Remonta, todavia, a 9 de Setembro de 1591 aquela que ficou conhecida como a “Batalha da ilha das Flores”. Nesse dia, a esquadra de lord Tomas Howard, que se encontrava surta diante de Santa Cruz (possivelmente na baía da Ribeira da Cruz, onde Diogo das Chagas dirá depois ter visto ancorada, em 1597, a esquadra do conde de Cumberland, de 160 velas), lançou-se, precipitadamente, contra os barcos que surgiam de oeste, julgando pertencerem à armada espanhola provinda da Nova Espanha. Porém, em vez de encontrarem navios mercantes, mal armados, os ingleses depararam-se com a frota de defesa das ilhas, constituída por 40 navios de guerra, comandados por D. Alonso de Bázan, que lhes vinham dar caça. Consideravelmente mais pequena (22 navios), a armada inglesa, duramente fustigada pelo fogo inimigo, foi então obrigada a fugir como pôde. A excepção foi o Revenge, de sir Richard Greenville, que, tendo-se demorado em zarpar de Santa Cruz, acabou por ser capturado pelos espanhóis. Verdadeiramente épico, esse combate, que custou a vida a Greenville, seria depois glorificado por lord Alfred Tennyson no seu poema The Revenge: A Ballad of the Fleet [“At Flores in the Azores Sir Richard Grenville lay, / And a pinnace, like a fluttered bird, came flying from far away:” (…)], o qual, posteriormente, foi com notório sucesso musicado pelo compositor Charles Stanford.
Mas nem sempre foi conflituoso o relacionamento entre a pirataria e as gentes – e não apenas a arraia-miúda – das Flores. E nem sequer é difícil documentar situações em que, tanto aquela como estas, souberam, por interesse comum, cultivar uma convivência amistosa. Será disso exemplo maior o caso de Peter Easton, porventura o mais bem sucedido pirata do seu tempo – chegou a comandar 40 navios com alguns milhares de homens ao seu serviço, o que fazia dele o corsário mais temido no Atlântico Norte, e quando se “reformou” tinha uma fortuna pessoal avaliada em dois milhões de libras. Tanto quanto se sabe, o relacionamento deste pirata com a ilha das Flores remontará a Março de 1609, quando, andando já no corso, aqui fez, pela primeira vez, aprovisionamento de carne, água e lenha. Nos anos seguintes, sempre em Março, voltou à ilha, para fazer refresco e aguada, e, no verão de 1611, fosse por amor ou por simples conveniência, estava já de casamento marcado com uma filha do capitão-mor das Flores, de apelido Garro. Duplamente incomodado com os prejuízos causados pelos navios deste pirata e ainda com a cumplicidade entre florentinos e corsários, Filipe II ordenou, então, por decreto de 30 de Julho de 1611, que fossem tomadas as diligências necessárias à prisão do capitão Peter Easton. Poderoso e escorregadio, o Pirate Admiral nunca chegou a ser detido – mas nas Flores, dois anos depois, sob a acusação de acolher na ilha corsários estrangeiros, era preso o ouvidor e também capitão-mor Tomé de Fraga.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
A primeira grande vedeta feminina a surgir em Portugal era filha de um Açoriano
Emília das Neves de Sousa, a Linda Emília (Benfica, 5 de Agosto de 1820 — Lisboa, Santa Justa, 19 de Dezembro de 1883) foi uma actriz dramática portuguesa de grande relevo durante o século XIX, a primeira grande vedeta feminina a surgir em Portugal.
Era filha de Manuel de Sousa, um açoriano da Freguesia de São Bartolomeu dos Regatos, em Angra do Heroísmo, um dos Bravos do Mindelo, razão pela qual a freguesia lhe dedica a toponímia de um dos seus arruamentos, e filha de Benta de Sousa, nascida na freguesia de Benfica, Lisboa.
Emília das Neves Sousa foi amante de Luís da Câmara Leme e morreu no estado de solteira na sua casa do Rossio. Foi sepultada no cemitério do Alto de São João, no jazigo n.º 993 em 19 de Dezembro de 1883. Em Benfica, o arruamento que começa na Estrada da Da maia e termina na Avenida Grão Vasco, tem o seu nome.
Emília das Neves, a Linda Emília, surgiu nos teatros quando tinha 18 anos em 1838 e seria aplaudida até 1883. Trazida para o Teatro sob a égide de Alexandre Dumas, foi uma das grandes figuras do meio teatral português da geração romântica, ombreando com os os actores Epifânio, Teodorico da Cruz e Rosa-Pai. Ficaram memoráveis os seus desempenhos, em particular os seus papéis nas peças Judith, Proezas de Richelieu, Joana a Doida, Gladiador de Ravena e Maria Stuart.
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
sábado, 27 de janeiro de 2018
Igreja Velha de São Mateus da Calheta ilha Terceira Açores
A Igreja Velha de São Mateus da Calheta localiza-se na freguesia de São Mateus da Calheta, concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.
A primitiva igreja paroquial de São Mateus foi erguida na ponta de São Mateus por volta de 1557 para substituir a Ermida de Nossa Senhora da Luz como centro de culto. Desde cedo revelou-se pequena e demasiado próxima do mar, já que o recuo da linha de costa a colocava quase sobre a falésia.
Entre 1694 e 1700 esta primitiva igreja foi demolida e reconstruida mais para o interior, permanecendo uma cruz no adro da nova igreja a assinalar o local da antiga capela-mor. Durante as obras, o culto retornou para a Ermida da Luz, ali tendo sido celebrados os baptizados e efectuados os enterramentos. A nova igreja (hoje conhecida como "Igreja Velha") estava concluída em 1700.
Esta igreja foi praticamente destruída por um furacão que varreu a área em 28 de Agosto de 1893. A destruição então causada destruí o templo e levou ao deslocamento da vila mais para o interior de terra, razão pela qual as ruínas deste templo se encontram isoladas no centro da actual povoação.
Constitui-se num templo de modestas dimensões, em alvenaria de pedra, com grandes cantarias, característica que lhe permitiu resistir ao furacão.
Na fachada principal, sobre a portada, existe um relógio de sol, talhado em pedra de cor clara, que sobressai do conjunto em pedra de cor mais escura.
