flores Açores

 


A primeira colónia que se conhece ter-se fixado na ilha das Flores foi constituída por um pequeno grupo de flamengos, capitaneado por Willem van der Hagen, que terá escolhido o vale da Ribeira da Cruz, hoje em território da freguesia da caveira, como local de residência. Terão chegado à ilha em finais do século XV, com a esperança que a ilha fosse rica em minérios, aparentemente com a ideia de que a ilha das Flores era uma das míticas ilhas Cassitérides. Instalaram-se em pequenas grutas, escavadas nas falésias das margens da Ribeira, mas quando descobriram que afinal a ilha não tinha estanho ou metais preciosos, abandonaram a colónia e foram-se fixar na atual Vila do Topo, na ilha de São Jorge.


Falhada esta tentativa de colonização, o lugar ficou novamente desabitado, assim permanecendo por muitas décadas. Escrevendo em finais do século XVI, o historiador Gaspar Frutuoso já aponta e existência do topónimo Caveira, descrevendo-o como uma pequena ponta que corre ao mar,  não sendo, contudo, claro que o lugar fosse então povoado. A primeira referência à povoação aparece na obra do padre António Cordeiro, publicada em 1717, que a aponta como um pequeno lugarete.



Foi a partir daquele lugarete que a Caveira se foi lentamente desenvolvendo, ficando a primitiva comunidade dependente administrativa e religiosamente da vila de Santa Cruz, a cuja paróquia pertencia o lugar. Contudo, dada a distância e a dificuldade em atravessar o escarpado vale da Ribeira da Cruz, o vigário da Matriz de Santa Cruz, padre Agostinho Pereira de Lacerda, responsável pela pequena e isolada comunidade, pediu em 1757 ao bispo de Angra, na altura D. frei Valério do Sacramento, que a Caveira fosse antes anexada à paróquia de São Caetano da Lomba, apesar de ser uma localidade pertencente ao vizinho concelho das Lajes das Flores.


Atentas as dificuldades de comunicação, por alvará de 7 de julho de 1757, aquele bispo determinou a anexação da Caveira à paróquia da Lomba, situação que desagradou ao respetivo pároco, incomodado pela necessidade de atravessar os barrancos da Ribeira da Silva, que em breve começou a solicitar a separação do lugar. Tendo em conta essas dificuldades e o desejo de ver resolvida a assistência religiosa da isolada comunidade, em 1767, por iniciativa de José António de Sousa Bettencourt, um proprietário oriundo da ilha Graciosa que se havia fixado no lugar, começou a ser construída um pequena igreja, no local hoje ocupado pelo cemitério da freguesia.


A igreja tinha a invocação de Benditas Almas, sendo um pequeno templo de 12 metros de comprimento por apenas 4,2 m de largura. Com a ermida construída, o pároco da Lomba, então o padre José Joaquim de Almeida, apressa-se a solicitar ao rei a mercê de erigir a ermida das Benditas Almas em paroquial. A solicitada mercê chegou sob a forma de um alvará de D. João VI de Portugal, datado de 19 de dezembro de 1823.



domingo, 20 de agosto de 2023

A ultima erupção do Vulcão da ilha do Pico Açores foi no séc. XVIII

 


A Montanha do Pico é um estratovulcão que, com 2 351 m de altitude, constitui a mais alta montanha de Portugal. Fica na ilha do Pico, nos Açores. A sua altitude é mais do dobro da de qualquer outra montanha dos Açores. É também o ponto mais alto da dorsal meso-atlântica, embora existam pontos mais altos em ilhas atlânticas, mas fora da dorsal.

No cimo da montanha que constitui a parte ocidental da ilha do Pico, localiza-se a cratera do vulcão propriamente dito e dentro dessa cratera, numa erupção recente do ponto de vista geológico surgiu outra elevação de menor dimensão a que foi dado o nome de Pico Pequeno ou Piquinho, com cerca de 70 metros de altura.  Na base desta segunda elevação emanam fumarolas vulcânicas com forte teor de enxofre.

