A Ermida de Santo António da Grota , é uma ermida portuguesa localizada no Monte
Brasil, ilha Terceira à cidade de Angra do Heroísmo e fez parte da Diocese de
Angra do Heroísmo.
Esta ermida foi edificada no Monte Brasil,
sendo que para lá se chegar é necessário entrar Fortaleza de São João Baptista
pelo Nascente e ultrapassar a casa da guarda na direcção do Monte Brasil
propriamente dito.
Aqui encontra-se uma estrada onde está a Ermida
de Santo António por proximidade chamada da grota, porque ela realmente lá
existiu em tempos recuados. Trata-se de uma ermida simples e modesta, ajudada
pelo realce e graça de ficar na encosta do Monte Brasil por entre o denso e
verdejante arvoredo.
Segundo informa o Dr. Alfredo da Silva
Sampaio, com base em DRUMMOND ("Anais da Ilha Terceira"), esta ermida
foi edificada em 1615 pelo então Governador da Fortaleza de São João Baptista,
D. Gonçalo Mexia. Sendo esta data também informada por gravura em pedra por
cima da porta de entrada.
O motivo que levou à construção desta ermida
parece ter sido a devoção do seu fundador por Santo António. Destaca-se no meio
do verde, podendo ser vista de grande distância, sendo descrita pelo padre
Manuel Luís Maldonado do seguinte modo:
«Na circunvalação do Monte do Facho existe
fronteira ao Porto de Angra uma quinta de recreação que se diz a grota em que
há uma ermida de Santo António hoje reputada por a mais recreativa de todas as
da Ilha, e a ter água nativa não houvera no mundo outra que se lhe avantajasse
pelos galanteios com que está ornada a via por onde se comunica composta de uma
que se forma em duzentas e tantas colunas inteiras pela frente exterior e
outras tantas meias que lhes correspondem sobre as quais se armam as travessas
das latadas, de que é composta e o chão calçado de seixo miúdo guarnecido com
lajeamento em quartéis que fortificam fixo e permanente.
No pátio, ou adro da ermida, sita em um
grotilhão que divide os montes das cruzes e do Facho em razão do qual se impôs
a esta quinta o nome de grota, começa uma escada com quatro tabuleiros
quadrados com suas pirâmides nos ângulos, em que há degraus de pedra e a
superfície de seus contrafortes, povoada toda de plantas de flores de toda a
variedade. Esta escada se remata em um jardim onde estão fabricados três
chafarizes de chuveiro, e um penhasco de esguichos que chamam lágrimas, e no
alto delas duas cisternas nas quais se recolhem as aguas das chuvas do Inverno,
e destas por uns alcatrazes e arcas que se fecham e abrem se lançam as águas
nos ditos chafarizes que postos em corrente ficam fazendo uma vista tão
agradável que todos enleva.´
Nos lados desta obra que correspondeu aos
altos da ermida estão dois baluartes correspondentes um ao outro, guarnecidos
com suas artilharias em que há dez peças de menor calibre com as quais se fazem
as salvos particulares que parece dos governadores»
Esta transcrição leva-nos a saber tudo o que
existia à volta da ermida de Santo António, que ficou célebre e chegou até aos
nossos dias, tendo no entanto desaparecido a mencionada quinta.
Nesta ermida estabeleceu-se e funcionou uma
Irmandade composta apenas por militares do castelo, a qual contribuía com a
mensalidade de quatro mil reis (moeda da altura) para dispor de um capelão e
custear a tresena e festividade do orágo. Esta confraria extinguiu-se em 1768
e, desde 1787, por mandato governamental, essas despesas ficaram a cargo da
Fazenda Real, o que até 1822 se observou.
Em 1823 o corregedor opôs-se a que a dita
Fazenda Real incumbissem as expensas, do facto resultando que a festa não se
realizar nesse ano. Foi o Tenente General Francisco de Borja Garção Stockler,
que expondo o caso a D. João VI, consegui o recomeço das celebrações com a
dotação régia de trinta e tantos mil reis.
Anos depois a ermida passou a servir de
arrecadação, interrompendo-se assim a festividade que era costume realizar-se.
Terminadas as lutas liberais, voltaram a realizar-se festas nesta capela, sem
no entanto ser com a regularidade dos tempos anteriores.
Foi o Governador do Castelo, Francisco de
Paula Cárceres, quem encontrou a imagem de Santo António na Ermida do Espírito
Santo (Angra do Heroísmo), na Rua do Pintor, e resolveu de novo transferi-la
para a sua ermida.
Assim, voltaram a fazer-se festas pelos
militares da Fortaleza de São João Baptista durante longos anos, havendo às
vezes procissão. O controlo das festas na ermida passou depois à Junta Geral do
Distrito de Angra do Heroísmo.
Actualmente a ermida apresenta uma única porta
de entrada bastante ampla, vendo-se em cima uma pequena clarabóia de cada lado,
na parte interior, encontram-se numerosos e artísticos azulejos representando
Santo António a pregar aos peixes e guardando os pássaros.
Ao fundo está o altar com a imagem de Santo
António, vendo-se na capela duas pequenas janelas ou frestas e dois pequenos
arcos. Dividindo a ermida encontra-se outro arco mais alto e amplo. Tem ainda
uma sacristia do lado direito e duas grandes janelas laterais, tudo remata com
um espaçoso adro, donde se desfruta um vasto e belo panorama sobre a cidade de
Angra do Heroísmo e várias freguesias rurais.