A sua torre sineira é acedida por uma escada de cantaria erguida na parte exterior. Embora já não mantenha os sinos, dos seus vãos, orientados aos quatro ventos, descortina-se ao longe a cidade de Angra do Heroísmo, o Monte Brasil, o vulcão adormecido da serra de Santa Bárbara e a freguesia de São Mateus da Calheta.
Dada a sua proximidade das águas do mar, é avistada pelas embarcações ainda bastante longe da costa, sendo uma das primeiras que as embarcações saudavam, quando vinham das Américas.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
Danielle Steel
Danielle Fernandes Dominique Schuelein-Steel, ou Danielle Steel (Nova Iorque, 14 de Agosto de 1947) é uma escritora americana e seus livros estão entre os mais vendidos do mundo. Os seus avós maternos eram dos Açores.
É muito conhecida por suas histórias de dramas românticos e já vendeu aproximadamente 600 milhões de cópias dos seus livros, traduzidos em 28 línguas e vendidos em 47 países. Os seus romances estiveram na lista de best-sellers do New York Times mais de 39 semanas consecutivas e 22 foram adaptados para cinema. Em 2001 ela foi considerada uma das "30 MuDanielle Steel nasceu em 14 de agosto de 1947, em Nova Iorque, EUA, porém passou a maior parte da sua infância na França. Sua mãe chamava-se Norma da Câmara Stone dos Reis e era filha de um diplomata português. Desde muito cedo interessa-se por literatura, e durante sua adolescência escreveu poesias. Editou seu primeiro romance em 1973, de título Going Home (O Apelo do Amor). Com o seu quarto romance, The Promisse (O Segredo de uma Promessa), lançado em 1978, Danielle obtém o indestronável estatuto de autora de best-sellers tendo editado mais de 60 romances.
Mãe de nove filhos e casada por cinco vezes, Steel viveu períodos de agitação sentimental. Em 1998 edita o livro O Brilho de sua Luz (título no Brasil) ou A luz que brilha: a história do meu filho (título em Portugal)(His Bright Light), sobre a vida e morte de seu filho, Nicholas Traina. Diagnosticado com transtorno bipolar e usuário de drogas, Nicholas suicidou-se em 1997. Criou e preside à Fundação Nick Traina, que apoia projetos de saúde mental, bem como à Associação Yo! Anjo!, onde prestou ajuda a pessoas sem abrigo, durante 11 anos. Conta esta experiência no livro A Casa na Rua Esperança (título no Brasil) ou A Casa na Rua da Esperança (título em Portugal). Mais Poderosas da América" pelo Ladies' Home Journal.
domingo, 21 de janeiro de 2018
Angra do Heroísmo - Capital de Portugal
A Capitania-Geral dos Açores foi uma estrutura de governo político, civil e militar criada pelos diplomas de 2 de Agosto de 1766, assinados pelo rei D. José I de Portugal, por proposta de Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, que os concebeu. Instituída numa conjuntura de crise fiscal, a instituição da capitania geral marcou uma profunda ruptura na história política e institucional dos Açores, ainda presente na auto-consciência açoriana. Com a chegada do primeiro capitão general, D. Antão de Almada, foram introduzidas profundas alterações na estrutura do governo político e jurídico e, consequentemente, na rede de poderes restabelecida após o termo, em 1643, do domínio espanhol nos Açores.
Situada no centro do arquipélago, cidade e sede da Diocese de Angra desde 1534, Angra foi erguida à condição de capital dos Açores, ficando nela estabelecida a residência do capitão-general, nela se concentrando as principais instituições do governo, nomeadamente a Junta Criminal, a Junta da Fazenda e o comando militar, todas presididas pelo capitão-general.
Angra do Heroísmo foi capital do reino de Portugal em circunstâncias críticas, por duas vezes. A primeira, entre 5 de Agosto de 1580 e 5 de Agosto de 1582, quando D. António, Prior do Crato, ali estabeleceu o seu governo. Após a instalação da Junta Provisória, em nome de D. Maria II de Portugal, em 1828, a cidade foi uma vez mais nomeada capital do reino, por Decreto de 15 de Março de 1830. As honras e os títulos que lhe foram outorgados, “Sempre leal cidade”, em 1641, e “mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo”, em 1837, atestam a nobreza de carácter e o sentido de lealdade das suas gentes. Angra do Heroísmo foi pioneira em muitos domínios: primeira povoação do arquipélago a ser elevada à condição de cidade, em 1534, primeira cidade europeia do Atlântico, em 1831, a sua Câmara Municipal foi a primeira do país a ser eleita e, finalmente, em 1983, a primeira cidade portuguesa a ser inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO. Angra do Heroísmo tem acordos de geminação com a cidade de Salvador da Bahia, Brasil, e com a cidade de Porto Novo, na Ilha de Santo Antão, Cabo Verde.
Títulos da cidade de Angra
1643 - Por Alvará de 2 de Abril, D. João IV de Portugal concede à cidade de Angra o título de "Mui nobre e leal", pela sua bravura durante a Guerra da Restauração;
1828 - Decreto (não revogado) de 28 de Outubro que declara Angra a Capital da Província dos Açores, com o seguinte preâmbulo: “Tendo sido esta cidade condecorada com o título de: Muito nobre e sempre leal cidade de Angra, pelos feitos heróicos praticados por seus fiéis habitantes na restauração de Portugal em 1641, e tendo outrossim estas ilhas sido declaradas adjacentes ao reino de Portugal por alvará de 26 de Fevereiro de 1771, e ultimamente (1828) contempladas como província do reino, §. 1.º, artigo 2.º, título 1.º da Carta Constitucional: há por bem esta Junta Provisória, encarregada de manter a legítima autoridade d'el-rei o Sr. D. Pedro IV, declarar em nome do mesmo Augusto Senhor, que todas as nove ilhas dos Açores são uma só e única província do reino, e que esta cidade de Angra é a capital da província dos Açores. As autoridades a quem competir assim o tenham entendido, cumpram e façam executar: e o Secretário dos Negócios Interinos faça dirigir cópia deste decreto às estações competentes e autoridades na forma do estilo. - Angra, 28 de Outubro de 1828. - Deocleciano Leão Cabreira. - João José da Cunha Ferraz. - José António da Silva Torres. - Referendado; Alexandre Martins Pamplona Corte Real.”
1830 - Por força do Decreto de 15 de Março - Angra é nomeada capital do Reino de Portugal.