A cratera apresenta-se sensivelmente arredondada, tendo cerca de 700 metros de perímetro por uma profundidade medida a partir dos bordos de cerca de 30 metros.



A Montanha do Pico foi primeiramente classificada como reserva em março de 1972 para e por diploma datado de 12 de Maio de 1982  lhe ser atribuído o estatuto de Reserva Natural da Montanha do Pico pelo Decreto Regional 15/82/.A  que abarca uma área de aproximadamente 1500 hectares integrando a parte superior do vulcão e desenvolvendo-se a partir dos 1200 metros até ao ponto mais alto da ilha.

O Vulcão do Pico é muito recente (aproximadamente 750}}mil anos de idade), entrando em atividade pela última vez no seu flanco sueste (São João) no século XVIII.

É escalável por trilhos marcados ou por serviço de um guia. Foi considerado passeio pedestre apesar de ser algo difícil devido às diversas condições meteorológicas que podem causar com que pessoas "novas" à montanha se percam do trilho marcado.


No caso de querer escalar a montanha certifique-se que está em boas condições de saúde, tem equipamento adequado para as mudanças meteorológicas e que tenha um guia ou alguém que conheça bem a montanha. Subir a montanha é uma experiência fantástica e disponível a todos os que estiverem aptos a atividades físicas e que possuam vontade.



Na parte mais baixa das suas encostas encontra-se a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, classificada pela UNESCO como património mundial.

A montanha do Pico alberga uma flora de grande diversidade e raridade, incluindo espécies endémicas no arquipélago, bem descrita nas obras de Rui Teles Palhinha, Pierre Allorge, Ilídio Botelho Gonçalves e outros investigadores que ali herborizaram, contribuindo grandemente para a riqueza da flora e mesmo da fauna das florestas da laurissilva de altitude típicas da Macaronésia.

A paisagem que circunda a montanha é muito variada e estratificada em altitude. Desde o ponto mais alto que no Inverno fica coberto de neve e onde a vegetação é muito escassa, resumindo-se a líquenes e outras entidades do mesmo nível trófico.



sábado, 19 de agosto de 2023

Vulcão da Urzelina na ilha de São Jorge Açores

 



Vulcão da Urzelina é a designação dada à erupção vulcânica que em 1808 destruiu a freguesia da Urzelina, na ilha de São Jorge, Açores, criando o extenso mistério basáltico que hoje forma a Ponta da Urzelina.

Na obra Ilha de S. Jorge  Açores;  Apontamentos para a sua História, de José Cândido da Silveira Avelar,  está compilado um conjunto de descrições da erupção e dos acontecimentos que a rodearam. A descrição mais extensa e circunstanciada deve-se ao padre João Ignácio da Silveira (1767 — 1852), então cura de Santo Amaro, que escreveu uma relação que o Dr. João Teixeira Soares, publicou com algumas notas no Jorgense, n.º 6, de 1 de Maio de 1871, e foi transcrita no Archivo dos Açores, vol. V, páginas 437 a 441. Foi aquele escrito, com algumas variantes, que João Duarte de Sousa seguiu na narrativa do fenómeno, de página 188 a 193 dos seus Apontamentos. Eis o seu conteúdo:




Na noite amanhecendo para o Domingo do Bom Pastor, primeiro dia do mez de Maio do presente anno de 1808, tremeu a terra tão frequentemente que se contavam oito tremores por hora, e d’estes foi um sobre a madrugada tão grande, que fez levantar o povo das camas .  No mesmo dia, estando já parte do povo na igreja deprecando a Deus nosso pai, houve outro abalo tão forte que fez fugir todo o povo da egreja, das 11 para as 12 do mesmo dia houve outro tremor, e juntamente um estrondo tão grande que a todos amortiso,  e de repente se vio levantar uma grande nuvem de fumo sobre o mais alto monte da freguezia da Urzelina, no pico d’ António José de Sequeira, e bem defronte da egreja de S. Matheus cuja planta e centro da freguesia era o mais agradável da ilha, e por isso mesmo muito frequentado de muitos sujeitos bons e maus de todas as ilhas, e em breve tempo engrossou e subindo ao mais alto ceo fez arco sobre parte da freguezia das Manadas e da Urzelina, indicando um terrível castigo já mostrando nas redobradas e negras nuvens uns incumbrados montes, umas medonhas furnas.



