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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Eduíno de Jesus

 

Eduíno de Jesus  nasceu nos Arrifes, Ponta Delgada, ilha de São Miguel, 18 de Janeiro de 1928 . É  um poeta, ensaísta e crítico literário português.


Considerado um poeta de mérito reconhecido nos planos nacional e internacional, desenvolveu em Portugal expressiva actividade de divulgação da cultura açoriana desde o lançamento e manutenção, em Coimbra, da colecção "Arquipélago", pela qual tornou conhecida a obra de vários escritores açorianos como Armando Côrtes-Rodrigues. Posteriormente prosseguiu as atividades de divulgação enquanto coordenador, por muitos anos, da secção cultural da Casa dos Açores de Lisboa.

Iniciou os seus estudos no Liceu Antero de Quental, na cidade de Ponta Delgada, e a sua carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 1951.


Foi professor do ensino primário e do ensino secundário no Externato Luís de Camões e lecionou português na escola preparatória Nuno Goncalves em Lisboa e mais tarde docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde começou a leccionar nos cursos de verão para estrangeiros, em 1976.

Entre os anos de 1979 e 2000 regeu a cadeira de Teoria da Literatura na Universidade Nova de Lisboa.


Foi presidente da Casa dos Açores de Lisboa entre 2003 e Janeiro de 2009.


Os seus conhecimentos levaram que fizesse parte do conselho de directores da Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura Verbo.


Foi também colaborador da Enciclopédia de Literatura Biblos, do Dicionário Cronológico de Autores Portugueses editado pelo Instituto Português do Livro e da Leitura, e do Grande Dicionário Enciclopédico Ediclube no que se refere ao léxico.




terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Manuel Jaques de Oliveira conquista o Forte de São Sebastião na ilha Terceira Açores

 

No contexto da Restauração da Independência, às vésperas do movimento que conduziria à expulsão dos espanhóis da Terceira, o Mestre de Campo Álvaro de Viveiros formulou e propôs um plano de destruição desta fortificação, rejeitado pelo Senado de Angra (1641). De qualquer modo, a 24 de Março Francisco Ornelas da Câmara procedeu a aclamação de João IV de Portugal diante da Igreja Matriz da Praia e, três dias depois (a 27 de março, uma quinta-feira santa), o Forte de São Sebastião foi assaltado e conquistado pela Companhia da Ribeirinha, sob o comando do capitão de Ordenanças  Manuel Jaques de Oliveira.

A 28 de Março - Manuel Jaques de Oliveira, com uma companhia da freguesia da Ribeirinha que incluía mulheres, conquista o Forte de São Sebastião, de onde os espanhóis fogem por mar para a Fortaleza de São João Baptista.


Operação foi favorecida pelo artilheiro português Pedro Caldeirão, que, embora a serviço da Espanha, não hesitou, com risco da própria vida, em orientar os seus conterrâneos para que avançassem para uma casamata desguarnecida nas imediações do portão .  Depois de breve luta com a guarnição castelhana sob o comando do capitão Respenho, o forte foi dominado e a sua artilharia rompeu fogo contra a Fortaleza de São Filipe. Adicionalmente, na posse deste forte, os Terceirenses ganharam o controle do porto, impedindo o auxílio aos espanhóis sitiados em São Filipe.


Por Carta-régia de 7 de Outubro de 1649, foi nomeado Alcaide-mor do forte Manuel de Barcelos da Câmara Vasconcelos.

Foi mandado reedificar por D. Pedro II (1667-1706) em 1698, conforme inscrição epigráfica em latim, abaixo das armas de D. Sebastião, por sobre o portão:


"Jubent epotentissimoReg ealtissimo Domino Nostro Petro II populi Patre, qui Patriam possuit suam in pace semper tutam quo regni petra erecta firmissima etangularis: castrum a Sebastiano conditum reedificatur, Anno Domini MDCXCVIII."



sábado, 16 de janeiro de 2021

Cronologia de desastres naturais nos Açores de 1713 a 1800

 



1713 — Inundações na vila de Velas, ilha de São Jorge - A 10 de Dezembro deste ano, chuvas muito intensas na zona entre a Urzelina e os Rosais provocaram grandes inundações, destruindo 27 casas na vila de Velas. A Ribeira do Almeida veio tão carregada de caudal sólido que criou uma praia que permitia a passagem a pé entre a vila e a Queimada.