1837 - Por Carta Régia, pelos serviços prestados durante a Guerra Civil, a cidade de Angra acrescenta aos seus títulos o de "Heroísmo" e de "Sempre Constante", tornando-se a "Mui Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo"; a sua Câmara Municipal é condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito, recebendo um novo brasão de armas;
O Centro Histórico de Angra do Heroísmo encontra-se, desde 1983, classificado como Património Mundial pela UNESCO.
Situada no centro do arquipélago, cidade e sede da Diocese de Angra desde 1534, Angra foi erguida à condição de capital dos Açores, ficando nela estabelecida a residência do capitão-general, nela se concentrando as principais instituições do governo, nomeadamente a Junta Criminal, a Junta da Fazenda e o comando militar, todas presididas pelo capitão-general.
Angra do Heroísmo foi capital do reino de Portugal em circunstâncias críticas, por duas vezes. A primeira, entre 5 de Agosto de 1580 e 5 de Agosto de 1582, quando D. António, Prior do Crato, ali estabeleceu o seu governo. Após a instalação da Junta Provisória, em nome de D. Maria II de Portugal, em 1828, a cidade foi uma vez mais nomeada capital do reino, por Decreto de 15 de Março de 1830. As honras e os títulos que lhe foram outorgados, “Sempre leal cidade”, em 1641, e “mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo”, em 1837, atestam a nobreza de carácter e o sentido de lealdade das suas gentes. Angra do Heroísmo foi pioneira em muitos domínios: primeira povoação do arquipélago a ser elevada à condição de cidade, em 1534, primeira cidade europeia do Atlântico, em 1831, a sua Câmara Municipal foi a primeira do país a ser eleita e, finalmente, em 1983, a primeira cidade portuguesa a ser inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO. Angra do Heroísmo tem acordos de geminação com a cidade de Salvador da Bahia, Brasil, e com a cidade de Porto Novo, na Ilha de Santo Antão, Cabo Verde.
Títulos da cidade de Angra
1643 - Por Alvará de 2 de Abril, D. João IV de Portugal concede à cidade de Angra o título de "Mui nobre e leal", pela sua bravura durante a Guerra da Restauração;
1828 - Decreto (não revogado) de 28 de Outubro que declara Angra a Capital da Província dos Açores, com o seguinte preâmbulo: “Tendo sido esta cidade condecorada com o título de: Muito nobre e sempre leal cidade de Angra, pelos feitos heróicos praticados por seus fiéis habitantes na restauração de Portugal em 1641, e tendo outrossim estas ilhas sido declaradas adjacentes ao reino de Portugal por alvará de 26 de Fevereiro de 1771, e ultimamente (1828) contempladas como província do reino, §. 1.º, artigo 2.º, título 1.º da Carta Constitucional: há por bem esta Junta Provisória, encarregada de manter a legítima autoridade d'el-rei o Sr. D. Pedro IV, declarar em nome do mesmo Augusto Senhor, que todas as nove ilhas dos Açores são uma só e única província do reino, e que esta cidade de Angra é a capital da província dos Açores. As autoridades a quem competir assim o tenham entendido, cumpram e façam executar: e o Secretário dos Negócios Interinos faça dirigir cópia deste decreto às estações competentes e autoridades na forma do estilo. - Angra, 28 de Outubro de 1828. - Deocleciano Leão Cabreira. - João José da Cunha Ferraz. - José António da Silva Torres. - Referendado; Alexandre Martins Pamplona Corte Real.”
1830 - Por força do Decreto de 15 de Março - Angra é nomeada capital do Reino de Portugal.
1837 - Por Carta Régia, pelos serviços prestados durante a Guerra Civil, a cidade de Angra acrescenta aos seus títulos o de "Heroísmo" e de "Sempre Constante", tornando-se a "Mui Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo"; a sua Câmara Municipal é condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito, recebendo um novo brasão de armas;
O Centro Histórico de Angra do Heroísmo encontra-se, desde 1983, classificado como Património Mundial pela UNESCO.
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
Comemora-se hoje nos Açores uma tradição com 100 anos
Calcula-se que esta tradição tenha cerca de 100 anos. Nas várias freguesias de cada ilha do Arquipélago dos Açores as pessoas reuniam-se às quintas-feiras, conhecidas como noites de serões, para escolher o trigo e outros cereais que seriam utilizados nas comemorações do Espírito Santo. Durante a noite eram declamadas poesias e cantigas que exaltavam a amizade.
Com o passar dos anos, a tradição manteve-se, mas o objectivo evoluiu ao sabor das vontades e a acompanhar os novos tempos.
As quatro quintas-feiras, antes do Carnaval, são dedicadas a um encontro diferente e diferenciado, os açorianos dedicam estes quatro dias a festejos muito particulares. Festejos estes, que começam com os amigos, passam para as amigas, seguem com os compadres e terminam nas comadres.
Com o passar dos anos, a tradição manteve-se, mas o objectivo evoluiu ao sabor das vontades e a acompanhar os novos tempos.
As quatro quintas-feiras, antes do Carnaval, são dedicadas a um encontro diferente e diferenciado, os açorianos dedicam estes quatro dias a festejos muito particulares. Festejos estes, que começam com os amigos, passam para as amigas, seguem com os compadres e terminam nas comadres.
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Peter Café Sport na cidade da Horta ilha do Faial Açores
O Peter Café Sport localiza-se no centro histórico da cidade da Horta, na ilha do Faial, nos Açores. Constitui-se em um marco histórico e cultural do arquipélago e, particularmente, da ilha. Uma expressão, consagrada entre os iatistas, resume esse destaque: "Se velejares até à Horta e não visitares o 'Peter Café Sport', não vistes a Horta na realidade". Jacinto Vilaomier ratifica esse sentimento ao afirmar:
"Café Sport, símbolo do andar dos homens livres por um mundo belo e extenso sem fronteiras de raça nem de costumes (...)."(in: "Azul Profundo", 1990.)
Em 1986, a revista Newsweek considerou-o entre os melhores bares do mundo. Constitui-se ainda em uma conceituada marca regional, com lojas de artesanato regional nos aeroportos da Região Autónoma dos Açores e na Praça Velha, em Angra do Heroísmo.
A história da empresa remonta à fundação do "Bazar do Fayal", no Largo de Neptuno (actual Praça do Infante), na Horta, vocacionado para o comércio de artesanato local. Era seu proprietário Ernesto Lourenço Azevedo (n. 20 de Abril de 1859, f. 24 de Março de 1931).