Da bocca daquele vulcão saíam estrondos tão fortes e medonhos sem intervalo que convidavam aos habitantes d’esta ilha para Juízo. Correu todo o povo a deprecar a Deos, porém logo o povo da freguezia da Urzelina se assustou deixando o seu vigário o rev. José António de Barcellos só no adro da sua igreja, e logo no mesmo dia choveu tanta areia de tarde que ficaram as casas chamadas do mato cobertas de areia e os campos d’ahi para cima em parte ficaram com altura de 7 palmos, e as vinhas dos Castelletes até à ermida de Santa Rita, da freguezia das Manadas, ficaram cravadas e as casas quasi abatidas com o pezo, sahindo immediatamente línguas de fogo do centro que chegavam aos ceos, deitando pedras ignitas de 8 palmos, em distância dum quarto de legoa, outras de 16 palmos em quadro e outras menores, subindo à mesma altura cahiam como densos chuveiros.



Chegou a triste noite, então é que desfaleceram os habitantes desta ilha vendo todo o fogo e pedras ignitas, que sahiam como coriscos e quase que pareciam cair sobre os povos, e as vidraças das egrejas pareciam quebrarem-se aos eccos d’aquelle pregoeiro que nos ameaçava de morte.

Até à terça feira, 3 do mesmo mez, rebentou o fogo em 7 logares, ficando a bocca ou vulcão perto da Ribeira do Arieiro, em cuja tarde abrandou o fogo: e na madrugada da quarta-feira, 4 do mesmo mez, arrebentou o fogo entre as Ribeiras, acima da fonte da Fajã, e da mesma sorte fazendo nuvem de pó de enxofre e terra que parecia arder todo aquelle logar. Logo fez procissão o vigario da Urzelina para a parte da Fajã com o Senhor Santo Christo e Senhora das Dôres e a poucos passos encontrou-se com o padre José de Sousa Machado, que trazia em procissão a Senhora da Encarnação acompanhado de várias pessoas. mas quasi suffocadas do muito pó enxofrado que estava cahindo. reunidos àquela procissão algum tanto animados, chegaram à ermida da Senhora do Desterro, ainda, que com muito trabalho porque do cruzeiro para cima cahia muita terra sulfúrea e tão pegajosa que muitas árvores cahiram com o peso d’ella e o fétido entontava aos viajantes. Passados mais 7 dias rebentou o fogo nas areias da freguezia de Santo Amaro, onde abrindo duas bocas vomitava fogo à maneira de duas grandes ribeiras de matéria fluida, e com tanta força que no segundo dia se achava a mais de um moio de campo de mistério que encaminhando-se às casas fez pôr parte do povo em fugida, o vigário, o rev. Amaro Pereira de Lemos, esteve falto dos sentidos e a irmã, D. Anna Maria de Lemos, esteve douda.


O vigário das Velas e ouvidor, o rev. António Machado Teixeira, temendo fosse o fogo à villa mandou deitar pregão para que se retirassem, e que mandava o Sacramento para a Beira e d’aqui resultou um levante que se não pode explicar.


As freiras foram para a igreja de Rosais; o ouvidor e outros clérigos para o Faial, o doutor juiz de fóra e outros para o Pico e o mais povo de quasi toda a villa foi para a Beira e Rosaes. Este levante foi sem maior necessidade, por que no dia em que o fizeram foram ver o fogo que já pouco corria e só por dentro da ribeira.

O alto da serra por onde o dito fogo passou ficou abatido e em grotas formidáveis, os caminhos quebrados de forma que não passavam carros nem gente por parte, as fontes secas.


