Nasceu na Ilha de São Miguel, Açores a 13.01.1954 e faleceu em Lisboa a 26.04.1974.
João Guilherme Rego Arruda nasceu a 13 de janeiro de 1954 na Ilha de São Miguel, nos Açores, filho de Eduardo Arruda, cantoneiro, e de Georgina da Conceição, doméstica e lavadeira, pais de treze filhos.
Aos 9 anos, João Guilherme entra para o Seminário Menor de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, e, em 1972, com 18 anos, parte para Braga para estudar Filosofia na Universidade Católica com uma bolsa da então Junta Geral, perspetivando uma carreira sacerdotal. Pouco depois, rompe com a vida religiosa e pede transferência para Lisboa.
No verão de 1973, numa breve estada em França, compra o Livro Vermelho de Mao Tsé-Tsung e o Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels e, em setembro, entra na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Complementarmente, trabalhava no Serviço Nacional de Emprego.
Politicamente à esquerda, embora sem uma atividade particularmente intensa, terá participado em ações do Partido Comunista Português (PCP) e do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), nomeadamente greves e boicotes às aulas ou distribuição de cartazes e panfletos.
No dia 25 de Abril de 1974, ao tomar conhecimento do golpe militar, dirigiu-se, como milhares de pessoas, para a Baixa lisboeta para assistir ao desenrolar dos acontecimentos. É possível vê-lo em imagens da Rádio Televisão Portuguesa (RTP) captadas no Largo do Carmo.
A sede da Direção-Geral de Segurança (DGS) – nome que assumira a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) – na Rua António Maria Cardoso, rapidamente se torna um alvo dos populares que acompanhavam o golpe nas ruas, embora a sua ocupação não constasse no plano geral de operações do Movimento das Forças Armadas (MFA) e a sua continuidade estivesse prevista por António de Spínola que presidia à Junta de Salvação Nacional que assumira o poder.
Ao início da noite, João Arruda é um dos muitos que se concentram em frente à sede da DGS exigindo a sua ocupação e rendição. Porém, os agentes da ainda polícia política resistem e recusam entregar-se. Já depois da rendição de Marcelo Caetano no Largo do Carmo, elementos da DGS abrirão indiscriminadamente fogo a partir das janelas do edifício sobre a multidão na rua, causando dezenas de feridos e quatro mortos. Perto das 20h30, João Arruda é atingido na cabeça por uma das balas da polícia política, acabando por morrer no Hospital de São José às 00h30 de 26 de abril. Ainda hoje está por conhecer a identidade dos assassinos.
Nos Açores a memória de João Arruda vem sendo evocada com alguma frequência. Em Lisboa a placa junto ao edifício na rua António Mário Cardoso, colocada em 1980 por iniciativa cidadã, homenageia a memória das quatro vítimas mortais da PIDE/DGS no dia 25 de Abril de 1974. Anos depois, em 2010, a Câmara Municipal de Lisboa colocou também uma placa, assinalando o acontecimento e a história do edifício.
( Cortesia ao Museu do Aljube )
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