1713 — Erupção de lamas e gases do Pico das Camarinhas, ilha de São Miguel - Após várias semanas de contínuos abalos, em finais de Dezembro de 1713 apareceram nas faldas do Pico das Camarinhas "lamas quentes" e gases, tendo a manifestação vulcânica ficado por essa fase. A crise sísmica destruiu muitas casas nos Ginetes, Mosteiros e Candelária.


1713-1714 — Mau ano agrícola, fome e peste - Um mau ano agrícola, a que não foi alheio ciclone tropical de 25 de Setembro de 1713, levou a que em São Jorge fosse tal "a falta de mantimentos que chegou a morrer muita gente de fome". No Pico, o povo teve de recorrer a comer "socas e raízes" para sobreviver. Noutras ilhas também as colheitas falharam e grassou a fome. Como se tal não bastasse uma epidemia de peste provocou alguns milhares de mortos. No Pico terão morrido 5.000 pessoas e no Faial 500 pessoas, entre as quais 49 religiosos dos conventos da Horta.


1717 — Grande crise sísmica de 1717 na ilha Graciosa, causando grande destruição nas freguesias de Guadalupe e de Luz. Desta crise sísmica resultou o voto, ainda cumprido na actualidade, de fazer uma procissão desde o Guadalupe até a Ermida da Ajuda, no Monte da Ajuda em Santa Cruz da Graciosa.



1717-1718 — Epidemia no Faial - De Novembro de 1717 a Fevereiro de 1718 grassou no Faial uma epidemia de "pleurizes" (peste bubónica) que causou muitas mortes. Em Novembro morreu grande parte dos moradores dos Cedros, o mesmo acontecendo em Castelo Branco e Flamengos. Fizeram-se procissões e preces públicas.


1718 — Erupção em Santa Luzia do Pico - A 1 de Fevereiro, pelas 6 da madrugada, ouviu-se uma "espantosa trovoada que encheu de terror os hortenses" e iniciou-se uma erupção vulcânica entre as Bandeiras e Santa Luzia, surgindo torrentes de lava que rapidamente formaram um extenso mistério (o Mistério de Santa Luzia) que penetrou mar adentro. Ver localização do centro eruptivo.


1718 — Erupções em São Mateus e São João do Pico - Na madrugada do dia 2 de Fevereiro, com enormes estrondos acompanhados de violentos sismos deu-se uma explosão no lugar da Bragada, entre São Mateus e São João. Começou logo "o fogo a correr em caudalosas ribeiras para o mar, na distância de duas léguas, formando um vasto mistério". No dia 11 de Fevereiro rebentou no mar, a distância de 50 braças da terra, defronte da igreja de São João, emitindo grandes pedras ardentes que devastaram aquela freguesia. A 24 daquele mês, uma nova erupção iniciou-se no caminho que liga São João ao Cais do Pico em lugar sobranceiro à freguesia de São João. As erupções cessaram a 15 de Agosto, recomeçando em Setembro. A actividade terminou em princípios de Novembro. Ver localização do centro eruptivo.



1720 — Erupção no Soldão, Lajes do Pico - A 10 de Julho iniciou-se por "dezasseis bocas nas faldas do Pico, por detrás do cabeço do Soldão" uma erupção que "inundou de fogo" perto de uma légua quadrada, consumindo terras e vinhedos e destruindo 30 casas "cujos moradores salvaram suas vidas fugindo precipitadamente". A erupção foi precedida de numerosos sismos e perdurou até Dezembro daquele ano. Ver localização do centro eruptivo.


1720 — Erupção no Banco D. João de Castro origina uma ilha efémera - No dia 10 de Outubro viu-se da ilha Terceira, a alguma distância dela, sair do mar um grande fogo. Marítimos que foram observar de perto o fenómeno viram uma ilha toda de fogo e fumo, de onde uma prodigiosa quantidade de cinzas eram lançadas no ar com o ruído de um trovão. A erupção foi precedida de muitos tremores, sentidos na Terceira e na costa oeste de São Miguel. A ilha formada era quase redonda e suficientemente alta para ser avistada de 7-8 léguas de distância. Perdurou até finais de 1723, sendo desfeita pelo mar.


1730 — Sismo causa destruição na freguesia da Luz, Graciosa - A 13 de Junho um violento sismo provocou destruição generalizada na freguesia da Luz, ilha Graciosa.


1732 — Cheias provocam 5 mortos em São Jorge - A 6 de Dezembro grandes cheias provocaram destruição em São Jorge, matando 5 pessoas. Os lugares mais afectados foram Urzelina, Figueiras, Serroa e Velas.



