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terça-feira, 29 de junho de 2021

Os primeiros imigrantes que vieram das regiões da Holanda e Bélgica para os Açores

 


Govaert Lodwijk que deu origem aos nomes Gularte, Goulart e Luis.


Leon de Hurtere, cujos filhos emigraram para os açores, entre eles Joz van Hurtere que originou


Dultra, Dutra e Horta.


Jacob van Brugge, fundador da Vila da Praia na Ilha Terceira, em janeiro de 1451, com muitos descendentes, incluindo a família "de Bruges" local.


Willem de Kersemakere, que deu origem a Casamaca e Silveira este por sua esposa Margarida de



Sabuya possivelmente seu sobrenome original seria van der Haagen, de onde vem também Vandraga.


Willem van der Bruyn ou Guilherme de Brum.


Joz van Aertrycke que originou o sobrenome da Terra.


Pieter van de Roos, de originou os sobrenome da Rosa


Van de Olm - Fernão Dulmo, que fundou Quatro Ribeiras na Terceira.


van den Berghe (Berge)


Bettencourt


Bormans (Bermans)


Bulscamp (Bulcão)


Van Can (Cao),


Verstraeten (Estrada)


Fabritius Timmermans (Fabrício)


Van der Goes (Gois)


De Groot (Grotas)


Hustaerdt (Hustarte)



Lem, (Leme)


Van der Linden, Verlinden (Linde)


De Lis (Lis, Liz),


de Looze (Luis, Luiz)


Van Praet (Praet)


De Rouze (Rosa)


Silvester (Silvestre),




Van Rossem (Rossem)


Teeuwen, Teewen (Teves)


E os franceses:


French Bouillion (Bulhões)


Dumas (Dumas)


Jacques, Jacobs (Jacques)


Le Merchier (Lemerchier)


Pegas (Pegues, Piques)


Pernet


De Ponte, Dupont (Ponte)


Santes (Sanches, Santos)



domingo, 27 de junho de 2021

Cidade da Horta ilha do Faial Açores


Em 1465, o nobre flamengo Joss van Hurtere desembarcou na então denominada "Ilha de São Luís" (atual Faial) com mais 15 compatriotas. O grupo demorou-se na ilha por um ano, em busca de prata e estanho.


Em 1467, Hurtere retornou à ilha em uma segunda expedição. Desembarcou num trecho da costa que viria a ser conhecido como baía da Horta e, no local que escolheu para se estabelecer, que deu origem à povoação da Horta, fez erguer uma ermida sob a invocação da Santa Cruz.


Em 21 de Fevereiro de 1468, o Infante Fernando de Portugal, Duque de Viseu e Donatário dos Açores, concedeu a Hurtere a Capitania do Faial. Aos primeiros povoadores - camponeses flamengos - somou-se grande quantidade de agricultores oriundos da região Norte de Portugal continental, dispostos a trabalhar arduamente nas novas terras. Hurtere, buscando novas oportunidades de negócio, atraiu uma segunda vaga de colonos, que chegaram por volta de 1470, sob o comando do também nobre flamengo Willem van der Haegen (mais tarde transliterado para Guilherme da Silveira), que trouxe administradores, comerciantes, colonos e outros compatriotas para se estabelecerem na ilha.

O filho de Hurtere, Joss de Utra (que se tornou o segundo capitão-mor ), e a filha, D. Joana de Macedo (que foi desposada por Martin Behaim, em 1486, na Ermida de Santa Cruz), permaneceram na ilha do Faial muito depois do falecimento de Hurtere, em 1495.


A ilha prosperou com a exportação de trigo e pastel. Essa prosperidade fez com que a povoação da Horta fosse elevada a vila por D. Manuel I de Portugal já no ano de 1498. No início do governo de Joss de Utra (c. 1495), o centro da futura Vila da Horta já se encontrava mais a Norte da Ermida de Santa Cruz. A primitiva Casa da Câmara e Cadeia, situava-se na altura do n.º 16 da Rua do Bom Jesus. A freguesia da Matriz do Santíssimo Salvador da Horta, a primeira freguesia paroquial a ser constituída, foi aberta ao culto em 28 de Junho de 1514.