Participou da Exposição Industrial Portuguesa (Lisboa, 1888), onde recebeu a medalha de ouro e diploma, pela qualidade e diversidade dos seus artigos.
Posteriormente, no início do século XX, as suas instalações mudaram para a Rua Tenente Valadim (actual Rua José Azevedo "Peter"), passando a denominar-se "Casa dos Açores/Azorean House", e ampliando as suas actividades que, além do artesanato regional, passaram a compreender um bar. A sua localização estratégica, vizinho ao porto da Horta, favoreceu-lhe os negócios.
No contexto da Primeira Guerra Mundial, em 1918, Henrique Lourenço Ávila Azevedo (n. 16 de Junho de 1895, f. 3 de Maio de 1975), um dos filhos do fundador, ao mudar uma vez mais de instalações, alterou-lhe o nome para "Café Sport", devido à paixão que cultivava pelo desporto, uma vez que era praticante de futebol, remo e bilhar.
A origem do nome "Peter" está ligada à tripulação do "HMS Lusitania II" da Royal Navy. Reconhecendo semelhanças entre o jovem José Azevedo (n. 18 de Maio de 1925, f. 19 de Novembro de 2005) com o seu filho de nome Peter, o oficial-chefe do serviço de munições e manutenção daquele navio, passou a chamá-lo de Peter. E por esse apelido José Azevedo ficou conhecido o resto de sua vida.
O Museu de Scrimshaw, inaugurado em 1986, possui a maior e mais bela colecção particular de "Scrimshaw" no mundo.
José Henrique Azevedo, filho do "Peter", sucedeu-o à frente dos negócios, em 19 de Novembro de 2005.
Desde do início da década de 1960, quando assumiu o negócio, José de Azevedo "Peter" tornou-se conhecido pela arte de bem receber os iatistas e por lhes prestar assistência quando em trânsito na baía da Horta. Em 1967, o Ocean Crusing Club, através do seu presidente e fundador, Humphrey Barton, propõs José Azevedo como sócio em reconhecimento dos muitos serviços prestados aos iatistas. Em 1981, foi nomeado sócio-honorário do Ocean Crusing Club.
No plano nacional, o reconhecimento manifestou-se pelo convite para participar na Expo 98, em Lisboa, onde foi montada uma réplica do "Peter Café Sport".
Em 2000, participou na Feira Internacional do Mar e dos Marinheiros.
Em 2003, foi agraciado pelo então Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio, com a Medalha de Grau Oficial da Ordem de Mérito, e, pela Secretaria de Estado, com a medalha de "Mérito Comercial e Turístico".
O Papa João Paulo II concedeu-lhe a Bênção Apostólica.
No ano seguinte, recebeu o galardão "Correio de Ouro" atribuído pelos CTT, pelo serviço postal internacional.
Recebeu ainda a visita dos Reis de Espanha, a 28 de Julho de 2005, em sua visita a título privado aos Açores. Em Agosto, foi homenageado pelo Banco Millennium BCP pelo "seu empreendedorismo, inovação e dedicação".
"Café Sport, símbolo do andar dos homens livres por um mundo belo e extenso sem fronteiras de raça nem de costumes (...)."(in: "Azul Profundo", 1990.)
Em 1986, a revista Newsweek considerou-o entre os melhores bares do mundo. Constitui-se ainda em uma conceituada marca regional, com lojas de artesanato regional nos aeroportos da Região Autónoma dos Açores e na Praça Velha, em Angra do Heroísmo.
A história da empresa remonta à fundação do "Bazar do Fayal", no Largo de Neptuno (actual Praça do Infante), na Horta, vocacionado para o comércio de artesanato local. Era seu proprietário Ernesto Lourenço Azevedo (n. 20 de Abril de 1859, f. 24 de Março de 1931).
Participou da Exposição Industrial Portuguesa (Lisboa, 1888), onde recebeu a medalha de ouro e diploma, pela qualidade e diversidade dos seus artigos.
Posteriormente, no início do século XX, as suas instalações mudaram para a Rua Tenente Valadim (actual Rua José Azevedo "Peter"), passando a denominar-se "Casa dos Açores/Azorean House", e ampliando as suas actividades que, além do artesanato regional, passaram a compreender um bar. A sua localização estratégica, vizinho ao porto da Horta, favoreceu-lhe os negócios.
No contexto da Primeira Guerra Mundial, em 1918, Henrique Lourenço Ávila Azevedo (n. 16 de Junho de 1895, f. 3 de Maio de 1975), um dos filhos do fundador, ao mudar uma vez mais de instalações, alterou-lhe o nome para "Café Sport", devido à paixão que cultivava pelo desporto, uma vez que era praticante de futebol, remo e bilhar.
A origem do nome "Peter" está ligada à tripulação do "HMS Lusitania II" da Royal Navy. Reconhecendo semelhanças entre o jovem José Azevedo (n. 18 de Maio de 1925, f. 19 de Novembro de 2005) com o seu filho de nome Peter, o oficial-chefe do serviço de munições e manutenção daquele navio, passou a chamá-lo de Peter. E por esse apelido José Azevedo ficou conhecido o resto de sua vida.
O Museu de Scrimshaw, inaugurado em 1986, possui a maior e mais bela colecção particular de "Scrimshaw" no mundo.
José Henrique Azevedo, filho do "Peter", sucedeu-o à frente dos negócios, em 19 de Novembro de 2005.
Desde do início da década de 1960, quando assumiu o negócio, José de Azevedo "Peter" tornou-se conhecido pela arte de bem receber os iatistas e por lhes prestar assistência quando em trânsito na baía da Horta. Em 1967, o Ocean Crusing Club, através do seu presidente e fundador, Humphrey Barton, propõs José Azevedo como sócio em reconhecimento dos muitos serviços prestados aos iatistas. Em 1981, foi nomeado sócio-honorário do Ocean Crusing Club.
No plano nacional, o reconhecimento manifestou-se pelo convite para participar na Expo 98, em Lisboa, onde foi montada uma réplica do "Peter Café Sport".
Em 2000, participou na Feira Internacional do Mar e dos Marinheiros.
Em 2003, foi agraciado pelo então Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio, com a Medalha de Grau Oficial da Ordem de Mérito, e, pela Secretaria de Estado, com a medalha de "Mérito Comercial e Turístico".
