sábado, 31 de dezembro de 2022
Sismo de 1980 na ilha Terceira Açores
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
Rodrigo Guerra
Rodrigo Alves Guerra Júnior nasceu na Areia Larga, Madalena a 29 de Julho de 1861 e faleceu em Lisboa a 28 de Maio de 1924. Mais conhecido por Rodrigo Guerra, foi um jornalista e escritor açoriano, que se notabilizou como contista.
Rodrigo Alves Guerra Júnior nasceu no lugar da Areia Larga, arredores da vila da Madalena do Pico, localidade onde os seus pais, residentes na Horta, se encontravam a veranear. Foi filho do comerciante e político Rodrigo Alves Guerra, o 2.º barão de Santana, e de sua mulher Teresa Ribeiro Guerra, ao tempo uma das famílias mais importantes da ilha do Faial. Foi cunhado de Florêncio Terra, outro dos principais intelectuais açorianos da época.
Rodrigo Guerra frequentou o Liceu da Horta, mas não prosseguiu estudos superiores, empregando-se no comércio da família e a partir de 1889 como escriturário da Fazenda da Horta. A partir de 1900 transferiu-se para o quadro das Alfândegas, atingindo o cargo de sub-inspector da Alfândega da Horta. Em 1902 foi transferido para a Alfândega do Porto e depois para a de Lisboa, como inspector, aí trabalhando até falecer.
A sua vasta cultura foi adquirida essencialmente como autodidacta, através da leitura de obras de autores clássicos e modernos, portugueses, franceses e ingleses. Outro factor importante na sua formação foi o convívio com a plêiade de intelectuais que então viviam no Faial, parte da geração renovadora da tradição literária açoriana que se desenvolveu nos anos finais do século XIX. Entre os notáveis faialenses contemporâneos de Rodrigo Guerra contam-se Ernesto Rebelo, Florêncio Terra (casado com a sua irmã Teresa Amélia Guerra), Garcia Monteiro e Manuel Zerbone. Entre os jovens da época contam-se alguns dos mais afamados escritores faialenses e picoenses, com destaque para António Baptista, Marcelino Lima e Nunes da Rosa.
Rodrigo Guerra iniciou muito jovem a sua actividade literária como publicista, escrevendo para os jornais O Faialense, Grémio Literário e O Açoriano, periódico de que a partir de 1884 foi redactor, em parceria com Florêncio Terra e Henrique das Neves. Para além destes periódicos faialenses, colaborou em várias publicações de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Lisboa, com destaque para o Jornal de Domingo, a Revista Ilustrada, a Revista Literária, Científica e Artística e a Ilustração Portuguesa.
A sua produção literária centrou-se nos contos, género literário em que se notabilizou. Para além disso escreveu crónicas e algumas peças de teatro, entre as quais O Ideal da Prima, representada a 14 de Julho de 1888, no Teatro União Faialense, pela companhia do actor Afonso Taveira, então em digressão nos Açores.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Igreja de São Mateus na Praia da ilha da Graciosa Açores
Este templo, sob a invocação de São Mateus, remonta ao século XV.
Em 1546, com a elevação do lugar à condição de freguesia, a Igreja de São Mateus foi elevada a paroquial e matriz.
Terá sido saqueada em fevereiro de 1691, quando do assalto à povoação por cerca de 50 corsários ingleses. Munidos com armas de fogo e facas de ponta, assassinam o meirinho da alfândega, aprisionam diversas autoridades e roubam as igrejas e as habitações, causando a fuga dos habitantes.
Ainda em 1750 o vigário de Santa Cruz, licenciado António Silveira Machado, ouvidor eclesiástico e visitador da Graciosa, testemunha os danos causados na matriz da Praia pelo saque dos ingleses, procurando atenuá-los com o auxílio da Coroa e os sobejos das confrarias.
No interior do templo podem apreciar-se belos altares em talha dourada, e exemplares de Arte flamenga de São Mateus e São Pedro que remontam ao século XVI.
Destaca-se ainda a presença de um valioso órgão de tubos de armário, que data de 1793. Este órgão, que se encontra colocado no Coro Alto, teve como mestre construtor António Xavier Machado e Cerveira.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
Solar Cunha da Silveira na ilha de São Jorges Açores
O Solar Cunha da Silveira é um palacete português localizado no concelho de Velas, ilha de São Jorge, arquipélago dos Açores. Trata-se de um solar urbano de grande dimensão que é pertença de uma das mais abastadas e influentes famílias da ilha de São Jorge do Século XIX.