Poucos dias depois retrocedeu ao primeiro logar em que tinha rebentado, defronte da igreja da Urzelina, com a mesma força que dantes, e perseverou doze dias, em que foram continuas as súplicas a Deus e por não sermos ouvidos do Senhor, por serem as culpas em maior número que as suas misericórdias, continuou o mesmo flagello. sahindo do vulcão (que dizem ter bocca em circunferência de um moio de campo) muitas areias, que arruinavam parte dos campos da referida freguezia de São Matheus e das mais circunvizinhanças. e chegou a cahir na ponta do Pico, em Angra e São Miguel, e para a parte da villa não cahio porque os ventos sempre cursaram pelo nor-noroeste.



N’este tempo todo o povo da Urzelina se ausentou desamparando todos as suas moradas, uns para as Manadas, outros para a Calheta. outros para Rosais e uns para Angra, isto o povo da Urzelina, ficando só o reverendo vigário no adro.

Observou-se que em quanto a maré enchia aquelle vulcão embravecia mais e deitava com mais força pedras mármores grandes, umas das gerais eram muito pretas e pesadas e feriam lume, e outras à maneira de vergas, de lagens e outras redondas, umas muito brancas e partidas reluziam pelo muito salitre que tinham.

Em uma noite estando o vigário da Urzelina em guarda de sua igreja, sendo já 11 horas e meia, pegou a observar umas ribeiras de fogo, que vinham correndo pelo monte abaixo, e tocando a fogo apenas acudiram 6 ou 8 pessoas, que acompanharam o Santíssimo para a ermida do Senhor Jesus, para onde na mesma noite fez trasladar todas as imagens, vasos sagrados e vestes sacerdotais. Entraram logo a observar que os campos circunvizinhos ao dito monte se iam incendiando e levantando-se pedras como montes, que corriam ardentes até à planície das vinhas que faziam pasmar a quem tal castigo via.



Onde viveram os nossos antepassados?


 

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Queijadas da ilha da Graciosa Açores

 


Queijadas da Graciosa é um doce regional da Ilha Graciosa - Açores, confeccionado com produtos locais e com raízes na mais genuína tradição da doçaria da açoriana.


No passado, era uma especialidade dominada por muitas donas de casa da ilha Graciosa e não faltava em qualquer festa ou reunião familiar. Dava-se então o nome de “Covilhete de leite”.


Actualmente, a sua confecção restringe-se à Vila da Praia e daí este doce ser conhecido localmente por “Queijadas da Praia”. Fora da ilha, assumem a designação de Queijadas da Graciosa.



No ano de 2003, o INPI atribuiu a Maria de Jesus dos Santos Bettencourt Félix, o registo da marca Queijadas da Graciosa.


O Centro Regional de Apoio ao Artesanato dos Açores certificou a produção como “Unidade Produtiva Artesanal Reconhecida”, tendo reconhecido as Queijadas da Graciosa como “Produto de origem, Qualidade certificada”.


Em Março de 2015, as Queijadas da Graciosa receberam o Selo da Marca “AÇORES certificado pela natureza”, tendo sido o primeiro produto da Região a receber esta certificação.


As Queijadas da Graciosa são um doce produzido na “Reserva da Biosfera da Graciosa”, ilha que foi integrada na Rede Mundial de Reservas de Biosfera da UNESCO.


Além das Queijadas, a Pastelaria Queijadas da Graciosa reabilitou outro doce típico da ilha Graciosa, os Pastéis de Arroz. Estes doces estavam praticamente desaparecidos da doçaria típica da ilha, constituindo neste momento uma nova aposta na promoção da doçaria de qualidade que a empresa tem vindo a desenvolver. Conjuntamente com estes, as Queijadas de Côco e as  Amélias da Graciosa são outros doces com características qualitativas passíveis de serem comercializados com êxito.


  Paralelamente com a promoção de doces tradicionais, esta Pastelaria está apostada na promoção de outro tipo de doces, vulgarmente designados de "doces secos " Biscoitos. Destes, destacam-se as Capuchas, Lavadores, Freirinhas, Espigas de Milho, Saborosas, Carcavelos, Biscoitos de Manteiga, Sonhos de Limão, Sonhos de Canela, Graciosos de Chocolate e Rosquilhas secas da Graciosa.   



