Ao meio-dia em ponto, estavam por parte da ilha incorporados 8 000 portugueses, franceses e ingleses e tinha ficado em Angra uma suficiente guarnição, a cargo dos capitães Miguel da Cunha, Sebastião do Canto, que servia na fortaleza, e Tomás de Porras Pereira. Na vila da Praia deixou o conde duas companhias.
Achava-se também no seu campo 400 homens de cavalo; e em todos os corpos deste exército reinava o maior entusiasmo de valor, tocando caixas, pífaros, tambores e outros instrumentos bélicos, dispondo-se já cair impetuosamente sobre o inimigo.
Destinava o conde acometer o campo do marquês com todas as suas forças; e contudo sobre isto houve diferentes pareceres, decidindo-se finalmente que por ora se destacasse gente a escaramuçar e impedir a fortificação, e que ao mesmo tempo se cortasse a marcha sobre a estrada da beira-mar, que vai ao caminho da Salga, por onde ele podia facilmente recolher-se à cidade; enquanto o conde estendia uma linha para encadear as duas montanhas com o vale, tomando a frente do inimigo, de forma que lhe não restasse esperança de salvamento senão retirando-se outra vez ao mar.
Com aqueles objectivos, o conde Manuel da Silva Coutinho destacou o comendador de Chaste, com os seus franceses, para assenhorear-se do Pico dos Cornos, ao levante do arraial inimigo; e ordenou ao capitão António da Silva que com 2 000 portugueses ocupasse as faldas do Pico das Contendas da parte do poente, defendendo a sobredita estrada da beira-mar.
Entretanto o conde com o resto do exército defendia o centro do vale, postando-se no campo plano a que chamam Tabuleiros, lugar eminente, no princípio do qual estava o marquês senhor dos fortes e terreno a eles contíguo.
Não cessavam as escaramuças na vanguarda dos exércitos, com grande valor de parte a parte; e sendo conhecida a vantagem da gente da ilha, pelo uso das lanças e dardos, com que duas vezes tinham ganhado as primeiras trincheiras, e da terceira vez chegado às segundas, ordenou o marquês prover os seus de um grande número daquelas armas, com que em breve tempo repeliu e fez retirar os portugueses por estarem já muito cansados da vigília da noite e dos trabalhos daquele dia.
Sem embargo daquela vantagem, não ganhou o marquês terreno algum para a frente, ainda que bem mostraram ser homens de experiência e valor (segundo a descrição que António de Herrera faz da batalha) Manuel da Veiga, Agustín de Herrera, Vicente Castellolin, Juan de Texeda, Luiz de Guevara, D. António de Passas Soutomayor, D. Juan de Luna, e outros muitos.
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