Apresenta-se dotado de uma arquitectura com feição erudita, com longas faixas verticais feitas em pedra de cantaria de apreciáveis dimensões. Os vãos foram desenhados em verga curva. Este solar apresenta na entrada principal, no que corresponde ao eixo da simetria, uma verga igualmente curva, embora saliente em relação à construção restante.
Ao comprido das duas fachadas voltadas para a rua Cunha da Silveira e para a rua Guilherme da Silveira estende-se uma longa varanda corrida, sem interrupção, onde se abrem treze portadas de comunicação entre o interior da moradia e o mundo exterior.
Este solar foi durante séculos uma das salas de visita da ilha de São Jorge. Neste palacete esteve o rei D. Pedro IV de Portugal, aquando da sua visita à ilha de São Jorge. O Bispo de Angra e o General António Óscar de Fragoso Carmona, foram igualmente dois ilustres visitantes que neste solar deixaram a sua presença.
Depois de uma época gloriosa esteve encerrado durante vários anos até que foi comprado pela Câmara Municipal de Velas, que ali instalou parte dos seus serviços públicos. Dada a dimensão deste edifício está projectada a instalação de dois museus: O Museu do queijo de São Jorge e o Museu de Arte Sacra de Velas.
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
Joss van Hurtere na ilha do Faial Açores
Joost de Hurtere nasceu em Torhout, 1430 e faleceu na cidade da Horta ilha do Faial Açores , a 1495, também grafado Joss van Hurtere ou Joss van Hürter, na sua forma aportuguesada Joss de Utra, foi o primeiro povoador da ilha do Faial e o seu primeiro capitão-do-donatário (a partir de 1482, a ilha do Pico foi também incorporada na sua capitania).
Era filho de Leon de Hurtere, Senhor de Hagebroek, de uma família com funções administrativas e terras nas imediações de Wijnendale, no território de Torhout, na Flandres Ocidental.
Em 1465, Joost de Hurtere desembarca na ilha do Faial com mais 15 compatriotas, onde permanecem por um ano, com o intuito de descobrirem prata e estanho. A designação henriquina da ilha era "Ilha de São Luís". Em 1467, regressa com uma expedição organizada com o fim de iniciar o povoamento. Junto com ele, desembarcam Balduíno e Jossina, seus irmãos, e um primo de nome António. Foram estes os antepassados da genealogia da família Utras (ou Dutras).
Em 21 de Fevereiro de 1468, o Infante D. Fernando concede-lhe a Capitania do Faial. Em 29 de Dezembro de 1482, a Infanta D. Beatriz incorpora a ilha do Pico na sua capitania. A 15 de Outubro de 1484 é emitido um alvará que concede a Joost de Hurtere o foro de cavaleiro da Casa do Duque de Viseu.
Foi casado com D. Beatriz de Macedo, filha de Jerónimo Fernandes, criada da Infanta D. Beatriz, esposa do duque de Viseu. Teve 2 filhos: José de Utra, cujo nome aparece escrito como Joss de Utra, que foi o 2.º Capitão-do-donatário e casou com D. Isabel Corte Real, e Joana de Macedo, que casou em primeiras núpcias com Martin Behaim. Morreu em 1495, na Horta. Hurtere e sua mulher (falecida em 1531), foram sepultados na Ermida de Santa Cruz, local onde hoje existe a Igreja de N. Sra. das Angústias.
Tal como sobre a grafia correcta do seu nome, existem consideráveis incertezas sobre a biografia deste pioneiro da colonização açoriana, em parte resultantes da falta de registos históricos credíveis, mas também consequência das barreiras linguísticas que dificultaram o acesso a fontes originais na Flandres e à pressão nacionalista que submergiu a historiografia açoriana durante boa parte do último século e conduziu à menorização todas as fontes ou possíveis influências que pusessem em causa o portuguesismo açoriano e a indiscutível prioridade portuguesa na descoberta e colonização das ilhas.