Data de 1567 o projeto do Forte de Santa Cruz da Horta. O aumento do povoamento, por essa época, levou à constituição da freguesia de N. Sra. da Conceição (30 de Julho de 1568), e mais tarde, da freguesia de N. Sra. da Angústias (28 de Novembro de 1684), pela Diocese de Angra.

Aquando da visita do padre Gaspar Frutuoso, por volta de 1570, a vila da Horta tinha 509 fogos.



sexta-feira, 25 de junho de 2021

Glenn Medeiros



Glenn Allan Medeiros  nasceu em Lihue, Kauai a 24 de junho de 1970. É um cantor e compositor dos Estados Unidos, de origem Açoriana.

Glenn é casado desde 1996 com Tammy Ann Medeiros. O casal tem 2 filhos: Chord Medeiros, um rapaz, nascido a 3 de fevereiro de 2000 e Lyric Medeiros, nascida a 1 de maio de 2001.

Conseguiu fama internacional aos 17 anos, ao gravar um cover da balada "Nothing's Gonna Change My Love for You", gravada originalmente em 1984 por George Benson.

A versão de Medeiros conseguiu a 12ª posição no Top 100 da Billboard e o 1º lugar em Inglaterra, no ano de 1987. No Brasil, o tema fez parte da novela Mandala, da Rede Globo.

Na França, obteve um grande sucesso com Elsa em "Un Roman d'amitié".

O êxito levou-o a fazer duetos com Ray Parker Jr., com "All I'm Missing Is You", e Bobby Brown em "She Ain't Worth It" (1990).

Em 1992, gravou a faixa "Standing Alone", em dueto, juntamente com o cantor alemão Thomas Anders (ex-Modern Talking).

Hoje em dia, Glenn é professor de música,  dando aulas em vários colégios dos Estados Unidos. Em 2016, relança o álbum It´s Alright to Love, originalmente gravado em 1993 e distrubuído somente a países da Europa e da Ásia.


sábado, 19 de junho de 2021

Igreja de Santo Cristo ilha de São Jorge Açores




A Igreja de Santo Cristo também denominado Santuário da Caldeira de Santo Cristo é um templo Portuguesa localizado na Fajã da Caldeira de Santo Cristo, freguesia da Ribeira Seca, concelho da Calheta, ilha de São Jorge.


O templo desta fajã, cujo Patrono é o Senhor Santo Cristo, foi benzido no dia 10 de Novembro de 1835 embora a sua construção tenha sido iniciada em 1832. Desde essa altura que se transformou num local de culto onde vão devotos de toda a ilha. Vão para o pagamento de promessas e pedidos de graças.

A festa do Padroeiro desta igreja é no primeiro Domingo de Setembro, com missa, procissão e arrematações. Os peregrinos, praticamente de toda a ilha, deslocam-se até aqui, tanto pelo caminho da Fajã dos Cubres, como pela vereda da Caldeira de Cima que começa a grande altitude, na Serra do Topo e que tem vistas de cortar a respiração.


Apresenta trabalhos em cantaria de basalto negro onde se destaca o trabalho efectuado junto das portas e janelas e principalmente a torre sineira. Por cima da referida porta de entrada apresenta uma Cruz pintada de branco.

A referida torre sineira não é dotada de cúpula sendo rematada por quatro pináculos que lhe encimam os cantos.

No interior encontra-se uma imagem do Senhor Santo Cristo no altar-mor e nas laterais uma imagem de Nossa Senhora e outra de São José. O interior apresenta-se simples, em tons de branco e azul celeste e vermelho. O madeiramento do tecto foi elaborado de forma a dar ao edifício um agradável aspecto ao manter a cor original da madeira.



quinta-feira, 17 de junho de 2021

José Osório Goulart

 

José Osório Goulart  nasceu na  cidade da Horta a  12 de Dezembro de 1868  e faleceu na Horta a 9 de Janeiro de 1960,  mais conhecido por Osório Goulart, foi um poeta, escritor, conferencista e intelectual açoriano. Foi um dos fundadores do Núcleo Cultural da Horta e o seu primeiro presidente.

