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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Francisco Ornelas da Câmara


Francisco Ornelas da Câmara (Praia, 12 de Outubro de 1606 — Praia, 28 de Abril de 1664), fidalgo e político açoriano que se destacou à época da Restauração da Independência Portuguesa, proclamando-a nos Açores, e como líder da campanha militar que conduziu à submissão da Fortaleza de São João Baptista da Ilha Terceira (1641-1642).
Era filho de Francisco Paim Câmara e D. Isabel de Sousa Neto, pessoas ligadas às principais famílias açorianas da época e à governança da vila da Praia e da sua capitania.

Aos oito anos de idade assistiu ao grande terramoto de 24 de Maio de 1614, a primeira caída da Praia, que arrasou a vila da Praia e as freguesias circundantes, espalhando a ruína e a morte por todo o Ramo Grande.

Seguindo a tradição familiar, com apenas 24 anos de idade, a 4 de Julho de 1627, foi nomeado capitão duma das quatro companhias de infantaria da milícia da sua capitania. Dois anos mais tarde, em 1629 embarcou na esquadra real, tendo combatido na Região Nordeste do Brasil, quando das segunda invasão holandesa aquela área.


De regresso à Ilha Terceira, o rei D. Filipe III, por Carta-régia de 15 de Setembro de 1636, nomeou-o capitão-mor e provedor das fortificações da vila da Praia, cargos que seu pai exercia há trinta e quatro anos. Na mesma ocasião o rei agraciou-o com a mercê de cavaleiro da Ordem de Cristo.

A 3 de Dezembro de 1639 partiu para Portugal, tendo permanecido em Lisboa durante todo o ano, e onde se encontrava a 1 de Dezembro de 1640, quando se deu o golpe de Estado que culminou com a restauração da independência portuguesa e a aclamação do duque de Bragança, D. João, como soberano com o nome de João IV de Portugal.

Encontrando-se entre nobres que apoiavam o novo soberano, foi-lhe confiada a missão de se dirigir aos Açores, sem qualquer apoio militar, para tentar organizar a sublevação das forças locais e com elas promover a aclamação real e a restauração da soberania portuguesa no arquipélago.


Com essa incumbência, recebeu do soberano as Cartas-régias endereçadas às autoridades das ilhas, assim como autorização para negociar com as forças castelhanas, incluindo a possibilidade de prometer, em nome da Coroa, recompensas e honrarias em caso de rendição pacífica.

Chegou à Terceira a 5 de Janeiro de 1641, tendo desembarcado à noite em Porto Martins, e dirigindo-se, no dia seguinte, à casa de seu pai na vila da Praia, ao qual confidenciou a sua missão e pediu conselhos e orientação.

Depois de muitas hesitações, quase um mês após a chegada à ilha, e perante o pouco entusiasmo da nobreza em aderir a tão temerário projecto, os seus objectivos acabaram por ser revelados e teve que se esconder para evitar a sua captura pelas forças espanholas.


Através de intermediários, tentou um acordo com o governador do Castelo, o Mestre-de-Campo D. Álvaro de Viveiros, oferecendo-lhe, a troco da entrega da fortaleza, um título de conde e dez mil cruzados em dinheiro. Naturalmente, esta proposta foi mal recebida e Francisco Ornelas, considerando o risco que corria por se encontrar na cidade de Angra, partiu imediatamente para a Praia, escapando à tropa castelhana que pretendia prendê-lo.

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