Os factos conhecidos sobre Joost van Hurtere são escassos e em boa parte contraditórios, mesmo quando se recorre aos registos que lhe são mais próximos.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
Francisco de Mascarenhas 1.º conde de Santa Cruz ilha das Flores Açores
D. Francisco de Mascarenhas nasceu em 1530 em Lisboa a 4 de setembro de 1608), 1.º conde de Vila da Horta e depois 1.º conde de Santa Cruz (das Flores), foi um aristocrata que, entre outros cargos, foi o 13.º vice-rei da Índia, capitão do donatário nas ilhas do Faial e Pico, e depois de Flores e Corvo, e membro da Junta Governativa de Portugal durante a União Ibérica.
Foi o quarto filho de D. João Mascarenhas, 2.º senhor de Lavre e Estepa, alcaide-mor de Montemor-o-Novo e comendador de Mértola, na Ordem de Cristo, e de D. Margarida Coutinho, terceira filha de D. Vasco Coutinho, 1.º conde de Redondo. O pai foi também capitão de ginetes dos reis D. Manuel e D. João III e do conselho dos mesmos reis.
Ligado à melhor aristocracia, foi um cortesão que desde cedo exerceu importantes cargos, como o de capitão dos ginetes e o de capitão dos cavaleiros, escudeiros e criados da Casa Real de D. João III e depois de D. Sebastião. Foi igualmente membro do Conselho Real de ambos os monarcas.
Regressado ao Reino, em paga dos seus serviços na Índia, foi nomeado pelo rei D. Sebastião, por carta de 10 de março de 1573, capitão-do-donatário das capitanias das ilhas do Faial e do Pico com carácter hereditário, apesar da posse das capitanias estar então em litígio com os herdeiros do último capitão Manuel de Utra Corte Real.
Em 1578 acompanhou D. Sebastião na jornada de Alcácer Quibir, estando presente na fatídica reunião anterior à batalha, ao lado do duque de Aveiro e do conde de Vimioso. Aprisionado pelos muçulmanos, logrou alcançar a liberdade, regressando de novo ao Reino.
Após o seu regresso foi um dos membros da alta aristocracia que defendeu acerrimamente, durante o curto reinado do cardeal-rei D. Henrique, os direitos de D. Filipe II de Espanha à coroa portuguesa. Após a tomada do poder pelos partidários de Filipe II, como prémio da sua fidelidade foi por aquele monarca nomeado vice-rei do Estado da Índia, por carta de 22 de fevereiro de 1581, e encarregado pelo rei de o fazer jurar no Estado da Índia. Entre as muitas mercês e tenças que na altura recebeu para si e para a sua família, foi então agraciado pelo rei com o título de conde da Vila da Horta para usar quando chegasse à Índia. O título justificava-se por ser desde 1573 capitão do donatário nas ilhas açorianas do Faial e Pico, onde aquela vila se localizava.
Em 1593 foi nomeado por D. Filipe I para integrar a Junta Governativa de Portugal, de 5 membros, que assegurou as funções do cargo de Vice-Rei de Portugal em substituição do cardeal arquiduque Alberto de Áustria.
Nesse mesmo ano, por carta de 17 de setembro de 1593, recebeu por mercê de compensação dos seus serviços e indemnização da perda das capitanias do Faial e Pico, o senhorio da ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, e das ilhas de Flores e Corvo, nos Açores, senhorio esse que vagara pela morte de Gonçalo de Sousa da Fonseca. Recebeu ainda o título de conde de Santa Cruz (vila da ilha das Flores) em substituição do de conde da Vila da Horta.
domingo, 25 de dezembro de 2022
A genealogia de Jesus Cristo
sábado, 24 de dezembro de 2022
Missa do Galo celebra se desde o século V
Missa do Galo é a missa celebrada na Véspera de Natal que começa à meia noite do dia 24 para o dia 25 de Dezembro. A expressão “Missa do Galo” é específica dos países latinos e deriva da lenda ancestral segundo a qual à meia-noite do dia 24 de dezembro um galo teria cantado fortemente, como nunca ouvido de outro animal semelhante, anunciando a vinda do Messias, filho de Deus vivo, Jesus Cristo.
Uma outra lenda, de origem espanhola, conta que antes de baterem as 12 badaladas da meia noite de 24 de Dezembro, cada lavrador da província de Toledo, em Espanha, matava um galo, em memória daquele que cantou quando São Pedro negou Jesus três vezes, por ocasião da sua morte. A ave era depois levada para a Igreja a fim de ser oferecida aos pobres que viam, assim, o seu Natal melhorado. Era costume, em algumas aldeias espanholas, levar o galo para a Igreja para este cantar durante a missa, significando isto um prenúncio de boas colheitas. Mas isso era antigamente pois agora isso é proibido.
