1713 — Erupção de lamas e gases do Pico das
Camarinhas, ilha de São Miguel - Após várias semanas de contínuos abalos, em
finais de Dezembro de 1713 apareceram nas faldas do Pico das Camarinhas
"lamas quentes" e gases, tendo a manifestação vulcânica ficado por
essa fase. A crise sísmica destruiu muitas casas nos Ginetes, Mosteiros e Candelária.
1713-1714 — Mau ano agrícola, fome e peste -
Um mau ano agrícola, a que não foi alheio ciclone tropical de 25 de Setembro de
1713, levou a que em São Jorge fosse tal "a falta de mantimentos que
chegou a morrer muita gente de fome". No Pico, o povo teve de recorrer a
comer "socas e raízes" para sobreviver. Noutras ilhas também as
colheitas falharam e grassou a fome. Como se tal não bastasse uma epidemia de
peste provocou alguns milhares de mortos. No Pico terão morrido 5.000 pessoas e
no Faial 500 pessoas, entre as quais 49 religiosos dos conventos da Horta.
1717 — Grande crise sísmica de 1717 na ilha
Graciosa, causando grande destruição nas freguesias de Guadalupe e de Luz.
Desta crise sísmica resultou o voto, ainda cumprido na actualidade, de fazer
uma procissão desde o Guadalupe até a Ermida da Ajuda, no Monte da Ajuda em
Santa Cruz da Graciosa.
1717-1718 — Epidemia no Faial - De Novembro de
1717 a Fevereiro de 1718 grassou no Faial uma epidemia de "pleurizes"
(peste bubónica) que causou muitas mortes. Em Novembro morreu grande parte dos
moradores dos Cedros, o mesmo acontecendo em Castelo Branco e Flamengos.
Fizeram-se procissões e preces públicas.
1718 — Erupção em Santa Luzia do Pico - A 1 de
Fevereiro, pelas 6 da madrugada, ouviu-se uma "espantosa trovoada que
encheu de terror os hortenses" e iniciou-se uma erupção vulcânica entre as
Bandeiras e Santa Luzia, surgindo torrentes de lava que rapidamente formaram um
extenso mistério (o Mistério de Santa Luzia) que penetrou mar adentro. Ver
localização do centro eruptivo.
1718 — Erupções em São Mateus e São João do
Pico - Na madrugada do dia 2 de Fevereiro, com enormes estrondos acompanhados
de violentos sismos deu-se uma explosão no lugar da Bragada, entre São Mateus e
São João. Começou logo "o fogo a correr em caudalosas ribeiras para o mar,
na distância de duas léguas, formando um vasto mistério". No dia 11 de
Fevereiro rebentou no mar, a distância de 50 braças da terra, defronte da
igreja de São João, emitindo grandes pedras ardentes que devastaram aquela
freguesia. A 24 daquele mês, uma nova erupção iniciou-se no caminho que liga
São João ao Cais do Pico em lugar sobranceiro à freguesia de São João. As
erupções cessaram a 15 de Agosto, recomeçando em Setembro. A actividade
terminou em princípios de Novembro. Ver localização do centro eruptivo.
1720 — Erupção no Soldão, Lajes do Pico - A 10
de Julho iniciou-se por "dezasseis bocas nas faldas do Pico, por detrás do
cabeço do Soldão" uma erupção que "inundou de fogo" perto de uma
légua quadrada, consumindo terras e vinhedos e destruindo 30 casas "cujos
moradores salvaram suas vidas fugindo precipitadamente". A erupção foi
precedida de numerosos sismos e perdurou até Dezembro daquele ano. Ver
localização do centro eruptivo.
1720 — Erupção no Banco D. João de Castro
origina uma ilha efémera - No dia 10 de Outubro viu-se da ilha Terceira, a
alguma distância dela, sair do mar um grande fogo. Marítimos que foram observar
de perto o fenómeno viram uma ilha toda de fogo e fumo, de onde uma prodigiosa
quantidade de cinzas eram lançadas no ar com o ruído de um trovão. A erupção
foi precedida de muitos tremores, sentidos na Terceira e na costa oeste de São
Miguel. A ilha formada era quase redonda e suficientemente alta para ser
avistada de 7-8 léguas de distância. Perdurou até finais de 1723, sendo
desfeita pelo mar.
1730 — Sismo causa destruição na freguesia da
Luz, Graciosa - A 13 de Junho um violento sismo provocou destruição
generalizada na freguesia da Luz, ilha Graciosa.
1732 — Cheias provocam 5 mortos em São Jorge -
A 6 de Dezembro grandes cheias provocaram destruição em São Jorge, matando 5
pessoas. Os lugares mais afectados foram Urzelina, Figueiras, Serroa e Velas.
1744 — Ciclone tropical causa grandes cheias -
A 5 de Outubro "caíram nestas ilhas copiosíssimas chuvas que inundaram as
terras correndo em caudalosas ribeiras". Em resultado dessas cheias, na
Prainha do Galeão (Pico) morreram 7 pessoas arrastadas ao mar; na Prainha do
Norte (Pico) morreram 6 pessoas e outras 5 pereceram em São Roque (Pico). Em
São Miguel também houve mortes em Agua de Pau e nos Fenais.
1745-1746 — Mau ano agrícola provoca fome e
emigração em massa - Em resultado das cheias de 1744 e do mau ano agrícola que
se seguiu, em 1746 faltaram os cereais, havendo fome generalizada nos Açores.