As Queijadas da Graciosa ®, do fabricante Maria de Jesus Santos Bettencourt Félix, são um produto alimentar regional, de fabrico Artesanal e considerado como o doce típico e imagem de marca da Ilha Graciosa - Açores. Com raízes na mais genuína tradição, são confeccionadas com produtos naturais (100% leite açoriano, 100% manteiga açoriana e 100% açúcar açoriano) de acordo com as normas da doçaria tradicional desta ilha açoriana.



terça-feira, 15 de agosto de 2023

A lenda da Ponta Ruiva ilha das Flores Açores

 


Lá pelo século XVI, certo dia um pescador de uma povoação do norte da ilha das Flores andava na costa a apanhar peixe, como era seu costume. Começou a ouvir uma voz muito bonita de mulher a cantar por perto, mas numa língua que não conhecia. Cismou que por ali havia uma sereia. Logo espalhou pelo povoado a novidade e, pela maneira que se falava da sereia, todos ficaram a pensar que ela encantava os homens.

O pescador não pensava noutra coisa e, logo que pode, poucos dias mais tarde, voltou à pesca, sonhando com a ideia de que havia de ver a sereia.


Tinha acabado de lançar o anzol ao mar, quando começou a ouvir o canto que tanto o perturbava. Recolheu logo a linha e pôs-se a escutar com muito cuidado e a seguir o som. Por fim, encontrou a dona de tão melodiosa voz. Não era uma sereia, como ele pensava, mas uma linda mulher de olhos azuis, pele clara e sardenta e cabelos ruivos. Muito assustada, ao começo, nada disse, mas por fim o pescador ficou a saber a sua história. Era irlandesa e tinha escapado de um navio pirata, atirando-se ao mar quando avistou terra próximo.



O pescador ficou ainda mais encantado e, depois de conquistar a confiança da mulher, voltou para casa trazendo consigo a mulher mais bela que alguma vez a gente do lugar tinha visto. Algum tempo mais tarde, o pescador casou com a “sereia” e deles nasceram muitos filhos, todos de olhos azuis e ruivos como a jovem irlandesa.

Assim, aquele lugar da ilha das Flores passou a chamar-se, por causa da cor dos cabelos de muitos dos seus habitantes, Ponta Ruiva, e ainda hoje ali há muitas pessoas de pele clara, sardentas e de cabelos ruivos, como a jovem irlandesa que um dia ali apareceu.



quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Filipe Oliveira Baptista director criativo da Lacoste é Açoriano



Filipe Oliveira Baptista nasceu em 1975  em Angra do Heroísmo ilha Terceira  Arquipélago Açores . Ele  formou se  na Universidade de Kingston , em Londres , onde estudou design de moda e design.  Posteriormente, ele trabalhou para Max Mara , Christophe Lemaire e Cerruti . Em 2003, ele fundou sua própria gravadora e agora vive e trabalha em Paris com sua esposa e dois filhos.  



 Em 2005, ele foi convidado a mostrar no calendário oficial de Couture, pela primeira vez. As   suas colecções foram vendidas em lojas como a Colette e Galeries Lafayette em Paris e Podium em Moscovo. Ele é  membro da Chambre Syndicale de la Haute Couture . Em 2010  foi nomeado gerente criativo da Lacoste .   Em 2014, Filipe Oliveira Baptista parou a sua linha ready-to-wear para a sua marca.


Sabrina a décima ilha do Arquipélago dos Açores

 


A ilha Sabrina foi uma pequena ilha formada em Junho e Julho de 1811 por uma erupção vulcânica submarina que ocorreu ao largo da Ponta da Ferraria, na ilha de São Miguel, Açores. A ilha foi primeiro abordada pelo capitão James Tillard, comandante do navio de guerra britânico HMS Sabrina, que lá hasteou a bandeira britânica e a reclamou como território de Sua Majestade Britânica. A ilha desapareceu no decurso daquele ano.

Durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 1811 verificou-se uma prolongada crise sísmica que afectou as povoações citas no extremo sudoeste da ilha de São Miguel, com destaque para a freguesia dos Ginetes. Nesses meses verificou-se que haveria emissão de gases no mar, frente à Ponta da Ferraria, mas em final de Fevereiro, a actividade tinha cessado.