O Natal significa o nascimento de Cristo, que se revive numa celebração próxima da meia noite, pela convicção de que o nascimento teria ocorrido por essa hora. Por tradição se associa a época natalícia à família, pois o nascimento de uma criança é sempre motivo de reunião e celebração.
Para celebrar o nascimento de Jesus, a missa do galo foi instituída no século V, após o Concílio de Éfeso (431 D.C.), começando a ser celebrada oficialmente na basílica erigida no monte Esquilino pelo o papa Sisto III, dedicada a Nossa Senhora - posteriormente denominada Basílica de Santa Maria Maior. É celebrada à meia noite do dia 24 de dezembro para o dia 25, tendo recebido tal nome por se acreditar que por volta deste horário, há 2018 anos atrás, um galo cantou fortemente anunciando a vinda do Messias. O galo foi escolhido como símbolo desta celebração porque, historicamente e tradicionalmente, representa vigilância, fidelidade e testemunho cristão.
Segundo o Monsenhor José Roberto Rodrigues Devellard, Coordenador da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o nome "Missa do Galo" teve origem no fato de Jesus ser considerado o sol nascente que veio nos visitar, clareando a escuridão. Por isso, nas igrejas mais antigas, podemos ver um galo em seus campanários, para representar a luz Divina.
Nos primeiros séculos, as vigílias festivas eram dias de jejum. Os fiéis reuniam-se na Igreja e passavam a noite a rezar e a cantar. A Igreja era toda iluminada com lâmpadas de azeite e com tochas. A iluminar a Palavra de Deus havia círios e tochas junto do altar, enquanto que as paredes eram revestidas de panos e tapetes. O templo era perfumado com alecrim, rosmaninho e murta. Em alguns locais mais frios, era costume deitar palha no chão para aquecer o ambiente.
O jejum da vigília conduzia ao desprendimento e contemplação do mistério religioso. Quando se aboliu o jejum, o povo continuou a chamar consoada à ceia de Natal, embora fosse mais abundante. Como era costume comer peixe, esta tradição continuou. O termo “consoada”, que significa pequena refeição, surgiu no Séc. XVII, mas só se divulgou quando a classe mais rica começou a realizar uma pequena refeição após a missa da vigília do Natal.
Na tradição católica cristã, todas as velas do advento se encontram acesas na Missa do Galo. Faz-se então celebração em missa solene e comunhão pelo nascimento do Messias, Jesus Cristo, onde além de vários outros cânticos, canta-se o tradicional cântico de Glória. Dada a sua importância e a tradição, pois anuncia o nascimento do Deus vivo, eis que o verbo se fez carne (Jo 1,14), o próprio Papa, bispo de Roma, deve conduzir a celebração pessoalmente, pois ele é sucessor de Pedro, o apóstolo que Jesus mesmo designou como primeiro dirigente da Igreja (Mt 16,18).
O Natal é a única celebração do calendário litúrgico que contempla três eucaristias: a da noite, a da aurora e a do dia. Destas três celebrações, a da noite (do galo) é a que reúne os aspectos históricos e humanos do nascimento de Cristo. Segundo São Gregório Magno a missa da noite comemora o nascimento temporal de Jesus; a da aurora ou do galo, celebra o nascimento de Jesus no coração dos fiéis; a missa do dia ou da festa, evoca o nascimento do Verbo no seio do Pai. Celebrada à meia-noite, a missa do galo, «in galli cantu», passou a ser a primeira da sequência litúrgica. Seguia-se-lhe a da «aurora» ou missa de alva (introduzida no século VI) e a missa própria do dia, que no século IV fora a primitiva celebração da festa religiosa do Natal.
A vigília de Natal começava com uma oração, com a leitura de Palavra de Deus, pregação e com um canto. Após a missa seguia-se a representação de um auto de Natal, dentro da Igreja. Antes do sol nascer, rezava-se a missa do galo ou da aurora. A meio da manhã do dia 25, celebrava-se a missa da festa. Ao entrar na Igreja, a grande curiosidade era o presépio. A missa de Natal começava com um cântico natalício. No momento do “Gloria in excelsis Deo”, as campainhas tocavam para assinalar o nascimento do Redentor. No fim da missa, todos iam beijar o menino. Em algumas Igrejas, o presépio estava tapado até à altura do cântico.
