segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Dr. Ramiro Gaspar de Lima
O Dr. Ramiro Gaspar de Lima, nascido na Vila Nova, ilha Terceira, no dia 26 de Setembro de 1923, faleceu no dia 8 de Dezembro de 2015, na ilha Terceira, com 92 anos de idade.
Foi um distinto, exemplar e competente cidadão a par de médico anestesista, do Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo.
Frequentou a escola primária e o liceu em Angra do Heroísmo, e ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em 1946, onde concluiu a licenciatura em Medicina em 13 de Novembro de 1952.
Iniciou o estágio profissional no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, nomeadamente no Laboratório de Electrocardiograma, tendo ficado responsável por todos os relatórios dos electrocardiograma que eram solicitados pelos Hospitais Civis.
No Instituto Superior de Higiene Dr. Ricardo Jorge e no Instituto Superior de Medicina Tropical concluiu os cursos de Medicina Sanitária e Medicina Tropical.
Regressado à ilha Terceira trabalhou no Hospital da Misericórdia de Angra do Heroísmo durante 16 anos, onde disponibilizou o seu e único eletrocardiógrafo existente na ilha, que foi utilizado durante vários anos na realização de exames aos doentes internados.
Ao surgir a necessidade da existência de um médico com formação e competência em Anestesiologia, foi frequentar a especialidade nos Serviços de Anestesiologia dos Hospitais Civis e do Instituto Português de Oncologia, durante 2 anos.
Regressado ao Hospital da Misericórdia de Angra do Heroísmo assumiu a direcção do serviço de Anestesiologia.
Desde 1958, trabalhou no Hospital Militar da Força Aérea, na Terra-Chã, em Angra do Heroísmo, no serviço de Anestesiologia, onde também foi responsável por uma enfermaria de Medicina.
Com o encerramento deste Hospital continuou, como médico civil contratado, a prestar cuidados de saúde aos militares e suas famílias no Posto de Socorros da Base Aérea nº 4, sita nas Lajes, concelho da Praia da Vitória.
Trabalhou na Casa de Saúde de São Rafael, na secção de homens e mulheres, desde 1956 e até à idade dos 75 anos, tendo também praticado medicina privada, e depois de aposentado, passou a prestar cuidados de saúde em regime de voluntariado, na Junta de Freguesia dos Biscoitos e aos utentes albergados no Lar de Idosos do Raminho.
Em 1961, com a transferência do Hospital da Misericórdia para o então Hospital Regional de Angra do Heroísmo, ingressou neste Hospital onde trabalhou mais de 20 anos como o único médico Anestesista.
Ao Dr. Ramiro Gaspar de Lima se deve a criação de uma sala de recobro cirúrgico, mais tarde designada de Reanimação, na proximidade do bloco operatório, nos anos de 1973/1974, que mais tarde veio a dar origem à Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente, no Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo, no dia 9 de Setembro de 1988.
Concretizou, assim, a partir dos últimos 20 anos do século XX, um dos desejos no que se refere ao suporte de doentes em estado crítico. A ilha Terceira, o seu Hospital e os Açores ganharam um serviço de reconhecida necessidade, modernidade e competência.
Foi Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santo Espírito da ilha Terceira, cargo que iniciou em Abril de 1990 e manteve até aos 70 anos de idade, data em que se aposentou.
Dr. Ramiro Gaspar de Lima com toda a sua humildade e competência contribuiu para o desenvolvimento da Saúde na ilha Terceira e nos Açores, nomeadamente nas áreas da Anestesiologia e Medicina Intensiva.
O médico Ramiro Lima soube não raras vezes aliar o exercício da Medicina com o primado do altruísmo, baseado no seu grande humanismo, que prescindia da justa remuneração na prestação de cuidados de saúde em visitas ao domicílio a doentes limitados nas suas condições físicas. Sendo o único médico Anestesista do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira raramente podia usufruir do repouso merecido em virtude das urgências nocturnas que se estendiam até quase às cirurgias programadas, pelo que comungamos de um seu parecer, e cito, “A Profissão se adapta a fazer o bem.”
É também de assinalar o seu trabalho competente e dedicado, como era seu apanágio, prestado à população sinistrada das ilhas afectadas pelo sismo de 1980.
O Dr. Ramiro Gaspar de Lima desenvolveu a sua profissão com competência, a fazer o bem e com Humanismo.
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