1744 — Ciclone tropical causa grandes cheias - A 5 de Outubro "caíram nestas ilhas copiosíssimas chuvas que inundaram as terras correndo em caudalosas ribeiras". Em resultado dessas cheias, na Prainha do Galeão (Pico) morreram 7 pessoas arrastadas ao mar; na Prainha do Norte (Pico) morreram 6 pessoas e outras 5 pereceram em São Roque (Pico). Em São Miguel também houve mortes em Agua de Pau e nos Fenais.


1745-1746 — Mau ano agrícola provoca fome e emigração em massa - Em resultado das cheias de 1744 e do mau ano agrícola que se seguiu, em 1746 faltaram os cereais, havendo fome generalizada nos Açores. No Pico, o povo "recorreu a socas e raízes para manter a vida e faltando-lhe mesmo esse mísero alimento emigrou para as mais ilhas". Em resultado da desnutrição grassavam as doenças, fazendo grande mortandade. Face a esta situação, por alvará régio foi autorizada a emigração para o Brasil, tendo partido pelo menos 1600 pessoas.


1755 — Maremoto atinge os Açores - O Terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755 provocou o grande maremoto de 1755 (um tsunami) que atravessou a área oceânica onde os Açores se situam, afectando essencialmente as costas viradas a sul e sueste, direcção de onde as ondas se aproximaram das ilhas. O maremoto fez com que "estando o mar em ordinária tranquilidade, se elevou tanto em três contínuas marés ficando quase seca a sua profundidade por largo espaço". Assim, em Angra o mar entrou até à Praça Velha, causando grande destruição; no Porto Judeu o mar subiu "10 palmos acima da rocha mais alta"; na Praia, inundou o Paul e derrubou 15 casas na costa até à Ribeira Seca, incluindo a ermida do Porto Martins. Morreram várias pessoas arrastadas pelo mar. Quase todos os portos dos Açores sofreram graves danos, ficando destruídas muitas embarcações. Em Ponta Delgada o mar subiu pelas ruas estragando muitos edifícios. Na Horta, o mar entrou pela Ribeira da Conceição, chegando aos moinhos de água "na altura de 8 palmos".


1757 — Grande terramoto de São Jorge: o Mandado de Deus - Em 9 de Julho de 1757 um dos mais violentos, senão o mais violento, dos terramotos de que há memória nos Açores atingiu a ilha de São Jorge causando destruição generalizada e formando muitas das actuais fajãs, entre elas a da Caldeira de Santo Cristo. O terramoto ficou conhecido na tradição popular pelo Mandado de Deus. Dos grandes deslizamentos resultou um maremoto que atingiu todo o Grupo Central. Pelo menos 1053 pessoas morreram em São Jorge e 11 no Pico. O terramoto foi tal que a norte desta ilha, distância de 100 braças, pouco mais, se levantaram dezoito ilhotas, umas maiores que outras. Apareceram todas na manhã do dia 10 [de Julho]. É navegável o mar entre as ditas, e a ilha. Nas Fajãs dos Vimes, São João e Cubres, se moveu a terra, voltando-se do centro para cima, de sorte que nelas não há sinal [de] onde houvesse edifício. No Faial o sismo foi sentido sem causar grandes danos.


1759-1760 — Crise sísmica de 1759-1760 no Faial - Em 24 de Dezembro de 1759 foi sentido um grande sismo no Faial, seguido de muitas réplicas. A 4 de Janeiro um sismo ainda maior causou o pânico, tendo sido deliberado ir "à Praia do Almoxarife a buscar a imagem do Senhor Santo Cristo que em solene procissão trouxeram para a igreja da Misericórdia". A crise sísmica apenas deixou de ser sentida em Maio, tendo-se celebrado solene Te-Deum.




1761 — Erupção vulcânica no Pico Gordo, Terceira - Sentiam-se desde 22 de Novembro de 1760 grandes e violentos tremores que continuaram até 14 de Abril do ano seguinte, dia em que tremeu a terra estranhamente. No Faial os sismos eram sentidos, "ainda que brandos". A 17 de Abril iniciou-se a erupção nas proximidades do Pico Gaspar, a W do Pico Gordo, sendo emitidas lavas traquíticas muito viscosas que formaram uma doma. A 21 de Abril, nova erupção, desta vez a leste do Pico Gordo, na Criação do Chama, iniciou a emissão de lavas basálticas muito fluídas que formaram três correntes de lava, uma das quais atingiu os Biscoitos, onde soterrou 27 casas, terminando nas imediações da igreja de São Pedro, a cerca de 7 km do local da erupção.


