O Convento de São Francisco de Vila do Porto, originalmente designado como Convento de Nossa Senhora da Vitória, localiza-se no largo de Nossa Senhora da Conceição, na freguesia da Vila do Porto, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.
Não se encontram referências à ação ou à presença da Ordem dos Frades Menores na ilha de Santa Maria na crónica de Gaspar Frutuoso, de fins do século XVI. A esse respeito, frei Agostinho de Monte Alverne, no final do século XVII, em capítulo dedicado a este convento, refere:
"O muito reverendo padre mestre Fr. Manuel da Esperança, (...) em a sua segunda parte da História Seráfica, (...) faz três fundações do convento desta ilha. Da primeira só ele nos dá notícia: foi que, tanto que estas ilhas foram descobertas, acudiram logo os nossos frades a elas, a fazer povoação do Céu; foram alguns daqueles que, sendo na penitência admiráveis ao mundo, andaram fugindo dele pelas ilhas desertas, (...). Destes e de outros que de Portugal vieram, se ajuntaram nesta ilha e fizeram um limitado oratório, formando comunidade de prelado, com seus súbditos; como não tivessem licença da Santa Sé Apostólica, conhecendo esta falta, recorreram ao Papa Nicolau quinto, que lha concedeu a 28 de abril de 1450, (...) mas, em breve, esta planta se secou, por ser pequena, fraca nos edifícios e os moradores da ilha, além de poucos, pobres, sem posses para os sustentar; e assim foi perecendo às mãos da sua grande miséria. (...)
Em que lugar fundassem este limitado convento não sabemos; só do que temos notícia, conforme o diz o padre Frutuoso, que tem esta ilha um ilhéu, da banda do Norte, em Santa Ana, que chamam os ilhéus do Frade, onde se diz que saíram e estiveram algum tempo, junto a Nossa Senhora dos Anjos. Também achei outra tradição: que no adro do convento que existe hoje havia antigamente uma ermida de Nossa Senhora de Nazaré, que dizem fora o convento antigo, onde os frades moravam, e a ermida era de palha, e o mesmo seria o tugúrio onde os frades se recolhiam; (...).
Este estabelecimento inicial era portanto de reduzidas dimensões e condição precária, tendo os religiosos, por falta de recursos, decidido em 1456 passar à ilha Terceira. Com relação ao seu retorno, o mesmo autor informa:
Crescendo os moradores da ilha cresceu a devoção com eles de terem nela novo convento, (...).
Chegaram os dois fundadores (Pe. Frei Manuel do Corpo Santo e Fr. António da Piedade) a esta ilha em 17 de setembro de 1607, (...)."
Parte do terreno onde o segundo convento foi erguido havia sido doado em fins do século XVI por António Coelho, fidalgo natural de Guimarães, escudeiro da Casa de D. Duarte, e sua esposa, Catarina Vaz Velho, que desposou em Vila do Porto.
O convento teve a sua fundação aprovada em 1607, tendo as suas obras se iniciado a 27 de outubro do mesmo ano. MONTE ALVERNE (1986) refere ainda:
"É este convento dedicado à Virgem Santíssima da Vitória Nossa Senhora, cuja imagem veio do nosso convento da cidade de Ponta Delgada. (...)."
A primeira missa na igreja anexa foi celebrada a 26 de março de 1609.
O convento e a igreja foram saqueados por piratas da Barbária em 1616 e, novamente, em 1675. Com relação ao primeiro, MONTE ALVERNE (1986) conclui:
"(...) E ainda que o padre [Frei Manuel da] Esperança faça menção de três conventos nesta ilha, (...) contudo achamos que a primeira planta secou e a segunda é esta [de 1607], de que tratamos até agora, e a terceira vem a ser este segundo, porque foi reedificado quando os mouros saquearam esta ilha no ano de 1616 e o deixaram destruído."
Um escrito do padre Manuel Delgado Fragoso, dá conta de que o convento e a igreja foram edificados em 1725 por iniciativa de Frei Agostinho de São Francisco com esmolas suas e da população da ilha, conservando-se o sacrário, enquanto decorreram as obras, na capela do 2º capitão do donatário, João Soares de Albergaria (c. 1415 — 1499), onde então se celebraram os ofícios divinos. Por essa razão atribuía-se a Albergaria a fundação do convento, para o qual teria dado o terreno, dotando-o. Esse dote, entretanto, cessara em tempos remotos, não havendo mais memória da causa. Datam desta etapa construtiva os atuais claustro e jardim interior, assim como os painéis de azulejos na igreja.
Aqui eram ministradas, desde 1689, aulas de retórica e latim, abertas a todos os interessados independente de sua condição social[9], afamadas em todo o arquipélago. O currículo era então constituído por:
Primeira classe de latim;
Segunda classe de latim;
Retórica (então chamada de "Aula prima"); e Teologia moral.
Em 1791, por provisão de Maria I de Portugal, "(...) se fez mercê ao guardião e mais religiosos do Convento de S. Francisco para que nele se estabelecesse uma cadeira de gramática latina paga pela Dona Senhora." Por Alvará de 23 de março de 1792 estabeleceu-se o ordenado do religioso que regeria a referida cadeira, e que o mesmo constaria da folha dos professores e mestre da comarca da ilha de Santa Maria.
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