Em Maio e Junho daquele mesmo ano, a actividade sísmica recrudesceu na zona, fazendo ruir rochedos e arruinando muitas casas. A 10 de Junho de 1811, num local cito cerca de 3 milhas náuticas da zona onde se verificara a erupção de Janeiro e a cerca de 2 km da costa, desencadeou-se uma poderosa erupção submarina que em poucos dias criou uma nova ilha ao largo da Ponta da Ferraria, matando muito peixe.


A erupção, ou antes as erupções, de 1811 foram apenas mais um dos múltiplos eventos eruptivos que têm marcado as faldas do maciço do vulcão das Sete Cidades. Apenas nos cerca de 600 anos decorridos desde o povoamento da ilha de São Miguel verificaram-se erupções submarinas a sudoeste e oeste daquele maciço pelo menos nos anos de 1638, 1682, 1811 e 1981.

A ilhota era de forma circular e tinha cerca de 2 km de perímetro e por volta dos 90 m de altitude máxima, configurando-se, muito à semelhança do ilhéu de Vila Franca, como um anel rebaixado para noroeste, em direcção à vizinha costa da ilha de São Miguel. No interior do anel existia uma laguna de água em ebulição, da qual nascia uma torrente que corria para o mar.


Entretanto, a 12 de Junho, a erupção fora avistada pelo HMS Sabrina, uma chalupa britânica construída em 1806, armada com 20 peças, que se encontrava em cruzeiro na zona dos Açores com a missão de vigiar eventuais movimentações de forças francesas em torno daquele arquipélago. O comandante do navio, o capitão James Tillard, julgando tratar-se de fumo proveniente de um combate naval, dirigiu-se para o local, encontrando um cenário bem diferente de uma batalha naval. A erupção foi por ele descrita, num artigo publicado no volume das Philosophical Transactions of the Royal Society de 1812, como produzindo uma imensa coluna de fumo subindo do oceano que, quando não se verificavam explosões, tinha o aspecto de uma imensa nuvem circular, que se elevava em revolutas irregulares a partir do mar. Essa nuvem subia muito acima do ponto de máxima altura de projecção das cinzas vulcânicas, expandindo-se gradualmente na direcção para onde soprava o vento, de forma quase horizontal, gerando relâmpagos e trombas de água.

Na manhã do dia 13 de Junho a HMS Sabrina arribou a Ponta Delgada, tendo o capitão James Tillard desembarcado para visitar o cônsul inglês William Harding Read, sendo então informado dos sismos sentidos na ilha, especialmente na região sudoeste das Sete Cidades, da erupção do ano anterior e das fendas abertas na zona dos Mosteiros, fenómenos que tinham causado pânico na ilha e eram então objecto longas rezas e promessas.

Não existindo condições de vento que permitissem velejar com segurança até à zona da erupção, no dia 14 de Junho o capitão James Tillard desembarcou novamente, arranjou cavalos e partiu para os Ginetes, onde observou o fenómeno a partir da costa fronteira ao centro eruptivo. Diz-se que enquanto almoçava junto à costa dos Ginetes, aconteceu um abalo tão violento que derrubou uma parte importante da falésia que lhe estava próxima.



Tendo o vento melhorado, a 15 de Junho a HMS Sabrina levantou ferro e foi, ainda de noite, observar o vulcão, não se podendo contudo aproximar por falta de vento.

A 18 de Junho a HMS Sabrina fez nova tentativa de se aproximar da ilha e, numa zona onde as cartas antes assinalavam 40 braças de profundidade, avistaram o topo da cratera à superfície da água. Na altura puderam testemunhar a emissão de grandes blocos de pedra e de muitas cinzas e vapor. Estimaram que em três horas a altura da ilhota que então se formava, e que o capitão James Tillard baptizou com o nome de ilha Sabrina, se tivesse elevado cerca de 10 m acima do nível do mar. No dia seguinte, a ilha Sabrina já tinha cerca de 20 m de altura e cerca de um quilómetro de diâmetro. Apesar do navio se encontrar a mais de 5 km de distância, os aguaceiros que eram gerados pela nuvem formada pela erupção recobriram o navio com uma espessa camada de fina areia negra.