1761 — Ciclone tropical atinge o Grupo Central - A 29 de Setembro de 1761 foi a Terceira atingida por um temporal "por efeito do qual ficaram derrubadas muitas casas e arrancadas muita quantidade de árvores". Copiosas chuvas fizeram transbordar as ribeiras.


1779 — Ciclone tropical atinge o Grupo Central - Na noite de 30 para 31 de Outubro levantou-se um rijo temporal que trouxe à costa 7 navios e arruinou as muralhas da Horta.


1779 — Epidemia nas Flores - Grassaram neste ano na ilha das Flores febres mortíferas de que morreu muita gente.


1785 — Mau ano agrícola provoca fome - Foi este ano muito escasso em cereais em todo o arquipélago. Na ilha das Flores morreram algumas pessoas de falta de alimentos.


1787 — Crise sísmica na Graciosa - Em Março deste ano, uma crise sísmica abalou a ilha Graciosa sem, contudo, causar danos consideráveis.


1792 — Enchente de mar vila de Velas, São Jorge - A 23 de Janeiro deste ano, foi "tão impetuosa a bravura do mar" que derrubou a muralha de protecção, destruiu uma casa e danificou outras, ameaçando atingir a praça defronte da Matriz de Velas.


1800 — Terramoto no NE da Terceira - Na tarde do dia 24 de Junho, um terramoto destruiu boa parte dos edifícios das freguesias do NE da Terceira, atingindo mais intensamente as povoações situadas entre a Vila Nova e a vila de São Sebastião. Foi seguido de uma grande réplica a 29 de Dezembro. Não causou mortos, mas os danos materiais foram grandes. Leia mais sobre o terramoto de 1800.



terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Alice Augusta Pereira de Melo Maulaz Moderno

 

Alice Augusta Pereira de Melo Maulaz Moderno  nasceu em Paris, 11 de Agosto de 1867  e faleceu  em Ponta Delgada, 20 de Fevereiro de 1946. Mais conhecida por Alice Moderno, foi uma professora, escritora, tradutora, jornalista, publicista e poetisa , que se distinguiu como feminista e activista dos direitos dos animais. Fundou a Sociedade Micaelense Protectora dos Animais, pioneira na protecção dos animais nos Açores. Era fluente em português e francês.


Nascida em Paris, França, a 11 de Agosto de 1867, Alice Augusta Pereira de Melo Maulaz Moderno era filha de Celina Pereira de Melo Maulaz e João Rodrigues Pereira Moderno , ambos portugueses, de origem açoriana, emigrados em França. Nos primeiros meses de idade terá ido alguns meses para a ilha Terceira, a fim de ser baptizada e conhecer os seus avós, e pouco depois, regressado novamente para França. Nove anos depois, em 1876, voltou novamente com os pais à Terceira, onde a família permaneceu até 1883, ano em que se fixou em Ponta Delgada.


Desafiando os costumes conservadores da época, foi a primeira jovem a frequentar o ensino liceal em Ponta Delgada, durante o ano lectivo de 1887/1888, usava cabelo curto, e terá sido uma das primeiras mulheres que fumava em público, na ilha de São Miguel. Desde muito cedo se assumiu como uma mulher emancipada, ficando conhecida como uma das primeiras feministas dos Açores.


Logo no ano em que se fixou em Ponta Delgada publicou a poesia "Morreu!" no periódico Açoriano Oriental (edição de 18 de Setembro de 1883), a que se seguiu em 1886 a publicação de um livro de poemas, intitulado "Aspirações". Em 1892 publicou o seu primeiro romance, intitulado "O Dr. Luís Sandoval", a que se seguiram três peças de teatro e um ensaio. Foi premiada em vários concursos de poesia e alguns dos seus poemas foram traduzidos internacionalmente.


 Trabalhou como professora do ensino particular, ensinando primeiras letras e língua francesa, mas também se dedicou aos negócios da família, trabalhando como comerciante e agente de seguros, o que lhe permitia viajar frequentemente para onde tinha parentes e interesses comerciais.

 Com grande gosto pela escrita e pelo jornalismo, fundou os jornais O Recreio das Salas (1888) e A Folha (1902-1917). Também colaborava em diversos outros periódicos, com artigos originais e traduções do francês, com destaque para o Diário de Anúncios, de que foi directora entre 1892 e 1893.