O Papa João Paulo II concedeu-lhe a Bênção Apostólica.
No ano seguinte, recebeu o galardão "Correio de Ouro" atribuído pelos CTT, pelo serviço postal internacional.
Recebeu ainda a visita dos Reis de Espanha, a 28 de Julho de 2005, em sua visita a título privado aos Açores. Em Agosto, foi homenageado pelo Banco Millennium BCP pelo "seu empreendedorismo, inovação e dedicação".
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
A Arte Portuguesa ficou mais pobre!
José Nuno da Câmara Pereira nasceu na Ilha de Santa Maria, Açores, 1937 , é um artista plástico português.
Licenciado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1966). Foi docente na Escola António Arroio, no IADE e no Ar.Co, Lisboa. Expôs individualmente (Galeria Ottolini, Lisboa, 1974; Museu Carlos Machado, Ponta Delgada, 1977; etc.) e participou em diversas exposições colectivas, nomeadamente na III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, onde lhe foi atribuído o Prémio da categoria Instalações/Objetos.
Em 1987-88 frequentou o Center for Advanced Visual Studies do M.I.T. – Massachusetts Institute of Technology, Cambridge USA (Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso-Americana). Em 1994 regressou aos Açores, fixando-se em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira . A partir de então tem desenvolvido uma série de projectos de intervenção pública.
Em Abril de 2006 expôs individualmente na Galeria António Prates , Lisboa. Denominada Ultraperiferia, a exposição foi apresentada por José Luís Porfírio e patenteava uma vez mais a sua capacidade para experimentar novos materiais e novas abordagens ao "caos sensível". Em 2014 é forçado a interromper a atividade artística por motivos de saúde.
Em 2016 foi organizada uma grande exposição retrospetiva da sua obra no Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas (Ribeira Grande, ilha de S. Miguel, Açores). Comissariada por José Luís Porfírio, a exposição integrou uma extensa seleção de obras de sua autoria (nomeadamente uma recriação da peça Mar de Lama, originalmente apresentada na Sociedade Nacional de Belas Artes em 1986), tendo sido publicado um catálogo onde se faz um balanço de toda a sua carreira artística.
Prémios:
1984 – "O Futuro é já hoje?", CAM, Fundação Calouste Gulbenkian. 1a Bienal dos Açores e Atlântico, Menção Honrosa da SREC.
1986 – III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, Prémio de Instalações/Objetos. AICA-Philae, 1o Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte. Artista do ano.
1987 – Prémios SEAT atribuídos às figuras que se destacaram nas diferentes áreas de intervenção social do país.
2000 – Prémio Domingos Rebelo, Direção Regional da Cultura, Açores.
José Nuno da Câmara Pereira, faleceu ontem em Lisboa.
Licenciado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1966). Foi docente na Escola António Arroio, no IADE e no Ar.Co, Lisboa. Expôs individualmente (Galeria Ottolini, Lisboa, 1974; Museu Carlos Machado, Ponta Delgada, 1977; etc.) e participou em diversas exposições colectivas, nomeadamente na III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, onde lhe foi atribuído o Prémio da categoria Instalações/Objetos.
Em 1987-88 frequentou o Center for Advanced Visual Studies do M.I.T. – Massachusetts Institute of Technology, Cambridge USA (Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso-Americana). Em 1994 regressou aos Açores, fixando-se em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira . A partir de então tem desenvolvido uma série de projectos de intervenção pública.
Em Abril de 2006 expôs individualmente na Galeria António Prates , Lisboa. Denominada Ultraperiferia, a exposição foi apresentada por José Luís Porfírio e patenteava uma vez mais a sua capacidade para experimentar novos materiais e novas abordagens ao "caos sensível". Em 2014 é forçado a interromper a atividade artística por motivos de saúde.
Em 2016 foi organizada uma grande exposição retrospetiva da sua obra no Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas (Ribeira Grande, ilha de S. Miguel, Açores). Comissariada por José Luís Porfírio, a exposição integrou uma extensa seleção de obras de sua autoria (nomeadamente uma recriação da peça Mar de Lama, originalmente apresentada na Sociedade Nacional de Belas Artes em 1986), tendo sido publicado um catálogo onde se faz um balanço de toda a sua carreira artística.
Prémios:
1984 – "O Futuro é já hoje?", CAM, Fundação Calouste Gulbenkian. 1a Bienal dos Açores e Atlântico, Menção Honrosa da SREC.
1986 – III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, Prémio de Instalações/Objetos. AICA-Philae, 1o Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte. Artista do ano.
1987 – Prémios SEAT atribuídos às figuras que se destacaram nas diferentes áreas de intervenção social do país.
2000 – Prémio Domingos Rebelo, Direção Regional da Cultura, Açores.
José Nuno da Câmara Pereira, faleceu ontem em Lisboa.
domingo, 14 de janeiro de 2018
Capela de Santo António da Furna data do Século XVII em São Roque ilha do Pico
A Capela de Santo António da Furna foi uma capela portuguesa que se localizou na freguesia de Santo António, no concelho de São Roque do Pico, ilha do Pico, no arquipélago dos Açores.
Desta capela que data do Século XVII apenas existe um portão elaborado em cantaria de pedra basáltica negra que ostenta no frontispício a data de 1608. Este portão dá acesso à antiga residência paroquial de Santo António e segundo afirma a voz popular fazia parte da capela ali existente nos primórdios do povoado.
Em 1946 procedeu-se a escavações no local que tiveram como resultado o encontrar de inúmeras ossadas humanas, facto que reforça a existência do templo dado que era costume enterrar os mortos dentro dos templos religioso.
Desta capela que data do Século XVII apenas existe um portão elaborado em cantaria de pedra basáltica negra que ostenta no frontispício a data de 1608. Este portão dá acesso à antiga residência paroquial de Santo António e segundo afirma a voz popular fazia parte da capela ali existente nos primórdios do povoado.
Em 1946 procedeu-se a escavações no local que tiveram como resultado o encontrar de inúmeras ossadas humanas, facto que reforça a existência do templo dado que era costume enterrar os mortos dentro dos templos religioso.
sábado, 13 de janeiro de 2018
Forte de Santa Cruz da Horta ilha do Faial
O Forte de Santa Cruz da Horta, também referido como Castelo de Santa Cruz e Castelo de Santo António, localiza-se na freguesia da Matriz, cidade e concelho de Horta, na ilha do Faial, nos Açores.