Não existindo condições de vento que permitissem uma melhor aproximação à ilha, a HMS Sabrina foi fundear no porto de Ponta Delgada, aguardando o desenrolar dos acontecimentos, mas ao que parece planeando, em conjunto com o cônsul, uma expedição que permitisse reclamar soberania britânica sobre a nova ilha.


Finalmente, quando a 4 de Julho a erupção parou subitamente e cessou o tremor contínuo e pouco acelerado que havia nos Ginetes desde inícios de Junho. Com tempo favorável, a HMS Sabrina pôde finalmente aproximar-se da ilha, tendo o capitão James Tillard e o cônsul William Read desembarcado, hasteado a bandeira britânica e tomado posse formal da ilha em nome de Sua Majestade Britânica.

O conflito diplomático desencadeado em torno da soberania sobre ilha foi de curta duração pois o governo português, então refugiado no Rio de Janeiro e totalmente dependente dos britânicos na sua luta contra os franceses, não estava em condições de apresentar grandes reclamações.

Felizmente para a parte portuguesa, o assunto acabou por se extinguir naturalmente, pois as ilhas e os ilhéus resultantes da actividade vulcânica submarina têm frequentemente uma existência efémera, uma vez que são destruídas pela acção erosiva do mar, especialmente quando são formadas por níveis incoerentes, não compactados, de tefra.

Tal foi o caso da ilha Sabrina: formada por escórias basálticas, a ilha apesar de ter atingido cerca de 100 metros de altura, foi rapidamente destruída pela erosão marinha, de modo que, em Outubro de 1811, só restava um baixio na zona onde antes estivera o cone. Não havendo território, não podia existir disputa territorial, e assim ficou encerrado o incidente.


A ilha foi desenhada a 19 de Junho de 1811 pelo tenente John William Miles, da guarnição do HMS Sabrina, cuja obra está disponível no National Maritime Museum, em Greenwich, arredores de Londres. O evento também despertou grande interesse na comunidade científica, tendo sido objecto de várias comunicações e comentários. Charles Darwin escreveu uma carta sobre o assunto.

Uma história muito semelhante ocorreria em 1831, quando nas águas do Mediterrâneo, a sul da Sicília, uma erupção levou à formação da ilha Ferdinandea, ela também centro de um conflito diplomático que terminou com o desaparecimento da ilha alguns meses depois.

A zona onde ocorreu a erupção tem hoje fundos a cerca de 75 m de profundidade, formando uma elevação que se destaca num talude submarino inclinado para sudoeste, que na zona circundante tem cerca de 350 m de profundidade. A zona continua a libertar um grande volume de gases, visíveis a subir pela coluna de água.



terça-feira, 8 de agosto de 2023

Craig Mello é de ascendência Açoriana

 


Craig Cameron Mello nasceu a 19 de Outubro de 1960, em New Haven, Connecticut, nos Estados Unidos da América. É de ascendência açoriana e filho de James Mello (paleontólogo), e de Sally Mello (artista).

Professor de Medicina Molecular na Universidade de Massachussets e investigador do Instituto de Medicina Howard Hughes, em Maryland, é graduado em Bioquímica pela Universidade de Brown e doutorado em Biologia Celular e do Desenvolvimento pela Universidade de Harvard.


Em 2006, conjuntamente com Andrew Fire, recebeu o Prémio Nobel da Medicina pela descoberta do mecanismo fundamental para o controlo dos fluxos de informação genética, que pode ajudar a explicar algumas doenças, entre as quais alguns tipos de cancro. Além deste, recebeu vários prémios científicos, destacando-se: 2003 - Prémio em Biologia Molecular da Academia Americana de Ciências e o Prémio Wiley em Ciências Biomédicas da Universidade Rockefeller; 2005 - Prémio Brandeis University's Lewis S. Rosenstiel, o Prémio Gairdner Foundation International e o Prémio Massry; 2006 - Prémio Paul Ehrlich e Ludwig Darmstaedter.