Filho de Manuel Francisco da Silva Goulart e de Maria Inácia das Neves Goulart, ambos naturais da ilha do Pico e casados no Rio de Janeiro.

Foi aluno do Liceu da Horta, tendo três anos depois de ter concluído o cursos liceal ingressado no Seminário Episcopal de Angra. Foi ordenado presbítero a 19 de Dezembro de 1891, pelo então bispo da diocese do Funchal D. Manuel Agostinho Barreto.

Regressado ao Faial, não se dedicou exclusivamente ao munus sacerdotal, antes se afirmando como um intelectual eclético, envolvendo-se em actividades diversas. Foi funcionário administrativo, advogado provisionário e professor, tendo ensinado Português no Liceu da Horta e na Escola do Magistério Primário da Horta (estabelecimento então anexo ao Liceu).

Aliás o seu envolvimento na vida cívica faialense e a sua falta de interesse pela acção eclesiástica levou-o a pedir insistentemente a dispensa de funções eclesiásticas, o que obteve em 1942.

Foi um publicista brilhante, colaborando assiduamente nos jornais O Telégrafo e Correio da Horta, de que foi fundador e primeiro director. Para além destes jornais locais, colaborou na imprensa das ilhas Terceira e São Miguel e nalguns periódicos de Lisboa e Coimbra. Na sua actividade literária foi um prosador vernáculo e um competente historiógrafo e etnógrafo, publicando múltiplos artigos de carácter científico e de divulgação sobre matérias de história e etnografia.

Para além da escrita, Osório Goulart era um orador fluente e um conferencista brilhante, tendo proferido largas dezenas de conferências e alocuções.

Osório Goulart era um nacionalista convicto, sendo adepto do Estado Novo, tendo exercido as funções de secretário do Governador Civil do Distrito Autónomo da Horta e de presidente da Junta Geral daquele distrito (1933-1935). Foi também presidente da Câmara Municipal da Horta por duas vezes, em 1918 e em 1926.

Apesar do seu ecletismo, foi na poesia que Osório Goulart mais se distinguiu. Poeta lírico e místico, assumiu-se como poeta parnasiano, a cuja escola literária se manteve fiel até ao fim da vida. Ficou conhecido como poeta da Ilha Azul  pelo amor que sempre manifestou pela ilha do Faial. Rui Galvão de Carvalho afirma que a poesia de Osório Goulart exprime delicados sentimentos e nobres ideais, ao mesmo tempo que acusa uma inspiração superior e uma sensibilidade muito requintada.


Foi um dos fundadores do Núcleo Cultural Manuel de Arriaga e depois do Núcleo Cultural da Horta, de que foi o primeiro presidente.


Por iniciativa do Núcleo Cultural da Horta foi inaugurado na marginal da cidade da Horta um busto de Osório Goulart.




segunda-feira, 14 de junho de 2021

Piratas e corsários na ilha do Corvo Açores




Apesar de seu isolamento, ao longo se sua história a ilha sofreu diversas incursões de corsários e piratas. Os corvinos, entretanto, souberam impor-se, muitas vezes aliando-se aos incursores e participando ativamente na sua atividade. Em troca de proteção e dinheiro, a ilha fornecia água, alimentos e homens, ao mesmo tempo que permitia tratar os enfermos e reparar os navios.

Em 1587, o Corvo foi saqueado e as suas casas queimadas pelos corsários ingleses, que haviam atacado as Lajes das Flores. No ano de 1632, a ilha sofreu duas tentativas de desembarque de piratas da Barbária, no local do atual cais Porto da Casa, que na altura ainda era apenas uma baía. Duzentos corvinos usaram tudo ao seu dispor para repelir os atacantes que acabaram por desistir com baixas. A imagem de Nossa Senhora do Rosário foi colocada na Canada da Rocha e daí, diz a lenda que ela protegeu a população das balas disparadas.

