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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Fernão Álvares Evangelho e o seu cão foram os primeiros povoadores da ilha do Pico Açores

 


O Povoamento da Ilha do Pico teve início no espaço territorial que séculos mais tarde viria a dar origem a este concelho das Lajes, facto que também contribuiu para que este seja o concelho mais antigo da ilha.


O primeiro povoador foi somente um homem e o seu cão que viveram sozinhos durante algum tempo, reza a história que cerca de um ano. A história não regista o nome do cão, mas sabe-se que o homem se chamava Fernão Álvares Evangelho.

Este exílio não foi voluntário, mas esteve relacionado com o facto de a quando da preparação do desembarque do referido homem e mais algumas pessoas, se ter levantado uma tempestade que levou para o mar alto as caravelas.


Fernão Álvares fixou a sua residência no local que passou a denominar-se Penedo Negro, na Enseada do Castelete, local ao Sul da actual vila das Lajes, cerca de 1460.


Por evidente necessidade de abastecimento de água construiu uma casa junto à ribeira existente à saída da vila das Lajes que durante muitos anos foi conhecida por Ribeira de Fernando Álvares.


Junto a esta ribeira ainda hoje  se conservam as ruínas da casa que então lá construiu, provavelmente não a original, mas a que mandou fazer quando a vida melhorou com a chegada de novos povoadores alguns anos depois.

Quando, pelo menos um ano depois os companheiros de viagem de Fernando Álvares regressaram ao Pico, desembarcaram no local que passou a denominar-se Santa Cruz das Ribeiras, local da actual freguesia das Ribeiras. Desses povoadores alguns fixaram a residência neste local, como foi o caso de Jordão Álvares Caralta. Outros desses marinheiros de antanho partiram para o sítio que passou a denominar-se como Maré, muito próximo ao local do primeiro desembarque.


Como era hábito quase em simultâneo com a construção das próprias habitações, procederam à edificaram de um templo religioso, nesta caso uma ermida, a Ermida de São Pedro, templo este que teve como primeiro pároco, não só da ermida, mas da própria ilha, Frei Pedro Gigante, que é considerado pelos historiadores como tendo sido o introdutor da casta Verdelho na ilha.


Mais tarde chegarem aqui outros povoadores, estes vindos da ilha Terceira, geograficamente próxima. Igualmente chagaram também povoadores vindos do Portugal continental, mais precisamente do norte do país, com especial ênfase para a cidade do Porto.


Com o passar do tempo e com a organização social, Álvaro de Ornelas foi feito por ordem real o primeiro Capitão do donatário nomeado para a ilha do Pico, embora nunca tenha chegado a tomar posse do cargo. Foi assim o nobre de origem flamenga, de seu nome Joss van Hurtere, também grafado como Jôs d’Utra ou Jobst de Van Huertere], já então Capitão-Donatário na ilha do Faial, que tomou o mesmo cargo na ilha do Pico 1482 e cujo nome estará na origem do nome da cidade da Horta (Hurtere - Horta).

Com o passar dos séculos o então povoado das Lajes e apesar de não ter foral desenvolve-se rapidamente. Assim em 1500 é criada a Câmara Municipal das Lajes do Pico, na altura com jurisdição sobre toda a ilha do Pico. Esta câmara constituía a sua primeira vereação pelos “homens bons" do novo concelho.


No dia 14 de Maio de 1501 é dado o primeiro alvará nesta câmara, foi emitido pelo Capitão-donatário Jôs d’Utra que conferiu poder e autoridade a Fernando Álvares para que este pudesse dar licenças diversas aos povoadores, conforme as necessidades destes.


Assim, este primeiro concelho da ilha, exerceu durante 42 anos o seu domínio sobre toda a ilha, já que em 1542, foi criado pelo rei D. João III de Portugal o Concelho de São Roque do Pico.


O edifício dos Paços do Concelho das Lajes do Pico, localizado na praça onde se encontra a Igreja Matriz das Lajes, a Igreja da Santíssima Trindade, templo construído no século XIX e que cresceu sobre o templo de 1503.


Cálculos feitos pelo historiador Francisco Soares de Lacerda Machado, tendo por base o Espelho Cristalino escrito por Frei Diogo das Chagas, entre entre 1646 e 1654, aponta para que no concelho das Lajes em 1506 existissem cerca de 250 habitantes, deve-se ter em atenção que nesta altura abrangia toda a ilha.




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