Hoje, tradicionalmente, depois da missa, as famílias voltam para suas casas, colocam a imagem do Menino Jesus no Presépio, realizam cânticos e orações em memória do Messias, filho de Deus, e confraternizam-se e compartilham a Ceia de Natal, com eventual distribuição de presentes.
O nome Missa do Galo só se usa em português e espanhol. Na maior parte do mundo cristão chama-se simplesmente missa da noite de Natal ou missa da meia noite. Nos países de língua portuguesa e espanhola é que há a tradição de se chamar Missa do Galo.
Não há uma apenas uma explicação para este nome existindo várias lendas.
Uma aponta para um Papa. Terá sido Sisto III, que em 400, instituiu uma missa para celebrar o nascimento de Cristo ‘ad galli cantus’, isto é ‘à hora que o galo canta’, tendo com isto querido dizer ao início do novo dia: a meia-noite.
Há quem avance a explicação para o insólito nome escolhido com os primórdios do cristianismo, quando os cristãos iam em peregrinação a Belém onde se encontravam para rezar à hora do primeiro canto do galo.
E também diga que há muitos muitos anos se deu o acontecimento extraordinário de um galo cantar à meia noite da véspera para o dia de Natal, assinalando a chegada de Cristo.
Finalmente, há ainda a lenda de um galo ter assistido ao nascimento do Menino Jesus – além do burro e da vaca – tendo ficado o animal com a tarefa de para sempre festejar e anunciar a data ao mundo.
Num artigo de 2010, a Agência Ecclesia, da Igreja Católica, dá mais uma razão. Esta é de origem espanhola, e “conta que antes de baterem as 12 badaladas da meia noite de 24 de dezembro, cada lavrador da província de Toledo, em Espanha, matava um galo, em memória daquele que cantou três vezes quando Pedro negou Jesus, por ocasião da sua morte”. A seguir, a “ave era depois levada para a Igreja a fim de ser oferecida aos pobres, que viam assim, o seu Natal melhorado”.
A Agência acrescenta que havia ainda o “costume, em algumas aldeias espanholas e portuguesas, de levar o galo para a Igreja para este cantar durante a missa, significando isto um prenúncio de boas colheitas”.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2022
Ceia de Natal
A Ceia de Natal envolve muitas tradições populares. O peru é o prato mais tradicional, tendo sido usado desde o século XVI na Europa. Recentemente, no Brasil, o pernil de porco e o frango passaram a estar muito próximos do peru na ceia de Natal.
As tradições dos pratos variam em cada país. Em Portugal, come-se peru e bacalhau com batatas e couves, e na Galiza bacalhau com couve-flor. Na Rússia evita-se a carne, enquanto na Jamaica há um grande uso de ervilhas. Na Alemanha come-se carne de porco. Pratos tradicionais de tempero forte também são muito comuns. Na Austrália, onde as festividades natalinas acontecem durante o verão, as pessoas costumam fazer a ceia de natal em praias. No Brasil, incorporaram-se várias receitas que chegaram ao país com a colonização portuguesa, como a rabanada e o bolinho de bacalhau. Recentemente em vários lugares do mundo é típico comer mariscos na ceia de Natal.
Em Portugal, a ceia de natal recebe o nome de consoada sendo celebrada na noite do dia 24 de Dezembro, a véspera de Natal. Esta tradição leva as famílias a reunirem-se à volta da mesa de jantar, comendo uma refeição reforçada. Por ser uma festa de família, muitas pessoas percorrem longas distâncias para se juntarem aos seus familiares.
A origem do nome “Consoada” vem do Latim "consolata", de "consolare", "consolar".
Na tradição católica os fiéis participavam, ao final da noite, na Missa do Galo.
Segundo a tradição portuguesa, a Consoada consiste principalmente em bacalhau cozido, seguido dos doces, como aletria, rabanadas, filhoses e outros doces. Em algumas regiões do país (principalmente no Norte), o polvo guizado com couves e batatas também consta da mesa de Natal. Em Trás-os-Montes, peru no forno, canja de galinha e assados de borrego, porco ou leitão também marcam o Natal, enquanto na Beira Alta, o cabrito é uma tradição. No Alentejo e no Algarve, o peru recheado assado são pratos que podem constar das mesas.