Foi o segundo pároco da ilha, o florentino Inácio Coelho, irmão do cronista frei Diogo das Chagas. Foi ele quem conseguiu que D. Martinho de Mascarenhas, 2.º capitão do donatário, assumisse o sustento do pároco, bem como a ele se deve a presumível redacção e divulgação dos fatos e atribuição à Virgem Maria do milagre da vitória dos corvinos sobre os piratas. A partir de então, a imagem passou a ser chamada de Nossa Senhora dos Milagres.
Em 1674 o lugar do Corvo foi elevado a paróquia, sendo o seu primitivo orago Nossa Senhora do Rosário. Antes dessa data, a ilha era visitada anualmente por um padre de Santa Cruz das Flores por ocasião da Quaresma. O primeiro pároco foi o faialense Bartolomeu Tristão.


sexta-feira, 11 de junho de 2021

Em 1740 chegaram os primeiros Açorianos à região do actual Rio Grande do Sul

 

Em 1740 chegou à região do actual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de povoadores. Vindos das ilhas dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo, que pretendia que se instalassem na vasta área onde estavam situadas as Missões. Mas as dificuldades de transporte fizeram com que terminassem por se fixar na área da actual cidade de Porto Alegre.

Estado brasileiro localizado na região Sul. Possui como limites Santa Catarina (N), oceano Atlântico (L), Uruguai (S) e Argentina (O). Ocupa uma área de 282 062 km2. A sua capital é Porto Alegre.


As cidades mais populosas são: Porto Alegre, Pelotas, Caxias do Sul, Canoas e Santa Maria. O relevo é constituído por uma extensa baixada, dominada ao norte por um planalto.

Os rios principais são: Uruguai, Taquari, Ijuí, Jacuí, Ibicuí, Pelotas e Camacuã. O clima é subtropical.

Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões, próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos pelos portugueses, em 1680, quando a coroa portuguesa resolveu assumir o seu domínio, fundando a Colónia do Sacramento. Os jesuítas portugueses estabeleceram, em 1687, os Sete Povos das Missões. Em 1737, uma expedição militar portuguesa tomou posse da lagoa Mirim.

Assim, em 1742, estes colonizadores fundaram a vila de Porto dos Casais, depois chamada Porto Alegre. As lutas pela posse das terras, entre portugueses e espanhóis, terminaram em 1801, quando os próprios gaúchos dominaram os Sete Povos, incorporando-os ao seu território. Em 1807, a área foi elevada à categoria de capitania. Grupos de imigrantes italianos e alemães começaram a chegar a partir de 1824.

A sociedade estancieira passou então a coexistir com a pequena propriedade agrícola, diversificando a produção. Durante o século XIX, o Rio Grande do Sul foi palco de revoltas federalistas, como a Guerra dos Farrapos (1835-45), e participou da luta contra Rosas (1852) e da Guerra do Paraguai (1864-70).

As disputas políticas locais foram acirradas no início da República e só no governo de Getúlio Vargas (1928) o Estado foi pacificado.

Actualmente a nível económico, este Estado destaca-se pela agricultura (soja, trigo, arroz e milho) e pecuária (bovinos, ovinos, equinos e suínos), além de actividades industriais (de couro e calçados, alimentícia, têxtil, madeireira, metalúrgica e química).


O Rio Grande do Sul é considerado, juntamente com o Paraná, como o estado celeiro do país, responsável pela maior produção nacional de grãos, sendo por isso uma das bases da economia do Brasil.



quarta-feira, 9 de junho de 2021

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas


O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra a data de 10 de Junho   de 1580, data da morte de Camões  ,  sendo também este o dia dedicado ao Anjo Custódio de Portugal. Este é também o dia da Língua Portuguesa, dos cidadãos e das Forças Armadas.