Erguido junto ao antigo cais de desembarque, no actual centro histórico da cidade, constituía-se na principal fortificação da ilha, cruzando fogos com o Forte do Bom Jesus - à sua esquerda, sobre a praia, próximo à ribeira da Conceição -, e com o Forte de Nossa Senhora da Guia (Forte da Greta), na encosta do monte de Nossa Senhora da Guia, actualmente
em ruínas, que defendia o acesso à baía pelo lado sul.
O estudo para a defesa das ilhas do arquipélago dos Açores, contra os assaltos de piratas e corsários, atraídos pelas riquezas das embarcações que aí aportavam, oriundas da África, da Índia e do Brasil, iniciou-se em meados do século XVI. Bartolomeu Ferraz, em uma recomendação para a fortificação dos Açores apresentada a João III de Portugal em 1543, chama a atenção para a importância estratégica do arquipélago:
"E porque as ilhas Terceiras inportão muito assy polo que per ssy valem, como por serem o valhacouto e soccorro mui principal das naaos da India e os francesses sserem tão dessarrazoados que justo rei injusto tomão tudo o que podem, principalmente aquilo com que lhes parece que emfraquecem seus imigos...
Ainda sob o reinado de D. João III (1521-1557) e, posteriormente, sob o de Sebastião I de Portugal (1568-1578), foram expedidos novos Regimentos, reformulando o sistema defensivo da região, tendo se destacado a visita do arquiteto militar italiano Tommaso Benedetto ao arquipélago, em 1567, para orientar a sua fortificação. Como Ferraz anteriormente, este profissional compreendeu que, vindo o inimigo forçosamente pelo mar, a defesa deveria concentrar-se nos portos e ancoradouros, guarnecidos pelas populações locais sob a responsabilidade dos respectivos concelhos.
Denominado primitivamente como Forte de Santo António, remonta às providências tomadas durante a regência do Cardeal D. Henrique para a defesa do arquipélago. Tendo Benedetto visitado a ilha em 1567, esboçou o projecto de construção deste forte, assim como o da criação de uma Companhia de Artilheiros para o guarnecer.
Acredita-se que os trabalhos tenham sido iniciados, mas com alguma dificuldade, uma vez que Sebastião I de Portugal, por Provisão Régia datada de 4 de junho de 1572, determinou fazer as obras de fortificação das ilhas do Faial e de São Jorge, estabelecendo as imposições para elas. No mesmo ano, determinou ao então director das Obras Públicas, Luís Gonçalves, que visitasse essas ilhas para tomar as diligências necessárias à continuação das obras de fortificação nas mesmas, que se encontravam interrompidas. Do mesmo modo, foi organizado o Corpo de Ordenanças.
A partir de 1650 e até finais da segunda década do século XX, o forte serviu como quartel da tropa de linha da guarnição da Horta.
Em 1675 o capitão-mor da Horta e governador na ilha do Pico, Jorge Goulart Pimentel, fez prolongar a muralha da cidade, ligando-a ao Castelo de Santa Cruz.
Erguido junto ao antigo cais de desembarque, no actual centro histórico da cidade, constituía-se na principal fortificação da ilha, cruzando fogos com o Forte do Bom Jesus - à sua esquerda, sobre a praia, próximo à ribeira da Conceição -, e com o Forte de Nossa Senhora da Guia (Forte da Greta), na encosta do monte de Nossa Senhora da Guia, actualmente
em ruínas, que defendia o acesso à baía pelo lado sul.
O estudo para a defesa das ilhas do arquipélago dos Açores, contra os assaltos de piratas e corsários, atraídos pelas riquezas das embarcações que aí aportavam, oriundas da África, da Índia e do Brasil, iniciou-se em meados do século XVI. Bartolomeu Ferraz, em uma recomendação para a fortificação dos Açores apresentada a João III de Portugal em 1543, chama a atenção para a importância estratégica do arquipélago:
"E porque as ilhas Terceiras inportão muito assy polo que per ssy valem, como por serem o valhacouto e soccorro mui principal das naaos da India e os francesses sserem tão dessarrazoados que justo rei injusto tomão tudo o que podem, principalmente aquilo com que lhes parece que emfraquecem seus imigos...
Ainda sob o reinado de D. João III (1521-1557) e, posteriormente, sob o de Sebastião I de Portugal (1568-1578), foram expedidos novos Regimentos, reformulando o sistema defensivo da região, tendo se destacado a visita do arquiteto militar italiano Tommaso Benedetto ao arquipélago, em 1567, para orientar a sua fortificação. Como Ferraz anteriormente, este profissional compreendeu que, vindo o inimigo forçosamente pelo mar, a defesa deveria concentrar-se nos portos e ancoradouros, guarnecidos pelas populações locais sob a responsabilidade dos respectivos concelhos.
Denominado primitivamente como Forte de Santo António, remonta às providências tomadas durante a regência do Cardeal D. Henrique para a defesa do arquipélago. Tendo Benedetto visitado a ilha em 1567, esboçou o projecto de construção deste forte, assim como o da criação de uma Companhia de Artilheiros para o guarnecer.
Acredita-se que os trabalhos tenham sido iniciados, mas com alguma dificuldade, uma vez que Sebastião I de Portugal, por Provisão Régia datada de 4 de junho de 1572, determinou fazer as obras de fortificação das ilhas do Faial e de São Jorge, estabelecendo as imposições para elas. No mesmo ano, determinou ao então director das Obras Públicas, Luís Gonçalves, que visitasse essas ilhas para tomar as diligências necessárias à continuação das obras de fortificação nas mesmas, que se encontravam interrompidas. Do mesmo modo, foi organizado o Corpo de Ordenanças.
A partir de 1650 e até finais da segunda década do século XX, o forte serviu como quartel da tropa de linha da guarnição da Horta.
Em 1675 o capitão-mor da Horta e governador na ilha do Pico, Jorge Goulart Pimentel, fez prolongar a muralha da cidade, ligando-a ao Castelo de Santa Cruz.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
A Ermida de Nossa Senhora do Pilar na ilha de Santa Maria Açores
A Ermida de Nossa Senhora do Pilar localiza-se no lugar da Faneca, na freguesia de São Pedro, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.