A Universidade dos Açores decidiu, a 26 de Janeiro de 2012, atribuir-lhe o grau de doutor ‘honoris causa’ por esta descoberta, tendo sido apadrinhado na cerimónia realizada em Ponta Delgada, por Maria Leonor Medeiros, professora catedrática de Bioquímica do Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento.

Na primeira vez que visitou os Açores, em Julho de 2009, Craig Mello deixou no Arquipélago o diploma e a medalha do Prémio Nobel, numa iniciativa destinada a “inspirar os jovens açorianos a estudar ciência.”

Na altura, admitiu que o seu conhecimento sobre o Arquipélago resultava apenas das “histórias” contadas pelo avô (Frank Melo) e pelo pai, referindo que o bisavô “depois de ter saído dos Açores, nunca mais regressou.”

Os bisavôs Eugénio Castanho de Melo e Maria da Glória Barracôa, nasceram na freguesia da Maia, em S. Miguel, e emigraram para os EUA no início do século XX.

É um dos conselheiros do projecto "Rede Prestige Azores".



segunda-feira, 7 de agosto de 2023

José Silva, ou Joe Silvey, inspirou livros e um documentário televisivo. Terá hoje 500 a mil descendentes vivos.

 


José Silva terá deixado a ilha do Pico em 1846, ainda a entrar na adolescência, embarcando num barco baleeiro americano. Mas a corrida ao ouro que na altura atraia muitos aventureiros à Califórnia acabou por fazer que nunca mais voltasse aos Açores ou a essa Calheta de Nesquim onde nasceu. A busca do metal amarelo acabaria por levá-lo bem mais para norte, com os registos a darem conta da chegada de um Joe Silvey (um inglesamento de José Silva) e de quatro outros portugueses à Colúmbia Britânica cerca de 1860.


Depois de alguns confrontos com tribos índias, Joe e os colegas acabam recebidos de forma amigável pelo grande chefe Kiapilano. Será este a abençoar o casamento do português com a sua neta Khaltinaht - uma "rapariga bonita com olhos escuros e cabelo até à cintura", como o próprio Joe a descreveria anos mais tarde. A filha, Elizabeth, foi a primeira criança de sangue europeu nascida em Vancouver. E Joe acabou por se tornar, em 1867, o primeiro europeu a receber a nacionalidade canadiana. Instalado em Gastown, o português abriu um saloon chamado The Hole in the Wall (O Buraco na Parede), onde tinha como principais clientes os trabalhadores das primeiras fábricas da cidades que ainda estava a nascer.


Após o nascimento do segundo filho, Khaltinat morre de gripe. Devastado, Joe vendeu o saloon e instalou-se em Stanley Park, onde hoje se pode ver a estátua em sua homenagem esculpida pelo trineto Luke Marston. Aí dedicou-se à pesca, tendo sido o primeiro a conseguir uma licença oficial para pescar com a técnica da rede de cerco.


Terá sido numa das suas muitas viagens que Joe conheceu Kwatleematt, uma índia salish também conhecida como Lucy. Casaram-se e tiveram dez filhos até à morte do português, em 1902. Nos últimos anos de vida, o açoriano mudou-se de novo, desta vez para Reid Island, onde comprou um vasto terreno. A pesca continuou a ser o seu sustento, tornando-se bastante bem-sucedido e não hesitando em partilhar o peixe com os mais pobres e tendo ajudado a construir uma escola para os seus filhos e para os do resto da comunidade.


O trineto índio do Portuguese Joe que foi do Pico para o Canadá


Hoje, estima-se que haja entre 500 e mil (as fontes divergem) descendentes vivos do Portuguese Joe. A vida deste pioneiro da ilha do Pico inspirou à historiadora Jean Barman o livro The Remarkable Adventures of Portuguese Joe Silvey (As Notáveis Aventuras do Português Joe Silvey) mas também pode ser vista no documentário televisivo Portuguese Joe - o Pioneiro Esquecido, que em 2015 foi exibido no Museu do Pico.