A primeira referência ao caráter festivo do dia 10 de Junho é no ano 1880 por um decreto real de D Luís. I que declara "Dia de Festa Nacional e de Grande Gala" para comemorar apenas nesse ano os 300 anos da hipotética data da morte de Luís de Camões, 10 de junho de 1580.


A pedido do rei D. Manuel I de Portugal, o Papa Júlio II instituiu em 1504 a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto já seria antigo em Portugal. O pedido terá sido feito ao papa Leão X e este autorizou a sua realização no terceiro Domingo de Julho.  A sua devoção quase desapareceu depois do séc. XVII, mas seria restaurada mais tarde, em 1952, quando mandada inserir no Calendário Litúrgico português pelo Papa Pio XII, para comemorar o Dia de Portugal no 10 de Junho.

Terá surgido pela primeira vez na Batalha de Ourique, e a sua devoção deu uma tal vitória às forças de D. Afonso Henriques sobre os invasores muçulmanos que lhe deu a oportunidade de autoproclamar-se rei de Portugal.


Nas suas Memórias, a Irmã Lúcia contou ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, nas aparições de Fátima, teria já aparecido um anjo aos três pastorinhos, por três vezes, duas na Loca do Cabeço, no lugar dos Valinhos, e outra junto ao poço do quintal de sua casa, chamado o Poço do Arneiro, no lugar de Aljustrel, em Fátima, convidando-os à oração e penitência, e afirmando ser o "Anjo da Paz, o Anjo de Portugal".



Tinha uma flauta.
Não tinha mais nada mas tinha uma flauta
Tinha um órgão no sangue uma fonte de música
Tinha uma flauta.

Os outros armavam-se mas ele não:
Tinha uma flauta.
Os outros jogavam perdiam ganhavam
Tinham Madrid e tinham Lisboa
Tinham escravos na índia mas ele não:
Tinha uma flauta.

Tinham navios tinham soldados
Tinham palácios e tinham forcas
Tinham igrejas e tribunais
Mas ele não:
Tinha uma flauta.

Só ele Príncipe.
Dormiam rainhas na cama do rei
Princesas esperavam no Belvedere
Ele tinha uma escrava que morreu no mar.

Morreram escravas as rainhas
Morreram escravas as princesas
Nenhuma teve o seu rei
Para nenhum chegou o Príncipe.
Por isso a única rainha
Foi aquela escrava que morreu no mar:
Só ela teve
O que tinha uma flauta.

Morreram os reis que tinham impérios
Morreram os príncipes que tinham castelos
Mas ele não:
Tinha uma flauta.

De fora vieram reis
Vieram armas de fora
Os príncipes entregaram armas
Ficou sem armas o povo.
As armas de fora venceram
Todas as armas de dentro.
Só não venceram o que não tinha armas:
Tinha uma flauta.

E as vozes de fora mandaram
Calar as vozes de dentro.
Só não puderam calar aquela flauta.
Vieram juízes e cadeias.
Mas a flauta cantava.

Passaram por todas as fronteiras.
Só não puderam passar
Pela fronteira
Daquela flauta.

E quando tudo se perdeu
Ficou a arma do que não tinha armas:
Tinha uma flauta.

Ficou uma flauta que cantava.
E era uma Pátria.


Manuel Alegre




segunda-feira, 7 de junho de 2021

Ermida de Santo António da Grota na cidade de Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 

A Ermida de Santo António da Grota ,  é uma ermida portuguesa localizada no Monte Brasil, ilha Terceira à cidade de Angra do Heroísmo e fez parte da Diocese de Angra do Heroísmo.

Esta ermida foi edificada no Monte Brasil, sendo que para lá se chegar é necessário entrar Fortaleza de São João Baptista pelo Nascente e ultrapassar a casa da guarda na direcção do Monte Brasil propriamente dito.

Aqui encontra-se uma estrada onde está a Ermida de Santo António por proximidade chamada da grota, porque ela realmente lá existiu em tempos recuados. Trata-se de uma ermida simples e modesta, ajudada pelo realce e graça de ficar na encosta do Monte Brasil por entre o denso e verdejante arvoredo.