De acordo com a tradição, o apóstolo São Tiago chegara à Hispânia para anunciar o Evangelho mas estava desanimado pelos insucessos. Já disposto a retornar a Jerusalém, no ano 40 da Era Cristã, Nossa Senhora apareceu-lhe no alto de um pilar junto ao rio Ebro. O local tornou-se objeto de peregrinações (Catedral de Saragoça) e a Virgem do Pilar veio a tornar-se a protetora da Espanha .
Esta ermida sob a sua invocação, foi erguida por iniciativa de Fernando de Loura Bettencourt e sua esposa, Mariana Margarida Coutinho, em 1722, junto à sua casa de campo. Foi por ambos paramentada e dotada com o património necessário à sustentação, conforme escritura datada de 4 de setembro daquele ano.
A 25 de fevereiro de 1726, Loura Bettencourt, então com 60 anos de idade, veio a falecer, ficando a ermida à conta de sua viúva, que a manteve sempre em ordem para o culto divino. Por sua vez, já em adiantada idade e sem descendentes, vivendo em cada de seu sobrinho, o licenciado padre António do Rego Coutinho, vigário confirmado da Matriz de Vila do Porto, legou-lhe, por escritura de 5 de dezembro de 1757, todos os seus bens. Passou, deste modo, o padroado da ermida para o referido religioso.
Uma década mais tarde, em 1767, iniciou-se a escrituração das receitas e despesas da ermida em livro próprio para esse fim.
Por falecimento do padre António do Rego Coutinho (22 de Setembro de 1774), os seus bens foram herdados pelo seu sobrinho, o capitão-mor da ilha de Santa Maria, José Inácio de Sousa Coutinho. Durante o padroado de Sousa Coutinho, a ermida caiu em completo abandono, a ponto de, em 1790, em visita à paróquia de São Pedro, o reverendo visitador Francisco da Câmara Sousa Carreiro ter registado:
"Visitei as Ermidas de São José e Nossa Senhora do Pillar, e como não têm Capellão, que nellas anualmente diga missa se achão com paramentos sufficientes para nellas se celebrar quando haja algum devoto; (...) E quanto a do Pillar como me consta que o sachristão se serve d'ella em cousas indecentes à Caza de Deos, e usa ainda das mesmas toalhas do Sacrifício em cousas profanas, se deve evitar este escândalo pondo a chave no tempo, em que nella se dis missa em casa de pessoa, que saiba o respeito, com que se deve tratar a Santidade do lugar: o que deicho incumbido ao cuidado do Reverendo Vigário. (...)"
Por falecimento de Sousa Coutinho, os seus bens foram herdados pelo seu filho, Francisco Barbosa de Sousa Coutinho que, como novo padroeiro, também devotou ambas as ermidas ao abandono. Seguiu-se-lhe no padroado a sua irmã, Antónia Ermelinda do Loreto Coutinho, que como procuradora havia anteriormente administrado os bens do irmão. Permanecendo as duas ermidas em estado de abandono, o vigário da paróquia de São Pedro, padre Bernardino José Toledo, em 1826 participou ao corregedor e provedor da Comarca o abandono das mesmas, detalhando-lhe as diversas faltas, entre as quais se destacava o uso do espaço para a desfolha e debulha do milho com a permissão da administradora. Da documentação trocada depreende-se ainda que desde a época dos pais da administradora os rendimentos da fábrica de cada uma das ermidas vinham sendo reduzidos, e que as missas, celebradas tradicionalmente na ermida do Pilar aos domingos e dias santos, não o vinham sendo há mais de trinta anos. A ermida e a sua sacristia, além de serem utilizadas como espaço de desfolha e debulha do milho, eram ainda utilizados como depósito e local de realização de jantares, de bailes e de jogo, "e praticar outros autos emproprios e indignos da Casa de Deos (...)". A verga da porta principal encontrava-se partida pelo meio e o forro e as pernas de madeira do teto podres e ameaçando ruína. Para ambas as ermidas era requerida a nomeação de novo "mordomo". Como resultado, foi deferido o requerimento, nomeando-se como novo provedor a José Maria da Câmara, para escrivão a Luiz Francisco Velho, e para tesoureiro a António Monteiro de Carvalho.
Enquanto isso, no ano anterior (1825), o morgado Luís de Figueiredo Velho Melo Falcão e sua esposa Joana Emília do Canto Côrte-Real, sobrinhos dos fundadores da ermida, atendendo à má localização da mesma, ao mau estado dos caminhos que lhe davam acesso, à diminuta fé do povo, e ao estado de profanação e ruína a que a mesma havia sido devotada por seus padroeiros, requereram licença, em 2 de Outubro, ao bispo de Angra, D. Frei Manuel Nicolau de Almeida, a solicitar a transladação da ermida do Pilar para o lugar de Flor da Rosa Alta, na paróquia de São Pedro, junto a uma casa que ali pretendiam edificar. Desse requerimento teve origem um Auto de Vistoria, datado de 3 de Março de 1826 detalhando o estado da edificação e paramentos, assim como os predicados do sítio para a nova ermida. Tendo sido cumpridos todos os requisitos, o bispo de Angra concedeu ao morgado e à esposa o necessário alvará para a erecção da ermida.
Em Junho do mesmo ano, o casal deu início à transladação da ermida para o novo local, tendo o morgado retirado a imagem da Senhora do Pilar da ermida na Faneca, recolhendo-a a sua residência tencionando depositá-la na igreja paroquial de São Pedro onde permaneceria até à conclusão da nova ermida. Assim que os mestres de obra iniciaram os trabalhos de demolição, e a administradora teve notícia dos mesmos, iniciou um processo visando embargá-los, autuou os mestres e denunciou o roubo da imagem, reivindicando os seus direitos de padroeira e opondo-se à transladação da ermida. Solicitou uma avaliação dos danos, visando o ressarcimento pelos mesmos,16 e iniciou-se um processo junto ao juiz de fora da ilha de Santa Maria.