Em Portugal, depois da Consoada, é tradição fazer a distribuição dos presentes de Natal.
No início do século XII d.C., os presentes eram distribuídos em nome de S. Nicolau, a 6 de Dezembro. Contudo, a Contrarreforma católica do Concílio de Trento (1545 – 1563) passou essa função ao Menino Jesus, sendo a distribuição feita no dia 25 de Dezembro, assinalando a data do nascimento de Jesus.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
Três Reis Magos
Os Três Reis Magos na tradição da religião cristã, são personagens que teriam visitado Jesus logo após o seu nascimento, trazendo-lhe presentes. Foram mencionados apenas no Evangelho segundo Mateus, onde se afirma que teriam vindo "do leste" para adorar o "nascido rei dos Judeus". Mateus não especifica quantos são (diz apenas que são "uns magos"), mas como três presentes (ouro, incenso e mirra) são citados, diz-se tradicionalmente que tenham sido três, mas também especula-se que possam ter sido quatro, doze ou até mais. São figuras constantes em relatos da natividade e nas comemorações do Natal.
Segundo Mateus 2:1-12, "uns magos vieram do oriente a Jerusalém," pois uma estrela os havia alertado sobre o nascimento do "rei dos Judeus". Um grupo de sacerdotes e escribas os guiou a Belém, "onde havia de nascer o Cristo (...), porque assim está escrito pelo profeta". A estrela os guiou e "se deteve sobre o lugar onde estava o menino", e então os magos, "entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra."
Não há relato sobre o nome dos magos. A eles tradicionalmente são atribuídos os nomes Melquior, Baltasar e Gaspar.
A exegese vê na chegada dos magos o cumprimento da profecia contida «Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo» (Salmos 72:11).
Na antiguidade, o ouro era um presente para um rei, o olíbano (incenso) para um sacerdote, representando a espiritualidade, e a mirra, para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a imortalidade).
Durante a Idade Média começa a devoção dos Reis Magos (e que são "baptizados"), tendo as suas relíquias sido transladadas no séc. VI desde Constantinopla (Istambul) até Milão. Em 1164, com os três já a serem venerados como santos, estas foram colocadas na catedral de Colônia, em Colônia (Alemanha), onde ainda se encontram.
Em várias partes do mundo, há festas e celebrações em honra aos Magos. Com o nome de Festa de Santos Reis há importantes manifestações culturais e folclóricas no Brasil.
Devemos aos Magos a tradição de trocar presentes no Natal. Dos seus presentes dos Magos surgiu essa tradição em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países, como por exemplo os de língua espanhola, a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de Janeiro, e os pais muitas vezes se fantasiam de Reis magos. No Brasil e em Portugal, o evento é conhecido como Dia de Reis ou Epifania.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2022
Tradição do bacalhau na consoada desde 1780
Na Idade Média, dado o calendário cristão obrigar a cumprir-se o jejum perto das principais de festividades religiosas e igualmente por ser proibido o consumo de carne neste período, os portugueses começaram a consumir o peixe e, mais tarde, o bacalhau seco, que era de fácil acesso em qualquer parte do país, tornando-se no rei do Natal.
Ramalho Ortigão descreve no seu livro “Natal Minhoto” a riqueza de uma mesa de ceia de Natal no Norte do país apesar de, nesta altura, a sua confeção ser mais próxima ao “Bacalhau à Provençal” que também é descrito por Lucas Rigaud, cozinheiro real, em 1780.
Existem, a partir daí, várias referências a este prato, que passam pelo bacalhau acompanhado por hortaliças descrito por Ferra Júnior; à “A Noite de Natal no Porto” de Assis de Carvalho que revela a proximidade da família nesta altura do ano na companhia do peixe; assim como em 1923, Santos Graça em “O Poveiro”.
Esta tradição ter-se-á iniciado a Norte do país dado que em outras regiões preferiam uma consoada menos magra com o uso de carnes como o peru ou mesmo o porco, que interrompiam o jejum após a Missa do Galo.
No início do século XX, a tradição no Alentejo era o porco, no Funchal o porco, uma canja e cálice de vinho na madrugada na consoada, a Norte a acompanhar o bacalhau, um polvo.
Passada a revolução de 1820 os restaurantes e casas de pasto passaram a generalizar a utilização do bacalhau, tornando-se este quase obrigatório para qualquer refeição social, tertúlia ou convívio.