Republicana e feminista, a partir de 1910, com a implantação da República Portuguesa, passou a participar activamente na vida social e política de Ponta Delgada. Participou activamente na campanha a favor da aprovação da lei do divórcio. Fundou em 1911 a Sociedade Micaelense Protectora dos Animais, a primeira associação dedicada ao bem-estar animal nos Açores. Foi também fundadora do Sindicato Agrícola Micaelense



sábado, 9 de janeiro de 2021

Os Paços do Concelho de Angra do Heroísmo



Os Paços do Concelho de Angra do Heroísmo é a sede do Município de Angra do Heroísmo sendo um imóvel de interesse público localizado no topo leste da Praça Velha no centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, Região Autónoma dos Açores.

A Câmara Municipal de Angra ocupou três edifícios ao longo da sua existência. O primeiro Senado de Angra data de 1474, tendo sido estabelecido por João Vaz Corte Real. O seu edifício situava-se sensivelmente no mesmo local do atual, possuía torre e "sino de correr" a um lado, e beneficiava de uma pequena praça defronte, como se pode reconhecer pela detalhada carta de Jan Huygen van Linschoten, em fins do século XVI.

As inundações de Fevereiro de 1608 causaram enormes prejuízos ao casario da cidade. Estava-se no período da Dinastia Filipina (1580-1640), o volume do comércio ultramarino e a importância que a cidade desfrutava à época, terão contribuído também para a iniciativa da construção de um novo edifício para a Câmara de Angra, em 1610. Este novo edifício era recuado em relação ao anterior, vindo a constituir-se assim a atual praça.

Em meados do século XIX o edifício foi uma vez mais reconstruído, tendo sido escolhida a data da comemoração do 20.º aniversário da Batalha da Praia, 11 de agosto de 1849, para o lançamento da pedra fundamental. A inauguração solene ocorreu no mesmo dia, em 1866. Este novo edifício inspirou-se no dos Paços do Concelho do Porto, então situados na Praça da Liberdade.


Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pela Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, classificação consumida por inclusão no conjunto classificado da Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo, conforme a Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, e artigo 10.º e alínea a) do artigo 57.º do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.



 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Miradouro de Santa Iria, Porto Formoso ilha de São Miguel Açores, onde se travou em 1831 a Batalha da Ladeira da Velha


O Miradouro de Santa Iria é um miradouro português localizado no Porto Formoso, concelho da Ribeira Grande, ilha açoriana de São Miguel.

Este miradouro localizado frente à Baía de Santa Iria, na costa norte da ilha apresenta uma vista sobre a mesma costa e sobre a localidade do Porto Formoso nas proximidades das Ribeira Grande. A paisagem que daqui se avista é exuberante e verde até se encontrar com o mar.

Foi nas encostas avistáveis deste miradouro que no dia 3 de Agosto de 1831 se travou a Batalha da Ladeira da Velha, quando as tropas de D. Pedro IV venceram as do seu irmão Miguel I de Portugal, tendo-se aberto o caminho para Concessão de Évora Monte, acontecimento que pôs termo à Guerra Civil ocorrida entre 1832 e 1834, entre as forças liberais e as forças miguelistas.



sábado, 2 de janeiro de 2021

Base Francesa na ilha das Flores Açores

 

A Estação de Telemedidas das Flores, melhor conhecida como Base Francesa das Flores, localizava-se na freguesia de Ponta Delgada, concelho de Santa Cruz das Flores, na Ilha das Flores, Região Autónoma dos Açores, em Portugal.

A notícia de que seria instalada uma base francesa na ilha das Flores para rastreio de mísseis balísticos, foi anunciada publicamente por Franco Nogueira, então Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, numa conferência de imprensa em 1964. Um observador à época considerou que este "surpreendente anúncio apanhou a audiência desprevenida, produziu o máximo impacto, e reforçou dramaticamente a imagem pública de um Portugal aproximando-se cada vez mais de aliados importantes". À época, face ao crescente isolamento provocado pela não aceitação pelos aliados ocidentais da ditadura de António de Oliveira Salazar e pela nascente guerra colonial, esta imagem de aproximação era importante para o regime.

O acordo que permitiu a instalação da Base, geralmente denominado por Acordo Luso-Francês de 1964, foi assinado a 7 de Abril de 1964. Uma equipa avançada de franceses chegou às Flores em 1965, sob o comando do major Barthélemy, com a missão de instalação de antenas. O estabelecimento da estação e o início das atividades teve lugar em outubro de 1966. O hotel-messe para apoio começou a ser explorado no início de 1967, concessionado ao grupo açoriano Bensaúde, que o explorou por seis anos.


A partir de 1968 a operação da base passou a ser apoiada pelo navio de ensaios "Henri Poincaré"


A Base Francesa das Flores esteve em operação até 1993, um ano após ter entrado em serviço o navio de seguimento de trajectórias balísticas "Monje", que a tornou obsoleta.