Enquanto corriam os autos a administradora, visando alicerçar o seu pleito contra a transladação da ermida, e descaracterizar a acusação de abandono da mesma, solicitou o restauro da mesma, às suas inteiras expensas. Tendo iniciado os trabalhos, estes foram embargados pelo morgado. Tendo este pedido de embargo sido diferido , este não foi obedecido, tendo os trabalhos de reedificação prosseguido, conforme petição do morgado, sendo deferido pelo juiz o desmancho dos acréscimos. Posteriormente, por sentença dada em Vila do Porto, em 23 de dezembro de 1826, o juiz determinou que se prosseguisse o conserto da ermida pela antiga forma. Tendo os autos seguido para a ilha de São Miguel, foi o morgado absolvido e condenada nas custas a administradora, conforme acórdão:
"Acordão em Junta que vistos os auttos de que consta não serem os factos da demolição e remoção indicada na Petição foilhas sette, caso de Querela, julgão nulla a de folhas sette, e todo este processo de acusação por virtude della formado contra o Reo, absolvem a este, mandão que se lhê baixa na Culpa, e condenão a Autora nas Custas.
Ponta Delgada, 23 de agosto de 1830.
Com isso, o morgado desistiu do translado da ermida, que ficou reconstruída por Dna. Antónia Ermelinda, a sua última administradora.
Ao final da década de 1950, a ermida encontrava-se a cargo da Junta de Freguesia de São Pedro
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
domingo, 7 de janeiro de 2018
Gaspar Gonçalo Machado Ribeiro Seca, foi o primeiro homem nascido na ilha Terceira Açores
Gaspar Gonçalo Machado Ribeiro Seca, foi o primeiro homem nascido na ilha Terceira, de D. Mécia de Andrade Machado, filha do Dr. João de Lisboa Machado com solar em São Martinho de Ferreiros, do antigo couto de Fonte Arcada, concelho de Lanhoso, e de seu marido Gonçalo Anes da Fonseca, um dos companheiros de Jácome de Bruges no povoamento da ilha.
Foi batizado na primeira ermida edificada pelos colonizadores, no lugar de Sant’Ana, no ato que revestiu a maior solenidade possível numa ilha que acabava de ser descoberta e aproveitada pela gente do Infante de Sagres.
Muito novo se embrenhou na tarefa ousada de descobrir terras, tentando encontrar uma ilha ao Norte dos Açores, entre os anos de 1486 e 1506, o que não conseguiu, partindo então para a África a pelejar ao lado dos que talhavam, com sangue, os limites duma pátria. Aí foi armado cavaleiro, pela sua bravura, e conquistou o título de «o melhor cavaleiro de África», como lhe chama o Padre Cordeiro na «História Insulana».
As suas propriedades na Ribeira Seca, que lhe deram apelido, constituíram um importante vínculo, com capela, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.
Dele descende Belchior Machado de Lemos, o «Viriato terceirense», e da sua geração o mártir João Batista Machado que, em terras do Japão, deu a vida pela causa da religião cristã, como missionário.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 29, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.
Foi batizado na primeira ermida edificada pelos colonizadores, no lugar de Sant’Ana, no ato que revestiu a maior solenidade possível numa ilha que acabava de ser descoberta e aproveitada pela gente do Infante de Sagres.
Muito novo se embrenhou na tarefa ousada de descobrir terras, tentando encontrar uma ilha ao Norte dos Açores, entre os anos de 1486 e 1506, o que não conseguiu, partindo então para a África a pelejar ao lado dos que talhavam, com sangue, os limites duma pátria. Aí foi armado cavaleiro, pela sua bravura, e conquistou o título de «o melhor cavaleiro de África», como lhe chama o Padre Cordeiro na «História Insulana».
As suas propriedades na Ribeira Seca, que lhe deram apelido, constituíram um importante vínculo, com capela, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.
Dele descende Belchior Machado de Lemos, o «Viriato terceirense», e da sua geração o mártir João Batista Machado que, em terras do Japão, deu a vida pela causa da religião cristã, como missionário.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 29, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva ( Se bem me lembro )
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901 — Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978) foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Filho de Vitorino Gomes da Silva e Maria da Glória Mendes Pinheiro, na infância a vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, uma vez que foi expulso do Liceu de Angra, e reprovou o 5.º ano, facto que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores. Do período do Liceu de Angra, apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deus dado, professor de História, que o introduziu na vida das Letras.
Com 16 anos de idade, Nemésio desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, em 16 de Julho de 1918, com a qualificação de dez valores.
A sua estadia na Horta foi curta, de maio a Agosto de 1918. A 13 de Agosto o jornal O Telégrafo dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um fedelho, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de Canto Matinal, o seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de O Telégrafo, Manuel Emídio.
Apesar da tenra idade, Nemésio chegou à Horta já imbuído de alguns ideais republicanos, pois em Angra do Heroísmo já havia participado em reuniões literárias, republicanas e anarco-sindicalistas, tendo sido influenciado pelo seu amigo Jaime Brasil, cinco anos mais velho (primeiro mentor intelectual que o marcou para sempre) e por outras pessoas tal como Luís da Silva Ribeiro, advogado, e Gervásio Lima, escritor e bibliotecário.
Em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um intenso comércio marítimo e uma impressionante animação nocturna, uma vez que se constituía em porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num "nó de comunicações" mundiais. Esse ambiente cosmopolita contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever a obra mítica que dá pelo nome de Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas quatro principais ilhas do grupo central açoriano: Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919 iniciou o serviço militar, como voluntário na arma de Infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora do arquipélago. Concluiu o liceu em Coimbra, em 1921, e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, Nemésio trocou esse curso pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras de Coimbra, e, em 1925, matriculou-se no curso de Filologia Românica da mesma Faculdade.
Na primeira viagem que faz a Espanha, com o Orfeão Académico, em 1923, conhece Miguel Unamuno, escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, e teórico do humanismo revolucionário anti franquista, com quem trocará correspondência anos mais tarde.
A 12 de Fevereiro de 1926 desposou, em Coimbra, Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos: Georgina (Novembro de 1926), Jorge (Abril de 1929), Manuel (Julho de 1930) e Ana Paula (Dezembro de 1931).
Em 1930 transferiu-se para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, concluiu o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. A partir de 1931 deu inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou Literatura Italiana e, mais tarde, Literatura Espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio. Entre 1937 e 1939 leccionou na Vrije Universiteit Brussel , tendo regressado, neste último ano, ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Em 1958 leccionou no Brasil. A 19 de Julho de 1961 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, a 17 de Abril de 1967, Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. A 12 de Setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ensinara durante quase quatro décadas, passando a ser Catedrático Jubilado.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional de Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
A 30 de Agosto de 1978 recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a título póstumo.
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