No Pico, o povo "recorreu a socas e raízes para manter a vida e
faltando-lhe mesmo esse mísero alimento emigrou para as mais ilhas". Em
resultado da desnutrição grassavam as doenças, fazendo grande mortandade. Face
a esta situação, por alvará régio foi autorizada a emigração para o Brasil,
tendo partido pelo menos 1600 pessoas.
1755 — Maremoto atinge os Açores - O Terramoto
de Lisboa de 1 de Novembro de 1755 provocou o grande maremoto de 1755 (um
tsunami) que atravessou a área oceânica onde os Açores se situam, afectando
essencialmente as costas viradas a sul e sueste, direcção de onde as ondas se
aproximaram das ilhas. O maremoto fez com que "estando o mar em ordinária
tranquilidade, se elevou tanto em três contínuas marés ficando quase seca a sua
profundidade por largo espaço". Assim, em Angra o mar entrou até à Praça
Velha, causando grande destruição; no Porto Judeu o mar subiu "10 palmos
acima da rocha mais alta"; na Praia, inundou o Paul e derrubou 15 casas na
costa até à Ribeira Seca, incluindo a ermida do Porto Martins. Morreram várias
pessoas arrastadas pelo mar. Quase todos os portos dos Açores sofreram graves
danos, ficando destruídas muitas embarcações. Em Ponta Delgada o mar subiu
pelas ruas estragando muitos edifícios. Na Horta, o mar entrou pela Ribeira da
Conceição, chegando aos moinhos de água "na altura de 8 palmos".
1757 — Grande terramoto de São Jorge: o
Mandado de Deus - Em 9 de Julho de 1757 um dos mais violentos, senão o mais
violento, dos terramotos de que há memória nos Açores atingiu a ilha de São
Jorge causando destruição generalizada e formando muitas das actuais fajãs,
entre elas a da Caldeira de Santo Cristo. O terramoto ficou conhecido na
tradição popular pelo Mandado de Deus. Dos grandes deslizamentos resultou um
maremoto que atingiu todo o Grupo Central. Pelo menos 1053 pessoas morreram em
São Jorge e 11 no Pico. O terramoto foi tal que a norte desta ilha, distância
de 100 braças, pouco mais, se levantaram dezoito ilhotas, umas maiores que
outras. Apareceram todas na manhã do dia 10 [de Julho]. É navegável o mar entre
as ditas, e a ilha. Nas Fajãs dos Vimes, São João e Cubres, se moveu a terra,
voltando-se do centro para cima, de sorte que nelas não há sinal [de] onde
houvesse edifício. No Faial o sismo foi sentido sem causar grandes danos.
1759-1760 — Crise sísmica de 1759-1760 no
Faial - Em 24 de Dezembro de 1759 foi sentido um grande sismo no Faial, seguido
de muitas réplicas. A 4 de Janeiro um sismo ainda maior causou o pânico, tendo
sido deliberado ir "à Praia do Almoxarife a buscar a imagem do Senhor
Santo Cristo que em solene procissão trouxeram para a igreja da
Misericórdia". A crise sísmica apenas deixou de ser sentida em Maio,
tendo-se celebrado solene Te-Deum.
1761 — Erupção vulcânica no Pico Gordo,
Terceira - Sentiam-se desde 22 de Novembro de 1760 grandes e violentos tremores
que continuaram até 14 de Abril do ano seguinte, dia em que tremeu a terra
estranhamente. No Faial os sismos eram sentidos, "ainda que brandos".
A 17 de Abril iniciou-se a erupção nas proximidades do Pico Gaspar, a W do Pico
Gordo, sendo emitidas lavas traquíticas muito viscosas que formaram uma doma. A
21 de Abril, nova erupção, desta vez a leste do Pico Gordo, na Criação do
Chama, iniciou a emissão de lavas basálticas muito fluídas que formaram três
correntes de lava, uma das quais atingiu os Biscoitos, onde soterrou 27 casas,
terminando nas imediações da igreja de São Pedro, a cerca de 7 km do local da
erupção.
1761 — Ciclone tropical atinge o Grupo Central
- A 29 de Setembro de 1761 foi a Terceira atingida por um temporal "por
efeito do qual ficaram derrubadas muitas casas e arrancadas muita quantidade de
árvores". Copiosas chuvas fizeram transbordar as ribeiras.
1779 — Ciclone tropical atinge o Grupo Central
- Na noite de 30 para 31 de Outubro levantou-se um rijo temporal que trouxe à
costa 7 navios e arruinou as muralhas da Horta.
1779 — Epidemia nas Flores - Grassaram neste
ano na ilha das Flores febres mortíferas de que morreu muita gente.
1785 — Mau ano agrícola provoca fome - Foi
este ano muito escasso em cereais em todo o arquipélago. Na ilha das Flores
morreram algumas pessoas de falta de alimentos.
1787 — Crise sísmica na Graciosa - Em Março
deste ano, uma crise sísmica abalou a ilha Graciosa sem, contudo, causar danos
consideráveis.
1792 — Enchente de mar vila de Velas, São
Jorge - A 23 de Janeiro deste ano, foi "tão impetuosa a bravura do
mar" que derrubou a muralha de protecção, destruiu uma casa e danificou
outras, ameaçando atingir a praça defronte da Matriz de Velas.
1800 — Terramoto no NE da Terceira - Na tarde
do dia 24 de Junho, um terramoto destruiu boa parte dos edifícios das
freguesias do NE da Terceira, atingindo mais intensamente as povoações situadas
entre a Vila Nova e a vila de São Sebastião. Foi seguido de uma grande réplica
a 29 de Dezembro. Não causou mortos, mas os danos materiais foram grandes. Leia
mais sobre o terramoto de 1800.
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