A vulgarização desde consumo parece ter surgido após a Segunda Guerra Mundial dado o abastecimento de bacalhau ser regulamentado pelo Estado Novo. Tendo o bacalhau chegado, desta forma a todo o país, também a televisão impulsionou a propaganda do regime que refletia neste prato a humildade e simplicidade que deveria ser a mesma do povo português.
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
A Lenda de São Nicolau
Nicolau, filho de cristãos abastados, nasceu na segunda metade do século III, em Patara, uma cidade portuária muito movimentada.
Conta-se que foi desde muito cedo que Nicolau se mostrou generoso. Uma das histórias mais conhecidas relata a de um comerciante falido que tinha três filhas e que, perante a sua precária situação, não tendo dote para casar bem as suas filhas, estava tentado a prostituí-las. Quando Nicolau soube disso, passou junto da casa do comerciante e atirou um saco de ouro e prata pela janela aberta, que caiu junto da lareira, perto de umas meias que estavam a secar. Assim, o comerciante pôde preparar o enxoval da filha mais velha e casá-la. Nicolau fez o mesmo para as outras duas filhas do comerciante, assim que estas atingiram a maturidade.
Quando os pais de Nicolau morreram, o tio aconselhou-o a viajar até à Terra Santa. Durante a viagem, deu-se uma violenta tempestade que acalmou rapidamente assim que Nicolau começou a rezar (foi por isso que tornou também o padroeiro dos marinheiros e dos mercadores). Ao voltar de viagem, decidiu ir morar para Myra (sudoeste da Ásia menor), doando todos os seus bens e vivendo na pobreza.
Quando o bispo de Myra da altura morreu, os anciões da cidade não sabiam quem nomear para bispo, colocando a decisão na vontade de Deus. Na noite seguinte, o ancião mais velho sonhou com Deus que lhe disse que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte, seria o novo bispo de Myra. Nicolau costumava levantar-se cedo para lá rezar e foi assim que, sendo o primeiro homem a entrar na igreja naquele dia, se tornou bispo de Myra.
S. Nicolau faleceu a 6 de Dezembro de 342 (meados do século IV) e os seus restos mortais foram levados, em 1807, para a cidade de Bari, em Itália. É actualmente um dos santos mais populares entre os cristãos.
S. Nicolau tornou-se numa tradição em toda a Europa. É conhecido como figura lendária que distribui prendas na época do Natal.
Originalmente, a festa de S. Nicolau era celebrada a 6 de Dezembro, com a entrega de presentes. Quando a tradição de S. Nicolau prevaleceu, apesar de ser retirada pela igreja católica do calendário oficial em 1969, ficou associado pelos cristãos ao dia de Natal (25 de Dezembro)
A imagem que temos, hoje em dia, do Pai Natal é a de um homem velhinho e simpático, de aspecto gorducho, barba branca e vestido de vermelho, que conduz um trenó puxado por renas, que esta carregado de prendas e voa, através dos céus, na véspera de Natal, para distribuir as prendas de natal. O Pai Natal passa por cada uma das casas de todas as crianças bem comportadas, entrando pela chaminé, e depositando os presentes nas árvores de Natal ou meias penduradas na lareira. Esta imagem, tal como hoje a vemos, teve origem num poema de Clement Clark More, um ministro episcopal, intitulado de “Um relato da visita de S. Nicolau”, que este escreveu para as suas filhas. Este poema foi publicado por uma senhora chamada Harriet Butler, que tomou conhecimento do poema através dos filhos de More e o levou ao editor do Jornal Troy Sentinel, em Nova Iorque, publicando-o no Natal de 1823, sem fazer referência ao seu autor. Só em 1844 é que Clement C. More reclamou a autoria desse poema.
Hoje em dia, na época do Natal, é costume as crianças, de vários pontos do mundo, escreverem uma carta ao S. Nicolau, agora conhecido como Pai natal, onde registam as suas prendas preferidas. Nesta época, também se decora a árvore de Natal e se enfeita a casa com outras decorações natalícias. Também são enviados postais desejando Boas Festas aos amigos e familiares.
Actualmente, Há quem atribuía à época de Natal um significado meramente consumista. Outros, vêem o Pai Natal como o espírito da bondade, da oferta. Os cristãos associam-no à lenda do antigo santo, representando a generosidade para com o outro.