Segundo informa o Dr. Alfredo da Silva Sampaio, com base em DRUMMOND ("Anais da Ilha Terceira"), esta ermida foi edificada em 1615 pelo então Governador da Fortaleza de São João Baptista, D. Gonçalo Mexia. Sendo esta data também informada por gravura em pedra por cima da porta de entrada.

O motivo que levou à construção desta ermida parece ter sido a devoção do seu fundador por Santo António. Destaca-se no meio do verde, podendo ser vista de grande distância, sendo descrita pelo padre Manuel Luís Maldonado do seguinte modo:

«Na circunvalação do Monte do Facho existe fronteira ao Porto de Angra uma quinta de recreação que se diz a grota em que há uma ermida de Santo António hoje reputada por a mais recreativa de todas as da Ilha, e a ter água nativa não houvera no mundo outra que se lhe avantajasse pelos galanteios com que está ornada a via por onde se comunica composta de uma que se forma em duzentas e tantas colunas inteiras pela frente exterior e outras tantas meias que lhes correspondem sobre as quais se armam as travessas das latadas, de que é composta e o chão calçado de seixo miúdo guarnecido com lajeamento em quartéis que fortificam fixo e permanente.



No pátio, ou adro da ermida, sita em um grotilhão que divide os montes das cruzes e do Facho em razão do qual se impôs a esta quinta o nome de grota, começa uma escada com quatro tabuleiros quadrados com suas pirâmides nos ângulos, em que há degraus de pedra e a superfície de seus contrafortes, povoada toda de plantas de flores de toda a variedade. Esta escada se remata em um jardim onde estão fabricados três chafarizes de chuveiro, e um penhasco de esguichos que chamam lágrimas, e no alto delas duas cisternas nas quais se recolhem as aguas das chuvas do Inverno, e destas por uns alcatrazes e arcas que se fecham e abrem se lançam as águas nos ditos chafarizes que postos em corrente ficam fazendo uma vista tão agradável que todos enleva.´


Nos lados desta obra que correspondeu aos altos da ermida estão dois baluartes correspondentes um ao outro, guarnecidos com suas artilharias em que há dez peças de menor calibre com as quais se fazem as salvos particulares que parece dos governadores»

Esta transcrição leva-nos a saber tudo o que existia à volta da ermida de Santo António, que ficou célebre e chegou até aos nossos dias, tendo no entanto desaparecido a mencionada quinta.

 

Nesta ermida estabeleceu-se e funcionou uma Irmandade composta apenas por militares do castelo, a qual contribuía com a mensalidade de quatro mil reis (moeda da altura) para dispor de um capelão e custear a tresena e festividade do orágo. Esta confraria extinguiu-se em 1768 e, desde 1787, por mandato governamental, essas despesas ficaram a cargo da Fazenda Real, o que até 1822 se observou.

 

Em 1823 o corregedor opôs-se a que a dita Fazenda Real incumbissem as expensas, do facto resultando que a festa não se realizar nesse ano. Foi o Tenente General Francisco de Borja Garção Stockler, que expondo o caso a D. João VI, consegui o recomeço das celebrações com a dotação régia de trinta e tantos mil reis.


Anos depois a ermida passou a servir de arrecadação, interrompendo-se assim a festividade que era costume realizar-se. Terminadas as lutas liberais, voltaram a realizar-se festas nesta capela, sem no entanto ser com a regularidade dos tempos anteriores.

 

Foi o Governador do Castelo, Francisco de Paula Cárceres, quem encontrou a imagem de Santo António na Ermida do Espírito Santo (Angra do Heroísmo), na Rua do Pintor, e resolveu de novo transferi-la para a sua ermida.

 

Assim, voltaram a fazer-se festas pelos militares da Fortaleza de São João Baptista durante longos anos, havendo às vezes procissão. O controlo das festas na ermida passou depois à Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo.

 


Actualmente a ermida apresenta uma única porta de entrada bastante ampla, vendo-se em cima uma pequena clarabóia de cada lado, na parte interior, encontram-se numerosos e artísticos azulejos representando Santo António a pregar aos peixes e guardando os pássaros.

 

Ao fundo está o altar com a imagem de Santo António, vendo-se na capela duas pequenas janelas ou frestas e dois pequenos arcos. Dividindo a ermida encontra-se outro arco mais alto e amplo. Tem ainda uma sacristia do lado direito e duas grandes janelas laterais, tudo remata com um espaçoso adro, donde se desfruta um vasto e belo panorama sobre a cidade de Angra do Heroísmo e várias freguesias rurais.



sexta-feira, 4 de junho de 2021

Alfredo da Silva Sampaio

 

Alfredo da Silva Sampaio  nasceu  em Angra do Heroísmo a 19 de Setembro de 1872  e faleceu  em  Angra do Heroísmo a  21 de Novembro de 1918.  Foi médico e naturalista, tendo-se notabilizado pela publicação da obra Memória sobre a Ilha Terceira, uma vasta monografia sobre a história natural, geologia, geografia e história da ilha Terceira.  Em 1895, com o nome simbólico Aquiles, estava ligado a um triângulo maçónico existente em Angra do Heroísmo.

Nasceu em Angra do Heroísmo, filho do médico-cirurgião e professor liceal José Augusto Nogueira Sampaio, formado na Universidade Católica de Lovaina e distinto naturalista, e de sua esposa Emília Augusta da Silva Carvalho. A família era uma das mais afluentes da ilha Terceira, ligada ao núcleo mais influente da burguesia da cidade de Angra do Heroísmo.

Após concluir o ensino secundário na sua cidade natal, partiu para Coimbra, onde se matriculou no curso de Medicina. Estudante distinto, obteve o grau de bacharel em medicina e cirurgia pela Universidade de Coimbra em 1888, regressando nesse mesmo ano à ilha Terceira.


Fixou-se em Angra do Heroísmo, onde passou a trabalhar com seu pai, a quem foi paulatinamente sucedendo em vários empregos, entre os quais o de guarda-mor da Estação de Saúde de Angra do Heroísmo, de médico do partido municipal e de médico do Hospital de Santo Espírito da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo.

Paralelamente, exerceu funções de professor provisório no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo e substituiu o pai no cargo de director do Posto Meteorológico de Angra do Heroísmo, que havia sido oficialmente criado em Outubro de 1862 e que ao tempo funcionava num abrigo construído sobre uma das torres sineiras da Igreja do Colégio de Angra.

Teve importante envolvimento cívico, desempenhando cargos dirigentes em diversas instituições. Foi presidente do Montepio Terceirense,  presidente da assembleia geral da Sociedade Protectora dos Animais da Ilha Terceira e membro da mesa administrativa do Recolhimento de Jesus, Maria, José (Mónicas), instituição de que foi médico a título gracioso até falecer. Foi sócio fundador da Cozinha Económica Angrense  e um dos sócios iniciadores, em sessão realizada a 10 de Fevereiro de 1917, da delegação da Cruz Vermelha Portuguesa em Angra do Heroísmo.

Também se dedicou ao estudo da história natural, continuando os trabalhos de botânica iniciados por seu pai. Foi sócio efectivo da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais e sócio honorário da Academia Físico-Química Italiana, de Palermo (Accademia Fisico-Chimica Italiana di Palermo).

Contudo, o principal motivo de notoriedade é a publicação de uma monumental obra, de 876 páginas, sobre a geografia e a história da ilha Terceira. Intitulada Memória sobre a Ilha Terceira, foi redigida sobre um plano esquissado pelo pai e publicada em 1904 pela Imprensa Municipal de Angra.

Este vasto trabalho sobre a história, a geografia e a história natural da ilha Terceira foi durante a maior parte do século XX a principal obra de referência sobre a ilha, sendo citada inumeráveis vezes por autores subsequentes. Tendo como objectivo registar tudo o que interessa à história natural e à política administrativa e económica daquela ilha, a obra está organizada em «partes», cada uma delas subdivididas em capítulos.